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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Querer: A Necessidade de mais

O ego se identifica com possuir, mas sua satisfação com isso é de certa forma superficial e passageira. Oculta internamente, ela permanece como um sentimento profundo de insatisfação, de estar incompleto, de "não é o bastante", "não tenho o suficiente", com o que o ego de fato quer dizer: "Não sou o bastante ainda." 

Como vimos, ter - o conceito de propriedade - é uma ficção criada pelo ego para adquirir solidez e permanência e se destacar, tornar-se especial. Mesmo que não sejamos capazes de nos encontrar por meio disso, existe outro impulso mais forte subjacente a esse que pertence à estrutura do ego: a necessidade de mais, o que podemos também chamar de "desejo". O ego não dura muito tempo sem isso. Portanto, querer o mantém vivo muito mais do que ter. Para ele, o apelo de querer é mais forte do que o de ter. E, assim, a satisfação superficial de ter é sempre substituída pelo querer mais. Essa é a necessidade psicológica de mais, isto é, de mais coisas com as quais se identificar. É como um vício, não é verdadeira.

Em alguns casos, essa necessidade psicológica, ou a sensação de que ainda não há o bastante, que é tão característica do ego, é transferida para o nível material e, então, converte-se na avidez insaciável. Em geral, as pessoas que sofrem de bulimia obrigam-se a vomitar para continuar comendo. É sua mente que está faminta, e não seu corpo. Os que sofrem desse distúrbio alimentar poderiam se curar se, em vez de se identificar com a mente, conseguissem entrar em contato com o próprio corpo e assim sentissem suas verdadeiras carências físicas em lugar das pseudo necessidades da mente egóica.

Alguns egos sabem o que querem e perseguem seu objetivo com uma determinação inflexível e implacável - Gêngis Khan, Stalin, Hitler, para dar apenas alguns exemplos inquestionáveis. A energia por trás da sua vontade, porém, cria uma energia oposta de igual intensidade que, por fim, leva à queda desses indivíduos. Nesse ínterim, eles se tornam infelizes e fazem o mesmo com muitas pessoas ou, como mostram episódios clássicos, criam o inferno sobre a Terra. A maioria dos egos tem vontades conflitantes. Eles querem coisas diferentes em momentos distintos ou talvez nem saibam o que desejam. Só sabem o que não querem: o momento presente. Desconforto, desassossego, tédio, ansiedade, insatisfação, tudo isso é resultado da vontade insatisfeita. Como querer é algo estrutural, nenhum acúmulo de conteúdo consegue oferecer uma satisfação duradoura enquanto essa estrutura mental está em ação. O desejo intenso que não tem um objeto específico costuma ser encontrado no ego ainda em desenvolvimento dos adolescentes. É por isso que alguns desses jovens vivem num estado permanente de negativismo e insatisfação.

Todos os seres humanos do planeta poderiam ser facilmente atendidos em suas carências materiais em relação a alimento, água, abrigo, roupas e confortos básicos, não fosse pelo desequilíbrio de recursos criado pela necessidade insana e voraz de querer sempre mais, a ganância do ego. Isso encontra expressão coletiva nas estruturas econômicas, como as grandes corporações, que são entidades egóicas que competem entre si por mais. Seu único - e cego - objetivo é o lucro. Elas perseguem essa meta do modo mais implacável possível. A natureza, os animais, as pessoas, até mesmo os funcionários, não são mais do que algarismos no seu balanço comercial, objetos inanimados a serem usados e depois descartados.

As formas de pensamento "mim", "meu", "mais do que", "eu quero", "eu preciso", "eu devo ter" e "não o bastante" pertencem não ao conteúdo, mas à estrutura do ego. O conteúdo pode ser trocado. Enquanto não reconhecemos essas formas de pensamento em nós mesmos, isto é, enquanto elas permanecem inconscientes, acreditamos no que elas dizem. Assim, ficamos condenados a agir de acordo com esses pensamentos inconscientes, a buscar e não encontrar, pois, quando eles entram em ação, nenhum bem, nenhum lugar, nenhuma pessoa, nenhuma condição jamais nos satisfaz. Não há conteúdo capaz de atender nossa vontade enquanto a estrutura egóica permanece atuante. Não importa o que tenhamos nem o que venhamos a conquistar, não seremos felizes. Sempre estaremos procurando alguma coisa além que nos prometa mais plenitude, que nos diga que vai completar a percepção do eu insatisfeito e saciar aquele sentimento de carência que trazemos dentro de nós.

Eckhart Tolle
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill