Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

Mostrando postagens com marcador intimidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador intimidade. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Estamos, de fato, em relação com alguém?


Estamos, de fato, em relação com alguém?

[...] PERGUNTA: Qual a relação do indivíduo com a sociedade?

KRISHNAMURTI: Qual a relação do indivíduo — o indivíduo real, a cujo respeito tenho falado — com a sociedade? E qual a nossa relação atual — a relação do chamado "indivíduo" — com a sociedade? E que se entende por "relação"?

Comecemos com a "relação". Que se entende por esta palavra? Estar em relação é estar em contato, em comunhão com outro que me entende e a quem eu entendo; é ter camaradagem, amizade com outro. Quer se trate da relação de marido e mulher, entre pai e filho, quer da relação do indivíduo com a sociedade, tal palavra tem para nós um sentido de comunhão, de contato, fraco ou forte, superficial ou profundo. Penso ser isso o que em geral entendemos por "relação".

Ora, nós estamos em relação com alguém? Estais em relação com vossa mulher ou marido? Por favor, investigai esta questão, sem meramente presumirdes que estais. Para estardes em relação com alguém, deveis estar em contato com a pessoa, não apenas fisicamente, mas também emocional, intelectualmente — em todos os níveis. E estamos? Parece-me que não. Nossas atitudes, nossas atividades, nossas arrogâncias, nosso orgulho, nos isolam; e, nesse estado de isolamento, procuramos estabelecer uma relação com outro, com a sociedade. Isto é um fato, não é invenção minha. Nós gostaríamos de estar em relação, mas não estamos. Nesse "mecanismo" que chamamos "relações" — as quais constituem a sociedade — julgamo-nos indivíduos, porque temos nome, família, conta no banco; nossos rostos diferem, trajamo-nos diferentemente, etc. etc. Tudo isso nos dá um peculiar sentimento de individualidade. Mas, somos indivíduos reais, ou mero produto condicionado de determinada sociedade, de determinadas influências ambientes?

Ser indivíduo é ser único, interiormente distinto, tranquilo, só. A mente que está só encontra-se liberta de todo o seu condicionamento. E qual a sua relação com a mente que se acha condicionada? Qual a relação de uma mente que é livre, com outra que não o é? Pode haver relação entre elas? Se vós vedes e eu não vejo, que relação há entre nós? Podeis ajudar-me, guiar-me, dizer-me isto, aquilo ou aquilo outro; mas só pode haver entre nós um estado de relação, no exato sentido da palavra, quando ambos vemos, isto é, quando podemos comungar imediatamente, no mesmo nível e ao mesmo tempo. Só então, por certo, há possibilidade de comunhão — que é amor, não achais?

Krishnamurti, Saanen, 7 de julho de 1963,
Experimente um novo caminho

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A intimidade e o comprometimento são revelações

Perguntaram ao mestre Osho:

Querido Osho, o que dizer a respeito daqueles que tomam sannyas para depois abandoná-lo quando retornam ao ambiente de casa ou do cotidiano?

Anand Lionel, eles são uns bundões. E eles são uns bundões, não porque abandonaram o sannyas, mas porque o tomaram. A ideia deles é de que tomando sannyas aqui, iriam ganhar algo, e depois, quando voltassem para casa, poderiam abandoná-lo.

Mas, se já existe esta ideia desde o início de que ‘eu vou abandoná-lo quando voltar para casa’, o sannyas não será uma bênção para você. Ele não pode ser uma bênção para uma mente com tamanha mesquinhez. Você se tornará um sannyasin, mas ainda assim, não terá se tornado um sannyasin.

Eu sei que existem pessoas, pelo menos dez por cento delas... Eu sei imediatamente quando elas vêm para tomar o sannyas – os olhos delas dizem, a vibração delas diz, todo o ser delas fedem a mediocridade. Mas eu respeito as pessoas, e não posso lhes dizer não. E eu penso, qual será o dano? Deixe-as brincar o jogo de ser um sannyasin. E quem sabe? Algumas vezes, as pessoas são pegas também. No começo, quando elas tomam sannyas, elas apenas querem ver do que se trata. Mas sem perceber, elas podem ser pegas no sannyas, podem ser apanhadas.

Estando aqui como sannyasins por três ou quatro meses, elas podem achar que é quase impossível abandonar o sannyas quando voltar para casa. Mas mesmo que elas o abandonem, isso é assunto delas. Elas estão sendo estúpidas. Elas estão tentando ter intimidade comigo, porque essa intimidade pode transformá-las, pode lhes dar um novo nascimento. Mas a intimidade só é possível se não existir um muro de esperteza entre você e eu. E o muro existe.

Eu lhes dou sannyas, vendo o muro, a Grande Muralha da China, entre mim e elas. Eu sei que elas não estão entrando verdadeiramente naquilo. Elas estão apenas sendo espertas. Elas não são espertas, apenas estão sendo espertas, porque uma pessoa realmente esperta não irá enganar a si mesma. E existem coisas pelas quais você pode ser imensamente beneficiado, mas apenas quando você não fica jogando.

Por exemplo, o amor pode ser uma força transformadora em sua vida. Mas se você estiver apenas representando um papel, ele não irá enriquecê-lo. Na verdade, ao contrário, ele poderá empobrecê-lo ainda mais. Se você ama uma mulher ou um homem, sem realmente amar, apenas fingindo, então você estará aprendendo algo – que o amor é fútil. Toda a sua vida pode se tornar envenenada. Toda vez que você ama, aquela esperteza estará ali, ela estará circulando em seu sangue, em seu ser. E você saberá desde o começo que tudo aquilo é um jogo. Você nunca se tornará íntimo de qualquer pessoa – e a intimidade é uma revelação. O sannyas é a intimidade suprema. Você não pode ser esperto. E se você for, estará enganando apenas a si mesmo.

Mas por que, Anand Lionel, esta questão surgiu em você? Você tomou sannyas há apenas alguns dias. A questão devia estar à espreita em algum lugar de seu inconsciente. Esta é uma questão sua, esta pode ser a sua ideia, e talvez você não esteja muito consciente dela. Você pode estar pensando que está formulando uma pergunta que diz respeito aos outros, mas os outros poderiam fazer suas próprias perguntas, você não precisa se preocupar com eles. Quem é você para estar preocupado com eles? Você já não tem as suas próprias preocupações? Mas esta questão devia estar ali em algum lugar no fundo do seu inconsciente, esta deve ser a sua estratégia. E eu ainda repito, você pode não estar consciente dela, mas o inconsciente estourou através desta questão.

Mas isto não é uma exceção. O mundo está cheio de bundões, por isto, se uns poucos bundões arrumarem um jeito de virem aqui, não será surpresa. É natural. Eu reservo dez por cento de margem para eles, dez por cento de pessoas provavelmente serão enganadoras. Na verdade, é um milagre que seja apenas dez por cento.

As pessoas têm esquecido a linguagem do compromisso, do envolvimento. As pessoas não conhecem as belezas do compromisso, elas não conhecem as alegrias da dedicação. Elas não sabem o que significa estar completamente dedicado a alguma coisa. Estar completamente dedicado a alguma coisa significa dar nascimento a uma alma em você. Isso integra você, dá a você uma coluna vertebral. De outra forma, pessoas que nunca tiveram qualquer experiência de compromisso – no amor, na confiança – elas vivem uma vida sem uma coluna, elas são invertebradas, fracas, elas são uma confusão, uma sujeira. Elas não são realmente seres humanos, ainda não alcançaram a dignidade de ser um homem.

Ser um homem significa ser comprometido, estar envolvido, estar pronto para ir até o extremo de alguma experiência. Se isto atrai você, se isto convence você, se isto converte você, então você tem que estar pronto para ir onde quer que isto o leve – até o desconhecido, até onde não há mapas. Sim, existem muitos medos, e existem muitos problemas a serem encarados e muitos desafios a serem aceitos, mas é assim que a pessoa cresce, é assim que ela amadurece.

Milhões de pessoas no mundo permanecem imaturas, infantis, pela simples razão que elas não sabem como se comprometer. Elas permanecem sem raiz. E sempre que uma árvore fica sem raiz, você pode deduzir o que lhe vai acontecer. Pouco a pouco, toda a energia irá desaparecer da árvore, porque ela já não está conectada a qualquer fonte de energia. A seiva não irá mais fluir nela, todo o seu verde será perdido, ela não ficará mais jovem e viva. Ela perderá o seu lustre, a sua grandeza, o seu brilho; ela perderá toda a sua luminosidade e não irá desabrochar. Primaveras virão e irão, mas ela permanecerá ali, morta e seca.

Isto é o que acontece a milhões de pessoas. Elas perderam seus solos. Através do sannyas, eu estou tentando lhes dar um solo que pode nutri-lo, de modo que a seiva possa começar novamente a fluir em seu sistema, de modo que a energia flua em você, e você se torne energético novamente, seja jovem novamente, cheio de juventude e frescor.

O homem perdeu uma qualidade, a do entusiasmo, prazer e vivacidade. Sem isto, o que é a vida? Será apenas uma espera pela morte? Ela não poderá ser outra coisa. Somente com o entusiasmo e dedicação você vive, caso contrário, você vegeta.

Sannyas não é renúncia, é uma maneira de viver a vida em sua totalidade e intensidade. É a arte de viver a vida em todas as suas dimensões, é a maneira de viver a vida com toda a sua riqueza. Esta não é a velha ideia de sannyas. Eu não estou criando monges e freiras – não, em absoluto. Eu estou criando pessoas vivas, vibrantes, pulsantes, cheias de zesto, jovens e cheias de frescor, prontas para seguirem qualquer aventura em busca da verdade, em busca do amor, em busca de Deus.

Como você pode abandonar o sannyas? É por isto que eu digo que eles são uns bundões, não porque eles abandonaram o sannyas. Eles são uns bundões porque o tomaram. Eles não compreendem o que estão fazendo. Eles não têm consciência de onde estão se movendo. Eles não são conscientes, eles são apenas sonâmbulos, robôs, zumbis. Quando eles vêem que tantas pessoas se tornaram sannyasins, a psicologia de massa deles, a mente da multidão deles, a mente de cordeiro deles, imediatamente lhe dá a ideia, ‘então, eu também tenho que me tornar um sannyasin.’

Por que? Por que se preocupar com sannyas, se isto não é uma decisão que surge no centro mais interno de seu ser? A não ser que eu tenha tocado um acorde no seu coração, a não ser que uma música tenha acontecido em você através de mim, por que se preocupar com o sannyas?

Mas eles não estão tomando o sannyas comigo, eles estão tomando o sannyas com você, com outros sannyasins. Vendo tantas pessoas usando a cor laranja, todas elas felizes e alegres, eles sentem inveja. Eles se tornam, competitivos e começam a pensar que estão perdendo alguma coisa. Um sonho surge neles: ‘eu também devo conhecer o que é esse sannyas.’ Certamente eles sabem que não serão capazes de seguir todo o caminho do sannyas, mas eles dizem, eles argumentam internamente, ‘Pelo menos, enquanto estiver aqui, porque não ser um sannyasin e ter um gostinho disso? E quando voltar para casa, simplesmente me esqueço de tudo isto, assim ninguém ficará sabendo e poderei voltar novamente à velha rotina.’

É assim que a mente de massa funciona. E o sannyas não é para a mente de massa, não é para a mente de cordeiro. O sannyas é para leões.

E eu estou realmente surpreso, Anand Lionel... Parece que eu lhe dei o nome errado. Um leão formulando tal pergunta? Essa pergunta surge de uma mente muito covarde. Essa questão surge de uma mente muito esperta. E ainda assim eu repito, você pode não estar consciente disso – mas isto é ainda mais perigoso. Se você estiver consciente, algo pode ser feito.

É por isto que eu estou respondendo, para fazê-lo consciente disso. Este é um dos processos de transformação da vida: se você se torna consciente de alguma coisa você pode se livrar dela muito facilmente. Se você não estiver consciente, não há possibilidade de se livrar daquilo.

Deixe de lado as interpretações. Pelo menos comigo, esteja completamente nu. Por que você não pode formular a pergunta: ‘Osho, se eu voltar e abandonar o sannyas, depois...’ Teria sido tão bonito, tão sincero. Mas você teve que modificar.

Você pergunta: O que dizer a respeito daqueles que tomam sannyas em Puna para depois abandoná-lo quando retornam ao ambiente de casa?

Eles nunca tomaram sannyas. Uma vez que você toma sannyas, ele não pode ser abandonado. Não se trata de algo que possa ser abandonado. Ele é um marco, é uma experiência que vai fundo dentro de você e se torna o seu próprio coração. Ele penetra você.

Isto é apenas simbólico. Sannyas é algo totalmente diferente, é ir muito mais fundo. Ele não está nas roupas. Uma vez que você toma o sannyas é impossível abandoná-lo – mas o X da questão é saber se você o tomou. Se você consegue abandoná-lo, isto simplesmente demonstra em primeiro lugar que você nunca o tomou. E se você não tomou o sannyas, você não será beneficiado por ele. Então, naturalmente a mente lhe dirá, ‘Qual o sentido disto? Por três meses você tem sido um sannyasin, e nada aconteceu? Por que não abandonar isto?’

E nada aconteceu porque desde o princípio você não estava nele. Você não era um participante, você estava sendo um enganador, você estava sendo diplomático.

Por favor, não seja diplomático aqui. Este é um relacionamento íntimo, por favor, não traga qualquer tipo de esperteza entre você e eu. Comigo, seja simples, inocente, e então milagres são possíveis. Você tem direito a milagres. Mas a não ser que você os permita, eles não poderão acontecer. Eles só podem acontecer com a sua cooperação.”

OSHO

A intimidade é uma experiência importante

Ninguém sabe nada sobre o futuro. O seu céu, o seu inferno e o seu Deus muito provavelmente não passam de hipóteses, não comprovadas. A única coisa que está nas suas mãos é a sua vida - faça dela a mais interessante possível.

Pela intimidade, pelo amor, por se abrir a muitas pessoas, você se torna mais interessante. E se puder viver um amor profundo, uma amizade verdadeira, uma intimidade generosa, com muitas pessoas, você terá vivido da melhor maneira possível, e onde quer que esteja, se tiver aprendido essa arte, viverá assim ali também, com felicidade.

Se for simples, carinhoso, receptivo, compreensivo, íntimo, você terá criado um paraíso ao seu redor. Se for fechado, constantemente na defensiva, sempre preocupado que alguém possa perceber os seus pensamentos, os seus sonhos, as suas perversões - você estará vivendo no inferno. O inferno está dentro de você, assim como o paraíso. Eles não são lugares geográficos, são espaços espirituais.

Purifique-se. E a meditação não é nada além de uma limpeza de todo o lixo que se acumulou na sua mente. Quando a mente estiver em silêncio e o coração batendo, você estará pronto - sem nenhum medo, mas com uma grande alegria - para ser íntimo. E sem intimidade você está sozinho aqui, entre estranhos. Com intimidade você está cercado de amigos, de pessoas que o amam. A intimidade é uma experiência importante. Não se deve esquecer disso.

Osho em, INTIMIDADE - Como confiar em si mesmo e nos outros.

Deixe uma metade do seu livro aberta

(...) Não vou dizer que a sua vida deveria ser um livro aberto. Alguns capítulos abertos, tudo bem. E alguns capítulos totalmente fechados, um mistério total. Se todo o seu livro estiver aberto, você será unicamente o dia sem noite, verão sem inverno. Onde poderá descansar, concentrar-se e procurar refúgio? Para onde poderá ir quando o mundo se tornar insuportável? Onde ir para orar e meditar? Não, metade de cada é perfeito. Deixe uma metade do seu livro aberta — aberta a toda a gente, à disposição de toda a gente — e deixe que a outra metade do seu livro seja tão secreta que só alguns raros convidados possam ter acesso. Só muito raramente será permitido que entrem no seu templo. É assim que deverá ser. Se houver uma multidão a entrar e a sair, então o templo deixará de ser um templo. Poderá ser uma sala de espera num aeroporto, mas não poderá ser um templo. Só raramente, muito raramente, deixe que alguém entre no seu eu. É isso que é o amor.

Temos sempre vivido com os outros. A partir do momento em que a criança deixa o ventre materno, nunca está sozinha — está com a mãe, com a família, com os amigos, com as pessoas. O círculo dos conhecidos, das amizades, das relações vai-se alargando e à sua volta junta-se uma multidão. É a isso que chamamos vida. E quantas mais pessoas houver na sua vida, mais você julga que tem uma vida cheia.

Quando começa a interiorizar-se, todos esses rostos começam a desvanecer-se, toda essa multidão se dispersa. Terá de dizer adeus a toda a gente: até aos seus amigos mais íntimos, ao seu amante, terá de dizer adeus. Chega um momento em que nem sequer o seu amante poderá estar consigo. Esse é o momento em que você volta a entrar no mesmo espaço, como se estivesse no ventre da sua mãe. Mas nessa altura não conhecia a multidão e por isso nunca se sentia sozinho. A criança sente-se perfeitamente feliz no ventre da mãe, porque não existe comparação, tudo é alegria. E como não conhece o outro, não pode sentir-se triste ou só — não tem qualquer ideia. Esta é a única realidade que a criança conhece.

Mas agora você conhece a multidão, as relações, as alegrias e as misérias das relações, e ambas estão presentes. Ao interiorizar-se, o mundo começa a desaparecer, torna-se como um eco, e em breve até o eco desaparece e a pessoa sente-se completamente perdida. Mas isso não passa de uma interpretação. Se conseguir continuar ainda mais um pouco, encontrar-se-á a si próprio de repente — pela primeira vez encontrar-se-á a si próprio. Depois terá uma surpresa: você andava perdido na multidão; agora já não está perdido. Andava perdido na selva das relações e agora voltou para casa. E depois pode novamente regressar ao mundo, mas nunca mais será o mesmo.

Relacionar-se-á, mas ficará independente; amará, mas o seu amor não será uma necessidade; amará, mas não possuirá nem será ciumento. E o amor é divino quando está isento de sentimentos de ciúme e de posse. Você estará com as pessoas. De fato, só então estará com as pessoas pelo que você é; então pode estar com as pessoas. Primeiro, não estava, pelo que qualquer ideia de estar com as pessoas era puramente ilusória, uma espécie de sonho.

A menos que assim seja, como pode você relacionar-se e estar com o outro? É unicamente uma ficção que nós criamos; é uma ilusão.

A menos que esteja centrado, a menos que saiba quem você é, não pode relacionar-se verdadeiramente. Todo o relacionamento que continua sem o autoconhecimento é apenas uma ilusão. O outro pensa que está a relacionar-se consigo, você pensa que está a relacionar-se com ele; nem você se conhece a si próprio nem o outro se conhece a si próprio. Então que é que se relaciona com quem? Não há ninguém! Apenas duas sombras a brincarem. E ambos são sombras, pelo que não há substância no relacionamento. É isso que vejo constantemente: as pessoas relacionam-se, mas não há nada de substancial. Relacionam-se porque têm medo de, se não se relacionarem, cair na solidão e de se sentirem perdidas, por isso saltam para uma nova relação. Qualquer tipo de relacionamento é melhor do que nenhum relacionamento; é bom, nem que seja uma inimizade; pelo menos a pessoa sente-se ocupada. O seu suposto amor não é mais do que uma espécie de inimizade, uma maneira delicada de lutar, de se debater, de dominar, uma maneira civilizada de se torturar um ao outro, de discutir.

Portanto, você tem de entrar nesse espaço. Ganhe coragem e entre nele. Mesmo que pareça muito triste e muito solitário, não há nada a temer; temos de pagar esse preço. E uma vez alcançada essa fonte, tudo mudará completamente e sairá de lá como um indivíduo. Essa é a diferença que faço entre um indivíduo e uma pessoa: uma pessoa é um fenômeno falso, um indivíduo é uma realidade. As pessoas, as personalidades, são máscaras, são sombras; a individualidade é substância, é realidade. E só os indivíduos se podem relacionar, podem amar — as pessoas podem unicamente brincar.

O amor é um estado de consciência em que você se sente exultante, em que há uma dança em todo o seu ser. Algo começa a vibrar, a irradiar, a partir do seu centro; algo começa a pulsar à sua volta. E começa a atingir as pessoas: pode atingir as mulheres, pode atingir os homens, pode atingir as rochas e as árvores e as estrelas.

Quando me refiro ao amor, refiro-me a esse amor: um amor que não é um relacionamento mas sim um estado do ser. O relacionamento é apenas um aspecto muito menor do amor. Mas a ideia que você faz do amor é basicamente a do relacionamento, como se isso fosse tudo.

O relacionamento só é necessário porque você não consegue estar sozinho, porque não é ainda capaz de meditar. Daí que a meditação seja imprescindível antes de poder amar realmente. Uma pessoa deveria ser capaz de estar sozinha, completamente sozinha, e apesar disso ser imensamente afortunada. Então poderá amar. Então o amor deixa de ser uma necessidade e passa a ser uma partilha. Não se fica dependente daquele que se ama.

Mas o que geralmente acontece no mundo é o seguinte: você não tem amor, a pessoa que você pensa amar também não tem amor no seu ser, e ambos se encontram a pedir amor um ao outro. Dois pedintes a pedirem um ao outro! Daí as guerras, os conflitos, as disputas constantes entre os amantes — sobre coisas banais, irrelevantes, estúpidas! A disputa básica é o marido a pensar que não recebe aquilo a que tem direito e a mulher a pensar que não recebe aquilo a que tem direito. A mulher a pensar que está a ser enganada e o marido a pensar que está a ser enganado. Onde está o amor? Ninguém se preocupa em dar, toda a gente quer receber. E quando todos correm atrás do receber, ninguém recebe. E todos se sentem perdidos, vazios, tensos.

O que falta é o alicerce básico, você começou a construir o templo sem os alicerces. E ele vai cair, vai-se desmoronar a qualquer instante. E você bem sabe quantas vezes o seu amor ruiu e no entanto, continua a fazer as mesmas coisas vezes sem conta. Quanta ignorância... Não vê o que tem andado a fazer à sua vida e à vida dos outros. Continua a repetir o mesmo padrão, como um robô, sabendo perfeitamente que já fez as mesmas coisas antes. E sabe quais foram os resultados, e bem no fundo sabe que tudo acontecerá da mesma maneira — porque não há qualquer diferença. Está a preparar-se para a mesma conclusão, para o mesmo colapso.

Se tiver de aprender alguma coisa com os fracassos do amor, então que seja como se tornar mais consciente, mais meditativo. E por meditação entendo a capacidade de se sentir ditoso sozinho. Muito poucas pessoas são capazes de se sentir ditosas sem qualquer razão especial — simplesmente sentarem-se caladas e ditosas! Os outros julgá-las-ão doidas, porque a ideia de felicidade é que ela tem de nos vir a partir de outra pessoa. Você conhece uma mulher bonita e sente-se feliz ou conhece um belo homem e sente-se feliz. Mas ficar silencioso no seu quarto e sentir-se tão ditoso, tão feliz? Não deve regular muito bem! As pessoas pensarão que estará drogado, com uma pedrada. Sim, é verdade, a meditação é o LSD primário, é libertar os seus poderes psicadélicos. É libertar os seu próprio esplendor prisioneiro. E você fica tão feliz, nasce em si uma tal festa que não precisa de nenhum relacionamento. E contudo pode relacionar-se com as pessoas... e é essa a diferença entre relacionar-se e ter um relacionamento.

O relacionamento é uma coisa: você agarra-se a ele. Relacionar-se é um fluir, um movimento, um processo. Você conhece uma pessoa, é amável, porque tem muito amor para dar — e quanto mais der, mais tem, Esta é a estranha aritmética do amor: quanto mais se dá, mais se tem. O que vai exatamente contra as leis econômicas que operam no mundo exterior. Se quiser ter mais amor e mais alegria, dê e compartilhe, depois compartilhe apenas. E ficará agradecido a quem quer que lhe permita compartilhar a sua alegria consigo. Mas não é um relacionamento; é uma corrente como a dum rio.

O rio passa ao lado duma árvore, cumprimentando-a, e alimenta a árvore, dá de beber à árvore... e continua em frente, continua a dançar. Não se agarra à árvore. E a árvore não lhe diz: "Onde é que tu vais? Somos casados! E antes de me deixares tens de obter o divórcio, ou pelo menos uma separação! E se tinhas de me deixar, porque é que andaste a dançar tão bem à minha volta? E, principalmente, porque é que me alimentaste?" Não, a árvore deixa cair as suas flores no rio em profunda gratidão e o rio continua em frente. E a árvore dá a sua fragrância ao vento.

Isto é relacionar-se. Se algum dia a humanidade crescer, amadurecer, será esta a maneira de amar: pessoas que se conhecem, que compartilham, que continuam o seu caminho, uma qualidade não possessiva, uma qualidade não dominadora. De outro modo, o amor torna-se uma corrida ao poder.

Osho em, Intimidade

Sinceridade significa autenticidade

Sinceridade significa autenticidade – ser sincero, não ser falso, não usar máscaras. Qualquer que seja o seu rosto verdadeiro, mostre-o, custe o que custar.

Lembre-se: isso não significa que você tenha de desmascarar os outros; se eles estão felizes com as mentiras deles, compete a eles se decidir. Não sai desmascarando ninguém, porque as pessoas são como são… seja verdadeiro consigo mesmo. Não é preciso que você corrija ninguém no mundo. Se você puder crescer sozinho, será o bastante. Não seja um reformador e não tente dar lições aos outros, não tente mudar os outros. Se você mudar, será o bastante como mensagem.

Ser autêntico significa permanecer verdadeiro consigo mesmo. Como permanecer verdadeiro? Lembre-se sempre de três regras. Uma, nunca dê ouvidos a ninguém quando dizem o que você deve ser. Ouça sempre a sua voz interior, o que você gostaria de ser; do contrário, vai desperdiçar sua vida inteira…

Preste atenção: a coisa mais importante é o seu ser. Não deixe que os outros manipulem você – e eles são muitos; todo mundo está pronto para controlar você, para mudar você, para lhe dar uma orientação que você não pediu. Todo mundo quer ser o guia da sua vida. O guia existe dentro de você; você tem o plano.

Ser autêntico significa ser sincero consigo mesmo…

O motivo pelo qual todo mundo parece tão frustrado é que ninguém ouve a própria voz… ouça sempre sua voz interior, e não ouça mais nada. Existem mil e uma tentações ao seu redor, porque muitas pessoas estão mascateando as suas coisas. É um supermercado; o mundo, e todo mundo nele está interessado em vender as próprias coisas a você. Todo mundo é um vendedor. Se der ouvidos a muitos vendedores, você vai ficar louco. Não dê ouvidos a ninguém, simplesmente feche os olhos e ouça sua voz interior. É para isso que existe a Meditação: para ouvir a voz interior.

A segunda regra mais importante – só se você cumprir a primeira regra poderá cumprir a segunda – nunca use uma máscara. Se estiver com raiva, mostre a sua raiva. É perigoso, mas não sorria, porque isso é ser falso. Mas lhe ensinaram que, quando você está com raiva, deve sorrir. Então seu sorriso torna-se falso, uma máscara – simplesmente um movimento dos lábios e nada mais. O coração está cheio de raiva, veneno, e os lábios sorrindo: você se torna um prodígio de falsidade.

Então também se manifesta uma outra reação: quando você quer sorrir, não consegue sorrir. Todo seu mecanismo está de cabeça para baixo porque, quando queria ficar com raiva, você não ficava; quando queria odiar você não odiava. Então você quer amar; de repente, você descobre que o mecanismo não funciona. Então você quer sorrir, você precisa forçar o sorriso. Realmente, o seu coração é todo sorrisos e você quer dar uma boa risada, mas não consegue rir… o sorriso não sai, ou ate mesmo, se sair, será um sorriso apagado e sem graça. Ele não deixa você feliz, você não se entusiasma com ele. Você não irradia nada.

Quando quiser ficar com raiva, fique com raiva. Não há nada errado em ficar com raiva. Se quiser rir, ria. Não há nada errado em dar uma risada. Pouco a pouco você vai ver que todo seu organismo voltou a funcionar direito… não use máscaras; do contrário você vai criar disfunções no seu mecanismo, bloqueios. Existem muitos bloqueios no seu corpo. A pessoa que reprime a raiva fica com a mandíbula bloqueada. Toda a raiva vai para a mandíbula e pára ali. As mãos ficam feias; elas não têm o movimento gracioso de um bailarino, não, porque a raiva chega aos dedos e os bloqueia. A raiva tem duas saídas para ser liberada: uma são os dentes, a outra são os dedos.

Se você reprime alguma coisa, existe no seu corpo alguma parte correspondente à emoção. Se você não quer chorar, os seus olhos vão perder o brilho… porque as lágrimas são necessárias; elas são um fenômeno muito vivo. Quando uma vez ou outra você deixa as lagrimas correrem – quando você realmente chora, você chora de verdade, e as lágrimas começam a correr dos seus olhos – os seus olhos se limpam, se revigoram, recuperando a juventude e a pureza.

Lembre-se: se não puder chorar sinceramente, você também não poderá rir, porque essa é a outra polaridade. As pessoas que conseguem rir também conseguem chorar; as pessoas que não conseguem chorar não conseguem rir.

E a terceira regra sobre a autenticidade… permaneça sempre no presente, porque tanto do passado quando do futuro é que vêm todas as falsidades. Porque o que passou, passou; não se preocupe com isso e não carregue como um fardo; do contrário isso não vai permitir que você seja autêntico em relação ao presente. E tudo que não aconteceu ainda não aconteceu. Não se incomode sem necessidade com o futuro, do contrário ele cairá sobre o presente e o destruirá. Seja verdadeiro em relação ao presente; então, você será autêntico. Nem passado, nem futuro – o momento é tudo. O momento é a eternidade inteira.

Siga essas três regrinhas e você vai conseguir ser sincero, verdadeiro, autêntico. Então, tudo o que você disser será verdade. Comumente, você pensa que precisa tomar cuidado para dizer a verdade; não é isso o que eu estou dizendo. Estou dizendo: crie autenticidade e tudo o que você disse será verdade.

A verdade não é uma coisa lógica. Por verdade eu quero dizer a autenticidade do ser; sem impor nada que você não seja, apenas sendo o que você é, independentemente dos riscos, nunca se tornando um hipócrita. Se você está triste, fique triste. Esta é a verdade; não a esconda.. Não exiba um sorriso falso no rosto, porque esse sorriso falso cria uma divisão em você.

Quando você está com raiva e não demonstra a raiva… é porque tem medo de que essa demonstração prejudique a sua imagem, porque as pessoas pensam que você é compreensivo e dizem que você nunca fica com raiva. Elas gostam disso e isso é tão gratificante para o ego. Agora, ficar com raiva vai prejudicar a sua linda imagem; assim, em vez de prejudicar a imagem, você reprime a raiva. Você está fervendo por dentro, mas por fora continua compreensivo, bondoso, polido, doce. Aí acontece a divisão. As pessoas produzem essa divisão durante a vida inteira; então a divisão se torna absolutamente estabelecida. Mesmo quando você está sentado sozinho e não há ninguém por perto, e não há necessidade de fingir, você continua fingindo; isso se tornou um hábito arraigado e automático… Então, não é uma questão de ser verdadeiro ou falso; isso acabou por se tornar um hábito…

Por verdadeiro eu quero dizer não fingir. Seja exatamente o que você é – num momento você está triste… e no momento seguinte, se você ficar feliz, não há necessidade de continuar triste – porque também lhe ensinaram a ser sempre coerente, a permanecer coerente…

Assim, não é só quando está triste que você finge sorrisos; quando você quer sorrir, também finge tristeza por causa da idéia completamente estúpida de permanecer coerente. Cada momento tem a sua característica peculiar, e nenhum momento precisa ser coerente com nenhum outro momento. Assim, não é preciso se preocupar com a coerência.. Ninguém que se preocupe com a coerência vai se tornar falso porque apenas mente com coerência. A verdade está sempre mudando. A verdade contém suas próprias contradições – e essa é a substância da verdade, essa é a sua vastidão, essa é a sua beleza.

Portanto, se você está se sentindo triste, fique triste – sem nenhuma censura, sem nenhuma avaliação como sendo bom ou mau.. Não se trata de ser bom ou mau; isso simplesmente acontece. E quando acontece, deixe acontecer. Quando você começar a sorrir de novo, não se sinta culpado só porque há pouco estava triste; então, como pode sorrir? Quando estiver feliz, seja feliz.

Osho em, "Intimidade - como confiar em si mesmo e nos outros"

Intimo consigo mesmo



Sobre o medo da opinião dos outros

As pessoas vivem toda a sua vida a acreditar no que os outros dizem, dependentes dos outros. É por isso que têm tanto medo da opinião dos outros. Se eles pensam que você é mau, torna-se mau. Se o condenam, começa a condenar-se. Se dizem que é pecador, começa a sentir-se culpado. E, como depende da opinião deles, é obrigado a conformar-se constantemente com as suas opiniões; senão eles mudarão de opinião. Ora isso cria uma escravidão, uma escravidão muito sutil. Se quiser ser considerado bom, digno, belo, inteligente, tem de fazer concessões, tem de se comprometer continuamente com as pessoas de quem depende.

E levanta-se um outro problema. Como há muitas pessoas, elas estão sempre a alimentar a sua mente com diferentes tipos de opiniões — opiniões conflituosas, ainda por cima. Uma opinião a contradizer outra opinião — daí que exista uma grande confusão dentro de si. Uma pessoa diz que você é muito inteligente, outra pessoa diz-lhe que é estúpido. Como decidir? Então fica dividido. Fica com dúvidas sobre si próprio, sobre quem é... uma ondulação. E a complexidade é muito grande, porque há milhares de pessoas à sua volta.

Você está em contato com muitas pessoas e cada uma delas mete a sua ideia na sua mente. E ninguém o conhece — nem você mesmo se conhece —, pelo que toda essa coleção se amontoa dentro de si. É uma situação de enlouquecer. Tem muitas vozes dentro de si. Sempre que se pergunta quem é, surgem muitas respostas.

Algumas dessas respostas serão da sua mãe, outras serão do seu pai, outras ainda do professor, e assim por diante e assim sucessivamente, e é impossível decidir qual delas é a resposta certa. Como decidir? Qual o critério? É aqui que o homem se perde. Chama-se a isto ignorância de si próprio.

Mas como depende dos outros, tem medo de entrar na solidão — porque no momento em que começar a entrar na solidão começará a ter muito medo de se perder. Em primeiro lugar, você não se tem a si próprio, mas, qualquer que seja o eu que criou a partir da opinião dos outros, tem de o deixar para trás. Daí que seja muito assustador interiorizar-se. Quanto mais fundo for, menos saberá quem é. É por isso que quando procura conhecer-se realmente a si próprio, antes de o conseguir terá de abandonar todas as ideias que tem sobre o seu eu. Haverá um hiato, haverá uma espécie de coisa nenhuma. Tornar-se-á uma não-entidade. Sentir-se-á completamente perdido, porque tudo o que conhece deixará de ser relevante e aquilo que é relevante ainda não conhece.

Osho, in Intimidade

A intimidade requer pausas de silêncio

Quando você começa a se sentir mais próximo de alguém surge uma intimidade, então até mesmo uma simples palavra que pronuncie é importante. Então você não pode brincar com as palavras com tanta facilidade, porque agora tudo tem significado. Portanto, haverá lacunas de silêncio.

A princípio você se sentirá estranho, porque não está acostumado ao silêncio. Você acha que deve dizer algo; do contrário, o que o outro irá pensar?

Sempre que você se aproxima de alguém, sempre que há algum tipo de amor, o silêncio vem e não há nada a dizer.

Na verdade, não há nada a dizer — não há nada. Com um estranho, há muito a dizer; com os amigos, nada a dizer. E o silêncio se torna pesado porque você não está acostumado com ele.

Você não sabe o que é a música do silêncio. Você só conhece uma maneira de se comunicar, e essa é verbal, por intermédio da mente. Você não sabe como se comunicar por intermédio do coração, coração a coração, em silêncio.

Você não sabe como se comunicar apenas estando ali presente, por intermédio da sua presença.

Você está evoluindo, e os padrões antigos de comunicação estão ficando insuficientes. Você terá de desenvolver novos padrões de comunicação não-verbal.

Quanto mais alguém amadurece, mais necessária é a comunicação não-verbal. A linguagem é necessária porque não sabemos como nos comunicar. Quando sabemos como fazê-lo, pouco a pouco, a linguagem não é necessária.

A linguagem é apenas um meio muito primário. O meio verdadeiro é o silêncio.(...)

Quanto mais você medita, mais você ama e mais se relaciona. E, por fim, chega o momento em que apenas o silêncio convém. Assim, da próxima vez em que estiver com alguém e não estiver se comunicando com palavras, e sentir-se pouco à vontade, fique feliz.

Mantenha o silêncio e deixe que o silêncio estabeleça a comunicação.

A linguagem é necessária para aproximar pessoas com quem você não tem um relacionamento amoroso. A não-linguagem é necessária para pessoas com quem você tem um relacionamento amoroso. É preciso tornar-se inocente outra vez como uma criança, e calado.

Os gestos sairão — às vezes vocês sorriem e dão-se as mãos, ou às vezes vocês apenas ficam em silêncio, olhando um nos olhos do outro, sem fazer nada, só estando ali, presentes.

As presenças se encontram e se fundem, e algo acontece que só vocês sabem. Só vocês, com quem está acontecendo — ninguém mais vai saber, tal a profundidade em que acontece.

Aproveite esse silêncio; sinta-o, prove-o e saboreie-o.

Logo você vai ver que ele tem a sua própria comunicação; que ela é maior, mais elevada, mais secreta e mais profunda.

E que a comunicação é sagrada; há uma pureza em torno dela.

Osho em Meditações para a Noite

Toda a gente tem medo da intimidade

Toda a gente tem medo da intimidade — ter ou não ter consciência desse medo é outra história. A intimidade significa expor-se perante um estranho — e todos nós somos estranhos; ninguém conhece ninguém. Somos mesmo estranhos a nós próprios, porque não sabemos quem somos.

A intimidade aproxima-o de um estranho. Tem de deixar cair todas as suas defesas; só assim a intimidade é possível. E o seu medo é que se deixar cair todas as suas defesas, todas as suas máscaras, quem sabe o que o estranho lhe poderá fazer. Todos nós andamos a esconder mil e uma coisas, não só dos outros mas de nós próprios, porque fomos criados por uma humanidade doente com toda a espécie de repressões, inibições e tabus. E o medo é que, com alguém que seja um estranho — e não importa se se viveu com a pessoa durante trinta ou quarenta anos; a estranheza nunca desaparece —, parece mais seguro manter uma ligeira defesa, uma pequena distância, porque alguém se poderá aproveitar das suas fraquezas, da sua fragilidade, da sua vulnerabilidade.

Toda a gente tem medo da intimidade. O problema torna-se mais complicado porque toda a gente quer intimidade. Toda a gente quer intimidade porque, de outro modo, está sozinho neste Universo — sem um amigo, sem um amante, sem ninguém em quem confiar, sem ninguém a quem abrir todas as suas feridas. E as feridas não saram se não forem abertas.

Osho, in 'Intimidade'

Sobre a fuga da intimidade

Já reparou?

É mais fácil ser-se verdadeiro com os estranhos. As pessoas que viajam de comboio começam a falar com estranhos e contam coisas que nunca contaram aos amigos, porque, com um estranho, não se sentem envolvidas. Meia hora mais tarde, chegam ao seu destino e saem; esquecem e o estranho esquecerá tudo aquilo que lhe contaram. Por isso nada do que lhe disseram tem qualquer importância. Não se correm riscos com um estranho.

Ao falar com estranhos, as pessoas são mais verdadeiras e revelam o seu coração. Mas ao falar com os amigos, com os familiares — pai, mãe, mulher, marido, irmão, irmã — há uma profunda inibição inconsciente. «Não digas isso, ele pode ficar magoado. Não faças isso, ela pode não gostar. Não te comportes dessa maneira, o pai é velho, pode ficar chocado.» Então a pessoa continua a controlar-se. A pouco e pouco, a verdade cai na cave do seu ser e ela torna-se muito esperta e astuciosa com o não verdadeiro.

Continua a fazer falsos sorrisos, que não passam de pinturas nos lábios. Continua a dizer coisas simpáticas, sem qualquer significado. Começa a sentir-se aborrecida com o namorado ou com os pais, mas continua a dizer: «Estou muito contente por te ver!» Enquanto isso, todo o seu ser diz: «Agora deixa-me em paz!» Mas verbalmente continua a fingir. E os outros também estão a fazer a mesma coisa; ninguém se apercebe de que estamos todos no mesmo barco. 

( Osho )

sábado, 31 de janeiro de 2015

Anorexia emocional — o medo de intimidade


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sobre o medo da intimidade

Toda a gente tem medo da intimidade — ter ou não ter consciência desse medo é outra história. A intimidade significa expor-se perante um estranho — e todos nós somos estranhos; ninguém conhece ninguém. Somos mesmo estranhos a nós próprios, porque não sabemos quem somos.

A intimidade aproxima-o de um estranho. Tem de deixar cair todas as suas defesas; só assim a intimidade é possível. E o seu medo é que se deixar cair todas as suas defesas, todas as suas máscaras, quem sabe o que o estranho lhe poderá fazer. Todos nós andamos a esconder mil e uma coisas, não só dos outros mas de nós próprios, porque fomos criados por uma humanidade doente com toda a espécie de repressões, inibições e tabus. E o medo é que, com alguém que seja um estranho — e não importa se se viveu com a pessoa durante trinta ou quarenta anos; a estranheza nunca desaparece —, parece mais seguro manter uma ligeira defesa, uma pequena distância, porque alguém se poderá aproveitar das suas fraquezas, da sua fragilidade, da sua vulnerabilidade.

Toda a gente tem medo da intimidade. O problema torna-se mais complicado porque toda a gente quer intimidade. Toda a gente quer intimidade porque, de outro modo, está sozinho neste Universo — sem um amigo, sem um amante, sem ninguém em quem confiar, sem ninguém a quem abrir todas as suas feridas. E as feridas não saram se não forem abertas. "

( Osho )
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill