Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

sexta-feira, 28 de março de 2014

Realizando os abismos do ego-esvaziamento

Quando não estamos mais "apegados" a nada, quando não buscamos mais sentido para as coisas nem para os eventos do mundo, o que nos cerca e o que nos acontece parece perder toda a consistência, como se a subsistência dos seres dependesse da intensidade de nossas tensões afetivas e racionais.

"Deixar ser" e viver sem porquê leva-nos assim à realização do vazio: "Todas as criaturas são um puro nada. Não digo que elas são pequenas ou não importa o quê, elas são um puro nada". Aqui Mestre Eckhart é fiel ao ensinamento do prólogo de João: todas as coisas existem na Consciência e sem a Consciência nada existe; as criaturas só têm existência independente subjetiva. Quando esta subjetividade foi purificada pelo desapego e pelo não-agir mental, não resta mais do que a evidência, a objetividade fulminante de nosso nada. O ser humano capaz de suportar este clarão é libertado da ilusão e do desejo de viver, ele toca em si "alguma coisa" que está além do espaço e do tempo. O além da morte é a sua morada. Aceitar seu nada é de fato reunir-se de novo à Fonte incriada que torna possível toda manifestação.

"Ele é 'alguma coisa' na alma que é incriada e incriável. Se a alma inteira fosse assim, ela seria seria incriada e incriável.

Quando este "fundo" foi tocado, atingido, não é mais possível falar de Deus da mesma maneira, não é mais possível idolatrá-Lo sob forma de conceito ou de presença maleável, ao sabor do capricho humano; ele é aquela "Deidade" de que fala Mestre Eckhart e só os terrenos negativos conseguem caracterizá-la.

Nenhuma de nossas analogias apropriadas ao espaço e ao tempo pode convir quando se trata de falar de Deus. Ele é Imutável, Impensável; melhor seria dizer que "Ele não existe", que Ele é "um puro Nada", do que encerrá-Lo nos nossos conceitos. O espírito entra então numa vacuidade essencial e, além de toda representação, ele se une ao Desconhecido que o habita e o escava, o esvazia, até os abismos.

Esta experiência do vazio, ainda que dolorosa para o ser criado, não é uma experiência patológica, uma incapacidade de viver. É a própria condição para que se realize um novo nascimento, a vida do incriado em nós.

Jean-Yves Leloup — Enraizamento e Abertura - Ed. Vozes

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill