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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

É preciso que nos vejamos tal como realmente somos


[...]Nos países ocidentais sempre foi possível a qualquer um iniciar os estudos filosóficos, mas na Ásia o candidato era obrigado a exibir previamente uma certa capacidade para a tarefa. Até que a sua aptidão e atitude se tornassem aceitáveis, lamentavelmente, ele não podia iniciar o aprendizado. Pouco importava aos guardiães da sabedoria que ele tivesse ou não alguma fé religiosa, que fosse ateu, cristão ou muçulmano; o que importava é que do ponto de vista psicológico estivesse apto. [...] Fichte, no entanto, deve ter entrevisto a necessidade desse preparo disciplinador, ao dizer certa vez: "O tipo de filosofia que um homem escolhe depende, em última análise, do tipo de homem que ele é". 

A assimilação da verdade mais elevada estará em rigorosa proporção com a qualificação pessoal do indivíduo. 

Depois de ler o presente capítulo o estudante deveria fazer um exame consciencioso de si mesmo e determinar de maneira objetiva até que ponto as características desejadas estão presentes em seu equipamento mental. O exame deverá ser procedido à base da maior honestidade. Os resultados desse levantamento poderão ser espantosos para o estudante compenetrado, vexatórios para o sensível, ou esclarecedores para aquele que tem sede de autoconhecimento. Uma das primeiras coisas que ficarão patenteadas é até onde a pessoa é influenciada pelos maus instintos, pelos preconceitos correntes, pelas inclinações desconhecidas, pelos temores ocultos, pelas esperanças tolas, pelas atitudes injustas, pelas disposições do momento, pelas alucinações violentas ou pelas ilusões arraigadas; e como ela se conduz em meio a uma névoa de motivos conflitantes e poderosa influência subconsciente. Dessa forma se descobre o que se é realmente! A revelação decerto não será agradável. Se a pessoa não tiver pendores para a filosofia esse momento tornar-se-á crucial, e ela irá atirar raivosamente o livro para um canto e abandonar por inteiro o assunto. Mas, se a pessoa tiver a têmpera ideal, irá adotar a disciplina necessária e aos poucos começarão a surgir as modificações desejadas.

A primeira preocupação do instrutor de filosofia é derrubar os ídolos de pés de barro do estudante ou explicar-lhe com franqueza aquilo que ele na realidade faz ao adorá-los. Pois o instrutor ocupa aquela mesma e desagradável posição do diretor de um hospital psiquiátrico que muitas vezes é obrigado a concordar com os doentes que julgam ser aquilo que não são — um Napoleão, por exemplo — mas que num dado momento se vê forçado a dizer intempestivamente àquelas pobres criaturas que elas não são o que julgam ser! Naquele momento detestável o médico, sem a menor dúvida, tornar-se-á a pessoa mais odiada de toda a instituição!

A consciência de encontrarem-se numa posição análoga — pois pouquíssimas pessoas gostam de ouvir que não estão aptas a receber a verdade — é uma razão a mais para que os instrutores da filosofia oculta se tivessem mantido à sombra durante tanto séculos. Na verdade, do ponto de vista da filosofia poucas pessoas apresentam o equilíbrio requerido e, consequentemente, cria-se o axioma de que o candidato deve ser tratado e curado desse desequilíbrio comum a milhões de seres humanos. Pois a filosofia busca colocar os seus estudantes no ângulo exato para que veja o préstito da existência cósmica tal qual ele realmente é, despojado de fascínio e embustes. Isso não poderá ser conseguido enquanto o intelecto não for bem esclarecido e a força dos seus complexos ocultos não desaparecer. A tarefa de reordenar a mente pode ser um processo assaz doloroso. O trabalho de afastar as falsidades e tolices que a dominam pode deixar para trás algum vácuo.

É essencial descobrir quais as forças que estão atuando na mente e influenciando o raciocínio e as perspectivas mentais. Uma vez que o estudante tenha desenterrado a base real de suas ações e atitudes, ele poderá filosofar livremente, mas não antes. Por meio de uma crítica rigorosa é preciso que desmascare impiedosamente os seus motivos ocultos, desejos inconscientes e tendências veladas. Os complexos que recamam a porção inferior da mente humana e não são reconhecidos nem nomeados respondem em parte pela incapacidade de apreender a verdade. Uma fase de maior importância durante essa atividade preliminar é, portanto, aquela em que se erradica esses parasitas mentais, expondo-os à poderosa luz da consciência.

Depois de aperceber-se dos processos secretos da sua mente e do funcionamento secreto dos seus desejos, o estudante irá descobrir que numerosas crenças falsas e distorções emocionais de há muito vinham atuando como poderosos empecilhos a uma conduta acertada e a uma nítida percepção da verdade. Descobrirá ser pesado o fardo das ilusões e racionalizações que carrega e que impedem a entrada do verdadeiro conhecimento. Somente através dessa compreensão plena daquilo que acontece nos bastidores da vida pessoal consciente poderá surgir a liberação a fim de preparar o advento de novos progressos no caminho derradeiro. As características mais íntimas deverão ser postas a nu, sem concessões de qualquer espécie, procurando-se com destemor compreender as mais amargas verdades a nosso próprio respeito. É preciso que nos vejamos tal como somos, expondo o eu ao eu. Essa é a delicada operação psicológica necessária para determinar, a fim de sejam suprimidas do processo do pensamento e da ação, todas as tendências, alucinações e racionalizações que impedem a entrada da verdade na mente ou que colocam a mente na trilha errada. Até que tais influências sejam determinadas através da análise e expostas através da perguntação não cessará a uma ação maléfica. Esses complexos surgem para dominar o homem e retardar o seu livre uso da razão. Compete-lhe humilhar-se desde o princípio, não hesitando em reconhecer que o seu caráter, tanto na fase franca como na oculta, é uma coisa deformada, aleijada e desequilibrada. Em suma, é preciso estudar um pouco de psicologia antes de abordar frutuosamente a filosofia. É preciso analisar as próprias emoções, examinar a interação entre sentimento e razão, perceber como são formados os conceitos das ideias e das coisas e atacar o problema da motivação inconsciente.

Quando, por exemplo, uma determinada ideia ressurge inapelavelmente a cada instante e acaba por converter-se numa obsessão, ela interfere com o livre curso do raciocínio e impossibilita com isso uma rigorosa reflexão filosófica. Ou quando um homem faz restrições mentais a determinados pontos de vista acerca de um assunto ou campo de interesse específico e não permite que suas faculdades ali operem em sua plenitude, sua mente ficará então dividida em dois ou mais compartimentos estanques, os quais jamais poderão interagir logicamente entre si. Poderemos ter então o espetáculo de uma credulidade completa num departamento e uma crítica racional no outro. A excelência deste último disfarçará os defeitos do primeiro. O problema não é a incapacidade de raciocinar adequadamente mas um complexo específico cuja interferência se faz sentir a uma dada altura. Uma vez mais, quando o auto-respeito ou o respeito humano exige que se façam concessões à razão, testemunhamos o curioso processo em que uma pessoa encontra para suas conclusões uma base em tudo diferente da real. Por essa forma ela ela se ilude a si própria e talvez aos outros através dessas racionalizações de desejos egoístas e preconceitos injustificáveis. Também constituem dificuldades as ilusões que assumem um caráter rígido a ponto de proporcionar à razão uma defesa inexpugnável. Sua persistência via de regra se registra no domínio das crenças políticas, religiosas, sociais ou econômicas.

Trata-se do que poderia ser chamado de moléstia da mente e, enquanto não forem curadas, impedirão o funcionamento normal daquelas faculdades que são chamadas a intervir quando nos empenhamos na procura da verdade. Pois determinam os processos do raciocínio e da ação.

Essa é a auto-revelação que aguarda o estudante. Ela não é agradável, mas se a pessoa tiver a coragem de aceitá-la como um remédio, mostrar-se-á purificadora. Não pode haver cura a menos que a pessoa se dê conta de que está enferma.

É difícil chegar a uma análise acurada por si mesmo, e aqui a ajuda — sempre que for possível — de um filósofo proficiente, vale dizer, um sábio, será de grande utilidade; mas tais homens são extremamente raros. O filósofo competente verifica, depois de um pouco de conversação, quais são os complexos atuantes numa pessoa, sem a necessidade de empregar os alentados e não raro fantásticos processos de psicanálise. Ademais, ele os verá com clareza muito maior que o analista, pois este decerto carrega uma carga de variados complexos desde que não se tenha submetido à disciplina filosófica! Um exame dessa natureza só pode ser eficazmente executado por alguém que do ponto de vista mental seja absolutamente livre

Paul Brunton em, A sabedoria oculta além da ioga

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O que é automistificação, e como ela se origina?

Qual é a razão, qual é a base da automistificação? Quantos de nós estamos verdadeiramente conscientes de que estamos enganando a nós mesmos? Antes de podermos responder à pergunta "o que é automistificação, e como ela se origina?" — você não julga necessário estarmos conscientes de que estamos enganando a nós mesmos? Sabemos que estamos enganando a nós mesmos? Que pretendemos nós com essa mistificação? Julgo muito importante o problema, pois, quanto mais enganamos a nós mesmos, tanto mais cresce a força da ilusão, a qual nos transmite certa vitalidade, certa energia, certa capacidade, que nos leva a impor aos outros a nossa própria ilusão. Assim, gradualmente, não só estou impondo uma ilusão a mim mesmo, mas também aos outros. É um processo "interatuante" de automistificação. Estamos conscientes desse processo, nós que nos julgamos muito capazes de pensar com lucidez, determinada e diretamente? Estamos conscientes de que, nesse processo de pensar, há automistificação?
O pensamento, em si, não é um processo de busca, uma procura de justificação, um desejo de ter tido em boa conta, um desejo de posição, de prestígio e poder? Esse desejo de ser — política, religiosa ou socialmente, — não é ele próprio a causa da automistificação? No momento em que desejo algo diferente da pura materialidade, não produzo, não dou origem a um estado que aceito facilmente? Tome, por exemplo, o seguinte: Desejo saber o que acontece depois da morte, questão em que a maioria de nós está interessada, e quanto mais velhos mais interessados. Desejamos saber a verdade a esse respeito. Como a acharemos? Certamente, não a acharemos por meio de leituras, nem por meio de diferentes explicações. 
Como então você a achará? primeiramente, deve expurgar a sua mente de todos os fatores que constituem empecilhos — toda esperança, todo desejo de continuidade, todo desejo de averiguar o que existe "daquele lado". Porque a mente está sempre em procura de segurança, sempre desejosa de continuar, esperançosa de achar um meio de preenchimento, esperançosa de uma existência futura. Essa mente, conquanto esteja buscando a verdade sobre a vida após a morte, a reencarnação, ou o que quer que seja, é incapaz de achar aquela verdade. Não é exato isso? O que importa saber não é se a reencarnação é ou não um fato verdadeiro, mas, sim, como a mente busca, por meio da automistificação, a justificação de um fato que pode ser e pode não ser verdadeiro. O que tem importância, pois, é a maneira como nos chegamos ao problema, o motivo, o impulso, o desejo com que nos aplicamos a ele. 
Aquele que busca está sempre impondo a si mesmo aquela ilusão; ninguém lhe pode a impor; é ele próprio que a impõe. Criamos a ilusão e depois nos tornamos seus escravos. Assim, o fator fundamental da automistificação é esse desejo constante de ser alguma coisa, neste mundo ou no outro. Sabemos qual é o resultado do desejo de ser alguma coisa neste mundo; esse resultado é a confusão extrema, em que todos competem com todos, todos se destroem entre si, em nome da paz; conhecemos o jogo que estamos fazendo uns com os outros, o qual é uma forma extraordinária de automistificação. De igual maneira, desejamos a segurança no outro mundo. 
Vemos que começamos a enganar a nós mesmos, no momento em que existe esse impulso para ser, para vir-a-ser, conseguir. É muito difícil a mente ficar livre desse impulso. Esse é um dos problemas básicos da nossa vida. É possível viver neste mundo e não ser nada? Porque é só assim que podemos estar livres de todas as ilusões, só assim a mente não fica a procurar um resultado, uma resposta satisfatória, uma forma de justificação, a segurança, numa dada forma, numa dada relação. Só se realiza esse estado quando a mente reconhece as possibilidades e as sutilezas da ilusão, e por conseguinte, com compreensão abandona todas as formas de justificação, de segurança — o que significa que a mente é então capaz de ser, completamente "nada". É possível isso?
Por certo, enquanto vivermos a enganar a nós mesmos, de alguma forma, não poderá existir o amor. Enquanto a mente for capaz de criar e impor a si mesma a ilusão, ela terá, inevitavelmente, de separar-se da compreensão coletiva ou integrada. Essa é uma das nossas dificuldades; não sabemos cooperar; o que sabemos é só trabalhar em conjunto visando a um fim que nós mesmos criamos. Ora, só pode haver cooperação quando você e eu não temos nenhum alvo comum, criado pelo pensamento. Acompanhe-me lentamente, pois vejo que várias pessoas não estão me seguindo. O que importa é compreender que a cooperação só é possível quando você e eu não desejamos ser alguma coisa. Quando você e eu queremos ser alguma coisa, torna-se necessária a crença e tudo o mais; torna-se necessária uma utopia, de nós mesmos projetada. Mas, se você e eu estamos criando, anonimamente, sem automistificação de espécie alguma, sem barreiras de crença e de saber, sem o desejo de estar em segurança, existe então a verdadeira cooperação.
Nos é possível cooperar, nos mantermos coesos, sem termos um alvo, um resultado? Podemos, você e eu, cooperar, sem estarmos em busca de um resultado? Essa, sem dúvida, é que é a verdadeira cooperação, não acha? Se você e eu concebemos, elaboramos, planejamos um resultado, e agora estamos trabalhando juntos, para alcançar esse resultado, qual é o processo aí subentendido? Nossas mentes estão de acordo, nossos pensamentos, nossas mentes intelectuais estão, naturalmente, de acordo; mas, emocionalmente, todo o nosso ser pode estar resistindo, do que resulta mistificação, do que resulta conflito entre nós. Esse é um fato evidente e observável em nossa vida cotidiana. Você e eu combinamos executar juntos um dado trabalho, e intelectualmente, estamos de acordo; mas, inconscientemente, profundamente, estamos a trabalhar um contra o outro; eu desejo um resultado que me dê satisfação; quero dominar; quero que meu nome sobressaia ao seu, embora seja sabido que estou trabalhando com você. Dessa forma, nós dois, que somos os criadores de tal plano de cooperação, somos, na realidade, adversários, embora, exteriormente, estejamos de acordo quanto ao plano. No íntimo, estamos em guerra um com o outro, embora, conscientemente, possamos estar em harmonia.
Nessas condições, você não acha importante averiguarmos se você e eu podemos cooperar, comungar, viver juntos, num mundo em que você e eu nada somos; se somos capazes de cooperar verdadeiramente, não no nível superficial, mas fundamentalmente? Esse é um dos nossos maiores problemas, quem sabe, o maior de todos. Eu me identifico com um objetivo, e você se identifica com o mesmo objetivo; ambos estamos interessados nele; ambos pretendemos realizá-lo. Esse processo de pensar, sem dúvida, é muito superficial, porque, pela identificação, geramos a divisão — que é um fato tão evidente em nossa vida diária. Você é hinduísta e eu sou católico; ambos pregamos a fraternidade... e prontos a saltar na garganta um do outro. Porque isso? Este é um dos nossos problemas, você não acha? Inconsciente e profundamente, você tem as suas crenças e eu tenho as minhas crenças. Com nossas falas de fraternidade, não resolvemos o problema das crença, mas só concordamos, teórica e intelectualmente, que assim deve ser; no íntimo, no fundo, estamos um contra o outro.
Enquanto não desfizermos estas barreiras, que constituem uma automistificação, que nos dão uma certa vitalidade, não será possível nenhuma cooperação entre nós. Pela identificação com um grupo, com uma dada idéia, uma determinada nação, nunca chegaremos á cooperação.
A crença não produz a cooperação; pelo contrário, a crença divide. Vemos um partido político contra outro, cada um deles acreditando num determinado método de atender os problemas econômicos e, consequentemente, todos em guerra entre si. Não estão decididos a solucionar o problema da fome, por exemplo. Interessam-se pelas teorias que irão resolver aquele problema. Não lhes interessa na realidade o problema, mas, sim, apenas o método pelo qual o problema se resolverá. Por isso, tem de haver luta entre os dois, porque o que lhes interessa é a idéia e não o problema. De modo idêntico, os indivíduos religiosos estão uns contra os outros, embora, verbalmente, proclamem que tem uma só vida, um só Deus; você sabe tudo isso. Entretanto, no íntimo, as suas crenças, as suas opiniões, as suas experiências os estão destruindo e mantendo separados. 
A experiência, pois, torna-se um fator de divisão em nossas relações, a experiência é um meio de mistificação. Se experimento uma coisa, a ela me apego; não procuro investigar todo o problema relativo ao processo de "experimentar"; mas, porque experimentei, tanto basta, e por isso me apego à experiência e, consequentemente, por meio dessa experiência, me imponho a automistificação. Nossa dificuldade, pois, é que cada um de nós está de tal modo identificado com uma determinada crença, com uma determinada forma ou método de promover a felicidade, o ajustamento econômico, que nossa mente está tomada por essa coisa e nos é impossível entrar mais profundamente no problema; por esse motivo, desejamos permanecer à parte, individualisticamente, com nossas peculiares maneiras de proceder, nossas crenças e experiências. Enquanto não dissolvermos e compreendermos essas coisas, não só no nível superficial, mas no nível mais profundo, não pode haver paz no mundo. Eis porque importa muito que aqueles que se sentem realmente interessados compreendam integralmente este problema — o desejo de vir-a-ser, de realizar, de ganhar — não só no nível superficial, mas fundamental e profundamente; de outro modo, não há possibilidade de paz no mundo. 
A verdade não é coisa que se possa ganhar. O amor não pode vir àqueles que têm o desejo de segurar-se a ele ou que desejam com ele se identificar. Essas coisas vem, por certo, quando a mente não procura, quando a mete está de todo tranquila, quando a mente já não está criando movimentos e crenças em que possa apoiar-se ou de que lhe advenha uma certa força — o que constitui um indício de automistificação. Só quando a mente compreende, no seu todo, o processo do desejo, pode estar tranquila. Só quando a mente não está em movimento, para ser ou para não ser, só então existe a possibilidade de um estado em que não é possível ilusão de espécie alguma. 

Krishnamurti - Quando o pensamento cessa - pág. 187 à 193
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill