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domingo, 3 de agosto de 2014

O início da adulteração psíquica e a perda da liberdade de ser

Todos nascem livres, porém, morrem em cativeiro. No início de sua vida, você é totalmente desprendido e natural, mas, depois, entra a sociedade, surgem as regras e os regulamentos, a moralidade, a disciplina e muitos tipos de treinamento. Assim, o desprendimento e a naturalidade, bem como o ser espontâneo, estão perdidos. Cada qual começa a reunir em torno de si uma espécie de armadura. Cada qual começa a tornar-se mais rígido. A suavidade interior já não é mais visível. 

Na fronteira do ser cada qual cria um fenômeno parecido a uma fortaleza para se defender, para não ser vulnerável, para reagir, para ter segurança: a liberdade de ser está perdida. Cada qual começa a olhar nos olhos do outro: sua aprovação, suas negações, suas condenações, suas apreciações vão se tornando cada vez mais valiosas. "Os outros" torna-se o critério e todos passam a imitar e a seguir os outros, porque todos temos de viver uns com os outros.

A criança é muito maleável, pode ser modelada de qualquer maneira e a sociedade começa a modelá-la: os pais, os professores, a escola. Aos poucos, ela se torna um caráter, e não um ser. Aprende todas as regras, ou se torna um conformista, o que também é cativeiro, ou se faz rebelde, o que é uma outra espécie de cativeiro. 

Se transforma-se num conformista, ortodoxo, quadrado, estará presa a uma qualidade de cativeiro, pode reagir, tornar-se um hippie, ir ao outro extremo, mas ainda permanecerá preso a outro tipo de cativeiro — porque a reação depende da mesma coisa contra a qual reage. Você pode ir ao mais longínquo ponto do mundo, mas, bem no fundo da mente, você estará se rebelando contra as mesmas regras. Reacionários ou revolucionários, todos viajam no mesmo barco. Podem estar uns contra os outros, costas contra costas, mas o barco é o mesmo. 

Um homem religioso não é reacionário nem revolucionário. Um homem religioso é, simplesmente, desprendido e natural: não é a favor nem contras as coisas, é simplesmente ele mesmo, não tem regras a seguir nem regras a repelir: não tem regras. 

Um homem religioso é livre em seu próprio ser; não está  modelado por hábitos e condicionamentos. Não é culto — não que seja incivilizado e primitivo; ao contrário, é a mais alta expressão em civilização e cultura; mas não é um ser culto. Cresceu em sua percepção e não necessita de regras; transcendeu às regras. É verdadeiro, não porque sua regra seja ser verdadeiro; sendo desprendido e natural ele é simplesmente verdadeiro, acontece-lhe ser verdadeiro. Tem compaixão, não porque siga um preceito: seja compassivo! Não. Sendo desprendido e natural, sua compaixão fluindo naturalmente, nada precisa fazer, de sua parte; a compaixão é um subproduto de seu progresso de percepção. Não é contra a sociedade, nem pela sociedade — está, simplesmente, para além dela. Tornou-se, de novo, uma criança, criança de um mundo inteiramente desconhecido, uma criança em nova dimensão; em uma palavra, renasceu. 

Toda criança nasce natural e desprendida; então, vem a sociedade e é preciso que venha por certas razões, o erro não está nisso. Se a criança for deixada a si própria jamais crescerá e jamais poderá tornar-se religiosa; tornar-se-á apenas um animal. A sociedade tem de vir, a sociedade tem de ser atravessada — ela é necessária. A única coisa a ser lembrada é que a sociedade é apenas uma passagem a ser atravessada; você não deve fazer dela uma casa onde se viva. A única coisa a recordar é que a sociedade tem de ser seguida e, então, transcendida; as regras têm de ser aprendidas e, então, desaprendidas. As regras farão parte da sua vida porque há os outros; você não está sozinho. 

No ventre materno, a criança está absolutamente só; não tem necessidade de regras. As regras chegam, apenas, quando o outro entra em seu relacionamento; as regras vêm com o relacionamento, porque você não está sozinho e tem de pensar nos outros, considerar os outros. No ventre materno, a criança está só, não há regras, nem moralidade, nem disciplina, nem ordem que lhe sejam necessárias, mas, a partir do momento em que nasce, mesmo seu primeiro trago de ar já é social. Se não está chorando, os médicos forçam-na a chorar, imediatamente, porque, se dentro de poucos minutos não chorar, estará morta. Tem de chorar, porque o choro abre a passagem através da qual ela poderá respirar e limpar-lhe a garganta. Tem de ser forçada a chorar — mesmo em seu primeiro trago de ar social; outros estão ali, a seu lado, a modelagem começou. 

Nada há de errado nisso! tem de ser feito, mas de tal forma que a criança nunca venha a perder o desprendimento e a naturalidade; que ela nunca se identifique com os padrões culturais, que permaneça interiormente livre; que saiba que as regras devem ser seguidas, mas não são a vida, e que saiba, também, que tem de ser ensinada. E eis o que uma boa sociedade ensinaria: "Estas regras são boas, mas há outras; essas regras não são absolutas e não se espera que você permaneça confinado a elas — um dia você deve transcendê-las". Uma sociedade é boa se ensina aos seus membros civilidade e transcendência. Então, é uma sociedade religiosa. Se jamais ensina a transcendência vem a ser, então, uma sociedade simplesmente secular e política, sem religião. 

Você tem de ouvir aos outros até certo ponto, para que, então, comece a ouvir-se a si mesmo. Deve voltar ao estado original. Antes de morrer você deve tornar-se de novo uma criança inocente — desprendido, natural —, porque, na morte, você está entrando novamente na dimensão de estar sozinho. Tal como no ventre materno, na morte você também entrará na região do estar sozinho. Tal como no ventre materno, na morte você também entrará na região do estar sozinho. Ali não existe a sociedade. E, através da sua vida, você deve encontrar alguns espaços, alguns momentos de oásis num deserto, em que simplesmente feche os olhos e passe para além da sociedade, vá para si mesmo, para seu próprio ventre — isso é meditação. Você vive na sociedade, mas simplesmente fecha os seus olhos, esquece a sociedade, e fica a sós. Não existem regras, em seu interior, não há necessidade de caráter, de moralidade, de palavras, de linguagem. Você pode ser desprendido e natural, interiormente. 

Progrida para essa desprendida naturalidade. Mesmo que haja a necessidade de uma disciplina externa, por dentro, mantenha-se selvagem. Se uma pessoa permanecer selvagem por dentro, mas ainda assim praticar as coisas necessárias à sociedade, depressa virá o dia em que ela, simplesmente, transcenderá. 

O S H O — Tantra: A Suprema Compreensão 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Não pergunte às pessoas como não ser miserável

A sociedade fez uma grande obra. A educação, a cultura e os agentes culturais, os pais, os professores - fizeram uma grande obra. Transformaram criadores extasiados em criaturas miseráveis. Toda criança nasce em êxtase. Toda criança é um deus ao nascer. E todo homem morre como um louco. A menos que você descubra, a menos que recupere sua infância não será capaz de tornar-se como as nuvens brancas sobre as quais estou falando. Este é todo o seu trabalho, o sadhana - recobrar sua infância, recuperá-la. Se vocês puderem se tornar crianças novamente então... então não haverá nenhuma miséria. Isto não significa que para uma criança não existam momentos de miséria - existem. Mas mesmo assim não existe nenhuma miséria. Tente compreender isto. Uma criança pode sentir-se miserável, pode ficar infeliz, intensamente infeliz em um momento, mas ela é tão total nessa infelicidade, ela é tão inteira nessa infelicidade, que não existe nenhuma divisão. A criança separada da infelicidade não existe. A criança não olha para sua infelicidade dividida, à parte. Quando a criança está infeliz, fica totalmente envolvida. E quando você se torna inteiro na infelicidade, a infelicidade não é infelicidade. Se você se torna unido a ela, então ela tem sua própria beleza.

Olhe para uma criança - uma criança não mimada, eu quero dizer. Se ela estiver com raiva, toda a sua energia se transformará em raiva: nada será deixado para trás, nada será retido. Ela avançou e ficou com raiva; não há ninguém manipulando e controlando isso. Não há nenhuma mente. A criança tornou-se a raiva - ela não está com raiva, transformou-se na raiva. E então veja a beleza, o florescimento da raiva. A criança nunca fica feia - mesmo na raiva é bela. Fica apenas mais intensa, mais vital, mais viva - um vulcão prestes entrar em erupção. Uma criança tão pequena, uma energia tão grande, um ser tão atômico - com o universo inteiro a explodir.

E após a raiva, a criança fica silenciosa. Após a raiva, a criança fica em paz. Após a raiva, a criança relaxa. Podemos pensar que é uma miséria estar com raiva, mas a criança não fica miserável - ela tem prazer nisso. 

Se você se tornar inteiro em alguma coisa, ficará feliz. Se separar a si mesmo de qualquer coisa, mesmo da felicidade, tornar-se-á miserável. Portanto, esta é a chave: Fique dividido com o ego e esta será a base de toda a miséria. Fique inteiro, fluindo com tudo o que a vida traz, fique nisso intensamente, totalmente, de modo a não ser mais, a se perder... e tudo será felicidade. A escolha existe, mas você se tornou inconsciente dela. Escolheu o errado tão continuamente, fez disso um hábito tão morto, que escolhe automaticamente. Nenhuma escolha lhe resta.

Torne-se alerta. Em todos os momentos em que estiver escolhendo ser miserável lembre-se: a escolha é sua. Essa conscientização o auxiliará - essa percepção de que a escolha é minha, de que eu sou responsável, e de que isto é o que estou escolhendo para mim mesmo, de que sou eu que estou fazendo isto. Imediatamente você sentirá a diferença. A qualidade da mente será mudada. Será mais fácil caminhar para a felicidade. E uma vez que você sabe que a escolha é sua, a coisa toda se torna um jogo. Então, se você ama ser miserável, seja miserável. Mas lembre-se: a escolha é sua. E não reclame. Não existe ninguém que seja responsável por isso. Esse drama é seu. Se você gosta desse caminho, se gosta de estar num caminho miserável, se quer passar pela vida na miséria, essa escolha é sua, o jogo é seu. Você o está jogando. Jogue-o bem!

Mas então não vá perguntar às pessoas como não ser miserável. Isto é absurdo. Não vá perguntar aos Mestres e gurus como ser feliz. As pessoas chamadas de gurus existem porque vocês são tolos. Vocês criam a miséria, e depois vão perguntar aos outros como livrar-se dela. E continuam criando miséria, porque não estão conscientes do que estão fazendo.

A partir desse momento, tentem, experimentem ser felizes e alegres.

O S H O 

sábado, 31 de agosto de 2013

O que estamos buscando?



Já que ninguém se manifestou para subir, eu vou tentar compartilhar um pouquinho, das vivências aqui, das percepções, não é? do momento. Sei lá! O que vier! Uma das coisas que eu já tenho muito em mente é que a mensagem, a transmissão da percepção, do momento, não pode ser organizada. Se eu começar a organizar, se eu tentar me preocupar em expressar alguma coisa já é o próprio fortalecimento do eu, é o próprio fortalecimento do ego, que pode até sair muito bonito, mas não vai tocar de coração pra coração; pode soar bonito e tocar de intelecto pra intelecto. Mas, o que funciona mesmo é essa reverberação, essa coisa que vem sem ser organizada e que surge quando se dá espaço pra essa consciência que somos, se manifestar, sem se preocupar em ficar buscando na memória a coisa; a coisa flui naturalmente, não é? A coisa flui naturalmente. E a gente vem aí tentar trocar o porquê dessa sala, o porquê desses encontros, e o que a gente está conseguindo vivenciar e às vezes a gente entra um pouco no processo histórico dessa personagem de algumas décadas, e o que se está percebendo.

Achei esse tema muito interessante, nós extraímos ele de um livro, que não precisaria nem abrir o livro; era só ficar na capa desse livre do Krishnamurti, não é? “O que estamos buscando?”... O nome do livro é esse... é “O que estamos buscando?”, não é? Por que começamos a buscar alguma coisa, não é? Por que, não é?

Eu percebo que é assim: esse é um vício herdado, é um vício “transgeracional”, não é? Essa busca que você vai ser alguma coisa, ou que você vai encontrar a felicidade quando lá na frente você vir a ser alguma coisa ou vir a ter alguma coisa, não é? Todos aqui já devem ter perguntado para uma criança, como, quando criança, com certeza ouviram de algum adulto significativo, aquela pergunta: “o que você vai ser quando crescer?” não é?... “O que você vai ser?” Quer dizer: você não é! Você não é nada agora!... Só lá na frente, lá num futuro longínquo, não é? se você adotar umas letrinhas na frente do seu nome, com um quadrinho pendurado na parede, com uma estampilhazinha numa moldura, aí você vai ser alguma coisa, não é? Se você conseguir a casa da praia, a casa de campo, as viagens pela Europa e blá-blá-blá, blá-blá-blá, aí você vai ser alguma coisa, não é? E aí a gente sai partido atrás das coisas que esses adultos adulterados, com a sua educação, com a sua chamada educação adulterada, vão apontando, como fatores a serem conquistados e que prometem por felicidade; e que prometem pôr respeitabilidade; e que prometem por segurança. E aí lá vai aqui o garoto, cheio de medo, cheio de vergonha, cheio de sentimentos de inadequação, conseguidos aí dentro de um lar disfuncional, de muita repressão emocional, física, verbal, temendo o ambiente de alcoolismo e neurose; de ambientes escolares também profundamente neuróticos, onde não há a mínima expressão de uma educação psíquica, de uma educação amorosa, e eu saio correndo atrás dessas coisas que me colocaram como sendo válidas pra buscar, sem ter a mínima possibilidade de fazer qualquer questionamento quanto a esses posicionamentos aí; quanto a essas condições que foram colocadas pro freguês aqui, pra que ele fosse um homem de verdade, pra que ele fosse um homem de sucesso, pra que ele fosse um homem respeitado.

Então assim: não houve muita opção de escolhas; “É fazer ou fazer!... E engole o choro! Certo?... Engole o choro!... Vai atrás aí! Se vira nos trinta! Porque se não fizer desse jeito vai para o reformatório, certo?”... “Vai pro reformatório! Nós vamos botar você na forma aí! Não vem com essa rebeldia, ai!”

Então, aí, como você não é um adulto ainda; como você não tem nenhuma inteligência psíquica, capaz de te proporcionar aí uma autonomia psicológica, você fica nessa mendicância, da aceitação, dos tapinhas nas costas, não é? dessas pessoas significativas da sua vida. Mesmo que isso que você está fazendo para ter aceitação, “condicionada”,  e que eles chamam de amor, você se estrumbique todo, se arrebente todo, se corrompa todo. Porque, corrupção, não é só passar dinheiro embaixo da mesa; corrupção é fazer tudo aquilo que fere, que contraria o seu mais íntimo estado de ser, não é?

Então, durante anos e anos, foi um processo de auto-corrupção, de auto-sabotagem aí, por querer fazer frente a essas descabidas exigências de uma estrutura familiar e social profundamente adulterada, profundamente corruptora da essência do ser que somos; que mata toda a sensibilidade; que arrebenta toda a originalidade; que estrangula toda a autenticidade.

Então, assim, você fica exposto por algumas décadas aí; pelo menos uma década e meia à esse tipo de ambiente abusivo, à esse tipo de estrutura social abusiva, limitante, que só quer fazer você ser uma peça consumista; que só quer fazer você “funcionar”, você ser um “funcionário” de sistema que faz você só uma peça para alimentar esse sistema, que não está nem um pouquinho preocupado em fazer sair essa inteligência que está aí; e trazer seu sopro; e traze sua voz;  e trazer a sua nota; não tem nada disso... É uma estrutura que é só puro ajustamento a um processo tremendamente escravagista, limitante e que aqueles que não foram totalmente adulterados em sua sensibilidade, é óbvio que vão sentir uma dor muito forte e vão precisar de algum processo de anestesiar a esses sentimentos; de anestesiar essa dor dessa corrupção transgeracional; essa corrupção da essência daquilo que somos, pra nos ajustar àquilo que dizem que temos que ser, não é?

Então a gente sai aí durante muito tempo buscando tudo isso, pra ter essa respeitabilidade, pra ter essa aceitação, pra ter essa validação, pra ter esse seu cantinho, não é? onde você possa mostrar pros outros que você está sendo um homem de sucesso; que você merece respeito; que você merece ser convidado pros almoços de domingo. E todo mundo entra nesse joguinho!... Profundamente descontente!... Porque quando começa a tocar música do “Fantástico”,  no domingo, todo mundo sabe muito bem aquela depressão que bate e tem que correr pra geladeira, abrir e comer alguma coisa, um chocolatinho, um docinho, um salgadinho, porque lá vem a segunda-feira, não é na cara? Com a mesma rotina, o mesmo tedio, a mesma insatisfação e aquele esforço violento, com os dentes “branco de laboratório químico”, pra disfarçar que eu sou um cara feliz, que eu sou um cara ajustado, não é cara?...

Essa aí foi minha história até que veio a depressão! E eu agradeço profundamente e, toda vez que vejo alguém com depressão eu estico a mão e dou os meus parabéns: “Você é uma bem-aventurado!”... Porque a depressão não é nada mais, nada menos, de um grito dessa inteligência psíquica, dessa inteligência que somos, dizendo: “Chega!... Chega!... Chega!... Não dá mais para se ajustar ao que não é ajustável!... Ou você faz o resgate daquilo que você é, ou eu te mato!”
Então, assim: pra mim, esse processo brecou com essa depressão profunda que quase me levou ao suicídio; por muito pouco não cheguei ao suicídio; que era uma compreensão errada da necessidade de um “egocídio” aí, que vem, sem esforço, que vem por esse processo do início de uma educação psíquica, e que cada um começa ter essa educação psíquica dentro dos ambientes que vão encontrando aí; dentro dos ambientes que vão encontrado. A minha educação psíquica começou dentro de um centro espírita, que foi o primeiro lugar que eu comecei a contrariar o processo nefasto do cristianismo que me foi apresentado; veja bem: do cristianismo que me foi apresentado; não estou falando mal contra o cristianismo, não. E aí começou todo um processo: encontrei os grupos anônimos, não é? A quem eu sou profundamente grato; em cada grupo anônimo que eu fiz parte, foi uma oficina aí de trabalho, pra colocar esses instintos naturais que nos foram dadas aí pela Grande Vida, que estavam totalmente deturpados pela ação dos condicionamentos... desse egocentrismo aí. Então, cada oficina aí foi trabalhando numa questão aí; e essas questões que me levaram a esses grupos, num determinado momento, elas foram sanadas, só que aí ficou um grande vazio, porque esse processo, esse processo de bê-á-bá psíquico, essa educação psíquica que a gente começa a colher em todas essas escolas aí; acredito que todas essas escolas que a gente foi passando aí — cada um sabe por onde passou — elas vão tirando esses condicionamentos materialistas, mas elas criam os condicionamentos espiritualistas, que às vezes são profundamente impossíveis — pelo menos pro freguês aqui, não era palpável, não é possível, não é possível. Quer dizer: eu troco uma imagem e vou pra uma imagem espiritualista e saio buscando isso daí.

Então, chegou um momento que essa busca também não estava funcional; não estava mais surtindo resultado; e foi aí que caiu na mão esse material aí, com, inicialmente, o Osho e depois com Krishnamurti. Houve antes de Krishnamurti, houve um período legal com o Osho e depois quando caiu Krishnamurti, aí a coisa começou a descer redondo... E ele começou a quebrar todos esses condicionamentos que eu também fui colhendo dentro dessa chamada busca da verdade, dessa chamada busca do despertar; que na realidade eu não estava buscando nada disso! Não estava tendo busca da verdade coisa nenhuma! Não estava tendo a busca da espiritualidade coisa nenhuma! O que ocorria é que havia um estado de profunda contradição interna, em tudo! Em tudo! Nas
nas relações; no cotidiano; na profissão... Em tudo!... Do freguês com o freguês mesmo!... Então, o que tinha aqui era uma busca pra desabafar aquele profundo estado de contradição. Foi sempre isso! Sempre procurando alguém pra me dizer como fazer pra sair daquele estado de conflito... Sempre foi isso! Não tinha esse negócio de correr atrás da verdade!

E aí eu  percebo que essa coisa de buscar um Deus, aqui pro freguês, foi na realidade a tentativa de achar alguma coisa que pudesse tirar aquela dor que os humanos em volta de mim, por mais boa vontade que tivessem, tinham a sua limitação e não conseguiam expressar aquilo. Sabe aquela coisa que o poeta fala, não é? “Ninguém está me dizendo que eu quero ouvir; e ninguém também está entendendo que eu estou querendo dizer!” E aí, quando cai esse material do Krishnamurti,  começo a perceber a realidade de como usei esses ambientes como uma fuga; como usei essas imagens, essas ideias de Deus, esses conceitos, esses achismos, todo esse material metafísico, esotérico, de auto-ajuda, simplesmente para tentar acabar com a dor e manter as zonas de conforto... E manter as zonas de conforto sem questioná-las. Só que é bem o que eu falei no encontro de ontem, não é? Krishnamurti não vem trazer paz pra ninguém, não! Não vem mesmo! Como nenhum homem aí que tenha tido uma percepção, como a verdade, não é? Porque não é o homem, não é a personalidade, mas essa Consciência que está ali, naquele veiculozinho de carnê e osso ali, ele não vem trazer paz, ele vem trazer a espada mesmo! Vem cortar aí, tudo o que é falso! Vem cortar tudo que é falso! E o que é difícil é justamente isso: esse processo de autoconhecimento, começa apresentar a falência de tudo o que foi montado durante décadas, em nome de encontrar essa respeitabilidade; e aí você começa a olhar a “natureza exata” de cada uma dessas relações, e começa a ver que cada uma dessas relações não foram montadas na base sólida do amor: foram sempre montadas em cima da busca da satisfação de algum instinto degenerado... É o instinto degenerado de segurança; o extinto degenerado do sexo; do companheirismo; do medo da solidão e do abandono; da facilitação diante da vida material... E aí você não sabe o que fazer com tudo isso, porque você começa a ver a grande fraude — a grande fraude — que é essa personalidade que seguiu um script social, que foi escrito por quem ele nem sabe quem escreveu isso... Então fica muito difícil olhar pra isso; e só os sérios mesmo, aqueles que tem saco roxo, vão conseguir olhar isso, de uma maneira como um cientista: sem entrar naquelas ideias reativas que o próprio pensamento cria. Porque o pensamento, ele também vai pegar tudo isso que a Consciência está trazendo à consciência, para criar conflito, para criar aquelas reações inconscientes inconsequentes, então chutar o pau da barraca de tudo! E não é bem isso a proposta! Pelo menos da minha compreensão aqui, na compreensão do freguês aqui; qualquer a ação que seja desse ego, desse fundo, pode trazer um alívio momentâneo, mas traz mais confusão ainda! Enquanto qualquer movimentação foi por essa base — a base é a confusão — o resultado vai ser confuso. Isso a gente foi vendo aí nessa caminhada e tem visto o quanto realmente é difícil ficar só sentado observando, porque pra mente lógica, cartesiana, racional, que foi condicionada a resolver problemas, a criar problemas e resolver problemas, a ter algum tipo de ação, “você tem que se doar”, “você precisa exercitar”, “você precisa e isso”,  “você precisa fazer caridade”... Que é uma puta sacanagem, não é cara?... Você é usar o cara que está mais ferrado, para tentar tampar seus buraco aí, pela falta de competência de compreender a si mesmo, não é? É uma puta sacanagem esse negócio de caridade, não é cara?... Que criança esperança essa daí, não é cara?

Então, assim: hoje, fica bem claro, que o lance é só observar; só observar... Não é? Não buscar mais absolutamente nada! É um momento muito difícil também você se deparar, não é? Porque é frustra inclusiva essa ideia de “iluminação”. Frustra tudo! Esse material frustra tudo isso aí! Frustra toda a imagem que é criada; é tudo imagem! Até a imagem da iluminação, do que a eliminação pode trazer pra mim, do que o encontro com a verdade pode trazer pra mim. Na realidade, não se está querendo nada de um encontro com a verdade; só cá parar de sofrer, não é cara? Mas quero parar de sofrer, de novo colocando o resultado nas mãos de terceiros; só que agora o terceiro espiritual aí, é uma entidade aí. Quando você se depara com esses materiais tão claros que apontam a falência disso, a grande maioria não tem estrutura pra ficar com isso; porque não aprendeu a ficar com isso, não é? Não aprendeu a ficar nesse processo de autonomia psicológico, de sentar, não é? E observar!

E é isso que a gente vem fazendo; e é isso que essa sala vem apresentando; que esse material vem apresentando pro freguês aqui: uma capacidade de percepção nunca antes se quer imaginada; uma capacidade de ficar com o que é, nunca antes sequer imaginada; uma capacidade de não ter mais a necessidade de dar a última palavra; de não ter mais a necessidade de ficar entrando em controvérsias com aquele confradezinho que está ali totalmente identificado com esse processo de criar confusão, de querer vomitar o próprio estado interno de contradição, criando mais contradição, contaminando mais com contradição.

Então, hoje, o lance, é bem uma frase que a Deca gosta muito de falar aqui: “tempo de silêncio e solidão”... Está doendo? Faça uso dessa poderosa ferramenta que lhe foi dada pela Grande Vida: a bunda pra sentar numa cadeira; os dois cotovelos pra segurar a cabeça e observe o que está rolando. E, se você for sério, algo vai ser revelado!

Então é isso aí gente! Um fraterabraço pra vocês, obrigado pela escuta atenta!

Outsider44

Nós, adultos adulterados adulterantes




Nós, adultos adulterados adulterantes

... Psicológico aí, que foi colocado na nossa cabeça aí  e que fica esse acúmulo de memória, esse que é o problema. Então a gente vem aí com esse grupo, vem estudando como é que foi o processo de condicionamento nosso; a gente perceber esses condicionamentos e também não transferir esses condicionamentos como um adulto adulterante. Na observação desses condicionamentos, fica fácil de percebê-los e de não transferir de forma inconsciente e inconsequente — que foi exatamente o que acabou ocorrendo como esses, com essas pessoas significativas de nossa vida, que tentarão dar o melhor delas para nós, mas que não tinham consciência de que muito do que eles achavam que era educação, era na realidade abuso.

Nós ouvimos agora experiência do Luiz, com essa honestidade emocional e a gente percebeu: o outro está acreditando que está nos incentivando, quando na verdade, muitas vezes é abuso. Então, muito do que foi passado como educação, era um processo de abuso, que fragmenta; quero nos enche dessa vergonha tóxica que acaba contaminando tudo na nossa vida, não é?

Então, quando a gente está falando e a gente acaba citando algumas pessoas significativas da nossa vida, não é com o sentido, não é? — de criar aí uma caça às bruxas, ou satanizar essas pessoas. Não é nada disso! Até porque, eu hoje quando olho  em volta, eu percebo que a grande maioria dessas pessoas, desses adultos adulterados adulterantes, que foram pessoas psicologicamente significativas na minha vida, elas nem sequer chegaram a ter a possibilidade de se perceberem como pessoas adulteradas, profundamente adulteradas, que vieram de famílias muito mais disfuncionais, que vieram de eras e ambientes muito mais disfuncionais.

Então, quando a gente cita isso, é pra quem sabe facilitar a percepção, não é? O entendimento e, quem sabe, com essa identificação, um confrade sobe aqui e traz mais alguma coisa, e a gente consiga perceber mais uma parte desse processo, não é?

A gente costuma — eu tenho procurado dar o nome — só pra gente conversar, porque não há a ideia de organização nisso, mas, eu tenho dado o nome de “pensamentose descentralizante, não é? “Ose” quer dizer “doença”, então, a doença do pensamento (psicológico condicionado) que nos descentralizou; que nos descentraliza; que nos tira o foco; que nos tira o “sopro” (que nos habita e no qual somos); que nos tira o ritmo; que nos tirar a sensibilidade; que nos tirar esse senso de pertencer; que cria essa ilusão de separatividade, não é?

Então, a gente vem aí com esse grupo tentando traçar assim esse “processo”, como numa doença. Uma doença é caracterizada pelos sintomas de incubação, não é? os sintomas de manifestação, e a partir do momento que você vê isso há um processo de retomada de consciência — de cura. Esse material todo que está aí, ele aponta justamente para um “processo de resgate dá consciência que somos”; ele aponta pra isso; ele aponta pra percepção desses condicionamentos. O que a gente vem falando, é que é um processo “ego-conhecimento”: a gente vai nesse processo de ego-conhecimento, ou seja, conhecendo as manifestações desse “ego”, a maneira como que ele funciona e, através disso, quem sabe, a gente tem essa experiência de autoconhecimento, ou seja, conhecer aquilo que realmente somos e não aquilo pelo qual nós somos criados para acreditar que somos: esse personagem, não é? De um script aí, muito maluco.

Então, é isso aí gente! Eu vou me despedindo de vocês aí, deixando um forte abraço fraterno aí pra vocês; chutes nas canelas bem fortes aí, para vocês pularem bastante aí, e ver se cai dos ossos, os possíveis condicionamentos que estão impedido de ver e de sentir aí, o que que vem a ser a verdadeira liberdade de espírito humano. Está bom, gente? Beijo no coração de todos e vou colocar uma música que da Mariza monte aqui, pra vocês aí, “tá bom?” Beijão aí!


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill