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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Qual é a diferença entre a mente e o Ser

Q: Qual é a diferença entre a mente e o Ser?

A: Não existe diferença. A mente voltada para dentro é o Ser; voltada para fora, torna-se o ego e o mundo inteiro.

Algodão transformado em diversas roupas nós chamamos por diversos nomes. Ouro transformado em diversos ornamentos, nós chamamos por diversos nomes. Mas todas as roupas são de algodão e todo os ornamentos de ouro. A Unidade é real, os muitos são meros nomes e formas.

Mas a mente não existe separada do Ser, isto é, ela não tem existência independente. O Ser existe sem a mente, nunca a mente sem o Ser.[...]

Conhecer o Ser é ser o Ser pois Ele é não-dual.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Corpo e mente: nossa ignorância dual

Dizem-nos os Sábios que deixaremos de identificar-nos com o nosso corpo — e assim nos libertaremos de uma vez por todas dos sofrimentos que surgem por intermédio dele — apenas quando alcançarmos a experiência direta do Ser real. Assim como agora temos a experiência direta do corpo, devemos ter a experiência direta desse Ser como ele realmente é. Essa ignorância, que nos leva a identificar-nos  com o corpo, é um hábito mental arraigado, engendrado na mente durante longo tempo de ações e pensamentos errôneos. Deles surgiram os vários apegos às coisas. Tais hábitos mentais formam a própria estrutura da mente; e a simples introdução de um pensamento contrário — que é muito fraco, igual a um recém-nascido — fará pouca diferença. A mente fluirá pelos mesmos canais habituais. Continuará sujeita às mesmas atrações e repulsões. E isso acontecerá porque enquanto é possível ao filósofo livresco sentir às vezes que ele não é o seu corpo, não pode, com a mesma facilidade, chegar a sentir que não é a mente. E esta dupla ignorância só terá o fim quando conhecermos o Ser — não teórica mas praticamente, isto é, pela experiência real do Ser. 

Até surgir essa compreensão, não se pode dizer que o filósofo tenha se descartado de sua ignorância. Ela sobrevive com todo rigor. Seu conhecimento filosófico não faz qualquer diferença em seu caráter. De fato, como assinala Ramana Maharshi, o filósofo livresco está até mesmo em piores condições do que os outros homens. Seu coração é assediado por novos apegos — dos quais o iletrado está livre — que não lhe dão tempo para dedicar-se à tarefa de descobrir o Ser real. Muitas vezes não tem nem mesmo consciência da presente necessidade de se prepararem para tal empresa, harmonizando o conteúdo de sua mente e dirigindo suas energias para o Ser, e não para o mundo. Infere-se daí que, quem conhece o Ser apenas por intermédio de livros, não conhece mais do que a gente simples. Por essa razão o Sábio compara o filósofo livresco ao gramofone. Não é melhor do que ninguém pela sua erudição, assim como o gramofone não é melhor pelas coisas que repete. 

os livros, devemos lembrar, não passam de sinais indicadores na estrada para a sabedoria, que nos liberta; logo, essa sabedoria não pode ser encontrada nos livros. O Ser que precisamos conhecer está no INTERIOR e não no exterior. Caso a sabedoria desperte, nessa oportunidade, o Ser, refulgindo em todo o seu esplendor, mostrar-se-á diretamente, sem qualquer agente intermediário. O estudo dos livros porém engendra a ideia de que o Ser é algo externo, que se precise conhecer como um objeto, por intermédio da mente. 

A vasta confusão que reina nas especulações filosóficas e teológicas é devida, diz Ramana Maharshi, a essa ignorância. Todos estão totalmente convencidos de que as questões abstrusas, referente ao mundo, à alma e a Deus, podem ser resolvidas, final e satisfatoriamente, pelas especulações intelectuais sustentadas por argumentos tirados da experiência humana COMUM, a qual é o que é, devido a essa ignorância. Filósofos e teólogos desde o início da criação — se é que houve criação — sobre a causa primeira, o modo da criação, a natureza do tempo e do espaço, a realidade ou irrealidade do mundo, a discordância entre o determinismo e o livre-arbítrio, o estado de libertação, e assim por diante, numa sucessão infinita. E NÃO CHEGAM A NENHUMA CONCLUSÃO. Ramana Maharshi explica-nos que não pode haver conclusão final — uma conclusão que não possa ser derrubada por argumentos novos, ou aparentemente novos, enunciados por outros comentadores, a menos que o Ser real SEJA ALCANÇADO. Para aquele que atingiu o Ser real, estas controvérsias chegaram ao fim. Mas para os outros, elas devem continuar, a menos que ouçam o conselho de Ramana Maharshi, cuja finalidade é fazer com que deixem de lado TODAS ESSAS QUESTÕES e se dediquem de coração a busca do Ser. Ou aceitamos o ensino dos Sábios sobre essas ESPECULAÇÕES, pelo menos à título de hipótese, DE MODO A NÃO SERMOS DESVIADOS, por elas, da nossa busca, ou reconhecemos a profunda verdade de que esses assuntos NÃO TÊM A MENOR IMPORTÂNCIA E NÃO PRECISAM DE RESPOSTAS — que a única coisa necessária é encontrar o Ser. Essas questões surgem, se é isso que acontece, apenas para aqueles que consideram a mente e o corpo como o Ser. 

Compreendemos assim, que todos os nosso sofrimentos são devidos à nossa ignorância sobre o Ser real. Devemos vencê-las se quisermos gozar a VERDADEIRA FELICIDADE, pois, a remoção da causa é a única forma de cura radical que existe. O mais é TRATAMENTO PALIATIVO, que pode até mesmo, no final de contas, SER MALÉFICO, agravando, na verdade, a doença. E só poderemos ficar livres dessa ignorância, por meio da experiência com o Ser. 

MAHA YOGA

A ilusão da busca de conhecimento externo

Somos incapazes de ver como o conhecimento correto de NÓS MESMOS pode ser necessário ao nosso modo de viver. Aspiramos a aprender como dobrar o mundo à nossa vontade ou então como a ele adaptarmo-nos de modo a podermos tirar o melhor proveito, por pior que seja. Não vemos como o conhecimento correto de NÓS MESMOS pode ser-nos útil neste mister... estamos completamente convencidos de que nos conhecemos perfeitamente bem. 

Acreditamos que o conhecimento é de grande valor, e procuramos conhecer a verdade sobre tudo que possivelmente vamos encontrar na vida. Somos tão fanáticos quanto a isso, que desejamos tornar compulsória a todos a aquisição do conhecimento. E todo esse conhecimento é concernente AO MUNDO — e não A NÓS MESMOS. Com o passar dos séculos, cada nação, ou grupo de nações, acumulou bastante conhecimento — história, geografia, astronomia, física, ética, teologia, biologia, sociologia, e até mesmo o que se conhece pelo nome imponente de filosofia ou metafísica. Se todo esse conhecimento externo, que vem se amontoando, desse felicidade, deveria ter havido um aumento constante da felicidade humana. Mas o caso é outro. 

Pode-se alegar que o aumento do conhecimento nos deu um maior domínio sobre as forças cegas da Natureza, e que isto é tudo para chegar-se ao bem. Mas não é bem assim. Esse domínio foi colocado por uma sorte funesta nas mãos de poucos, e quanto maior se tornar, mais profundo serão o desespero e a degradação em que as massas afundam. E a percepção de sua miséria se alívio não pode deixar de envenenar a taça da felicidade — ou de arremedo de felicidade — para aqueles entre a minoria afortunada que não sejam totalmente egoístas. O milênio, que os cientistas de uma era agora esquecida profetizaram, está mais longe do que nunca. Na verdade, a ciência trouxe o mundo a um estado em que a própria sobrevivência da raça humana está sendo seriamente ameaçada. É pura maldade — indigna daqueles que aspiram a uma genuína e imaculada felicidade — afirmar que todo este conhecimento tem sido para o bem. E isso deve levar-nos a suspeitar que não há conhecimento algum. Pelo menos, podemos supor que a felicidade não pode ser encontrada por intermédio DESSA ESPÉCIE DE CONHECIMENTO. O ensinamento dos sábios confirma tal suspeita. Ramana Maharshi chega mesmo a caracterizar todo esse conhecimento externo como IGNORÂNCIA. 

(...) Ramana Maharshi afirmou que a investigação do mundo exterior a nada nos poderá levar, exceto à ignorância. Disse ele que QUANDO PROCURAMOS CONHECER ALGUMA COISA QUE NÃO SEJA NÓS MESMOS, SEM PROCURARMOS CONHECER A VERDADE DE NÓS MESMOS, O CONHECIMENTO QUE OBTEMOS PROVAVELMENTE NÃO PODE SER EXATO.

(...) A razão dada por Ramana Maharshi é que quem desejar saber a Verdade seja do que for, deve PRIMEIRO CONHECER-SE A SI MESMO E COM PERFEIÇÃO. Quer dizer que aquele que não se conhece, parte de um erro inicial, o qual DETURPA todo o conhecimento resultante de sua investigação. Quem se conheceu a si mesmo, no entanto, está livre de tal erro, e somente ele é capaz de encontrara a Verdade do mundo ou das coisas do mundo. A qualidade daquele que pretende adquirir conhecimento é elemento indispensável ao conhecimento por ele adquirido. Será conhecimento correto somente se o pretendente estiver ADEQUADAMENTE HABILITADO para a pesquisa. 

(...)Mas não nos conhecemos? Pensamos que sim. O homem vulgar afirma com convicção que se conhece a si mesmo da forma adequada; e pode ser-lhe impossível chegar a entender que NÃO SE CONHECE, mesmo que o escute e um Sábio. É necessário termos a mente muito adiantada e grandemente PURIFICADA para percebermos e reconhecermos QUE NÃO NOS CONHECEMOS A NÓS MESMOS — que as ideias sobre nós mesmos, acalentadas durante tanto tempo, estão erradas. Os Sábios nos dizem que nossas ideias sobre nós mesmos são um misto de verdade e erro.

(...) Ramana Maharshi diagnostica a doença — escravidão aos desejos e temores — como devida à ignorância sobre o que é o nosso Eu real, e à consequente premissa falsa de que o corpo é o Eu. E isso se confirma pela observação de que desejo e medo surgem em virtude do corpo. 

MAHA YOGA

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Há um meio para superar a mente?

Ramana Maharshi: Não existe uma entidade chamada mente. Por causa do aparecimento dos pensamentos conjecturamos que deve haver alguma coisa da qual eles tenham começado. Essa coisa denominamos a "Mente". Quando sondamos para ver o que é aquilo, não encontramos nada igual a isso. Após ela ter desvanecido, encontraremos a paz eterna. As faculdades de raciocínio ou  de discernimento são meros nomes. Sejam o ego, a mente ou o intelecto, é tudo igual. De quem é a mente? De quem é o intelecto? Do ego. O ego é real? Não. Confundimos o ego e o chamamos de intelecto ou mente. (...)

Paul Brunton: Como fazer parar a mente?

Ramana: Quer um ladrão pegar um ladrão? Quer a mente encontrar a si própria? A mente não pode buscar a mente. Você andava ignorando o que é Real e guardou na mente aquilo que é irreal, inclusive procurando saber o que ela é. Existia a mente enquanto você dormia? Não. Não existia. Agora ela está aqui. Por isso é impermanente. Pode a mente ser encontrada por você? A mente não é você. Por ter pensado ser a mente, por isso me pergunta de que modo examiná-la. Se ela estivesse aí agora, poderia ser examinada. Mas ela não está. Compreenda esta verdade através da busca. A busca da irrealidade é inútil. Portanto, vá procurar a Realidade, ou seja, o SER. Esse é o meio para superar a mente. Existe só uma cosia Real. As outras são meras aparências.  Diversidade não é a Natureza d'Aquela. Estamos lendo as letras impressas no papel, contudo, ignoramos qual é a substância (background) dele. O mesmo se dá com você, que absorve as manifestações da mente e não toma conhecimento do fundo (background) delas. De quem é a culpa? 

A essência da mente é apenas conhecimento, ou a conscientização. Quando o ego, seja por que meio for, dominar a mente, ela funcionará como razoamento, pensamento abstrato ou faculdade sensorial. A Mente Cósmica, não sendo limitada ao ego e não tendo nada separado dela, permanece pura Consciência. É isso que a Bíblia entende por "EU SOU O QUE SOU". 

A Imortalidade Consciente


Sucesso é ficar livre do desânimo criado por pensamentos

Paul Brunton: O estado de inconsciência está perto daquele Infinito ser?

Ramana Maharshi: Somente a Consciência existe. Quem conhece o SER, nada mais tem a fazer daí em diante, pois o Infinito Poder fará todas as demais ações que possam ser-lhe necessárias através Dele. O homem não tem mais pensamentos. 

Durante a meditação, que está sendo dirigida para o SER, os pensamentos agora morrem automaticamente. A meditação pode ser dirigida aos diferentes objetos, mas quando estiver dirigida para o verdadeiro SER, significa estar fixada no mais alto objeto, ou melhor, o Sujeito. 

Os pensamentos são os nossos inimigos. estando livres de pensamentos, ficamos no estado de bem-aventurança naturalmente. O vácuo entre os dois pensamentos é o nosso verdadeiro estado, este é o real SER. Afaste os pensamentos! esteja vazio deles, fique no estado perpétuo de não pensar. Então, passará a ser conscientemente Auto-Existente. Pensamentos, desejos e todas as qualidades são alienígenas à nossa verdadeira natureza. O Ocidente pode homenagear o home por ser grande pensador. Mas o que ele é? A verdadeira grandeza, pois, está em ficar livre de pensamentos! A verdadeira resposta à pergunta "Que sou eu?", não vem em pensamentos. Pois então, todos os pensamentos cessam — mesmo o próprio pensador desaparece. 

Sejamos em nossa natureza! Assim, precisaremos buscar algo mais? Quando conhecermos a nós mesmos, os pensamentos e desejos não mais irão nos incomodar. Esse não é o nosso verdadeiro estado. Não temos de ir em busca de nossos próprios seres, e sim, simplesmente SER nós mesmos. Isto para sermos como verdadeiramente somos — livres de pensamentos e do egoísmo.

Para alcançar a Auto-Realização, os meios são:

(a) a mente deve estar afastadas de seus objetos, a percepção objetiva do mundo deve cessar;
(b) as operações internas da mente também devem terminar;
(c) assim, a mente deve se submeter e continuar a despersonalizar-se a fim de perder sua índole finalmente;
(d) deve continuar a ficar no puro auto-conhecimento.

Silêncio é a fala interminável. Palavras impedem a fala silente.

Pensamentos são as predisposições acumuladas de inúmeros nascimentos anteriores. O aniquilamento deles deve tornar-se o nosso objetivo. Estar livre deles significa Pureza. O homem fica desanimado por misturar o ser consciente com o corpo inanimado; este desânimo deve cessar. O sempre-presente SER não precisa de esforços para se revelar. Mas antes o desânimo deve ser desarraigado.

Paul Brunton: Então, os pensamentos não são reais? 

Ramana: Isso mesmo. Quando a cânfora queima, não deixa resíduos. A mente é como a cânfora. Quando se tiver absorvido no SER, não deixará o menor vestígio do ego. É a Realização. 

A mente está abarrotada de pensamentos, embora tenha sua origem na Consciência ou SER. Os pensamentos não são reais; a única realidade é o SER. 

O eternamente paciente fundo (background) livre de pensamentos e cuja expansão também é destituída de pensamentos é o SER. A Mente, em sua pureza, é SER. 

O que você chama de mente é uma ilusão. Surge depois do "eu-pensamento" surgir. A mente é apenas um mero feixe de pensamentos. Os pensamentos têm sua raiz no "pensamento-eu".(...) Isso que está além do ego é a CONSCIÊNCIA, o SER.(...) Reconheça isso!

A Imortalidade Consciente

Largue os pensamentos e simplesmente seja!

Ramana: Largue os pensamentos e simplesmente seja! Apenas seja! São os pensamentos, os únicos que geral obstáculos. São eles que dificultam. Encontre a quem os pensamentos ocorrem; tanto quanto você pensar que o falso existe, fará com que ele se mostre assim, mas, encontrando de onde ele surge, logo desaparecerá. Os que descobriram a Grande Verdade fizeram isso no profundo silêncio do SER. 

Paul Brunton: A dificuldade está em manter o estado sem pensamento e, forçosamente, ainda pensando em obrigações. 

Ramana: O pensador é você mesmo. Deixe a ação se ajeitar de acordo. Por que ligar-se às dificuldades? Quando você sai à rua, levanta os pés automaticamente e anda, sem pensar sobre isso. Assim, aos poucos, o estado se torna automático; pense, quando a necessidade surgir e deixe-a desaparecer por sua própria conta. A intuição trabalha quando o pensador não tem pensamentos, guiado pela intuição. Aqueles que fizeram grandes descobertas, fizeram-nas não quando ansiosos nelas pensaram, mas em silêncio, pela intuição. 

A atividade mental cessa com a resposta à pergunta dirigida a si próprio. Mesmo quando você está pensando em Deus, ainda é uma atividade e tem que abandoná-la. A pergunta do autoconhecimento (que sou eu?) mergulha em Deus e então cessa todo pensar sobre Ele. 

A auto-realização consiste em fazer cessar os pensamentos, inclusive toda a atividade mental. Os pensamentos são como borbulhas na superfície do Mar (SER). 

O falso ego se relaciona com os objetos; só o Sujeito é Realidade. O mundo é o único que é percebido pelo reflexo da luz da mente.  A lua brilha refletindo a luz do Sol. Ao pôr do sol, a lua é útil para que os objetos possam ser vistos. De madrugada ninguém precisa de lua, embora seja visível no céu. Assim é com a mente e Coração. A mente serve para perceber os objetos. 

O intelecto é um instrumento do SER, que o usa para medir a variedade. O SER o acompanha. Como poderiam surgir as manifestações do intelecto sem as suas sementes — existindo? 

(...) A mais valiosa coisa no oceano jaz no fundo dele. A pérola é tão pequena, uma coisa de tanto valor e de tão difícil acesso! Semelhante ao SER é como uma pérola preciosa, mas, para achá-lo, deve-se mergulhar bem fundo no silêncio, toda vez mais e mais fundo até que seja encontrado. 

A Imortalidade Consciente

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quem sou eu?

"Quem sou eu?

Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.
Eu posso ver e sentir meu corpo,
E o que pode ser visto e sentido não é o verdadeiro Vidente.
Meu corpo pode estar cansado ou excitado,
Doente ou saudável, pesado ou leve,
mas isso nada tem a ver com meu Eu interior.
Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.

Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecido.
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.

Eu tenho emoções, mas eu não sou minhas emoções.
Eu posso sentir minhas emoções,
e o que pode ser sentido não é o verdadeiro Senciente.
As emoções passam através de mim,
mas elas não afetam meu Eu interior.
Eu tenho emoções, mas eu não sou emoções.

Eu tenho pensamentos, mas eu não sou meus pensamentos.
Eu posso conhecer e intuir meus pensamentos,
E o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecedor.
Pensamentos vêm a mim e pensamentos me deixam,
mas eles não afetam meu Eu interior.

Eu tenho pensamentos, mas não sou meus pensamentos.
Eu sou o que permanece, um centro puro de percepção,
uma testemunha impassível de todos esses
pensamentos, emoções, sentimentos e desejos."

(Ramana Maharshi)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Por que os pensamentos penetram a mente mesmo quando indesejados?

Todas as pesquisas sobre o não-Ser são vãs, se não daninhas, porque retardam a empreita principal, a Busca do SER. E, assim acontece, mesmo se chegarmos à conclusão correta sobre a natureza do mundo, se, pelo menos até então, não tivermos iniciado essa Busca.

Mas, para os que estão seriamente interesados em achar o SER, sem poder prosseguir, com determinação mental na Busca, esta pesquisa não é desnecessária nem incoveniente. Isso acontece porque a maioria dos seres, mesmo os que pretendem, seriamente, libertar-se do jugo, são estorvados, na Busca, por pensamentos indesejáveis, que surgem e preenchem a mente.

O fluxo habitual da mente dirigi-se para o mundo e não para o SER. mesmo quando conseguimos afastar a mente do mundo, concentrando-a no SER, ela se solta e vagueia até voltar para o mundo.

Mas, por que os pensamentos penetram na mente mesmo quando não são desejados? Os Sábios dizem que é porque alimentamos a crença de que o mundo é real.

O Sábio de Arunachala nos diz em uma de suas composições que se não fosse pela nossa crença de que o mundo é real, seria muito mais fácil para nós obtermos a Revelação do Ser. O maior assombro, diz o Sábio, é este — que nós, apesar de sermos sempre o SER REAL, esforçamo-nos para nos unir a Ele. Diz-nos que surgirá o dia em que riremos de nossos esforços atuais para atingirmos essa finalidade. Mas, isso que acontecerá nesse dia de risos, existe mesmo atualmente — a Verdade. Pois não temos que nos transformar nesse SER? Nós somos Ele.

Poder-se-á perguntar que essa crença nossa tem a ver com a Busca. Uma das razões é esta: Tudo que julgamos ser real tem entrada indubitavelmente franca em nossas mentes. Não podemos negar admissão aos pensamentos concernentes a coisas reais, por meio de uma simples aão da vontade. Mas, isso não é tudo. Atualmente, consideramos o mundo como Real num sentido em que ele não o é. E, por considerá-lo assim, tornamos impossível para nós a compreensão do SER. até que abandonemos essa crença. Acontece, assim, que é o próprio mundo que obscurece o SER para nós.

Como pode ser isso? Os Sábios dizem que o SER é a Realidade que sustenta o mundo. Assim como, quando se julga, por engano, que uma corda é uma cobra, a cobra obscurece a corda, da mesma forma, o mundo obscurece o SER. Só existe uma Realidade, que em nossa ignorância se apresenta como o mundo, e que aparecerá como realmente é — o SER — quando transcendermos a ignorância. Ao experimentarmos a Verdade, descobriremos que o que agora nos parece este mundo múltiplo, de nomes e formas, no tempo e no espaço, não passa do SER Real, que é a indivisível Realidade, sem nome, sem forma, sem tempo, sem espaço e sem mutações. E é axiomático que a aparência exclui a realidade. Enquanto supusermos que a corda é uma cobra, ela não pode aparecer como corda que realmente é? A falsa cobra efetivamente oculta a corda real. O mesmo acontece com o SER. Enquanto o SER nos parecer o mundo, não o reconheceremos como o SER. A aparência do mundo oculta efetivamente o SER. E continuará a fazê-lo até que nos libertemos da aparência. E não podemos realizar isso a menos que compreendamos que essa aparência não é o Real. Por essa razão, a Realidade — que também é o Ser — não existe para aquele que acredita que o mundo é real, assim como a corda não tem existência para aquele que a vê como uma cobra. Por esse motivo, ele nega a ordem moral do universo, ainda que ele possa crer honestamente que exista uma Realidade.

Assim,acontece que, devido a uma falsa crença, o SER — que é infinitamente grande e venturoso, a nossa mais valiosa propriedade — se pudermos chamá-LO de propriedade — está, por enquanto, perdido para nós. E que perda maior pode haver?

WHO

O intelecto é um excelente instrumento a serviço da ignorância

A validade do intelecto é limitada por sua origem, isto é, pela  ignorância primordial. Aos que não têm a consciência de sua sujeião a essa ignorância, e aos que se sentem satisfeitos continuando submissos a ela, o intelecto é o instrumento mais do que suficiente para todos os seus objetivos. Isto é, o intelecto é um instrumento excelente a serviço dessa ignorância. Mas para a finalidade de transcendê-la, tem pouco valor. O máximo que o intelecto pode fazer por nós é reconhecer suas limitações e deixar de obstar nossa Busca da Verdade. Pode fazer isso, tão logo comece a perceber a verdade da sua própria origem impura e a necessidade de confiar nas evidências dos Sábios como um passo em direção à Busca, pela qual podemos obter uma Revelação autêntica do Ser Real. Assim, a controvérsia entre a razão e a Revelação é apenas aparente.

WHO

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O conhecimento falso é o inimigo do despertar da Verdade

Dizem-nos os Sábios que deixaremos de identificar-nos com o nosso corpo — e assim nos libertaremos de uma vez por todas dos sofrimentos que surgem por intermédio dele — apenas quando alcançarmos a experiência direta do Ser Real. Assim como agora temos a experiência direta do corpo, devemos ter a experiência direta desse Ser como ele realmente é. Essa ignorância, que nos leva a identificar-nos com o corpo, é um hábito mental arraigado, engendrado na mente durante longo tempo de ações e pensamentos errôneos. Deles surgiram os vários apegos às coisas. Tais hábitos mentais formam a própria estrutura da mente; e a simples introdução de um pensamento contrário — que é muito fraco, igual a um recém-nascido — fará pouca diferença. A mente fluirá pelos mesmos canais habituais. Continuará sujeitas às mesmas atrações e repulsões. E isso acontecerá porque enquanto é possível ao filósofo livresco sentir às vezes que ele não é o seu corpo, não pode, com a mesma facilidade, chegar a sentir que não é a sua mente. E esta dupla ignorância só terá fim quando conhecermos o Ser — não teórica mas praticamente, isto é, pela experiência real do Ser.

Até surgir essa compreensão, não se pode dizer que o filósofo tenha se descartado de sua ignorância. Ela sobrevive com todo vigor. Seu conhecimento filosófico não faz qualquer diferença no seu caráter. De fato, como assinala o sábio, o filósofo livresco está até mesmo em piores condições do que outros homens. Seu coração é assediado por novos apegos — dos quais o iletrado está livre — que não lhe dão tempo para dedicar-se à tarefa de descobrir o Ser Real. Muitas vezes não têm nem mesmo consciência da premente necessidade de se prepararem para tal empresa, harmonizando o conteúdo de sua mente e dirigindo suas energias para o Ser, e não para o mundo. Interfere-se daí que, quem conhece o Ser apenas por intermédio de livros, não o conhece mais do que a gente simples. Por essa razão o sábio compara o filósofo livresco ao gramofone. Não é melhor do que ninguém pela sua erudição, assim como o gramofone não é melhor pelas boas coisas que repete.

Os livros, devemos lembrar, não passam de sinais indicadores na estrada para a sabedoria, que nos liberta; logo, essa sabedoria não pode ser encontrada nos livros. O Ser que precisamos conhecer está no interior e não no exterior. Caso a sabedoria desperte, nessa oportunidade, o Ser, refulgindo em todo o seu esplendor, mostrar-se-á diretamente, sem qualquer agente intermediário. Os estudos dos livros porém engendra a idéia de que o Ser é algo externo, que se precise conhecer como um objeto, por intermédio da mente.

A vasta confusão que reina nas especulações filosóficas e teológicas é devida a essa ignorância. Todos estão totalmente convencidos de que as questões abstrusas, referentes ao mundo, à alma e a Deus, podem ser resolvidas, final e satisfatoriamente, pelas especulações intelectuais sustentadas por argumentos tirados da experiência humana comum, a qual é o que é, devido a essa ignorância. Filósofos e teólogos discutem desde o início da criação — se é que houve criação — sobre a causa primeira, o modo da criação, a natureza do tempo e do espaço, a realidade ou irrealidade do mundo, a discordância entre o determinismo e o livre-arbítrio, o estado de libertação, e assim por diante, numa sucessão infinita. E não chegam a nenhuma conclusão… Não pode haver conclusão final — uma conclusão que possa não ser derrubada por argumentos novos, ou aparentemente novos, enunciados por outros contendores, a menos que o Ser real seja alcançado. Para aquele que atingiu o Ser real, estas controvérsias chegaram ao fim. Mas para os outros, elas devem continuar, a menos que ouçam o conselho do Sábio, cuja finalidade é fazer com que deixem de lado todas essas questões e se dediquem de coração a busca do Ser. Ou aceitamos o ensino dos Sábios sobre essas especulações, pelo menos a título de hipótese, de modo a não sermos desviados, por elas, da nossa busca, ou reconhecemos a profunda verdade de que esses assuntos não têm a menor importância e não precisam de respostas — que a única coisa necessária é encontrar o Ser. Essas questões surgem, se é que isso acontece, apenas para aqueles que consideram a mente ou o corpo como o Ser.

Compreendemos, assim, que todos os nossos sofrimentos são devidos à nossa ignorância sobre o Ser Real. Devemos vencê-la se quisermos gozar a verdadeira felicidade, pois a remoção da causa é a única forma de cura radical que existe. O mais é tratamento paliativo, que pode até mesmo, no final de contas, ser maléfico, agravando, na verdade, a doença. E só poderemos ser livres dessa ignorância, por meio da experiência com o Ser.

Não é empresa fácil, pois o instrumento a ser usado nesse trabalho é a mente. Ela tem que se desligar de tudo o mais e dirigir-se para o Ser Real. Mas a mente não se desliga facilmente de suas preocupações costumeiras. Se for forçada a isso, não se concentra, e logo volta ao ponto de partida. Assim é porque está cheia de idéias que são frutos da ignorância; e tais idéias rebelam-se para defender a vida de sua geratriz, a ignorância, porque a vida desta é também delas. Temos, portanto, de liquidar todas essas idéias.

Por serem causadas pela ignorância primordial, provavelmente tais idéias são falsas. E é lógico que o conhecimento falso é o inimigo do despertar da Verdade. Portanto, é necessário que examinemos essas idéias e as rejeitemos, se julgadas incorretas; ou mesmo apenas duvidosas. Somente assim, estaremos seguros contra sublevações traiçoeiras, ao empreendermos a busca do Ser Real.

Nessa análise, devemos guiar-nos pela absoluta devoção à Verdade. O Gita nos diz: “Aquele que ama a Verdade e submete todo o seu ser ao amor da Verdade, A encontrará.” Essa condição é muito importante. É claro que não pode haver amor parcial pela Verdade. Um amor à Verdade sendo limitado implica amor também pela inverdade, em maior ou menor grau. O amor perfeito pela Verdade significa uma total boa-vontade para renunciar a tudo que se julgue ser falso, em decorrência de uma análise justa. Implica, também, a capacidade de submeter a exame completo e imparcial todas as crenças que temos agora quanto ao mundo, à alma e a Deus. O amante da Verdade caracteriza-se por não ter maior apego às suas crenças do que as crenças alheias. Conserva-as a título de hipótese e pode claramente refletir sobre a possibilidade de achar que são insustentáveis e dignas de renúncia. É a isenção de apego às suas próprias crenças que lhe permite fazer uma análise imparcial de sua validade. E, se em decorrência dessa análise, julgar que não são válidas, não somente renúncia a elas, como também fica sempre alerta contra a possibilidade de que voltem, até que venham perder influência sobre ele. Por conseguinte, devemos cuidar para que sejamos devotos somente da Verdade, e livres de erros. E em prol da Verdade, renunciar ao amor que devotamos às nossas crenças, de modo que a Verdade possa reinar suprema em nossos corações quando a tivermos encontrado.

O que se conhece como filosofia é apenas este exame imparcial de todas as nossas idéias — do conteúdo inteiro de nossa mente.  Somente isso é verdadeira filosofia. Tudo o mais não passa de pseudofilosofia. E podemos afirmar com segurança que pseudofilósofos são aqueles que, ou não compreenderam o fato de que ignoram o Ser, ou estão completamente satisfeitos de permanecerem sujeitos a tal ignorância.

Consideremos agora como nos certificarmos de que, em nosso filosofar, evitaremos os engodos que se emboscam em nosso caminho, e de que chegaremos a idéias que não serão adversárias da nossa Busca do Ser Real.

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill