Eu digo que existe algo semelhante a Deus; não perguntemos o que isto é. Vocês o descobrirão, se principiarem a realmente compreender o próprio conflito, que estropia a mente e o coração.
(...)
O homem cria a Deus por causa do medo. Os Russos ou qualquer outro povo podem destruir a ideia de Deus. Se, porém, o medo permanecer, haverá criação de novos deuses; portanto, torna-se isto uma questão de medo ou o tomar objetos externos pela realidade, em vez de chegar à verificação de que a realidade reside dentro de nós próprios. A partir do momento em que objetivam a realidade, tem de dar-se a criação necessariamente de um "eu sou" maior, projetado como Deus.
Porém, na totalidade, na qual não existe nem objetivo nem subjetivo, não existe coisa que se pareça com "você" e "eu".
Quando existir "você" e "eu", há separação e daí ilusão de objeto e sujeito; e, por causa desta divisão, manifesta-se o medo e do medo deriva a busca de conforto; a esse santuário de conforto vocês dão nomes tais como o de Deus.
Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK