Interrogante: Que confiança podemos ter no orador, para sabermos que o que ele diz é verdadeiro? E que confiança podemos depositar nele, para sabermos que nos está conduzindo corretamente?
Krishnamurti: Estamos tratando de matéria de “guiar”, “ter confiança?” temos tido guias de toda espécie, políticos e religiosos. Não estais fartos de guias? Já não lançastes ao mar ou ao rio tudo isso, para não terdes mais guia nenhum? Ou continuais, após estes dois milhões de anos, a buscar um guia? Porque os guias destroem os seguidores, e os seguidores destroem o guia. Porque devemos ter fé em alguém?
Este orador não necessita de vossa fé, não está a arvorar-se em autoridade, porque toda espécie de autoridade — principalmente no campo do pensamento, da compreensão — é a coisa mais destruidora e maligna que há. Portanto, não estamos tratando deste assunto de “guiar”, de “ter fé” no guia ou no orador. Estamos dizendo que cada um de nós, cada um de nós como ente humano, tem de ser seu próprio guia, instrutor, discípulo, tudo. Tudo o mais já falhou: as igrejas, os líderes, políticos, os cabos de guerra, os que têm querido criar uma sociedade maravilhosa e nunca o conseguiram. Portanto, tudo depende de vós, agora, de vós, o ente humano que contém em si toda a humanidade; a responsabilidade é vossa. Por conseguinte, deveis tornar-vos intensamente cônscio de vós mesmo, de tudo o que dizeis, de como o dizeis, de tudo o que pensais e dos motivos existentes na vossa busca de prazer.
Krishnamurti – Como viver neste mundo