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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

o medo destrói o pensamento criador

Os problemas humanos não são simples, mas extremamente complexos. Para compreende-los é preciso paciência e discernimento, é de suma importância que nós, como indivíduos, os resolvamos por nós mesmos. Eles não podem ser compreendidos com o auxílio de fórmulas cômodas ou de "slogans; nem, tampouco, ser resolvidos nos seus níveis respectivos, por especialistas, os quais, seguido sempre determinada linha de ação, só podem criar mais confusão e mais misérias. Nossos inúmeros problemas só serão compreendidos e resolvidos, quando estivermos cônscios de nós mesmos como um processo total, isto é, quando compreendermos toda a nossa estrutura psíquica; nenhum guia político ou religioso pode dar-nos a chave da compreensão.

Para compreendermos a nós mesmos, devemos estar cônscios das nossas relações, não só com as pessoas, mas também com a propriedade, com as ideias, e com a natureza. Se queremos operar uma verdadeira revolução nas relações humanas, que são a base de toda sociedade, temos de fazer uma transformação fundamental em nossos próprios valores e nossa perspectiva; mas evitamos essa transformação e procuramos fomentar revoluções políticas, no mundo, as quais conduzem invariavelmente a morticínios e desastres.

As relações baseadas na sensação nunca podem ser um meio de nos libertarmos do "eu", entretanto, a maior parte das nossas relações se baseia na sensação, é produto do desejo pessoal de vantagem, conforto e segurança psicológica. Embora possam oferecer-nos uma momentânea fuga do "eu", essas relações só tem o efeito de reforçá-lo, em suas atividades isolantes e escravizantes. As relações são um espelho em que se pode ver o "eu" em todas as suas atividades, e só quando forem compreendidos os movimentos do "eu", nas reações da vida de relação, dar-se-á libertação criadora, do jugo do "eu".

Para se transformar o mundo, é necessária a nossa regeneração interior. Nada se consegue com a violência, com a fácil liquidação mútua. Podemos encontrar um temporário desafogo aderindo a grupos, estudando métodos de reforma social e econômica, decretando leis, ou rezando. Mas, não importa o que façamos, se não possuímos o autoconhecimento e o amor que lhe é inerente, nossos problemas continuarão a expandir-se e multiplicar-se, infindavelmente. Mas se, ao contrário, aplicarmos nossas mentes e nossos corações à tarefa de conhecermos a nós mesmos, resolveremos então, sem dúvida alguma, todos os nossos conflitos e tribulações.

A educação moderna nos está transformando em entidades sem compreensão; ela faz muito pouco no sentido de ajudar-nos a descobrir nossa vocação individual. Passamos em certos exames e depois, se temos sorte, arranjamos um emprego — o que quase sempre significa uma rotina interminável, para o resto da vida. Podemos não gostar do nosso emprego, mas somos obrigados a conservá-lo, porque não temos outro meio de vida. Podemos desejar fazer algo inteiramente diferente, mas nossos compromissos e responsabilidades nos impedem; e sentimo-nos, também, inibidos pelas nossas próprias ansiedades e temores. Assim frustrados, buscamos a fuga no sexo, na bebida, na política ou numa religião de fantasia.

Quando são contrariadas nossas ambições, damos importância desmedida ao que deveria ser normal, e criamos uma ideia fixa. Enquanto não tivermos uma compreensão total da nossa vida e do amor, dos nossos desejos políticos, religiosos e sociais, com suas exigências e seus obstáculos, teremos problemas cada vez maiores, em nossas relações, e que levarão a padecimentos e destruições.

Ignorância é a falta de conhecimento da natureza do "eu", e esta ignorância não pode ser dissipada por atividades e reformas superficiais; só se dissipa com o nosso constante percebimento dos movimentos e reações do "eu", em todas as suas relações.

O que precisamos compreender é que não somos apenas condicionados pelo ambiente, mas que somos o ambiente, que não estamos separados dele. Nossos pensamentos e reações são condicionados pelos valores que a sociedade, da qual somos parte, nos impôs.

Nunca percebemos que somos o ambiente integral, porque existem em nós diversas entidades, que gravitam todas em torno do "eu". O "eu" é constituído dessas entidades, que são meros desejos, sob várias formas. Desse aglomerado de desejos surge a figura central, o "pensador", a vontade do "eu", estabelecendo-se assim uma divisão entre o "eu" e o "não-eu", entre o "eu" e o ambiente ou sociedade. Esta separação é o começo do conflito, interno e externo.

O percebimento desse processo, na sua inteireza — tanto o processo consciente como o oculto — é meditação; por meio dessa meditação, o "eu", com seus desejos e conflitos, pode ser transcendido. O autoconhecimento é necessário, se desejamos ficar livres das influências e dos valores que protegem o "eu"; só nessa liberdade existe a criação, a verdade, Deus, ou outro nome qualquer.

O bom conceito e a tradição moldam os nossos pensamentos e sentimentos desde a idade mais tenra. As influências e impressões imediatas produzem efeito poderoso e duradouro, traçando todo o curso de nossa vida consciente e inconsciente. O ajustamento começa na meninice, com a educação e a influência da sociedade.

O desejo de imitar é um fator muito poderoso em nossa vida, não só nos níveis superficiais, mas também nos mais profundos. Quase se pode dizer que não temos pensamentos e sentimentos independentes. Quando ocorrem, são meras reações e por conseguinte não estão livres do padrão estabelecido. Porque, na reação, nunca há liberdade.

A filosofia e a religião estabelecem métodos pelos quais se pode chegar à compreensão da verdade ou de deus; entretanto, a observância de um método significa permanecer sem compreensão nem integração, por mais benefícios que o método pareça oferecer-nos em nossa vida social de cada dia. O impulso à adaptação, que é desejos de segurança, gera temor e põe na dianteira as autoridades políticas e religiosas, os líderes e os heróis, que nos estimulam à subserviências e pelos quais somos dominados, sutil ou grosseiramente; mas o não submeter-se é apenas uma reação contra a autoridade, que de modo algum concorre para nos tornar entes humanos integrados. A reação não tem fim, pois sempre leva a outra reação.

O ajustamento a qualquer padrão, com seu substrato de temor, representa um obstáculo; mas o simples reconhecimento intelectual desse fato não remove o obstáculo. Só quando temos plena consciência dele é que podemos nos libertar, sem criarmos novas e mais extensas séries de empecilhos.

Quando somos interiormente dependentes, a tradição exerce forte domínio sobre nós; e a mente que pensa pelas rotinas tradicionais nunca pode descobrir aquilo que é novo. E, quando nos ajustamos, tornamo-nos medíocres imitadores, simples dentes de uma impiedosa máquina social. O que nós pensamos é que mais importa, e não, o que outros querem que pensemos. Submetendo-nos à tradição, em pouco tempo nos tornamos meras cópias daquilo que "deveríamos" ser.

Esta imitação daquilo que "deveríamos ser" gera temor; e o temor destrói o pensamento criador. O temor embota a mente e o coração, de modo que não podemos estar despertos para sentir o inteiro significado da vida; tornamos-nos insensíveis aos nossos próprios sofrimentos, aos movimentos dos pássaros, aos sorrisos e às lágrimas alheias. O temor, tanto consciente como inconsciente, tem muitas causas diferentes, e é preciso atenta vigilância para livrar-se de todas elas. O temor não pode ser eliminado pela disciplina, pela sublimação ou por qualquer outro ato da vontade: cumpre descobrir suas causas e compreende-las, o que requer paciência e uma percepção em que não haja julgamento de espécie alguma.

Krishnamurti - A educação e o significado da vida

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill