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domingo, 5 de outubro de 2014

Por que estamos sempre na "correria"?

Como estamos ligados ao passado! Mas não estamos ligados ao passado: nós somos o passado. E que coisa complicada é o passado, camada sobre camada de memórias não digeridas, tanto as queridas como as tristes. Ele nos persegue dia e noite e de vez em quando há uma brecha em que uma luz clara se revela. O passado é como uma sombra, tornando as coisas embotadas e aborrecidas; nessa sombra o presente perde sua clareza, seu frescor, e o amanhã é a continuação da sombra. O passado, o presente e o futuro estão amarrados juntos pelo longo fio da memória; o feixe inteiro é a memória, com pouca fragrância. O pensamento se move pelo presente em direção ao futuro, e retorna; como um animal inquieto amarrado a um poste, ele se move em seu próprio raio de ação, pequeno ou amplo, mas jamais está livre de sua própria sombra. Esse movimento é a ocupação da mente com o passado, o presente e o futuro. A mente é a ocupação. Se a mente não estiver ocupada, ela cessa de existir; sua própria ocupação é a sua existência. A ocupação com insultos e elogios, com Deus e bebidas, com virtude e paixão, com trabalho e expressão, com acumulação e doação, é tudo igual; ainda é ocupação, preocupação, inquietação. Estar ocupado com algo, quer seja a mobília ou Deus, é um estado de pequenez, de superficialidade. 

A ocupação dá à mente o sentimento de atividade, de estar viva. É por isso que a mente armazena ou renuncia; ela se sustenta com ocupações. A mente deve estar ocupada com alguma coisa. Aquilo com o que se ocupa é de pouca importância; o importante é que esteja ocupada, e as melhores ocupações têm importância social. Estar ocupada com algo é da natureza da mente, e sua atividade provém disso. Estar ocupada com Deus, com o Estado, com o conhecimento, é a atividade de uma mente mesquinha. Ocupação com alguma coisa sugere limitação, e o Deus da mente é um deus mesquinho, por mais alto que ela possa colocá-lo. Sem ocupação, a mente não existe; e o medo de não ser torna a mente inquieta e ativa. Essa atividade inquieta tem a aparência de vida, mas não é vida; isso leva sempre à morte — uma morte que é a mesma atividade em outra forma. 

O sonho é outra ocupação da mente, um símbolo de sua inquietação. Sonhar é a continuação do estado consciente, a extensão do que não está ativo durante as horas acordadas. A atividade de ambas as mentes, a superficial e a profunda, é ocupacional. Essa mente só pode perceber um fim como um início continuado; ela jamais pode perceber o fim, mas somente o resultado, e este é sempre contínuo. A busca por um resultado é a busca por continuidade. A mente, a ocupação, não tem fim; e somente  para aquilo que tem fim pode haver o novo, somente para aquilo que morre pode haver vida. A morte da ocupação, da mente, é o início do silêncio, do silêncio total. Não relacionamento entre esse silêncio imponderável e a atividade da mente. Para haver relacionamento, deve haver contato, comunhão; mas não há contato entre silêncio e a mente. A mente não pode comungar com o silêncio; ela pode ter contato apenas com o próprio estado projetado que chama de silêncio. Mas esse silêncio não é silêncio, é meramente outra forma de ocupação. A ocupação não é silêncio. Só existe silêncio com a morte da ocupação da mente com o silêncio. 

O silêncio está além do sonho, além da ocupação da mente mais profunda. Essa mente é um resíduo, o resíduo do passado, aberto ou oculto. Esse passado residual não pode experienciar o silêncio; pode sonhar com ele, como geralmente o faz, mas o sonho não é o real. O sonho é geralmente tomado pelo real, mas sonho e sonhador são ocupações da mente. A mente é um processo total, não há uma parte exclusiva. O processo total da atividade, residual ou adquirida, não pode comungar com aquele silêncio que é inexaurível.

Krishnamurti em, Comentários sobre o viver
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill