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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Krishnamurti — Sobre a crença e a confiança


PERGUNTA: Qual é a diferença entre crença e confiança? Porque condenais a crença?


KRISHINAMURTI: Vejamos primeiramente o que é crença e o que é confiança. Que quer dizer crença? Porque necessitamos de crer? Não é porque temos o desejo de estar certos, seguros? Psicologicamente, é perturbador não se ter uma crença, não é verdade? Se não tendes crença em Deus ou num partido político, ficareis muito perturbados, não é exato? O temor, a crença na reencarnação, e em dúzias de coisas. Nessas condições, crença é uma exigência de segurança feita pela mente, e, por isso, que acontece? A mente, procurando segurança, procurando a crença, cria a crença. Ela a cria por si mesma, ou aceita as crenças de outros, e, quer ela própria a tenha criado, quer a tenha recebido de outros, a mente adota e diz “ee creio”. Ou, “projeta” a crença para o futuro e faz dela uma certeza, uma garantia, de acordo com a qual a mente disciplina a si própria.
Como fatores diferentes só podem conduzir a crenças diferentes, um crê em Deus, e outro crê que não há Deus. Um é maometano, outro hindu, outro cristão, e que acontece então? O desejo de estar em segurança, psicologicamente, cria infalivelmente a divisão, porquanto estais criando e dando importância a várias coisas que são secundárias.

Vede o que a crença está fazendo no mundo. Política ou religiosamente, há inúmeros planos, que acreditais capazes de resolver as nossas dificuldades. Há crenças religiosas extraordinariamente variadas, e cada indivíduo se atém à sua própria crença, porque ela lhe dá conforto; e o individuo se torna um meio de propaganda e exploração. A crença, inevitavelmente, divide. Quando tendes uma crença e buscais a segurança em vossa crença pessoal, vós vos separais daqueles que procuram a segurança em outras formas de crença. Por conseqüência, todas as formas de crença se baseiam no separatismo, embora preguem a fraternidade. É precisamente o que está acontecendo no mundo, porquanto a crença é uma oculta exigência psicológica de preenchimento. Isto é, com preencherdes a vós mesmos mediante uma crença, pensais que sereis felizes. É por isso que a crença se torna um fator extraordinariamente importante, na religião, na política, etc...

Se vos sentísseis um ser humano, julgais que estaríeis lutando por essa maneira? Sois um hindu a lutar com um muçulmano e a vos matardes mutuamente; os ingleses lutaram contra os alemães, assim por diante. Como vimos, a crença se forma em virtude do desejo de preenchimento, de segurança e porque reclamamos segurança e lutamos para alcançá-la, temos um fim, um objetivo, e esse fim é uma “projeção” de nós mesmos. Se o fim fosse desconhecido, não teríamos a crença. Ele é uma “projeção” do indivíduo e, por isso, gera o separatismo, tornando-se uma barreira entre vós e os outros, e isso é exatamente o que está acontecendo. Não estou inventando uma teoria, mas sim, descrevendo um fato, um fato psicológico e orgânico. Todos – chefes e seguidores – acreditam num padrão, porque o julgam muito seguro. Se analisardes a crença, com muito cuidado, verificareis que ela é uma forma de preenchimento, de exploração mútua, e que não conduz a solução alguma. Eis o que a crença tem feito por nós.

E que significa confiança? A maioria de nós confia em alguém ou em alguma coisa. Se praticastes uma coisa, se lestes livros, etc., isto vos dá uma certa confiança, porque haveis praticado, executado uma coisa muitas vezes, com confiança. É uma forma de agressividade, isso. Sabeis fazer uma coisa, e estais satisfeitos com vós mesmos. “Sei fazer isso, e você não sabe”. A confiança num nome, numa capacidade, é agressão, não achais? Tal confiança é por igual exploração, a qual, também, tem a afinidade com a crença. Por conseqüência, a crença e a confiança são coisas semelhantes. São as duas faces da mesma moeda.

Mas, há uma outra espécie de confiança, que nasce do autoconhecimento. Não devia propriamente chamar-se confiança, mas, à falta de melhor termo, chamemo-la “confiança”. Quando há o percebimento, quando a mente está cônscia do que pensa, do que sente e do que faz, não só nas camadas superficiais da consciência, mas ainda nas camadas mais profundas, quando estamos plenamente cônscios de tudo quanto se contém na consciência, vem então um sentimento de liberdade, de segurança, dado por esse conhecimento. Quando sabeis reconhecer uma serpente, vós estais livre dela, não é verdade? Quando sabeis que determinada coisa é venenosa, sentis uma segurança, uma liberdade, até então desconhecida. Há uma segurança, uma alegria extraordinária, uma esperança criadora, um sentimento de vitalidade, depois de explorarmos o nosso “ego”, e nada disso se baseia na crença. Depois de devassado o “ego”, depois que todos os seus artifícios e recessos são conhecidos da mente, está a mente, então assegurada do seu criador, e, por conseguinte, ela cessa de criar, e nesse cessar há criação.

Senhores, não estejais hipnotizados. Podeis, como disse no inicio desta palestra, estar naquele estado acolhedor, para que a semente lançada crie raízes. Espero com toda a sinceridade que a semente haja vingado, porque não são palavras, o que vos dará liberdade. O que vos libertará, o que livrará a todos nós do pecado e do sofrer, é aquele sentimento, aquela percepção do que “é”. É o conhecê-lo exatamente – e não traduzi-lo, explicá-lo, pô-lo de lado – é o conhecê-lo exatamente, o percebê-lo livremente, que traz a liberdade. E é só pela liberdade que se dá a conhecer a Verdade.

Krishnamurti – 9 de novembro de 1947 – Do livro: Uma Nova Maneira de Viver. - ICK

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill