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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Tudo o que você tem a fazer é observar

Meditação, em resumo, é colocar a mente de lado. Por isso as pessoas que dizem que meditação é uma disciplina da mente estão absolutamente erradas. Não é uma disciplina da mente, porque, se você disciplinar a mente, ela se tornará mais forte. É melhor colocá-la de lado quando ela está mais fraca, indisciplinada. Uma vez que esteja disciplinada, ela vai lhe dar um combate duro.

Assim, é mais fácil para alguém que tem praticado concentração, porque concentração é um fenômeno mental. Sim, ela lhe dá uma mente melhor, uma mente disciplinada, mais penetrante. Mas colocar de lado essa mente será muito difícil. Primeiro você lhe deu força, deu-lhe certa cristalização. Concentração não é meditação, pois concentração é uma disciplina da mente, e meditação é colocar a mente de lado.

Na verdade, o termo inglês meditation não é a palavra certa, porque no Ocidente algo como meditação nem mesmo aconteceu. A palavra sânscrita é dhyana. O problema era o mesmo quando os monges budistas foram à China; eles não conseguiram encontrar a palavra adequada para traduzir dhyana para o chinês, então escreveram dhyana, que para o chinês soava como zana. Por isso o zen japonês é uma transfiguração da palavra dhyana.

A palavra meditação dá a ideia errada, como se você estivesse meditando sobre alguma coisa, como se fosse uma atividade não muito diferente de concentração. Você está se concentrando em alguma coisa, está meditando em alguma coisa, mas está sempre preocupado com alguma coisa. E dhyana é abandonar todos os objetos, abandonar qualquer coisa sobre o qual você possa se concentrar, contemplar, meditar; abandonando tudo, não resta nada, apenas aquele que estava se concentrando, apenas aquele que estava contemplando. Essa consciência pura é dhyana.

Em inglês, não há nenhuma palavra adequada, por isso você tem de entender que estamos usando meditação por dhyana. Dhyana significa um estado de ser em que não há nenhum pensamento, nenhum objeto, nenhum sonho, nenhum desejo, nada, apenas o vazio. Nesse vazio, você chega a se conhecer. Você descobre a verdade. Você descobre a subjetividade. É um silêncio perfeito.

Há métodos para se colocar a mente de lado, assim como há métodos para disciplinar a mente. Mas, no Ocidente, e mais ainda nos Estados Unidos, — porque, se o Ocidente é ruim, os estados Unidos são piores —, todos os livros que são best-sellers nos Estados Unidos de alguma forma dizem respeito a como aumentar a sua força de vontade, como influenciar pessoas e ganhar amigos, como ficar rico, colocando a mente acima da matéria… mas todos eles estão falando sobre a disciplina da mente (estive olhando esses livros, não agora, há quatro anos eu não toco num livro).

Certamente, se você disciplinar a mente, você é um competidor melhor, pode satisfazer a sua ambição mais facilmente, pode manipular as pessoas mais facilmente, explorar as pessoas mais facilmente. Você pode usar os outros como um meio para o seu fim. Friedrich Nietzsche escreveu um livro chamado A Vontade de Poder. Essa é a própria essência de todo o esforço ocidental: vontade de poder. Para obtê-la, é necessário primeiro que você tenha força de vontade, e força de vontade é um outro nome para a sua mente disciplinada, cristalizada.

Não, esses métodos não servirão. Você tem de aprender métodos para colocar a mente de lado. Ela já é poderosa demais; não a torne mais poderosa, porque você está alimentando o seu próprio inimigo. Ela já está cristalizada; a sua escola, a sua faculdade, a sua universidade, todas elas estão fazendo isso. Depois de permanecer nove anos como professor de universidade, eu me demiti. Falei ao vice-reitor: “Não posso fazer esse trabalho, porque isso está destruindo as pessoas”. Ele disse: “O que você quer dizer com destruir pessoas? Os alunos adoram você, eles não permitirão que você se vá. E eu não vejo motivo para você dizer que que não pode continuar destruindo pessoas”. Respondi: “Você não entenderá, porque, embora tenha nascido na Índia, você não conhece a Índia. Você foi educado no Ocidente”. Ele havia permanecido a vida toda no Ocidente. “Todos esses livros, todas essas psicologias que eu tenho de ensinar, estou ensinando contra mim mesmo. Sei que isso vai causar danos a essas pessoas. A mente delas já está em mau estado, e agora ficará mais forte. Suas correntes serão muito mais fortes, sua escravidão da mente será muito mais forte”.

As pseudo-religiões dependem da disciplina da mente. O trabalho da verdadeira religião é colocar a mente de lado. E é, de certa forma, muito simples. Essas disciplinas são muito difíceis. Treinar a mente para a concentração é muito difícil, porque ela continua se revoltando, continua outra vez nos velhos hábitos. Você a puxa novamente e ela escapa. Você a traz de novo ao assunto  no qual estava se concentrando e de repente vê que estava pensando em alguma outra, você esqueceu em que estava se concentrando. Não é um trabalho fácil. Mas colocá-la de lado é uma coisa muito simples, não é difícil, de modo nenhum. Tudo o que você tem a fazer é observar. O que quer que esteja acontecendo na sua mente, não interfira, não tente cessá-la. Não faça nada, porque o que quer que fizer se tornará uma disciplina. Assim, não faça absolutamente nada. Apenas observe.

Observar não é um fazer. Assim como você observa o por-do-sol ou as nuvens no céu ou as pessoas passeando pela rua, observe o tráfego dos pensamentos, sonhos e pesadelos, relevantes, irrelevantes, conscientes, inconscientes, qualquer coisa que esteja acontecendo. E é sempre hora do rush. Você simplesmente observa; você fica ao lado, despreocupado.

As pseudo-religiões não permitem que você fique despreocupado. Eles dizem que a avareza é ruim; assim, se um pensamento de avareza vem, você salta para impedí-lo; caso contrário, você se tornará avarento. A raiva é ruim; se um pensamento de raiva passa, você salta imediatamente; você tem de mudá-lo, tem de ser gentil e compassivo e amar o seu inimigo assim como a si mesmo. Se surge algo contra o seu inimigo… Não, você tem de amar o seu inimigo assim como si mesmo.

Assim, todas as religiões lhe deram idéias do que é certo e do que é errado, e, se a coisa errada estiver acontecendo, você certamente tem de impedi-la. Você tem de interferir, tem de saltar ali dentro e tirar essa coisa para fora. Você perde o ponto. É por isso que eu não lhe digo o que é certo e o que é errado. Tudo o que digo é que observar é certo; não observar é errado. Torno isso absolutamente simplificado: seja o observador.

Não é da sua conta se a avareza estiver presente; deixe-a passar; se a raiva estiver passando, deixe-a passar. Quem é você para interferir? Por que está tão identificado com sua mente? Por que você começa a pensar: “Eu sou avarento… eu tenho raiva?” Há apenas um pensamento de raiva passando. Deixe-o passar; você só observa.

(…) É simples a metodologia de observar a mente, você não tem nada a ver com ela… A maioria de seus pensamentos não é sua, mas dos seus pais, de seus professores, de seus amigos, dos livros, dos filmes, da televisão, dos jornais. Simplesmente conte quantos pensamentos são realmente seus, e você ficará surpreso ao constatar que nenhum pensamento é seu. Todos vem de outras fontes, todos são emprestados ou despejados pelos outros em você ou despejados por você mesmo em você. Mas nada é seu.

A mente está ai, funcionando como um computador; literalmente, ela é o computador. Você não ficará identificado com um computador. Se o computador esquentar, você não ligará. Se o computador se zangar e começar a dar sinais em palavras obscenas, você não ficará preocupado. Você verá o que está errado, onde alguma coisa está errada, mas permanecerá separado.

Apenas um clique… nem mesmo posso chamá-lo de método, porque isso o tornaria pesado; eu o chamo de clique. Simplesmente fazendo isso, um dia, de repente, você é capaz de fazê-lo. Muitas vezes você falhará; não é nada para se preocupar… Não há nenhuma perda, isso é natural. Mas, simplesmente fazendo-o, um dia acontece.

Uma vez que isso tenha acontecido, uma vez que você tenha, mesmo que por um único momento, se tornado o observador, você saberá como se tornar observador nas colinas, bem distante. E a mente toda está ai, bem profunda no vale escuro, e você não tem nada a fazer com ela. A coisa mais estranha sobre a mente é que, se você se tornar um observador, ela começará a desaparecer. Assim como a luz dispersa a escuridão, a observação dispersa a mente, seus pensamentos, sua parafernália toda.

Assim, a meditação é simplesmente observação, consciência. E isso revela que não tem nada a ver com invenção. Ela não inventa nada; ela simplesmente descobre aquilo que está ai. E o que está ai? Você entra e encontra um infinito vazio, tão tremendamente belo, tão silencioso, tão cheio de luz, tão fragrante, que você entrou no reino de Deus.

Nas minhas palavras, você entrou na divindade.

E, uma vez que você tenha estado neste espaço, sairá uma pessoa totalmente nova, um homem novo. Agora você tem a sua face original. Todas as máscaras desapareceram. Você viverá no mesmo mundo, mas não do mesmo modo. Estará entre as mesmas pessoas, mas não com a mesma atitude nem com a mesma abordagem.

Você viverá como um lótus na água; mas absolutamente intocado pela água.

A religião é a descoberta dessa flor de lótus dentro de você.

Osho  

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill