Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

Mostrando postagens com marcador Eckhart Tolle. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eckhart Tolle. Mostrar todas as postagens

sábado, 17 de agosto de 2013

Eckhart Tolle - Como largamos o vício de pensar

segunda-feira, 8 de abril de 2013

domingo, 9 de setembro de 2012

O tolo e a iluminação


Ao contrário do que muitos pensam, talvez a sabedoria não esteja tão próxima das mentes mais espertas ou inteligentes no sentido atual da palavra...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre o despertar da Inteligência Amorosa

"Quando ocorre a cura psíquica, a experiência do amor e da não-localização encontram-se tão fortemente ligadas que não podem ser separadas. Os curandeiros experimentam uma sensação de SACRALIDADE e de TOTALIDADE,de tal forma que o universo parece divino, encantado e cheio de amor... O curandeiro psíquico não precisa esforçar-se para adicionar o elemento amor às suas curas; antes, o amor é intrínseco à autêntica sensação de totalidade não-localizada. Não estamos falando aqui do amor como uma emoção. Este amor maior se parece mais com UM PROFUNDO DESEJO INTERIOR DE RESTABELECER A INTEGRIDADE do paciente, a perda da qual expressa-se como doença. O amor pelo paciente É a ânsia em ajudá-lo a ser ÍNTEGRO, a ser UNO. Sem este amor, a cura simplesmente não ocorre." — Larry Dossey 

"Não pensas que o mundo necessita de paz tanto quanto tu? Não queres dar ao mundo essa paz tanto quanto queres recebê-la? Pois a não ser que a dês, não irás recebê-la. Se queres tê-la de mim, tens que dá-la." — UCM


Eu me sentia supremente feliz, pois tinha visto. Nada mais seria como antes. Bebi das águas claras e puras da fonte da vida e minha sede foi aplacada. Nunca mais terei sede. Nunca mais estarei na escuridão total. Eu vi a Luz. Toquei a compaixão que cura toda a tristeza e todo sofrimento; não para mim, mas para o mundo. Estive no topo da montanha e olhei para os Seres poderosos. Vi a luz gloriosa e curadora. A fonte da Verdade foi-me revelada e as trevas, dissipadas. O amor, em toda a sua glória, inebriou meu coração; meu coração não mais poderá estar fechado. Bebi da fonte da Alegria e da Beleza eterna. Estou inebriado de Deus.(1)

Para mim há uma realidade; há uma realidade eterna e vivente - à qual você pode chamar Deus, imortalidade, eternidade, ou o que quiser. Há alguma coisa viva, criadora, que não pode ser descrita, porque a realidade frustra toda descrição. Nenhuma descrição da verdade pode ser duradoura, e não passará jamais de uma ilusão de palavras. Você não pode saber o que seja amor pela descrição de outrem; para conhecer o amor é preciso que você mesmo o experimente. Você não pode conhecer o gosto do sal enquanto não o provar por si mesmo. Entretanto, desperdiçamos tempo buscando uma descrição da verdade, em vez de procurarmos encontrar a maneira de realizá-la. Digo-lhe que não posso descrever, não posso exprimir em palavras essa vivente realidade que está além de toda idéia de progresso, de toda idéia de crescimento. Cuidado com o homem que tenta descrever essa vivente realidade: ela não pode ser descrita, tem de ser experimentada, vivida.(2) 

Eu realizei aquilo que para mim é a suprema felicidade - não a oriunda do prazer, mas a que promana dessa quietude interior que é a segurança da tranqüilidade, a realização da inteireza. Em tal estado não existe progresso, mas sim realização continua, na qual todos os problemas, toda as complexidades se esvaecem. Essa verdade, essa integridade interna, existe em todas as coisas; em todo o ser humano; e essa realidade interna jamais está ausente no que é mínimo como também jamais se exaure no que é Maximo. Para mim, a verdade, essa integridade de que falo, acha-se em todas as coisas. Portanto, a idéia de que você necessita progredir em direção a realidade, é uma idéia falsa. Não se pôde progredir na direção de uma coisa que sempre está presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma como separada. Quando você houver realizado tal integridade, verá que tal realidade não têm ela futuro nem passado; e todos os problemas relacionados com tais coisas desaparecem inteiramente. Uma vez que o homem realize isso, vem-lhe a tranqüilidade, não a da estagnação, porém a da criação, a do ser eterno. Para mim a realização desta verdade é a finalidade do homem.(3)

Quanto a mim, creio em uma realidade que existe de momento em momento e que, absolutamente, não se encontra na esfera do tempo. Essa realidade representa a única solução aos múltiplos problemas da nossa vida. Quando uma pessoa percebe essa realidade, ou quando ela surge, é ela um fator de libertação; mas nenhuma soma de argumentação intelectual, de disputa, de conflito econômico, social ou religioso, resolverá os problemas gerados pela mente.(4)

Pelo pensamento não se pode conceber o imensurável, porque o pensamento tem sempre medida. O sublime não está encerrado na estrutura do pensamento e da razão, nem tampouco é produto da emoção e do sentimento. A negação do pensamento é ação, (…) é amor. Se você está em busca do sublime, não o achará; ele deverá vir a você se tiver boa sorte e essa “boa sorte” é a janela aberta de seu coração, e não do pensamento.(5)

Assim, Deus, ou a Verdade, (…) é uma coisa que vem à existência momento a momento, e que só acontece num estado de liberdade e espontaneidade, (…). Deus não é coisa da mente, não se manifesta por meio de autoprojeções; só vem quando há virtude, que é liberdade. Virtude é ver diretamente o fato como ele é, e o ver o fato é um estado de felicidade. Só quando a mente transborda de felicidade, quando está tranqüila, sem nenhum movimento próprio, (…) projeção do pensamento, consciente ou inconsciente - só então desponta na existência o eterno.(6)

O abandono da personalidade, do “eu”, não se dá por ato de vontade; a travessia para a outra margem não é uma atividade dirigida para um fim ou ganho. A Realidade apresenta se na plenitude do silêncio e da sabedoria. Você não pode chamar a Realidade, ela deverá vir por si mesma; você não pode escolher a Realidade, ela é que deverá lhe escolher.(7)

Que nos está impedindo de dar o salto? O que nos impede é a tradição, que é memória, que é experiência (…). Tanto nos satisfazemos com palavras, com explicações, que não damos o salto, mesmo percebendo a necessidade de saltar. Alvitra-se que não ousamos nos lançar à corrente porque temos medo do desconhecido. Mas, me é possível saber o que acontecerá, me é possível conhecer o desconhecido? Se eu o conhecesse, não haveria então temor algum - e não seria o desconhecido. Nunca me será dado conhecer o desconhecido, se não me aventuro.(8)

O que estou dizendo é que, para viver com grandeza, para pensar criativamente, tem o indivíduo de estar por completo aberto à vida, isento de quaisquer reações autoprotetoras, tal como se dá quando você se acha enamorado. Você tem, pois, de estar enamorado da vida. Isso exige grande inteligência, não informações ou conhecimentos, porém sim essa grande inteligência que desperta quando você defronta a vida abertamente, completamente, quando a mente e o coração estiverem por completo vulneráveis em face da vida.(9)

Enquanto a mente está ativa, formulando, fabricando, inventando, criticando, não pode haver criação; e eu lhe asseguro que a criação vem silenciosamente, com extraordinária rapidez, sem compulsão, ao você compreender a verdade de que a mente precisa estar vazia, para que se realize a criação. Ao perceber a verdade disso, então, instantaneamente, há criação. (…) A criação só se realiza quando a mente, com seus motivos e sua corrupção, deixa de funcionar. (…) Assim, a única coisa necessária é que a mente, que é pensamento, deixe de funcionar; e então, lhe asseguro, você conhecerá a criação. Só há criação quando a mente, compreendendo sua própria insuficiência, (…) pobreza, (…) solidão, finda. Estando cônscia de si mesma, ela põe fim a si própria; então, aquilo que é criador (…), imensurável, aparece, sutil e velozmente.(10) 

Se você quiser conhecer a beatitude da verdade, deve se tornar plenamente apercebido dessas barreiras autodefensivas e derrubá-las. Isso exige um esforço contínuo e firme. A maior parte das pessoas não deseja fazer esse esforço. Querem antes que se lhes diga exatamente o que devem fazer, (…) assemelham-se a máquinas (…) Enquanto você, (…) voluntariamente, não se libertar dessas ilusões, não pode haver compreensão da verdade. Ao dissolver essas ilusões de autoproteção, a mente desperta para a realidade e para o êxtase da realidade.(11)

O êxtase da Realidade encontra-se pela inteligência desperta e no mais alto grau de intensidade. Inteligência não significa cultivo da memória ou da razão, mas, sim, uma percepção da qual é banida a identificação e a escolha.(12)

Só mediante seu pessoal discernimento sobre a causa do sofrimento, e não pelas explanações de outrem, é que podem ser abertos os portais da máxima beatitude, que conduzem ao êxtase do entendimento.(13)

O êxtase do entendimento vem somente quando há grande descontentamento, quando, em torno de você, todos os falsos valores forem destruídos.(14) 

Nesse estado de êxtase, de extrema alegria, tendo perdido a única coisa que lhe prende em baixo, o “eu”, você encontrará a única fonte de inspiração, a única beleza de que necessita, e a única verdade digna de a ela aderir, de por ela lutar, digna de que se sacrifiquem todas as coisas para obtê-la.(15)

Você não pode ser feliz enquanto não fizer a felicidade de outros, e você só pode tornar outros felizes, se você houver entrado nesse Reino (…) obedecido, (…) colhido os murmúrios daquela Voz que é Eterna. Só desse modo poderá guiar homens, lher dar felicidade, (…) coragem na luta pela nobreza, animá-los para escutarem seus próprios murmúrios da Divindade.(16)

Enquanto o centro estiver criando a escuridão, e o pensamento estiver operando nela, haverá a desordem, e a sociedade será como é agora. Para nos afastarmos disso, temos de ter a visão intuitiva. A visão intuitiva só pode ocorrer quando há um lampejo, uma luz repentina, que elimina não apenas a escuridão como também o seu criador.(17)

A mente iluminada não pede mais luz - ela própria é luz; e toda influência, toda experiência que penetra nessa luz, nela se consome de instante em instante, de modo que a mente está sempre clara, imaculada, indene. Só a mente iluminada, a mente sã, pode ver o que está fora dos limites do tempo.(18)

* * *

O despertar é uma mudança no estado de consciência que ocorre com a separação entre pensamento e consciência. No caso da maioria das pessoas, isso não é um acontecimento, mas um processo pelo qual elas passam. Até mesmo aqueles raros seres que experimentam um súbito, radical e aparentemente irreversível despertar passam por um processo no qual o novo estado de consciência flui de modo gradual, transformando tudo o que eles fazem e, assim, vai se integrando à sua vida.

Em vez de ficarmos perdidos em nossos pensamentos, quando estamos despertos reconhecemos a nós mesmos como a consciência por trás deles. O pensamento deixa de ser uma atividade autônoma que se apossa de nós e conduz nossa vida. A consciência assume o controle sobre ele. O pensamento perde o domínio da nossa vida e se torna o servo da consciência, que é a ligação consciente com a inteligência universal. Outra palavra para ela é presença: consciência sem pensamento.

A iniciação do processo do despertar é um ato de graça. Não podemos fazer com que ela aconteça, nem nos preparar para ela, nem acumular méritos para alcançá-la. Não existe uma seqüência precisa de passos lógicos que leve nessa direção, embora a mente fosse adorar isso. Também não precisamos nos tornar dignos primeiro. Ela pode acontecer a um pecador antes de chegar a um santo, mas não necessariamente. É por isso que Jesus se envolveu com todos os tipos de pessoas, e não só com as respeitáveis. Não existe nada que possamos fazer quanto ao despertar. Qualquer ação da nossa parte será o ego tentando acrescentar o despertar ou a iluminação a ele mesmo como seu bem mais precioso e, assim, se mostrando como mais importante e maior. Nesse caso, em vez de despertarmos, acrescentamos o conceito do despertar à nossa mente, ou a imagem mental de como se parece uma pessoa desperta, ou iluminada, e depois procuramos adotar esse modelo. Assumir essa imagem, seja ela criada por nós ou pelos outros, é viver sem autenticidade - outro papel inconsciente que o ego representa.

Portanto, se não existe nada que possamos fazer quanto ao despertar - independentemente de já ter acontecido ou não -, como ele pode ser o propósito primário da nossa vida? Não existe a idéia implícita de que podemos fazer alguma coisa em relação ao propósito?

Apenas o primeiro despertar, o lampejo inicial da consciência sem pensamento, acontece por graça, sem nenhum gesto da nossa parte. Se você considera este livro incompreensível ou sem significado, é porque isso ainda não lhe aconteceu. No entanto, caso algo em seu interior responda a ele - se você, de alguma forma, reconhece a verdade nele -, isso significa que o processo do despertar já está em andamento. Depois dessa etapa inicial, não poderá ser revertido, embora possa ser retardado pelo ego. No caso de algumas pessoas, esta leitura desencadeia o processo do despertar. Em relação a outras, a função deste livro é ajudá-las a reconhecer que já começaram a despertar e, assim, intensificar e acelerar esse processo. Este livro também auxilia no reconhecimento do ego sempre que ele tenta recuperar o controle e obscurecer a consciência que está surgindo. Alguns indivíduos experimentam o despertar quando, subitamente, se tornam conscientes dos tipos de pensamentos que costumam ter, sobretudo os negativos e persistentes, com os quais podem ter se identificado durante toda a vida. De repente, há uma consciência que está consciente do pensamento, mas não é parte dele.

Qual a relação entre consciência e pensamento? Consciência é o espaço em que os pensamentos existem quando esse espaço já se tornou consciente de si mesmo.

Quando temos um lampejo de consciência ou presença, reconhecemos isso de imediato. Não se trata mais de um simples conceito na nossa mente. Então, somos capazes de fazer a escolha consciente de nos manter presentes em vez de nos entregar ao pensamento inútil. Podemos convidar a presença para nossa vida, isto é, criar espaço. Com a graça do despertar vem a responsabilidade. Temos a opção de continuar em frente como se nada tivesse ocorrido ou ver a importância disso e reconhecer o despertar da consciência como a coisa mais importante que pode nos acontecer. Estarmos abertos à consciência emergente e atrair sua luz para o mundo torna-se então o propósito primário da nossa vida.

"Quero conhecer a mente de Deus. O resto são detalhes", disse Einstein. O que é a mente de Deus? Consciência. O que significa conhecer a mente de Deus? Estarmos conscientes. Quais são os detalhes? Nosso propósito exterior e qualquer coisa que aconteça no mundo externo. 

Portanto, enquanto talvez ainda estejamos esperando que algo especial surja na nossa vida, podemos não perceber que a coisa mais importante que pode acontecer a um ser humano já ocorreu em nosso interior: o início da separação entre o pensamento e a consciência.

Muitas pessoas que estão passando pelos estágios iniciais do despertar já não sabem mais com certeza qual é seu propósito exterior. O que move o mundo não as move mais. Reconhecendo com tanta clareza a loucura da nossa civilização, elas podem se ver de certa forma alienadas da cultura ao seu redor. Algumas sentem que habitam uma terra de ninguém entre dois mundos. Elas não são mais conduzidas pelo ego, mesmo que a consciência emergente ainda não tenha se tornado plenamente integrada à sua vida. Os propósitos interior e exterior não se fundiram.(19)

Fontes das citações:
(1) Krishnamurti - Vida e Morte de Krishnamurti - Teosófica
(2) Krishnamurti - Coletânea de Palestras, 1931
(3) Krishnamurti - Senhor do Dia de Amanhã
(5) A Outra Margem do Caminho, pág. 56
(6) Que Estamos Buscando?, 1ª ed., pág. 184
(7) O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 84-85
(8) Que Estamos Buscando?, pág. 93-94
(9) Palestras em New York City, 1935, pág. 60 
(10) A Arte da Libertação, pág. 177- 178 
(11) Palestras no Chile e México, 1935, pág. 76-77
(12) O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 199
(13) Palestras no Brasil, pág. 72-73
(14) Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 135 
(15) O Reino da Felicidade, pág. 62 
(16) O Reino da Felicidade, pág. 59 
(17) A eliminação do tempo psicológico 
(18) Krishnamurti - Saanen, Suiça, 30 de julho de 1964
(19) Eckhart Tolle - Um Novo Mundo - O despertar de uma nova consciência

Leia também: Despertando a inteligência integral

terça-feira, 24 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Sofrimento consciente

Se você tem filhos pequenos, ofereça-lhes toda a ajuda, orientação e proteção que estiver ao seu alcance. Contudo, mais importante ainda é: dê-lhes espaço - espaço para que possam existir. Você os trouxe ao mundo, mas eles não são "seus". A crença "Eu sei o que é melhor para você" pode ser adequada quando as crianças são muito pequenas; porém, à medida que elas crescem, essa ideia vai deixando de ser verdadeira. Quanto mais expectativas você tiver em relação ao rumo que a vida delas deve tomar, mais estará sendo guiado pela sua mente em vez de estar presente para elas. No fim das contas, seus filhos cometerão erros e sentirão algum tipo de sofrimento, assim como acontece com todos os seres humanos. Na realidade, talvez eles estejam equivocados apenas do seu ponto de vista. O que você considera um erro pode ser exatamente aquilo que seus filhos precisam fazer ou sentir. Proporcione o máximo de ajuda e orientação, porém entenda que às vezes você terá que permitir que eles falhem, sobretudo quando estiverem se tornando adultos. Pode ser que às vezes você também tenha que deixá-los sofrer. A dor pode surgir na vida deles de repente ou como uma conseqüência dos seus próprios erros.

Não seria maravilhoso se você pudesse poupá-los de todo tipo de dissabor? Não, não seria. Eles não evoluiriam como seres humanos e permaneceriam superficiais, identificados com a forma exterior das coisas. A dor nos leva mais fundo. O paradoxo é que, apesar de ser causada pela identificação com a forma, ela também corrói essa identificação. Uma grande parte do sofrimento é provocada pelo ego, embora, no fim das contas, ele destrua o ego -mas não até que estejamos sofrendo conscientemente.

A humanidade está destinada a superar o sofrimento, contudo não da maneira como o ego imagina. Um dos seus numerosos pressupostos errôneos, um dos seus muitos pensamentos enganosos é: "Eu não deveria ter que sofrer." Algumas vezes, essa idéia é transferida para alguém próximo a nós: "Meu filho não deveria ter que sofrer." Esse pensamento está na raiz do sofrimento, que tem um propósito nobre: a evolução da consciência e o esgotamento do ego. O homem na cruz é uma imagem arquetípica. Ele é todo homem e toda mulher. Quando resistimos ao sofrimento, o processo se torna lento porque a resistência cria mais ego para ser eliminado. No momento em que o aceitamos, porém, o processo se acelera porque passamos a sofrer de modo consciente. Conseguimos aceitar a dor para nós mesmos ou para outra pessoa, como um filho ou um dos pais. Em meio ao sofrimento consciente existe já a transmutação. O fogo do sofrimento transforma-se na luz da consciência. 

O ego diz: "Eu não deveria ter que sofrer", e esse pensamento aumenta nossa dor. Ele é uma distorção da verdade, que é sempre paradoxal. A verdade é que, antes de sermos capazes de transcender o sofrimento, precisamos aceitá-lo.

Eckhart Tolle - Desistindo de interpretar papéis

Fazer o que é exigido de nós em qualquer situação sem que isso se torne um papel com o qual nos identificamos é uma lição essencial na arte de viver que todos nós estamos aqui para aprender. Somos mais eficazes no que quer que façamos quando executamos a ação em benefício dela mesma, e não como um meio de proteger e acentuar a identidade do nosso papel. Todo papel é uma percepção fictícia do eu e, por meio dele, tudo se torna personalizado e assim corrompido e distorcido pelo "pequeno eu" criado pela mente, seja qual for a função que este esteja desempenhando. Quase todas as pessoas em posições de poder, como políticos, celebridades e líderes empresariais e religiosos, se encontram inteiramente identificadas com seu papel, com poucas exceções notáveis. Esses indivíduos podem ser considerados VIPs, mas não são mais do que participantes inconscientes do jogo egóico, que, apesar de parecer muito importante, não apresenta, em última análise, um propósito verdadeiro. Ele é, nas palavras de  Shakespeare, "uma história contada por um idiota, repleta de som e de fúria, sem nenhum significado".1 E Shakespeare chegou a essa conclusão sem nem sequer ter visto televisão. Se o conflito egóico tem de fato um propósito, este é indireto: ele cria cada vez mais sofrimento neste mundo, e o sofrimento, embora produzido em sua maior parte pelo ego, no fim também o destrói. Ele é o fogo no qual o ego se consome.

Neste mundo de personalidades que interpretam papéis, as poucas pessoas que não projetam uma imagem criada pela mente e que agem com o âmago do seu Ser, aquelas que não tentam parecer mais do que são, destacam-se como admiráveis e são as únicas que fazem verdadeiramente a diferença - e existem algumas assim até mesmo na mídia em geral e no universo dos negócios. Elas são os mensageiros da nova consciência. Qualquer coisa que façam se torna importante porque está alinhada com o propósito do todo. Contudo, sua influência vai muito além do que realizam, da sua atividade. Sua mera presença - simples, natural, despretensiosa - tem um efeito transformador sobre qualquer um que tenha contato com elas.

Quando não interpretamos papéis, é porque que não há eu (ego) no que estamos fazendo. Não existem intenções ocultas: a proteção ou o fortalecimento do eu. Por esse motivo, nossas ações têm uma força muito maior. Ficamos totalmente concentrados na situação, nos tornamos um só com ela. Não procuramos ser alguém diferente. Passamos a ser mais capazes, mais eficazes, quando somos nós mesmos. Todavia, não devemos tentar ser nós mesmos, pois esse é outro papel. Estou falando do chamado "eu natural, espontâneo". Assim que buscamos ser isso ou aquilo, interpretamos um papel. "Apenas seja você mesmo" é um bom conselho, no entanto também pode ser enganador. Primeiro, a mente dirá: "Vejamos. Como posso ser eu mesmo?" Depois, desenvolverá uma estratégia do tipo "Como ser eu mesmo". Outro papel. Assim, "Como posso ser eu mesmo?" é, na verdade, a pergunta errada. Ela pressupõe que temos que fazer algo para sermos nós mesmos. Porém, "como" não se aplica a esse caso porque já somos nós mesmos. Precisamos apenas parar de acrescentar elementos desnecessários a quem já somos. "Mas eu não sei quem sou. Ignoro o que significa ser eu mesmo." Quando conseguimos nos sentir à vontade em não saber quem somos, então o que sobra é quem somos - o Ser por trás do humano, um campo de pura potencialidade em vez de alguma coisa que já está definida.

Portanto, desista de se definir - para si mesmo e para os outros. Você não morrerá. Você nascerá. E não se preocupe com a definição que os outros lhe dão. Quando uma pessoa o define, ela está se limitando, então o problema é dela. Sempre que estiver interagindo com alguém, não se porte como se você fosse basicamente uma função ou um papel, mas um campo de presença consciente.

Por que o ego interpreta papéis? Por causa de um pressuposto não questionado, um erro fundamental, um pensamento inconsciente, que é: "Não sou o bastante." E a esse pensamento se seguem outros, como "Tenho que interpretar um papel para conseguir o que é necessário para me completar", "Preciso obter mais para ser mais". No entanto, não podemos ser mais do que somos porque, por baixo da superfície da nossa forma física e psicológica, somos um só com a Vida em si mesma, com o Ser. Na forma, somos e seremos sempre inferiores a algumas pessoas e superiores a outras. Na essência, não somos inferiores nem superiores a ninguém. A verdadeira autoestima e a autêntica humildade surgem dessa compreensão. Aos olhos do ego, a auto-estima e a humildade são contraditórias. Na verdade, elas são uma só coisa e a mesma.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eckhart Tolle- O que se encontra na raiz da insanidade?

A maior parte da violência que os seres humanos infligiram a si mesmos não foi obra de criminosos nem de indivíduos mentalmente perturbados, mas de cidadãos normais, respeitáveis, a serviço do ego coletivo. Alguém poderia até dizer que, neste planeta, "Normal" equivale a louco. O que se encontra na raiz da insanidade? A completa identificação com o pensamento e a emoção, isto é, o ego.

(...)

Sempre que confundimos o ego que detectamos em alguém com sua identidade, isso é obra de nosso próprio ego, que usa essa interpretação errônea para se fortalecer mostrando que está certo e que, portanto, é superior. Ele também faz isso reagindo com condenação, indignação e, geralmente, raiva em relação ao inimigo percebido. Tudo isso lhe proporciona imensa satisfação. Fortalece a sensação de separação entre nós e o outro, cuja "alteridade", isto é, a natureza ou condição que é outro, do que é distinto, aumenta a tal ponto que já não conseguimos sentir sua humanidade nem suas raízes na Vida Única que compartilhamos com cada ser humano, a divindade que temos em comum.

(...)

Em outras palavras, só vemos aquilo que queremos ver e, assim, interpretamos tudo errado.

(...)

Reconheça o ego pelo que ele é: um distúrbio coletivo, a insanidade da mente humana. Quando o identificamos pelo que ele é, deixamos de interpretá-lo erroneamente como a identidade de uma pessoa. E temos mais facilidade em não adotar uma atitude reativa em relação a ele. Já não o tomamos como algo pessoal. Não existe queixa, culpa, acusação nem ação equivocada. Ninguém está errado. É apenas o ego em alguém, só isso. A compaixão surge quando compreendemos que todas as pessoas sofrem do mesmo distúrbio mental, algumas delas de forma mais aguda do que outras. Assim, paramos de nutrir o conflito que faz parte de todos os relacionamentos egóicos. E o que o alimenta? A atitude reativa: com ela, o ego prospera.

(...)

Tudo o que devemos saber e observar em nós mesmos é isto: sempre que nos sentirmos superiores ou inferiores a alguém, isso é o ego em ação.

Eckhart Tolle - Um Novo Mundo - o despertar de uma nova consciência
(clique no nome do livro caso queira comprá-lo)

sábado, 21 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Quem pensamos que somos

Nosso sentido de quem somos determina o que percebemos como nossas necessidades e o que importa na nossa vida - e o que nos interessa tem o poder de nos irritar e perturbar. Podemos usar isso como um critério para descobrir até que ponto nos conhecemos. O que nos interessa não é o que dizemos nem aquilo em que acreditamos, mas o que nossas ações e reações revelam como importante e sério. 

Portanto, talvez queiramos nos fazer a seguinte pergunta: o que me irrita e perturba? Se coisas pequenas têm a capacidade de nos atormentar, então quem pensamos que somos é exatamente isto: pequeno. Essa é nossa crença inconsciente. Quais são as coisas pequenas? No fim das contas, todas as coisas são pequenas porque todas elas são efêmeras.

Podemos até dizer: "Sei que sou um espírito imortal" ou "Estou cansado deste mundo louco. Tudo o que quero é paz" - até o telefone tocar. Más notícias: o mercado de ações caiu, o acordo pode não dar certo, o carro foi roubado, nossa sogra chegou, cancelaram a viagem, o contrato foi rompido, nosso parceiro ou parceira foi embora, alguém exige mais dinheiro, somos responsabilizados por algo. De repente ocorre um ímpeto de raiva, de ansiedade. Uma aspereza brota na nossa voz: "Não aguento mais isto."Acusamos e criticamos, atacamos, defendemos ou nos justificamos, e tudo acontece no piloto automático. Alguma coisa obviamente é muito mais importante agora do que a paz interior que um momento atrás dissemos que era tudo o que desejávamos. E já não somos mais um espírito imortal. O acordo, o dinheiro, o contrato, a perda ou a possibilidade da perda são mais relevantes. Para quem? Para o espírito imortal que dissemos ser? Não, para nosso pequeno eu que busca segurança ou satisfação em coisas que são transitórias e fica ansioso ou irado porque não consegue o que deseja. Bem, pelo menos agora sabemos quem de fato pensamos que somos.

Se a paz é de fato aquilo que desejamos, então devemos escolhê-la. Se ela fosse mais importante para nós do que qualquer outra coisa e se nós nos reconhecêssemos de verdade como um espírito em vez de um pequeno eu, permaneceríamos sem reagir e num absoluto estado de alerta quando confrontados com pessoas ou circunstâncias desafiadoras. Aceitaríamos de imediato a situação e, assim, nos tornaríamos um com ela em vez de nos separarmos dela. Depois, da nossa atenção consciente surgiria uma reação. Quem nós somos (consciência) - e não quem pensamos que somos (um pequeno eu) - estaria reagindo. Isso seria algo poderoso e eficaz e não faria de ninguém nem de uma situação um inimigo.

O mundo sempre se assegura de impedir que nos enganemos por muito tempo sobre quem de fato pensamos que somos nos mostrando o que realmente é importante para nós. A maneira como reagimos a pessoas e situações, sobretudo quando surge um desafio, é o melhor indício de até que ponto nos conhecemos a fundo.

Quanto mais limitada, quanto mais estreitamente egóica é a visão que temos de nós mesmos, mais nos concentramos nas limitações egóicas - na inconsciência - dos outros e reagimos a elas. Os "erros" das pessoas ou o que percebemos como suas falhas se tornam para nós a identidade delas. Isso significa que vemos apenas o ego nos outros e, assim, fortalecemos o ego em nós. Em vez de olharmos "através" do ego deles, olhamos "para" o ego. E quem está fazendo isso? O ego em nós.

As pessoas muito inconscientes sentem o próprio ego por meio do seu reflexo nos outros. Quando compreendemos que aquilo a que reagimos nos outros também está em nós (e algumas vezes apenas em nós), começamos a nos tornar conscientes do nosso próprio ego. Nesse estágio, podemos também compreender que estamos fazendo às pessoas o que pensávamos que elas estavam fazendo a nós. Paramos de nos ver como uma vítima.

Nós não somos o ego. Portanto, quando nos tornamos conscientes do ego em nós, isso não significa que sabemos quem somos - isso quer dizer que sabemos quem não somos. Mas é por meio do conhecimento de quem não somos que o maior obstáculo ao verdadeiro conhecimento de nós mesmos é removido.

Ninguém pode nos dizer quem somos. Seria apenas outro conceito, portanto não nos faria mudar. Quem nós somos não requer crença. Na verdade, toda crença é um obstáculo. Isso não exige nem mesmo nossa compreensão, uma vez que já somos quem somos. No entanto, sem a compreensão, quem nós somos não brilha neste mundo. Permanece na dimensão não manifestada que, é claro, é seu verdadeiro lar. Nós somos então como uma pessoa aparentemente pobre que não sabe que tem uma conta de 100 milhões de reais no banco. Com isso, nossa riqueza permanece um potencial oculto.

Eckhart Tolle - O despertar de uma nova consciência

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Livro: Em comunhão com a vida - Eckhart Tolle

Em comunhão com a vida

Eckhart Tolle


“A causa primária da infelicidade nunca é a situação, mas nossos pensamentos sobre ela. Portanto, tome consciência dos pensamentos que lhe ocorrem. Separe-os da situação, que é sempre neutra – ela é como é. Existe a circunstância ou o fato, e você terá seus pensamentos a respeito deles. Em vez de criar histórias, atenha–se aos fatos. Encarar os fatos é sempre fortalecedor. Tome consciência de que, na maioria das vezes, suas emoções são criadas pelo que você pensa – observe essa ligação. Em vez de ser seus pensamentos e suas emoções, seja a consciência por trás deles.” – Eckhart Tolle

Nosso propósito interior é despertar. Quando despertamos, deixamos de ser comandados pelo pensamento. É a consciência, o poder oculto que existe no momento presente, que emerge e guia nossos atos.

Neste livro, Eckhart Tolle selecionou os trechos mais tocantes publicados em Um novo mundo – O despertar de uma nova consciência e os reorganizou para que você possa se aprofundar na essência de seus ensinamentos espirituais e fazer uma mudança interior radical, deixando que a luz da consciência ilumine sua vida.

O ideal é que você leia um capítulo de cada vez, parando para reler e assimilar as passagens que suscitem uma resposta interior. Deixe que as palavras penetrem sua mente, medite sobre elas e sinta a verdade para a qual apontam.

Outra sugestão é que você abra o livro de modo aleatório e leia uma página ou apenas um trecho, deixando que as palavras indiquem o caminho para uma dimensão mais profunda, que está além do pensamento.

A clareza e a lucidez da mensagem de Eckhart Tolle irão ajudá-lo a alcançar esse estado desperto, o que lhe trará paz de espírito e permitirá que você conviva de maneira harmoniosa com todos ao seu redor.
****

Se você se perde em meio ao pensamento compulsivo e automático, pare um instante e leia este livro. Você verá que as palavras simples de Eckhart Tolle irão guiá-lo até sua essência.

Não se deixe aprisionar pelas rotinas do cotidiano, que parecem privar sua vida de significado. Não é nas tarefas que executa no dia a dia nem nas metas que deseja alcançar que você encontrará sentido para viver. Esse propósito não diz respeito ao que fazemos, e sim ao que somos – ao nosso estado de consciência.

Por meio de suas palavras inspiradoras, Eckhart Tolle tem ajudado inúmeras pessoas em todo o mundo a encontrar a paz interior e mais satisfação em suas vidas.

No cerne de seus ensinamentos reside a transformação da consciência, o despertar espiritual, que ele considera o próximo passo da evolução humana. A separação entre pensamento e consciência fará com que você compreenda seu verdadeiro propósito: ser e viver.

ISBN 9788575427798

EAN 9788575427798
144 páginas - 14 x 21 cm - Brochura

R$ 19,90

Autor: TOLLE, ECKHART

Tradutor: MONTEIRO, HENRIQUE

Idioma: PORTUGUES

Editora: SEXTANTE

Assunto: AUTOAJUDA - ESPIRITUALIDADE/MEDITAÇÃO E REFLEXÃO

Edição: 1ª

Ano: 2012
Clique aqui para comprar

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Despertar não é atingir um estado futuro



Eckhart Tolle é um mestre espiritual e escritor bestseller. Nasceu em 1948 na Alemanha, e é o autor de "O Poder do Agora" e "Um Novo Mundo", que foram escritos em inglês. Em 2011, ele foi classificado pela Watkins Review como o mestre espiritual mais influente da atualidade. Em 2008, o New York Times classificou-o como "o mais popular autor espiritual dos Estados Unidos."

Ele conta que foi depressivo por grande parte de sua vida, até que um dia, aos 29 anos, ocorreu-lhe uma transformação interior, e após isso passou vários anos vagando, sem emprego, mas "num estado de profunda felicidade", antes de se tornar um mestre espiritual. Mais tarde, ele mudou-se para a América do Norte, onde escreve e publicou seu primeiro livro, O Poder do Agora, que foi publicado em 1997 e entrou na lista de best sellers da New York Times em 2000. Tolle viveu em Vancouver, no Canadá, por 10 anos.

O Poder do Agora e Um Novo Mundo venderam, respectivamente, 3 milhões e 5 milhões de cópias, apenas na América do Norte e em 2009. Em 2008, aproximadamente 35 milhões de pessoas participaram de uma série de 10 seminários online com Tolle e a apresentadora Oprah Winfrey. Os livros de Tolle e seus ensinamentos têm estimulado muitos comentários de teólogos e jornalistas. Ele não se identifica com nenhuma religião em particular, mas o seu trabalho recebe influência de várias correntes espirituais.

Âncoras do Agora

Âncoras do Agora
  • Não leve seus pensamentos a sério.
  • Não resista ao que é, apenas, observe.
  • Pela auto-observação, monitore seu estado mental-emocional.
  • Não faça do que é seu inimigo.
  • Infelicidade é resistência ao que é.
  • Agir pela energia negativa é dar continuidade ao conflito.
  • Mantenha acesa a luz da presença.
  • Deixe de ser um feixe de reflexos condicionados. 
  • O discernimento traz a ação; a negatividade, reação.
  • Não deixe o medo criar raízes em sua mente.
  • Observe sua mente e emoções; sorria para elas.
  • Insanidade é projetar o futuro ou resistir ao presente.
  • A cada instante morra para o passado.
  • Sinta a plenitude do Ser no momento presente; sinta sua presença.
  • Retome seu ritmo: sinta sua respiração.
  • Monitore sua mente e emoções.
  • Não se enrosque na rede do tempo psicológico.
  • No presente está a morte do eu.
  • Só o presente nos liberta do passado.
  • Esteja presente com todas as células do seu ser.
  • Abrace seu propósito interno.
  • Dar tempo ao estudo do tempo, não nos liberta do tempo.
  • Não procure entender o passado, mas esteja no presente o mais que puder.
  • A sanidade está na transcendência da mente.
  • Não há nada que você precise entender antes de conseguir se tornar presente.
  • Torne-se presente como observador de sua mente.
  • Torne-se presente o mais intensamente possível.
  • Pela presença consciente, eleve-se sobre o pensamento e assim, encontre a verdadeira libertação.
  • Ouse exercer sua Divina Presença, a sua verdadeira natureza.
  • Liberte-se da ilusória identificação corpo/mente.
  • Na observação da mente desfaz-se a raiz da insanidade.
  • Sinta a presença viva que lhe habita.
  • Recupere a consciência do Ser aprisionado pela mente.
  • A verdade do que você é, encontra-se no interior do seu corpo; não é preciso ir à lugar nenhum.
  • A consciência é o poder oculto dentro do momento presente.
  • Somente a presença é capaz de nos libertar do ego e suas imagens.
  • Neste momento, sinta o "Eu Sou" que você é.
  • Não se perca no que acontece em sua mente e no mundo das formas.

Eckhart Tolle - Querer: A Necessidade de mais

O ego se identifica com possuir, mas sua satisfação com isso é de certa forma superficial e passageira. Oculta internamente, ela permanece como um sentimento profundo de insatisfação, de estar incompleto, de "não é o bastante", "não tenho o suficiente", com o que o ego de fato quer dizer: "Não sou o bastante ainda." 

Como vimos, ter - o conceito de propriedade - é uma ficção criada pelo ego para adquirir solidez e permanência e se destacar, tornar-se especial. Mesmo que não sejamos capazes de nos encontrar por meio disso, existe outro impulso mais forte subjacente a esse que pertence à estrutura do ego: a necessidade de mais, o que podemos também chamar de "desejo". O ego não dura muito tempo sem isso. Portanto, querer o mantém vivo muito mais do que ter. Para ele, o apelo de querer é mais forte do que o de ter. E, assim, a satisfação superficial de ter é sempre substituída pelo querer mais. Essa é a necessidade psicológica de mais, isto é, de mais coisas com as quais se identificar. É como um vício, não é verdadeira.

Em alguns casos, essa necessidade psicológica, ou a sensação de que ainda não há o bastante, que é tão característica do ego, é transferida para o nível material e, então, converte-se na avidez insaciável. Em geral, as pessoas que sofrem de bulimia obrigam-se a vomitar para continuar comendo. É sua mente que está faminta, e não seu corpo. Os que sofrem desse distúrbio alimentar poderiam se curar se, em vez de se identificar com a mente, conseguissem entrar em contato com o próprio corpo e assim sentissem suas verdadeiras carências físicas em lugar das pseudo necessidades da mente egóica.

Alguns egos sabem o que querem e perseguem seu objetivo com uma determinação inflexível e implacável - Gêngis Khan, Stalin, Hitler, para dar apenas alguns exemplos inquestionáveis. A energia por trás da sua vontade, porém, cria uma energia oposta de igual intensidade que, por fim, leva à queda desses indivíduos. Nesse ínterim, eles se tornam infelizes e fazem o mesmo com muitas pessoas ou, como mostram episódios clássicos, criam o inferno sobre a Terra. A maioria dos egos tem vontades conflitantes. Eles querem coisas diferentes em momentos distintos ou talvez nem saibam o que desejam. Só sabem o que não querem: o momento presente. Desconforto, desassossego, tédio, ansiedade, insatisfação, tudo isso é resultado da vontade insatisfeita. Como querer é algo estrutural, nenhum acúmulo de conteúdo consegue oferecer uma satisfação duradoura enquanto essa estrutura mental está em ação. O desejo intenso que não tem um objeto específico costuma ser encontrado no ego ainda em desenvolvimento dos adolescentes. É por isso que alguns desses jovens vivem num estado permanente de negativismo e insatisfação.

Todos os seres humanos do planeta poderiam ser facilmente atendidos em suas carências materiais em relação a alimento, água, abrigo, roupas e confortos básicos, não fosse pelo desequilíbrio de recursos criado pela necessidade insana e voraz de querer sempre mais, a ganância do ego. Isso encontra expressão coletiva nas estruturas econômicas, como as grandes corporações, que são entidades egóicas que competem entre si por mais. Seu único - e cego - objetivo é o lucro. Elas perseguem essa meta do modo mais implacável possível. A natureza, os animais, as pessoas, até mesmo os funcionários, não são mais do que algarismos no seu balanço comercial, objetos inanimados a serem usados e depois descartados.

As formas de pensamento "mim", "meu", "mais do que", "eu quero", "eu preciso", "eu devo ter" e "não o bastante" pertencem não ao conteúdo, mas à estrutura do ego. O conteúdo pode ser trocado. Enquanto não reconhecemos essas formas de pensamento em nós mesmos, isto é, enquanto elas permanecem inconscientes, acreditamos no que elas dizem. Assim, ficamos condenados a agir de acordo com esses pensamentos inconscientes, a buscar e não encontrar, pois, quando eles entram em ação, nenhum bem, nenhum lugar, nenhuma pessoa, nenhuma condição jamais nos satisfaz. Não há conteúdo capaz de atender nossa vontade enquanto a estrutura egóica permanece atuante. Não importa o que tenhamos nem o que venhamos a conquistar, não seremos felizes. Sempre estaremos procurando alguma coisa além que nos prometa mais plenitude, que nos diga que vai completar a percepção do eu insatisfeito e saciar aquele sentimento de carência que trazemos dentro de nós.

Eckhart Tolle

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Estado de Presença







domingo, 8 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Abandonando as definições pessoais

A medida que as culturas tribais evoluíram para as antigas civilizações, determinadas funções começaram a ser atribuídas às pessoas: governador, sacerdote, guerreiro, agricultor, mercador, artesão, operário, etc. Desenvolveu-se um sistema de classes. A função de cada um, que, na maioria das vezes, já estava decidida desde o nascimento, estabelecia quem a pessoa era aos olhos dos outros, assim como aos seus próprios olhos. A função tornou-se um papel, mas não era reconhecida como tal: ela era o próprio indivíduo ou o que este pensava que era. Naqueles tempos, apenas raros seres, como Buda e Jesus, viam a completa irrelevância das castas e das classes sociais e consideravam-nas identificações com a forma. Eles foram capazes de entender também que essa identificação com o que é temporal e condicionado obscurece a luz do que é eterno e não condicionado e que brilha em cada ser humano.

No mundo contemporâneo, as estruturas sociais são menos rígidas, menos definidas, do que costumavam ser. Embora as pessoas, em sua maioria, ainda sejam condicionadas pelo ambiente, elas não são mais automaticamente investidas de uma função e de uma identidade. Na verdade, hoje em dia, é crescente o número de indivíduos que se sentem confusos quanto ao lugar ao qual se encaixam, ao seu propósito e até mesmo a quem eles são.

Costumo parabenizar as pessoas quando elas me dizem: "Não sei mais quem eu sou." Então elas ficam perplexas e me perguntam se é bom estar confuso. Eu lhes peço que reflitam sobre isso. O que significa estar confuso? "Não sei" não é sinônimo de confusão. Confusão é: "Eu não sei, mas deveria saber" ou "Não sei, porém preciso saber". É possível abandonarmos a crença de que devemos ou precisamos saber quem somos? Em outras palavras, podemos parar de considerar definições conceituais que nos dê uma percepção do eu? Você, por exemplo, é capaz de deixar de examinar o pensamento sobre uma identidade? Quando colocamos de lado a convicção de que necessitamos saber quem somos, o que acontece com a confusão? De repente ela acaba. No momento em que aceitamos de fato de que não temos esse conhecimento, entramos num estado de paz e clareza que está mais próximo de quem somos verdadeiramente do que o pensamento jamais poderá estar. Usar o pensamento para nos definir é algo que nos limita.

Eckhart Tolle

Eckhart Tolle - As muitas faces do Ego

Um ego que quer alguma coisa do outro - e que ego não deseja isso - em geral representa um tipo de papel para satisfazer suas "necessidades", que podem ser: ganhos materiais; sensação de poder, de superioridade e de ser especial; além de um sentimento de gratificação, seja física ou psicológica. Em geral, as pessoas não têm nenhuma consciência dos papéis que representam. Elas são esses papéis. Alguns deles são sutis, enquanto outros são óbvios, exceto para quem os interpreta. Há aqueles criados com o único objetivo de atrair a atenção de alguém. O ego prospera quando angaria a atenção dos outros, porque ela é, acima de tudo, uma energia psíquica. Como não sabe que a origem de toda a energia está dentro da pessoa, ele a procura externamente. Porém, sua busca não é pela atenção sem forma - a presença -, e sim pela atenção numa forma, como reconhecimento, elogio e admiração. Certas vezes, só o fato de ser notado de alguma maneira já vale como um reconhecimento da sua existência.

Uma pessoa tímida que tem medo da atenção dos outros não está livre do ego - nesse caso, o ego é ambivalente, pois tanto quer quanto teme a atenção externa. O temor é de que a atenção possa tomar a forma de desaprovação ou crítica, isto é, algo que diminua a percepção do eu em vez de aumentá-la. Portanto, o medo que a pessoa tímida tem da atenção é maior do que a necessidade que tem dela. A timidez costuma ser acompanhada de uma auto-imagem predominantemente negativa, a crença de ser inadequado. Qualquer percepção conceituai do eu - ver a si mesmo como isso ou aquilo - é o ego, seja ela favorável (eu sou o maior) ou desfavorável (não sou bom). Por trás de toda auto-imagem positiva há o medo de não ser bom o bastante. Por trás de toda auto-imagem negativa está o desejo de ser o maior ou melhor do que os outros. Oculto pelo confiante e contínuo sentimento de superioridade do ego encontra-se o medo inconsciente de ser inferior. De modo inverso, o ego tímido, que se sente inapropriado e menor, tem um forte desejo camuflado de superioridade. Muitas pessoas flutuam entre sentimentos de inferioridade e superioridade, dependendo da situação e dos indivíduos com quem entram em contato. Tudo o que devemos saber e observar em nós mesmos é isto: sempre que nos sentirmos superiores ou inferiores a alguém, isso é o ego em ação.

Eckhart Tolle

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Eckhart Tolle - Além do Ego: Nossa Verdadeira Identidade

Quando o ego está em guerra, saiba que isso não passa de uma ilusão que está lutando para sobreviver. Essa ilusão pensa ser nós. A princípio, não é fácil estarmos lá como testemunhas, no estado de presença, sobretudo quando o ego se encontra nessa situação ou quando um padrão emocional do passado é ativado. No entanto, depois que sentimos o gosto dessa experiência, nosso poder de atingir o estado de presença começa a crescer e o ego perde o domínio que tem sobre nós. E, assim, chega à nossa vida um poder que é muito maior do que o ego, maior do que a mente. Tudo de que precisamos para nos livrar do ego é estarmos conscientes dele, uma vez que ele e a consciência são incompatíveis. A consciência é o poder oculto dentro do momento presente. É por isso que podemos chamá-la de presença. O propósito supremo da existência humana, isto é, de cada um de nós, é trazer esse poder ao mundo. E é também por isso que nossa libertação do ego não pode ser transformada numa meta a ser atingida em algum ponto no futuro. Somente a presença é capaz de nos libertar dele, pois só podemos estar presentes agora - e não ontem nem amanhã. Apenas ela consegue desfazer o passado em nós e assim transformar nosso estado de consciência.

O que é a compreensão da espiritualidade? A crença de que somos espíritos? Não, isso é um pensamento. De fato, ele está um pouco mais próximo da verdade do que a ideia de que somos a pessoa descrita na nossa certidão de nascimento, mas, ainda assim, é um pensamento. A compreensão da espiritualidade é ver com clareza que o que nós percebemos, vivenciamos, pensamos ou sentimos não é, em última análise, quem somos, que não podemos nos encontrar em todas essas coisas, que são transitórias e se acabam continuamente. É provável que Buda tenha sido o primeiro ser humano a entender isso, e dessa maneira anata (a noção do não-eu) se tornou um dos pontos centrais dos seus ensinamentos. E, quando Jesus disse Negue-se a si mesmo", sua intenção era afirmar: negue (e assim desfaça) a ilusão do eu. Se o eu - o ego - fosse de fato quem somos, seria um absurdo "negá-lo". O que permanece é a luz da consciência, sob a qual percepções, sensações, pensamentos e sentimentos vêm e vão. Isso é o Ser, o mais profundo e verdadeiro eu. Quando sabemos que somos isso, qualquer coisa que ocorra na nossa vida deixa de ter importância absoluta para adquirir importância apenas relativa. Respeitamos os acontecimentos, mas eles perdem sua seriedade plena, seu peso. A única coisa que faz diferença realmente é isto: podemos sentir nosso Ser essencial, o "eu sou", como o pano de fundo da nossa vida o tempo todo? Para ser mais exato, conseguimos sentir o "eu sou" que somos neste momento? Somos capazes de sentir nossa identidade essencial como consciência propriamente dita? Ou estamos nos perdendo no que acontece, na mente, no mundo?

Eckhart Tolle

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Eckhart Tolle - A Essência do Ego

A maioria das pessoas está tão identificada com a voz dentro da própria cabeça - o fluxo incessante de pensamento involuntário e compulsivo e as emoções que os acompanham - que podemos dizer que esses indivíduos estão possuídos pela mente. Quem se encontra inconsciente disso acredita que aquele que pensa é quem ele é. Essa é a mente egóica. Chamo-a de egóica porque existe uma percepção do eu, do ego, em todos os pensamentos - lembranças, interpretações, opiniões, pontos de vista, reações, emoções.
Isso é inconsciência, espiritualmente falando. O pensamento, o conteúdo da mente, é condicionado pelo passado: pela formação, pela cultura, pelos antecedentes familiares, etc. O núcleo central de toda a atividade mental consiste em determinados pensamentos, emoções e padrões reativos repetitivos e persistentes com os quais nos identificamos com mais intensidade. Essa entidade é o próprio ego.

Na maioria dos casos, quando dizemos "eu", é o ego que está falando, e não nós, como temos observado. O ego compõe-se de pensamentos e emoções, de uma série de lembranças que reconhecemos como "eu e minha história", de papéis habituais que desempenhamos sem saber e de identificações coletivas, como nacionalidade, religião, raça, classe social e orientação política. Ele contém ainda identificações pessoais não só com bens, mas com opiniões, aparência exterior, ressentimentos antigos e conceitos sobre nós mesmos como melhores do que os outros ou inferiores a eles, como pessoas bem-sucedidas ou fracassadas.

O conteúdo do ego varia de pessoa para pessoa, no entanto todo ego funciona de acordo com a mesma estrutura. Em outras palavras: os egos diferem apenas na superfície. No fundo, eles são iguais. De que maneira são semelhantes? Eles existem à custa da identificação e da separação. Quando vivemos por meio do eu construído pela mente, que se constitui dos pensamentos e das emoções do ego, a base da nossa identidade é precária porque os pensamentos e as emoções são, por sua própria natureza, efêmeros, instáveis. Assim, todo ego está continuamente lutando pela sobrevivência, tentando se proteger e aumentar de tamanho. Para sustentar o pensamento do eu, ele precisa de algo oposto, que é o pensamento "o outro". O "eu" conceituai não consegue sobreviver sem o "outro" conceituai. Os outros são sobretudo os outros quando os vemos como inimigos. Numa extremidade da escala desse padrão egóico de consciência, situa-se o hábito compulsivo de encontrarmos defeitos nas pessoas e nos queixarmos delas. Jesus referiu-se a isso quando disse: "Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho?"1 No outro extremo da escala, encontram-se a violência física entre indivíduos e as guerras entre países.
Embora, na Bíblia, a pergunta de Jesus permaneça sem resposta, ela é, sem dúvida: porque quando critico ou condeno o outro sinto-me maior, superior.

Eckhart Tolle - O Despertar de uma nova Consciência

Eckharte Tolle - O Eu ilusório


A palavra "eu" incorpora o maior erro e a verdade mais profunda, dependendo de como é utilizada. No uso convencional, não só é um dos termos empregados com maior frequência (juntamente com as palavras correlatas "mim", "meu", "comigo", etc.) como é um dos mais enganosos. Na sua aplicação cotidiana normal, "eu" contém o erro primordial, uma percepção equivocada de quem a pessoa é, um sentido ilusório da identidade. Isso é o ego. E o que Albert Einstein, que possuía um admirável entendimento não só da realidade do espaço e do tempo como da natureza humana, chamou de "ilusão de óptica da consciência". Essa identidade ilusória se torna então a base de todas as interpretações - ou melhor, das más interpretações - posteriores da realidade, de todos os processos de pensamento, das interações e dos relacionamentos. A realidade do indivíduo passa a ser um reflexo da ilusão original.
O lado bom disso é que, se formos capazes de reconhecer a ilusão como tal, ela se dissolverá. A identificação da ilusão é seu fim. Sua sobrevivência depende do nosso erro em considerá-la a realidade. Quando compreendemos quem não somos, a realidade do que somos aparece por si mesma. Isso é o que acontecerá enquanto você estiver lendo devagar e cuidadosamente este capítulo e o próximo, que tratam do mecanismo do falso eu a que chamamos ego. Assim, qual é a natureza dessa identidade ilusória?
Aquilo a que costumamos nos referir quando dizemos "eu" não é quem nós somos. Por um ato monstruoso de reducionismo, a profundidade infinita de quem somos confundiu-se com um som produzido pelas cordas vocais ou pelo pensamento do "eu" na nossa mente e com qualquer outra coisa com que o "eu" esteja identificado. Portanto, a que se referem o "eu" comum e os termos relacionados "mim", "meu" ou "comigo"?
Quando uma criança aprende que uma sequencia de sons produzidos pelas cordas vocais dos pais é seu nome, ela começa a fazer com que uma palavra, que na sua mente se torna um pensamento, corresponda a quem ela é. Nessa fase, algumas crianças se referem a si mesmas na terceira pessoa. "João está com fome." Pouco tempo depois, aprendem a palavra mágica "eu" e a equiparam ao seu nome, ao qual já atribuíram o significado de quem elas são. Então outros pensamentos aparecem e se fundem com a percepção original do "eu". O passo seguinte são pensamentos de "mim" e "meu" para designar as coisas que, de alguma forma, são parte do "eu". Isso é a identificação com objetos, o que significa conferir às coisas - em última análise, pensamentos que representam coisas - uma percepção do "eu", extraindo assim uma identidade delas. Quando algo que a criança chama de "meu brinquedo" se quebra ou é tirado dela, surge um intenso sofrimento. Não porque o objeto tenha um valor intrínseco - a criança logo perde o interesse por ele e o substitui por outro item qualquer -, e sim por causa do pensamento "meu". O brinquedo torna-se parte do desenvolvimento da percepção da identidade, do "eu".
Desse modo, à medida que a criança cresce, o pensamento original do "eu" atrai outros pensamentos para si mesmo e passa a se identificar com diversos elementos, como nacionalidade, gênero, raça, religião, profissão, bens materiais, o corpo percebido pelos sentidos, etc. Outras coisas com as quais o "eu" se identifica são papéis - mãe, pai, marido, esposa, e assim por diante -, opiniões e conhecimento acumulados, o gostar e o não gostar, além de fatos que aconteceram no passado e cuja lembrança são pensamentos que posteriormente definem a percepção da identidade como "eu e minha história". Esses são apenas alguns dos aspectos dos quais as pessoas extraem sua percepção de quem elas são. No fim das contas, eles não passam de pensamentos reunidos de maneira precária por conterem todo o sentido da identidade egóica. Essa construção mental é aquilo a que em geral alguém se refere quando diz "eu". Para ser mais preciso: na maior parte do tempo, não é a pessoa que está falando quando pronuncia ou pensa "eu", mas algum aspecto dessa construção mental, a identidade egóica. Após o processo do despertar, a palavra "eu" ainda é usada, no entanto ela passa a vir de um lugar muito mais profundo dentro de nós.
Quase todas as pessoas ainda estão identificadas com o fluxo incessante da mente, do pensamento compulsivo, em sua maior parte repetitivo e sem importância. Não existe nenhum "eu" fora dos seus processos de pensamento e das emoções que os acompanham. E é esse o significado de ser espiritualmente inconsciente. Quando informadas de que existe uma voz na sua cabeça que nunca para de falar, as pessoas costumam ter duas reações: ou perguntam "que voz?" ou a negam com raiva - e isso, sem dúvida, /a própria voz, aquele que pensa, a mente não observada. Podemos considerá-la quase uma entidade que se apossou das pessoas.
Há quem nunca se esqueça da primeira vez em que conseguiu romper a identificação com seus pensamentos, momento em que foi capaz de sentir brevemente a mudança de identidade, deixando de ser o conteúdo da sua mente para se tornar a consciência lá no fundo. No caso de outros indivíduos, isso acontece de uma maneira tão sutil que eles mal percebem ou apenas notam uma abundância de alegria ou paz interior sem saberem o que originou esses sentimentos.


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Eckhart Tolle — Como largamos o vício de pensar

Eckhart Tolle - Emoção é pensamento energizado

“A emoção nasce no lugar onde a mente e o corpo se encontram. É a reação do corpo à nossa mente ou, podemos dizer, um reflexo da mente no corpo.”
“Em geral, não temos consciência de todos os nossos padrões de pensamento. Só é possível trazê-los à consciência quando observamos nossas emoções.”
“Quanto mais identificados estivermos com nosso pensamento, com as coisas que nos agradam ou não, com nossos julgamentos e interpretações, ou seja, quanto menos presentes estivermos como consciência observadora, mais forte será a carga emocional, tenhamos ou não consciência disso.”
“Se quisermos conhecer mesmo a nossa mente, o corpo sempre nos dará um reflexo confiável. Portanto, observe a sua emoção ou melhor, sinta-a em seu corpo... Você pode permitir que a emoção esteja ali, sem deixar que ela assuma o controle. Você não é mais a emoção. Você é o observador, a presença que observa.”
“Concentre sua atenção dentro de você. Sinta a energia da emoção. Se não há emoção presente, concentre sua atenção mais fundo no campo da energia interna do seu corpo. Essa é a porta de entrada para o Ser.”
“Uma emoção, em geral, representa um padrão de pensamento amplificado e energizado. Por conta da carga energética quase sempre excessiva que ela contém, não é fácil, a princípio, termos condições de observá-la. A emoção quer assumir o controle, e quase sempre consegue, a menos que você esteja presente e alerta. Se você for empurrado para uma identificação inconsciente com a emoção, ela se tornará, temporariamente, ‘você’. É comum se estabelecer um círculo vicioso entre o pensamento e a emoção porque um alimenta o outro. O padrão do pensamento cria um reflexo amplificado em si na forma de uma emoção, fazendo com que a frequência vibratória desta permaneça alimentando o padrão do pensamento original. Ao lidar mentalmente com a situação, acontecimento ou pessoa que é identificada como causadora da emoção, o pensamento fornece a energia para a emoção, a qual, por sua vez, energiza o padrão de pensamento, e assim por diante.”
“Quanto mais a mente tenta se livrar do sofrimento, mais ele aumenta. A mente nunca pode achar a solução, nem pode permitir que encontremos a solução, porque é, ela mesma, uma parte intrínseca do ‘problema’.”
“Não nos livraremos desse sofrimento enquanto não extrairmos o sentido de eu interior da identificação com a mente, ou seja, do ego. A mente é, então, derrubada da sua posição de poder, e o Ser se revela em si mesmo, como a verdadeira natureza da pessoa”.
“Precisamos nos tornar plenamente conscientes de nossas emoções e sermos capazes de senti-las, antes de sermos capazes de sentir aquilo que está além delas. A palavra emoção significa, literalmente, ‘desordem’. A palavra vem do latim emovere, que significa ‘movimentar’.”
“As emoções... sendo uma parte da mente dualística, estão sujeita à lei dos opostos.”
“Enquanto estivermos identificados com as nossas mentes, o que significa dizer, enquanto estivermos inconscientes espiritualmente, o sofrimento será inevitável. Refiro-me aqui ao sofrimento emocional, que é também a causa principal do sofrimento físico e da doença. O ressentimento, o ódio, a autopiedade, a culpa, a raiva, a depressão, o ciúme e até mesmo uma leve irritação são formas de sofrimento. É o inseparável oposto, que se manifestará com o tempo.”


Eckhart Tolle, O Poder do Agora - Sextante
  
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill