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Traves de tropeço

TRAVE DO CONHECIMENTO LIVRESCO


"É a atividade normal não iluminada do intelecto que é um obstáculo à experiência espiritual, assim como a atividade normal não regenerada do vital é um obstáculo, ou a obscura consciência estupidamente obstrutiva do corpo. Aquilo contra o que o aspirante espiritual tem que estar especialmente prevenido nos processos errôneos do intelecto, é, primeiro, qualquer interpretação errada que tome ideias e impressões mentais ou conclusões intelectuais como uma realização; em segundo lugar, a inquieta atividade meramente mental, que perturba a precisão espontânea do psíquico e da experiência espiritual e não deixa lugar para a descida do verdadeiro conhecimento iluminador, ou então, deforma-o logo que ele toca o plano mental humano, ou mesmo que ele o toque completamente. Há também, naturalmente, os vícios comuns do intelecto — sua inclinação para a dúvida estéril em vez da recepção luminosa e da calma discriminação esclarecida; sua arrogância em querer julgar coisas que estão além dele, que lhe são desconhecidas, fundas demais para ele, através de padrões inferidos de sua própria experiência limitada[...] O intelecto está sempre substituindo o verdadeiro conhecimento por suas próprias representações, construções e opiniões. Mas se ele for entregue, aberto, quieto, receptivo, não há razão por que não deva ser um meio de recepção da Luz ou uma ajuda à experiência de estados espirituais e à plenitude de uma mudança interior." - Sri Aurobindo em, A Consciência que vê, Volume 2

"O teu aprendizado passado não pode deixar de ter te ensinado coisas erradas simplesmente porque não te fez feliz. Com base nisso apenas, o seu valor deve ser questionado. Se o aprendizado almeja a mudança e é sempre esse o seu propósito, estás satisfeito com as mudanças que teu aprendizado te trouxe? A insatisfação com os resultados do aprendizado é um sinal do fracasso do dito aprendizado, pois significa que não conseguistes o que querias." —  UCM

"Um indivíduo cético, sério e sincero está em melhores condições do que um crente fanático; refiro-me àquela espécie de crente que não tem senso para ver que todas as religiões são para a humanidade e não a humanidade para as religiões. Tal crente considera suas crenças, não de uma forma despreocupada e conjectural, como algo que possa ser refutado pela real experiência da Verdade — para a qual tais crenças são apenas um meio — mas como a própria e autêntica Verdade. O chamado cético não é assim tão cético se admite que haja algo verdadeiro e que somente esse algo é importante. Pode-se dizer que aquele que é devoto da Verdade é o melhor de todos os devotos. Nenhum crente merece consideração, se não consegue perceber que a Verdade é tudo em tudo, e que as crenças devem ser consideradas sagradas em proveito da própria Verdade, e não em detrimento. Tal crente está em situação pior do que a do cético sério e honesto, porque, em primeiro lugar, é improvável que absorva as indagações formuladas nestes capítulos. Em segundo lugar, se procurar um Sábio vivo e pedir orientação, é provável que interprete mal o que o Sábio lhe diga; pois acontece que, via de regra, os Sábios não ministram da mesma forma a todos os conhecimentos que trazem dentro de si. Escondem as verdades mais profundas daqueles cujas mentes não estão receptivas e aptas, pois uma verdade mal compreendida é mais fatal do que a simples ignorância. Por conseguinte, quem desejar ser totalmente instruído por um Sábio deve estar preparado para colocar de lado as suas próprias crenças. Não deve ficar fanaticamente apegado a qualquer convicção. O discípulo de mente livre de preconceitos, que tem pouco ou nenhum conhecimento livresco, acha-se em melhor condição do que os letrados cujas mentes estão escravizadas por suas crenças.

(...) a investigação do mundo exterior a nada nos poderá levar, exceto à ignorância. Quando procuramos conhecer alguma coisa que não seja a nós mesmos, sem procurarmos conhecer a verdade de nós mesmos, o conhecimento que obtemos provavelmente não pode ser exato.

(...) quem desejar saber a Verdade seja do que for, deve primeiro conhecer-se a si mesmo e com perfeição. Quer dizer que aquele que não se conhece, parte de um erro inicial, o qual deturpa todo o conhecimento resultante de suas investigações. Quem se conhece a si mesmo, no entanto, está livre de tal erro, e somente ele é capaz de encontrar a Verdade do mundo ou do mundo das coisas.

(...) Nos conhecemos? Pensamos que sim. O homem vulgar afirma com convicção que se conhece a si mesmo da forma adequada; e pode ser-lhe impossível chegar a entender que não se conhece, mesmo que o escute de um Sábio. É necessário termos a mente muito adiantada e grandemente purificada para percebermos e reconhecermos que não nos conhecemos a nós mesmos — que as ideias sobre nós mesmos, acalentadas durante tanto tempo, estão erradas. Os Sábios nos dizem que as nossas ideias sobre nós mesmos são um misto de verdade e de erro.

(...) Dizem-nos os Sábios que deixaremos de identificar-nos com o nosso corpo — e assim nos libertaremos de uma vez por todas dos sofrimentos que surgem por intermédio dele — apenas quando alcançarmos a experiência direta do Ser Real. Assim como agora temos experiência direta do corpo, devemos ter experiência direta desse Ser como ele realmente é. Essa ignorância, que nos leva a identificar-nos com o corpo, é um hábito mental arraigado, engendrado na mente durante longo tempo de ações e pensamentos errôneos. Deles surgiram os vários apegos às coisas. Tais hábitos mentais formam a estrutura da mente; e a simples introdução de um pensamento contrário — que é muito fraco, igual a um recém-nascido — fará pouca diferença. A mente fluirá pelos mesmos canais habituais. Continuará sujeita às mesmas atrações e repulsões. E isso acontecerá porque enquanto é possível ao filósofo livresco sentir às vezes que ele não é seu corpo, não pode, com a mesma facilidade, chegar a sentir que não é sua mente. E esta dupla ignorância só terá fim quando conhecermos o Ser — não teórica mas praticamente, isto e, pela experiência real do Ser.

(...) Até surgir essa compreensão, não se pode dizer que o filósofo tenha se descartado de sua ignorância. Ela sobrevive com todo vigor. Seu conhecimento filosófico não faz qualquer diferença em seu caráter. De fato, como assinala o Sábio, o filósofo livresco está até mesmo em piores condições do que os outros homens. Seu coração é assediado por novos apegos — dos quais o iletrado está livre — que não lhe dão tempo para dedicar-se à tarefa de descobrir o Ser Real. Muitas vezes não têm nem mesmo consciência da premente necessidade de se prepararem para tal empreita, harmonizando o conteúdo de sua mente e dirigindo suas energias para o Ser, e não para o mundo. Infere-se daí que, quem conhece o Ser apenas por intermédio de livros, não o conhece mais do que a gente simples. Por essa razão o Sábio compara o filósofo livresco ao gramofone. Não é melhor do que ninguém pela sua erudição, assim como o gramofone não é melhor pelas boas coisas que repete.

(...) Os livros, devemos lembrar, não passam de sinais indicadores na estrada da sabedoria, que nos liberta; logo, essa sabedoria não pode ser encontrada nos livros. O Ser que precisamos conhecer está no interior e não no exterior. Caso a sabedoria desperte, nessa oportunidade, o Ser, refulgindo em todo o seu esplendor, mostrar-se-á diretamente, sem qualquer agente intermediário. O estudo dos livros porém engendra a ideia de que o Ser é algo externo, que se precise conhecer como um objeto, por intermédio da mente.

(...) Compreendemos, assim, que todos os nossos sofrimentos são devidos à nossa ignorância sobre o Ser Real. Devemos vencê-la se quisermos gozar a verdadeira felicidade, pois a remoção da causa é a única forma de cura radical que existe. O mais é tratamento paliativo, que pode até mesmo, no final de contas, ser maléfico, agravando, na verdade, a doença. E só poderemos ficar livres dessa ignorância, por meio da experiência com o Ser.

(...) Não é empresa fácil, pois o instrumento a ser usado nesse trabalho é a mente. Ela tem que se desligar de tudo o mais e dirigir-se para o Ser Real. Mas a mente não se desliga facilmente de suas preocupações costumeiras. Se for forçada a isso, não se concentra, e logo volta ao ponto de partida. Assim é porque está cheia de ideias que são frutos da ignorância; e tais ideias rebelam-se para defender a vida de sua geratriz, a ignorância, porque a vida desta é também delas. Temos, portanto, de liquidar todas essas ideias.

(...) Por serem causadas pela ignorância primordial, provavelmente tais ideias são falsas. E é lógico que o conhecimento falso é o inimigo do despertar da Verdade. Portanto, é necessário que examinemos essas ideias e as rejeitemos, se julgadas incorretas; ou mesmo apenas duvidosas. Somente assim estaremos seguros contra sublevações traiçoeiras, ao empreendermos a busca do Ser Real.

Nessa análise, devemos guiar-nos pela absoluta devoção à Verdade. O Gita nos diz: "Aquele que ama a Verdade e submete todo o seu ser ao amor da Verdade, A encontrará". Essa condição é muito importante. É claro que não pode haver amor parcial pela Verdade. Um amor à Verdade sendo limitado implica amor também pela inverdade, em maior ou menor grau. O amor perfeito pela Verdade significa uma total boa-vontade para renunciar a tudo que se julgue ser falso, em decorrência de uma análise justa. Implica, também, a capacidade de submeter a exame completo e imparcial todas as crenças que temos agora quanto ao mundo, à alma e a Deus. O amante da Verdade caracteriza-se por não ter maior apego as suas crenças do que às crenças alheias. Conserva-as a título de hipóteses e pode calmamente refletir sobre a possibilidade de achar que são insustentáveis e dignas de renúncia. É a isenção de apego às suas próprias crenças que lhe permite fazer uma análise imparcial de sua validade. E, se em decorrência dessa análise, julgar que não são válidas, não somente renuncia a elas, como também fica sempre alerta contra a possibilidade de que voltem, até que venham a perder a influência sobre ele. Por conseguinte, devemos cuidar para que sejamos devotos somente da Verdade, e livres de erros. E em prol da Verdade, renunciar ao amor que devotamos às nossas crenças, de modo que a Verdade possa reinar suprema em nossos corações quando a tivermos encontrado.

O que se conhece como filosofia é apenas este exame imparcial de todas as nossas ideias — do conteúdo inteiro de nossa mente. Somente isso é verdadeira filosofia. Tudo o mais não passa de pseudofilosofia. E podemos afirmar com segurança que pseudofilósofos são aquele que, ou não compreenderam o fato de que ignoram o Ser, ou estão completamente satisfeitos de permanecerem sujeitos a tal ignorância.

Consideraremos agora como nos certificaremos de que, em nosso filosofar, evitaremos os engodos que se emboscam em nosso caminho, e de que chegaremos a ideias que não serão adversárias da nossa Busca do Ser Real.

(...)Quem quiser filosofar direto deve evitar os erros de tais filósofos. Deve escolher as provas que sejam adequadas. Deve procurar e encontrar evidências oriundas de experiência, experiência que não seja fruto da ignorância.

Provas válidas, portanto, não se originam da experiência de homens ignorantes, mas sim da experiência dos Sábios, que estão totalmente livres da ignorância. Somente com base na experiência deles podemos construir uma filosofia que atenuaria a influência que a ignorância exerce atualmente sobre nós, tornando, assim, possível que encetemos a nossa Busca, levando-a até o fim, para que possamos, por nossa vez, adquirir experiência similar." —  WHO


TRAVE DA ERUDIÇÃO

"A fecundidade de uma palavra avalia-se não pela satisfação narcísica que ela prodigaliza, mas pela possibilidade de conversão e transformação que ela inspira; caso contrário, ela não passa de um ruído, mais ou menos agradável, que fazemos com a boca..." — Jean-Yves Leloup 

"Sem dissolver o mundo dos objetos, sem conhecer a verdade espiritual, onde está a libertação eterna em relação às palavras meramente externas, que não possuem nenhum resultado além de sua mera elocução?" - Viveka Chumadamani 

"As palavras são as bisnetas da Verdade". - Sri Ramana Maharshi

"O silêncio é a minha maior tentação. As palavras, esse vício ocidental, estão gastas, envelhecidas, envilecidas. Fatigam, exasperam. E mentem, separam, ferem. Também apaziguam, é certo, mas é tão raro! Por cada palavra que chega até nós, ainda quente das entranhas do ser, quanta baba nos escorre em cima a fingir de música suprema! A plenitude do silêncio só os orientais a conhecem." - Eugénio Andrade 

"Devemos ser cautelosos para não ficar aprisionados pelas palavras que usamos. Quando falo do psíquico ou do espiritual, quero me referir a coisas muito profundas e reais que estão por trás da superfície plana das palavras e mesmo intimamente ligadas em suas diferenças. Definições e distinções intelectuais são muito superficiais e rígidas para alcançar a verdade verdadeira das coisas. E contudo, a não ser que você esteja muito habituado a falar um com o outro, existe quase uma necessidade de definir o sentido de suas palavras — se é que você quer compreender o outro. A condição ideal para uma conversa é quando as mentes estão tão bem sintonizadas que as palavras servem apenas de suporte para uma compreensão mútua espontânea, e você não precisa explicar a cada passo o que você quer dizer. Esta é a vantagem quando se fala sempre com as mesmas pessoas; a harmonia sintonizada é estabelecida entre suas mentes e o significado das coisas faladas penetra nelas imediatamente.

Existe um mundo de ideias sem forma e é lá que você deve entrar, se quiser captar o sentido do que está por detrás das palavras. Enquanto tiver que extrair a sua compreensão das formas das palavras, é provável que você fique muito confuso sobre seu verdadeiro sentido. Mas se no silêncio da mente você puder se elevar até o mundo de onde descem as ideias para tomar forma, imediatamente a real compreensão vem. Se você quiser ter certeza de compreender o outro, deve ser capaz de compreender em silêncio. Existe uma condição na qual suas mentes estão tão bem afinadas e harmonizadas em conjunto que se percebe o pensamento do outro sem nenhuma necessidade de palavras. Mas se não existir esta sintonia, haverá sempre alguma deformação no sentido porque, para aquilo que você fala, a outra mente fornece seu próprio significado. Por exemplo, eu uso uma palavra num certo sentido ou nuança de seu sentido; você está costumado a colocá-la em outro sentido ou nuança. Então, evidentemente você compreenderá, não o meu exato significado dela, mas o que a palavra significa para você. Isso é verdade, não apenas no falar, mas também no ler. Se quiser entender um livro que contenha um profundo ensinamento, você deve ser capaz de o ler no silêncio da mente; deve esperar e deixar que a expressão se aprofunde dentro de você, na região onde não há mais palavras, e de lá voltar vagarosamente para a sua consciência exterior e seu entendimento superficial. Porém, se você deixar as palavras pularem para a sua mente externa e tentar adaptar e ajustar as duas, terá perdido completamente seu real sentido e poder. Não pode haver perfeito entendimento a não ser que você esteja em união com a mente não expressa, que está por trás do centro de expressão." — A Mãe

"A mente pode estudar sobre Deus, sobre iluminação, sobre o Supremo. Pode até fingir que compreende tudo. Mas Deus não é algo que possa ser compreendido. Mesmo que você saiba algo sobre Deus, isto não quer dizer que O conheça. O conhecimento não é "sobre". Enquanto estiver dizendo "sobre" ainda estará do lado de fora, estará caminhando na periferia, não terá entrado no círculo. (...)

O amor acontece quando você está vazio. A erudição existe quando você está repleto. A erudição pertence ao ego e o ego não pode nunca penetrar no centro; é periférico. A periferia só pode conhecer a periferia. Ninguém pode conhecer o centro através do ego. O ego pode estudar, pode torná-lo um grande erudito, pode até transformá-lo num erudito religioso, numa grande autoridade sobre o assunto. Você pode saber tudo sobre os Vedas, os Upanishads, a Bíblia, o Alcorão e, mesmo assim, não conhecer nada — porque o centro não pode ser conhecido a partir do exterior. É algo que acontece quando você entrou e tornou-se um.

(...) Você tem estudado muito, tem estado caminhando em círculo. Mas quando alguém caminha em círculo, cria uma grande ilusão; sente que está progredindo. Você está sempre caminhando e, mesmo assim, não está indo a lugar algum porque seu movimento é circular. Você apenas se repete. (...) Você anda, anda e nunca chega a lugar algum, embora sempre sinta que está chegando: "Eu já andei tanto que agora a meta deve estar mais perto!"  Experimente andar em um círculo bem grande. Será difícil perceber que e um círculo porque você estará vendo apenas uma parte dele. Assim, parecerá sempre uma estrada, um caminho.

(...) Não que a iluminação seja difícil, mas porque, estudando, você perde a totalidade, a essência. Segue pela trilha errada. É como se alguém tivesse tentando entrar na sala pela parede. Não que entrar na sala seja difícil, mas que é preciso entrar pela porta. Se você tentar entrar pela parede parecerá difícil, quase impossível. Mas não é. Você é que está usando o meio errado. Ao iniciar a jornada, muitas e muitas pessoas começam pelo estudo, pelo aprendizado, pela instrução, informação, filosofia, pelos sistemas teológicos. Começam pelo "sobre" e, então, estão batendo no muro. (...) O que é o muro? Quando você começa pela erudição e não pelo ser, está batendo no muro.

Converta-se, seja! Não acumule informações. Se quiser conhecer o amor, seja um amante. Se quiser conhecer Deus, seja meditação. Se quiser entrar no Infinito, seja prece. Seja! Não colete instruções sobre a prece. Não tente acumular o que os outros dizem a respeito. Aprender não ajuda. Pelo contrário, só o desaprender é que auxilia. Abandone tudo o que sabe; só assim poderá conhecer. Abandone todas as informações, todas as escrituras. Abandone todos os Alcorões, Bíblias e Gitas — elas são as barreiras, os muros. Se você continuar batendo no muro, as portas não se abrirão — porque não estão nele. As pessoas batem no Alcorão, nos Vedas, na Bíblia e nenhuma porta é aberta.

O que é iluminar-se? É tornar-se consciente de si mesmo. Não é nada que diga respeito ao mundo exterior. Não é nada que se possa fazer com que os outros dizem. O que os outros dizem é irrelevante. Você está aqui! Para que ir consultar a Bíblia, o Alcorão, o Gita? Feche seus olhos — e eis você em sua infinita glória. Feche seus olhos e as portas se abrem. Você está aqui, não precisa ir perguntar a ninguém. Se perguntar, não compreenderá. O próprio perguntar demonstra que você pensa que está em algum outro lugar. O próprio perguntar demonstra que você está pedindo por um mapa. Para o mundo interior não existe nenhum mapa; não há necessidade, porque você não está caminhando para um destino desconhecido.

Na realidade, você não está caminhando.

(...) Iluminar-se significa retornar à fonte e a fonte está em seu interior: a vida está aí, fluindo, palpitando, continuamente batendo. Porque perguntar aos outros? Estudar significa perguntar aos outros. Perguntar sobre si mesmo aos outros?

Isto é uma tolice por excelência. Isto é um absurdo total — perguntar sobre si mesmo aos outros. O significado do estudo é este: procurar pela resposta. Mas você é a resposta!

(...)Não, ninguém pode responder. Não vá a nenhuma pessoa, vá a si mesmo! Quando você encontra um Mestre, tudo o que ele pode fazer é auxiliá-lo a encontrar a si mesmo; só isso. Nenhum mestre pode lhe dar a resposta. Nenhum mestre pode lhe dar a chave. O mestre só pode auxiliá-lo a olhar para o seu interior. Apenas isto. A chave está aí, o tesouro está aí, tudo está aí." — Osho


TRAVE DO DEBATE

"Existe uma forma de comunhão que não é verbal, que necessita aquela peculiar qualidade de atenção e sossego; assim, como dois amigos muito íntimos que não têm que falar muito, que não têm que entrar em longas e complicadas explicações, que compreendem um ao outro naquele próprio silêncio em que existe a comunhão da amizade, uma exposição de si mesmo ao outro; em que existe afeição, amor. Dois amigos muito íntimos; podem ficar muito quietos, cada um com seus próprios problemas; e nessa quietude, nesse silêncio, acontece uma outra atividade que pode resolver o problema." — Krishnamurti, Carta a uma Jovem amiga pág. 87

"A filosofia perde seu poder quando os demasiadamente intelectualizados a reduzem a meras discussões." — Paul Brunton

"Você está aqui não para cultivar um certo ego espiritual, mas para dissolver todo o ego, dissolver todo o sono. Você está aqui para acordar." — Osho

"Todos os debates são fúteis e estúpidos. O próprio debater é uma idiotice, porque ninguém pode atingir a Verdade pela discussão e o debate. Você pode conseguir, no máximo, abrigo por uma noite; mas isso é tudo... Pelo debate, pela lógica, pelo raciocínio, você nunca consegue alcançar a meta; consegue, no máximo, abrigo por uma noite. E não se iluda pensando que a noite de abrigo é uma meta. pela manhã, será preciso caminhar outra vez... A lógica pode conduzi-lo para algo que está próximo da Verdade, mas nunca à Verdade... lembre-se: o que está próximo da Verdade também é mentira. (...) Um segundo ponto a ser entendido: todas as discussões são tolas provocam um clima no qual qualquer entendimento entre duas pessoas se torna impossível; no qual qualquer coisa dita é sempre mal-interpretada. Uma mente que está propensa a vencer, a conquistar, não consegue compreender nada. Isto é impossível porque a compreensão necessita de uma mente não-violenta. E quando você está lutando pela vitória, você é violento. (...) Debater é um ato de violência... Na realidade, você não está em busca da verdade, está em busca da vitória. Quando a vitória é a meta, a Verdade é sacrificada. Quando a Verdade é a meta, você pode sacrificar a vitória.

Apenas a Verdade pode ser a meta; a vitória não. Quando a vitória é a meta, você se torna um político, não um homem religioso. Você fica agressivo, fica tentando vencer o outro, fica tentando dominar e tiranizar de todos os modos possíveis. A Verdade não pode nunca se transformar em dominação, não pode nunca destruir.  

A Verdade não pode ser uma vitória quando essa vitória significa derrotar alguém. A verdade traz humildade, modéstia. Não é uma "viagem" de ego (ego-trip) como são todos os debates. O debate nunca conduz ao real; sempre encaminha para o ilusório, para o não-verdadeiro porque a própria sensação de vitória é tão estúpida! Verdade significa: nem "você", nem "eu". Na discussão, ou você vence ou eu venço; a verdade nunca é vencedora. 

Aqueles que estão realmente na busca permite que a verdade vença a ambos, enquanto que os competidores pedem que a vitória pertença apenas a si mesmos, não aos outros. Entretanto, na verdade, os outros não existem. Na verdade, nós nos encontramos e nos tornamos um. Assim, quem pode ser o vencedor? Quem pode ser o vencido? Na verdade, ninguém é vencido. Na discussão, eu sou e você é. Não existe nenhuma ponte. 

Como você pode entender o outro se está contra ele? O entendimento é impossível. O entendimento necessita de simpatia, de participação. Entender significa ouvir o outro totalmente: apenas desse modo acontece florescimento. Ao discutir, ao debater, argumentar, racionalizar, você não ouve o outro. Apenas finge ouvir e, interiormente, fica se preparando. Por dentro, você está sempre se preparando para a tacada seguinte, pronto para rebater quando o outro parar. Você fica se preparando para refutar. Não ouve. Fica tramando como irá refutar o outro. 

Na discussão, no debate, a verdade não é significativa. Por isso num debate, a comunicação nunca acontece; é impossível alcançar a comunhão. Você pode argumentar e quanto mais argumentar mais se separará do outro. Quanto mais argumentar, maior será a brecha — torna-se um abismo. Nenhum encontro poderá acontecer. É por isso que os filósofos nunca se encontram. O mesmo acontece com os eruditos. Eles são grandes polemistas — o abismo existe. Eles não podem se encontrar. É impossível!

Apenas os amantes se encontram, mas amantes não debatem, comunicam-se. É por isso que, no Oriente, existe tanta insistência sobre verdade, fé. Quando você argumenta com o seu Mestre, a brecha se alarga. Neste caso, o melhor é ir embora; o melhor é deixar que este Mestre seja apenas um abrigo noturno e ir embora! Estar com ele não o levará a lugar algum, a brecha se alongará. Se você estiver argumentando, não poderá haver uma ponte sobre o abismo. Será impossível. Verdade significa simpatia; verdade significa não argumentar. Você veio para ouvir, não para discutir. Você veio para entender, não para debater. Você não veio para vencer; pelo contrário, está pronto para perder. 

Um discípulo verdadeiro está sempre em busca de ser derrotado pelo Mestre. O maior momento na vida de um discípulo acontece quando ele é completamente vencido, destruído. Não que o Mestre irá vencê-lo; ele é que se encaminhará para a derrota; o discípulo é que se encaminha para a destruição. E quando o discípulo não mais existe, quando está completamente derrotado, quando desaparece, só então a ponte atravessada. O abismo não mais existe e o Mestre pode penetrá-lo.

(...) O debate ocorre entre duas mentes, duas cabeças. O amor, a comunicação, a confiança acontecem entre dois corações... O coração só pode ser traído pela cabeça. O amor só pode ser traído pela lógica. Nada mais pode traí-lo. 

(...) Pela lógica, pela cabeça, pela argumentação, as pessoas tornam-se alheias umas às outras, tornam-se estranhas; a ponte entre elas é perdida. Como você pode achar a verdade se não consegue entender o outro, se não é capaz nem mesmo de ouvi-lo, se sua mente, por dentro, continua discutindo, brigando? Você é violento, agressivo. Essa agressão não o ajudará. Todos os debates são fúteis, nunca levam a nada. Mesmo que uma conclusão seja alcançada, essa conclusão é forçada. Não vem através da discussão. Você pode silenciar o outro, mas a convicção nunca chegará a partir disso, nunca! E eu digo isso categoricamente; nunca! Se você tiver alguns truques lógicos, poderá silenciar o outro. Ele não será capaz de lhe dar uma resposta. Você sentirá que sabe mais do que ele, que conhece mais truques. Você poderá colocá-lo a nocaute pelas palavras e racionalizações e ele será incapaz de responder. Mas, deste modo, você não conseguirá convencê-los. No íntimo  ele pensará: "Algum dia, encontrarei mais truques e o colocarei em seu devido lugar. Por enquanto, não posso responder. Está bem, eu aceito a derrota." Assim ele é derrotado, mas não é vencido.

E estas são duas situações diferentes. Quando você vence um coração, ele não é derrotado — ele fica feliz. Ele se sente vitorioso com sua vitória, ele participa. Esta não é uma vitória sua — a verdade venceu e ambos podem celebrar. Mas quando você derrota uma pessoa, ela nunca é vencida. Permanece inimiga. No íntimo, fica esperando pelo momento certo de reivindicar seus direitos. 

Nenhum debate pode tornar-se uma convicção. E se a convicção não é alcançada, o que dizer da conclusão? A conclusão é forçada, é prematura. É justamente como um aborto, não é um nascimento natural. Você forçou — uma criança morta ou uma criança aleijada, que permanecerá aleijada, fraca e morta para sempre, nasceu. 

Sócrates costuma dizer: "Eu sou uma parteira, auxílio o nascimento natural." Um Mestre é uma parteira. Ele não força, porque um nascimento forçado não pode ser um verdadeiro nascimento. É mais como a morte do que como a vida. 

Assim, um Mestre nunca é argumentativo. Se alguma vez ele parece sê-lo, é apenas para gracejar com você  — ele graceja por uma certa razão. Não tornar-se uma vítima. Ele o faz por uma determinada razão: ele argumenta apenas para descobrir se a sua argumentatividade pode ser despertada ou não. Se ela for despertada, você perderá. Se você puder ouvir suas argumentações, sem tornar-se argumentativo, ele não voltará a gracejar com você. Ele o está olhando por dentro. Você pode estar ouvindo conscientemente e argumentando inconscientemente. Então ele precisa trazer seu inconsciente à tona para que você possa se conscientizar dele. 

Algumas vezes, o Mestre olha como se estivesse com raiva, como se tivesse resolvido derrotá-lo. Mas ele nunca derrota ninguém; ele quer apenas a derrota do seu ego, não a sua; quer apenas destruir seu ego, não você. E lembre-se de que o ego é o veneno, ele o está destruindo. Quando o veneno for destruído, você ficará livre e vivo pela primeira vez. Uma abundância de luz lhe acontecerá pela primeira vez. O Mestre destrói a doença, não você.

Algumas vezes ele tem de ser argumentativo. Existiram Mestres que foram muito argumentativos. Era impossível derrotá-los, impossível fazer o uso do jogo das palavras com elas. Entretanto, eles faziam isso apenas para auxiliá-lo a trazer a sua inconsciência à tona; apenas para que você  pudesse se conscientizar, saber se a sua fé era verdadeira ou não.

(...) Quando o coração diz: "Sim!" totalmente, então você está pronto para ouvir. E apenas então a verdade pode lhe ser revelada. Se um não permanecer em seu interior, por mais insignificante que seja,  você não poderá receber a verdade porque esse não destruirá tudo. O não, por menor que seja, é poderoso, é muito poderoso; se ele existir, a verdade poderá ser contada, mas a revelação não acontecerá. O não a esconderá outra vez.

É por isso que eu digo que todos os debates são fúteis. E é por isso que eu continuo repetindo outra e outra vez que todo o esforço da filosofia tem sido inútil. Ela não chegou a nenhuma conclusão — ela não pode." — Osho


TRAVE DA EXPLICAÇÃO
"Um dos delírios mais coercivos é o delírio de explicação, a necessidade de explicar e interpretar todas as coisas com a ideologia simples que se tem no bolso. A vítima desse delírio se reveste, sem querer, do manto mágico da onisciência, suscitando assim o respeito e a submissão daqueles que se sentem premidos pela necessidade de explicar racionalmente os fenômenos que não compreendem. O charlatão, por exemplo, com suas atitudes de onisciente, reduz sua vítima a um estado de insignificância, fazendo-a sentir-se cada vez menor diante dos grandes mistérios do mundo. É essa mesma necessidade compulsiva de ser o sabichão, o mágico onisciente que têm todas as soluções, que se encontra com tanta frequência, no mundo totalitário e ninguém, inclusive o autor destas páginas está inteiramente livre de vir a aceitar uma dessas soluções prematuras. É entre os intelectuais, principalmente entre os que gostam de jogar com ideias e conceitos sem realmente participar dos empreendimentos culturais de sua época, que se encontra com mais frequência essa volúvel compulsão para tudo explicar sem nada compreender. Refugiando-se no isolamento intelectual e numa filosofia de torre de marfim, provocam muita hostilidade e suspeita por parte dos que recebem as pedras do intelectualismo em vez do pão da compreensão. Os intelectuais desempenham, no mundo democrático, um papel relevante de mestre das ideias; todo ensino, porém, envolve uma relação emotiva, é uma questão de se amar os alunos. É movimentar-se entre eles, participar de suas dúvidas para participarem juntos, alunos e mestres, da aventura comum de exploração do desconhecido." — Joost A.M. Merloo

TRAVE DA RAZÃO

"Afirma-se frequentemente que a razão é a faculdade mais alta do homem e que ela lhe possibilitou dominar-se a si mesmo e dominar a Natureza. Foi a razão realmente bem sucedida nisto?

À parte da ação vacilante do mundo, tem havido um trabalho do pensador individual no homem, e este atingiu uma qualidade mais alta e se ergueu a uma atmosfera mais elevada e mais clara, acima dos níveis de pensamentos humanos gerais. Tem havido o trabalho de uma razão que sempre busca conhecimento e pacientemente se esforça por descobrir a verdade por ela mesma — sem desvio, sem a interferência de interesses que distorcem — por estudar tudo, por analisar tudo, por conhecer o princípio e o progresso de tudo. A Filosofia, a Ciência, o conhecimento adquirido, as artes fundadas na razão, todos os trabalhos de eras da razão crítica ao homem, tem sido o resultado deste esforço. Na era moderna, sob o impulso da Ciência, este esforço assumiu enormes proporções e pretendeu por algum tempo examinar com êxito, e finalmente estabelecer, o verdadeiro princípio e a suficiente norma de processo não apenas para todas as atividades da Natureza, mas para todas as atividades do homem. Isto fez grandes coisas, mas não foi, por fim, bem sucedido. A mente humana começa a perceber que deixou o coração de quase todo problema sem ser tocado, e iluminou apenas exterioridades e uma certa ordem de processos. Tem havido uma classificação e mecanização grande e ordenada, uma grande descoberta e resultado prático de conhecimento cada vez maior, mas apenas na superfície das coisas. Jazem em baixo, vastos abismos da Verdade, nos quais estão ocultas as reais fontes, os misteriosos poderes e as influências secretamente decisivas da existência. A questão é se a razão intelectual será algum dia capaz de nos dar uma explicação adequada destas coisas mais profundas e maiores, ou de submetê-las à vontade inteligente, pelo fato dela ter conseguido explicar e canalizar, embora ainda imperfeitamente mas com muita mostra de resultado triunfante, as forças da Natureza física. Mas estes outros poderes são muito mais vastos, sutis, profundos, encobertos, indefiníveis e variáveis que aqueles da Natureza física. Mas estes outros poderes são muito mais vastos, sutis, profundos, encobertos, indefiníveis e variáveis que aqueles da Natureza física. 

Toda a dificuldade da razão em tentar governar nossa existência advém do fato de que, devido suas limitações inerentes, ela é incapaz de lidar com a vida em sua complexidade, ou em seus movimentos integrais; ela é compelida a decompô-la em partes, a fazer classificações mais ou menos artificiais, a construir sistemas com dados limitados, que são contraditos, derrubados ou têm que ser continuamente modificados por outros dados, obrigada a elaborar uma seleção de potencialidades ainda não reguladas.

Quando a razão se aplica à vida e à ação, ela se torna parcial e apaixonada, e se torna serva de outras forças que não a verdade pura.

Mas mesmo que o intelecto se mantenha tão imparcial e desinteressado quanto possível — e totalmente imparcial, totalmente desinteressado o intelecto humano não pode ser, a menos que ele se satisfaça com o chegar a um inteiro divórcio da prática, ou a um tipo de tolerantismo e ecletismo grandes mas inefetivos, ou a uma curiosidade cética — ainda assim as verdades que ele descobre ou as ideias que promulga se tornam, no momento em que são aplicadas à vida, o brinquedo de forças sobre as quais a razão tem pouco controle. A Ciência, em sua maneira fria e imparcial, fez descobertas que serviram por um lado a um humanitarismo prático, e por outro forneceram armas monstruosas para o egoísmo e a destruição mútua; ele tornou possível uma gigantesca eficiência de organização que tem sido usada por um lado para o melhoramento econômico e social das nações, e por outro para tornar cada uma delas um aríete de agressão, demolição e matança. De um lado ela deu surgimento a um grande humanitarismo racionalista altruísta, e de outro justificou um egoísmo e vitalismo perversos, ambição vulgar de poder e sucesso. Ela juntou a espécie humana e deu-lhe uma nova esperança, ao mesmo tempo em que a esmagou com a carga de um comercialismo monstruoso. E isto não se deve a seu divórcio da religião, como frequentemente se afirma, nem a uma falta de idealismo. A filosofia idealista tem estado igualmente a serviço do bem e do mal, e proporcionou uma convicção intelectual tanto para reação quanto para progresso. A própria religião organizada, bastante frequentemente no passado, incitou os homens ao crime e ao massacre e justificou o obscurantismo e a opressão. 

A verdade é isto em que estamos agora insistindo: que a razão é em sua natureza uma luz imperfeita, com uma grande mas ainda assim restrita missão, e que, tão logo se aplica à vida e à ação, ela se torna sujeita ao que estuda, e serva e conselheira das forças  em cuja luta obscura e mal compreendida intervém. Ela pode em sua natureza ser usada, e sempre o tem sido, para justificar qualquer ideia, teoria de vida, sistema de sociedade ou governo, ideal de ação individual ou coletiva a que a vontade do homem se apegue momentaneamente ou através dos séculos. Na filosofia ela dá igualmente boas razões para o monismo e o pluralismo ou para qualquer estação intermediária entre eles, para a crença no Ser ou para a crença no Tornar-se, para o otimismo e pessimismo, para ativismo e quietismo. Ela pode justificar o religiosismo mais místico e o ateísmo mais positivo, descartar-se de Deus ou não ver nenhuma outra coisa. Na estética ela fornece a base igualmente para o classicismo e para o romantismo, para uma teoria idealística, religiosa ou mística da arte, ou para o realismo mais terra-a-terra. Ela pode com igual poder fundamentar austeramente um moralismo rigoroso e estreito ou provar triunfantemente a tese do antinomiano. Ela tem sido o profeta suficiente e convincente de toda espécie de autocracia ou oligarquia e de todas as espécies de democracia; ela fornece razões excelentes e satisfatórias para o individualismo competitivo, e igualmente razões excelentes e satisfatórias para o comunismo ou contra o comunismo e para o socialismo de Estado ou para uma variedade de socialismo contra outra. Ela pode colocar-se com igual eficácia a serviço do utilitarismo, economismo, hedonismo, esteticismo, eticismo, idealismo, ou qualquer outra necessidade ou atividade essencial do homem, e construir em torno disso uma filosofia, um sistema político e social, uma teoria de conduta de vida. Peça-lhe que não se incline para uma ideia só, mas que faça uma combinação eclética ou uma harmonia sintética, e ela irá satisfazê-lo; somente, qualquer que seja o número de combinações ou harmonias possíveis, ela justificará igualmente bem uma ou outra, e erigirá ou derrubará qualquer uma delas, conforme o espírito no homem for por ela atraído ou dela se retirar. Pois em verdade é ele quem decide, e a razão é apenas um servo e ministro brilhante destevelado e secreto soberano." — Sri Aurobindo em, A evolução futura do homem


TRAVE DO CONHECIMENTO

"A estrada do inferno está cheia de boas intenções"... naturalmente, apenas de boas intenções não realizadas. Há muitos anos, quando eu ainda me entregava (também "com boas intenções") a discussões com pessoas que apenas falavam, mas a quem faltavam as qualidades para provar o que professavam, tive a oportunidade de observar a verdade contida nesse velho provérbio. Mas a dissipação e as deliberações verbais vazias são, na verdade, obstáculos, e não uma ajuda para se obter a Supraconsciência". - Mouni Sadhu

"Você já observou a si mesmo? Está sempre tentando exibir sua sabedoria, em busca de uma vítima a quem possa mostrar seu conhecimento, sua capacidade; só procurando, caçando alguém mais fraco do que você — para que possa se intrometer e mostrar sua sabedoria." — Osho

"O sentido dessas páginas será claro para aqueles que penetraram o mistério da parábola do Cristo: "Em verdade vos digo que enquanto não vos tornardes simples como uma criança, não entrareis no Reino do Céu", mas de difícil compreensão aos intelectuais, aos espíritos esmiuçadores e aos egocêntricos. O intelecto é apenas uma máquina; ele se torna um servo excelente, porém, um mau senhor. Temos a tendência a criticar o que não compreendemos. No entanto, se alguma coisa parecer difícil de entender ou obscura na sua forma, aconselho ao leitor parar um pouco e meditar até descobrir o sentido oculto do escrito." - Paul Brunton - O Caminho Secreto

"A coragem é mais do que defender uma firme convicção. Ela inclui o risco de questionar essa convicção". — Julian Weber Gordon

"Você está querendo ser banido, apagado, cancelado, ser reduzido a nada? Você quer ser reduzido a nada? Mergulhar no esquecimento? Se não quer, você nunca vai conseguir mudar realmente." — D.H. Lawrence

"O Conhecimento é necessário para a compreensão da verdade? Quando digo "eu sei", isso implica conhecimento. Uma mente assim será capaz de investigar e buscar compreender o que é a realidade? Além disso, o que é que sabemos que nos deixa tão orgulhosos? Conhecemos informações, estamos cheias delas e de experiências baseadas em nosso condicionamento, nossa memória e nossas capacidades. Quando dizemos "eu sei", o que estamos realmente fazendo? Estamos reconhecendo um fato passado, certa informação que recebemos, ou uma experiência que tivemos. O acúmulo constante de informações e a aquisição de várias formas de conhecimento constituem a informação "eu sei", e começamos a interpretar o que lemos de acordo com a formação que tivemos, nossos desejos e experiências. Nosso conhecimento, então, é algo que funciona em um processo similar ao processo do desejo. Substituímos crença por conhecimento. "Eu sei, tive essa experiência, o que digo não pode ser refutado". "Minha experiência é essa, e nela confio completamente". Essas afirmações indicam determinado conhecimento. Mas quando vamos além e analisamos esse conhecimento de modo mais inteligente e cuidado, vemos que a própria afirmação "eu sei" é outro muro que nos separa dos outros. Por trás desse muro refugiamo-nos em busca de conforto e segurança. Assim, quanto maior for o fardo do conhecimento que a mente carrega, menor será sua capacidade de compreender."
Não sei se você já refletiu sobre esse problema da aquisição de conhecimento, se já se perguntou se o conhecimento nos ajuda a amar, a nos livrar daquelas qualidades que causam conflito em nós mesmos e entre nós e o próximo, se o conhecimento livra a mente da ambição.

Afinal, a ambição é uma qualidade que destrói o relacionamento, que põe homem contra homem. Para viver em paz uns com os outros, a ambição teria de desaparecer completamente, não apenas a ambição política, social e econômica, mas também aquela mais sutil e perniciosa, a ambição espiritual, de ser alguma coisa. É possível, para a mente, livrar-se desse processo de acúmulo de conhecimento, desse desejo de saber?

É interessante observar como essas duas coisas, conhecimento e crença, desempenham um papel extraordinariamente poderoso em nossa vida. Veja como veneramos aqueles que têm imenso conhecimento, uma grande erudição! Você entende o significado disso? Para encontrar algo novo, experimentar alguma coisa que não seja uma projeção da imaginação, sua mente precisa estar livre, não é verdade? Você precisa ser capaz de ver o que é novo. Mas, infelizmente, toda vez que vê algo novo, você desenterra todas as informações que já teve, todo o seu conhecimento, todas as suas lembranças e, é óbvio, torna-se incapaz de ver, de receber alguma coisa nova, que nada tem a ver com o que é velho... Estamos discutindo o conhecimento que é usado como meio de obter segurança, estamos falando do desejo psicológico de ser alguma coisa. O que se consegue por meio do conhecimento? A autoridade do conhecimento, o peso do conhecimento, o senso de importância, de dignidade, de vitalidade e tudo o mais. Um home que diz "eu sei", "existe" ou "não existe", parou de pensar, parou de investigar esse processo de desejo.

Nosso problema, a meu ver, é que estamos presos, vergados sobre o peso da crença, do conhecimento. É possível para a mente livrar-se do ontem, das crenças adquiridas por meio do passado? Você entende a questão? Podemos, você e eu, como indivíduos, viver nesta sociedade e, ainda assim, livrar-nos das crenças nas quais fomos criados? A mente pode livrar-se de todo esse conhecimento, toda essa autoridade? Lemos várias escrituras, vários livros religiosos, que nos dizem minuciosamente o que fazer e o que não fazer, como alcançar nossos objetivos, quais devem ser esses objetivos e o que é Deus. Todos sabem isso de cor. Esse é o conhecimento que as pessoas adquirem ao longo do caminho, o conhecimento que buscam. É claro que se encontra aquilo que se busca, mas será a realidade?

Não será a projeção do próprio conhecimento de quem busca? É possível compreender isso agora, não amanhã, mas neste momento, e dizer "estou vendo a verdade disso", sem a interferência do conhecimento, de modo que a mente não fique incapacitada por esse processo de imaginação, de projeção?

(...) Então, nossa pergunta é: a mente pode livrar-se do conhecimento e da crença? Ela não é feita de conhecimento e crença? Sua estrutura não se baseia nessas duas coisas? Crença e conhecimento são processos de identificação, tanto consciente como inconscientes. Pode a mente livrar-se da própria estrutura? Pode a mente deixar de existir? Esse é o problema. A mente, como a conhecemos, tem a crença como retaguarda, tem o desejo, tem a ânsia de segurança, conhecimento e força acumulada. Se, com todo poder e toda autoridade, uma pessoa não consegue pensar por si mesma, não pode haver paz no mundo... Um homem realmente sincero a respeito disso, que quer de fato descobrir o novo, precisa enfrentar o problema do conhecimento e da crença, precisa ir além e compreender todo o processo do desejo de segurança, de certeza.

A mente que quer alcançar um estado em que o novo pode acontecer — seja a verdade, seja deus, ou qualquer coisa que se queira — precisa parar de adquirir, de acumular, e colocar de lado todo conhecimento. A mente sobrecarregada de conhecimento não pode compreender aquilo que é real, aquilo que não é mensurável." — Krishnamurti

"Existem dois tipos de pessoas: algumas são preenchidas com conhecimento e outras são preenchidas com ignorância. Existem pessoas que dizem, 'nós sabemos'. O ego delas subiu com o conhecimento. E existem pessoas que dizem, 'nós somos ignorantes'. Elas estão preenchidas com a ignorância.. Elas dizem, 'nós somos ignorantes, nós não sabemos'. Um é identificado com o conhecimento e o outro com a ignorância. Mas ambos possuem alguma coisa, ambos valorizam alguma coisa. Empurre ambos para o lado, o conhecer e o não-conhecer, assim você não é nem a ignorância, nem o conhecimento.Coloque ambos de lado, o positivo e o negativo. Então quem é você? De repente, o 'quem' será revelado a você. Você se tornará consciente do além, daquilo que transcende. Colocando ambos de lado, o positivo e o negativo, você estará vazio. Você será nenhum, nem sábio nem ignorante. Coloque ambos de lado, o ódio e o amor; coloque ambos de lado, a amizade e a inimizade. Quando ambas as polaridades forem colocadas de lado, você estará vazio.

Mas esse é o truque da mente: ela pode colocar um de lado, mas nunca os dois juntos. Ela pode colocar um de lado - você pode colocar a ignorância de lado, então você se agarra ao conhecimento. Você pode colocar a dor de lado, mas aí você se agarra ao prazer. Você pode colocar os inimigos de lado, mas aí você se agarra aos amigos. E existem algumas poucas pessoas que fazem justamente o contrário: elas colocam os amigos de lado e se agarram aos inimigos; elas colocam o amor de lado e se agarram ao ódio, elas colocam a riqueza de lado e se agarram à pobreza; elas colocam o conhecimento e as escrituras de lado e se agarram à ignorância. Essas pessoas são grandes renunciadores. Qualquer coisa que você se agarra, elas colocam de lado e se agarram ao oposto - mas elas se agarram do mesmo jeito.

Agarrar-se é o problema, porque se você se agarra, você não consegue esvaziar-se. Não se agarre; esta é a mensagem dessa técnica. Simplesmente não se agarre a nada, positivo ou negativo, porque com o não-agarrar-se você encontrará a si mesmo. Você está aí, mas por causa desse agarrar, você está escondido. Com o não-agarrar você estará exposto, você estará descoberto. Você explodirá."

"A pessoa adormecida no máximo pode sonhar que está acordada. Mas isso também é um sonho. Esse sonho é conhecimento. A pessoa que está adormecida e pensa que sabe... Isso é conhecimento. Mas a pessoa que realmente desperta - é sabedoria. O conhecimento é um substituto falso, plástico, da sabedoria." — Osho

"É tão barato se tornar culto! Escrituras, bibliotecas e universidades estão aí: é tão fácil se tornar culto! E quando você se torna culto você fica num espaço muito sensível, pois o ego gostaria de acreditar que aquele é seu conhecimento – não somente instrução, mas sua sabedoria.

O ego gostaria de transformar conhecimento em sabedoria – e você começará a acreditar que sabe.

Mas você nada sabe, apenas conhece livros e o que está escrito neles.

Talvez esses livros foram escritos por outras pessoas iguais a você. Na verdade, se você ler dez livros, sua mente se tornará tão repleta de lixo que você desejará despejá-lo. O que mais você vai fazer com isso? Você precisa descarregar.

Simplesmente permaneça com a vida que está dançando em você, respirando em você, viva em você.

Você precisa chegar mais perto de você mesmo para conhecê-la. Talvez você esteja demasiado longe de você mesmo. Suas preocupações o levaram longe. Você precisa voltar pra casa.

Você pode ser somente você mesmo e nada mais.

E é belo ser você mesmo.

Qualquer coisa original tem beleza, frescor, fragrância, vivacidade. Tudo o que for imitação é morto, falso, plástico. Você pode fingir, mas quem você está enganando? Você não está enganando a ninguém, exceto você mesmo. E qual é o propósito em enganar? O que você vai ganhar?

Antes que você possa vir a se conhecer, você precisa ser você mesmo.

Você precisa abandonar todas essas personalidades como se fossem roupas e precisa atingir sua completa nudez.

E a partir daí, o início... Tente perceber...

Você conhece sua face somente no espelho, a partir do exterior, pois você não está atento. Se começar a ficar atento, sentirá sua face a partir do interior – e essa é uma rica experiência, observar a si mesmo a partir do interior...

Então, lentamente, coisas estranhas começam a acontecer... Pensamentos, sentimentos, emoções desaparecem, e há um silêncio te envolvendo. E você é como uma ilha no meio de um oceano de silêncio... " — Osho

“...De fato, como assinala o sábio, o filósofo livresco está até mesmo em piores condições do que outros homens. Seu coração é assediado por novos apegos — dos quais o iletrado está livre — que não lhe dão tempo para dedicar-se à tarefa de descobrir o Ser Real. Muitas vezes não têm nem mesmo consciência da premente necessidade de se prepararem para tal empresa, harmonizando o conteúdo de sua mente e dirigindo suas energias para o Ser, e não para o mundo. Interfere-se daí que, quem conhece o Ser apenas por intermédio de livros, não o conhece mais do que a gente simples. Por essa razão o sábio compara o filósofo livresco ao gramofone. Não é melhor do que ninguém pela sua erudição, assim como o gramofone não é melhor pelas boas coisas que repete.

Os livros, devemos lembrar, não passam de sinais indicadores na estrada para a sabedoria, que nos liberta; logo, essa sabedoria não pode ser encontrada nos livros. O Ser que precisamos conhecer está no interior e não no exterior. Caso a sabedoria desperte, nessa oportunidade, o Ser, refulgindo em todo o seu esplendor, mostrar-se-á diretamente, sem qualquer agente intermediário. Os estudos dos livros porém engendra a ideia de que o Ser é algo externo, que se precise conhecer como um objeto, por intermédio da mente.

A vasta confusão que reina nas especulações filosóficas e teológicas é devida a essa ignorância. Todos estão totalmente convencidos de que as questões abstrusas, referentes ao mundo, à alma e a Deus, podem ser resolvidas, final e satisfatoriamente, pelas especulações intelectuais sustentadas por argumentos tirados da experiência humana comum, a qual é o que é, devido a essa ignorância.

Filósofos e teólogos discutem desde o início da criação — se é que houve criação — sobre a causa primeira, o modo da criação, a natureza do tempo e do espaço, a realidade ou irrealidade do mundo, a discordância entre o determinismo e o livre-arbítrio, o estado de libertação, e assim por diante, numa sucessão infinita. E não chegam a nenhuma conclusão…

Não pode haver conclusão final — uma conclusão que possa não ser derrubada por argumentos novos, ou aparentemente novos, enunciados por outros contendores, a menos que o Ser real seja alcançado. Para aquele que atingiu o Ser real, estas controvérsias chegaram ao fim. Mas para os outros, elas devem continuar, a menos que ouçam o conselho do Sábio, cuja finalidade é fazer com que deixem de lado todas essas questões e se dediquem de coração a busca do Ser. Ou aceitamos o ensino dos Sábios sobre essas especulações, pelo menos a título de hipótese, de modo a não sermos desviados, por elas, da nossa busca, ou reconhecemos a profunda verdade de que esses assuntos não têm a menor importância e não precisam de respostas — que a única coisa necessária é encontrar o Ser. Essas questões surgem, se é que isso acontece, apenas para aqueles que consideram a mente ou o corpo como o Ser.

Compreendemos, assim, que todos os nossos sofrimentos são devidos à nossa ignorância sobre o Ser Real. Devemos vencê-la se quisermos gozar a verdadeira felicidade, pois a remoção da causa é a única forma de cura radical que existe. O mais é tratamento paliativo, que pode até mesmo, no final de contas, ser maléfico, agravando, na verdade, a doença. E só poderemos ser livres dessa ignorância, por meio da experiência com o Ser.

Não é empresa fácil, pois o instrumento a ser usado nesse trabalho é a mente. Ela tem que se desligar de tudo o mais e dirigir-se para o Ser Real. Mas a mente não se desliga facilmente de suas preocupações costumeiras. Se for forçada a isso, não se concentra, e logo volta ao ponto de partida. Assim é porque está cheia de idéias que são frutos da ignorância; e tais idéias rebelam-se para defender a vida de sua geratriz, a ignorância, porque a vida desta é também delas. Temos, portanto, de liquidar todas essas idéias.

Por serem causadas pela ignorância primordial, provavelmente tais idéias são falsas. E é lógico que o conhecimento falso é o inimigo do despertar da Verdade. Portanto, é necessário que examinemos essas idéias e as rejeitemos, se julgadas incorretas; ou mesmo apenas duvidosas. Somente assim, estaremos seguros contra sublevações traiçoeiras, ao empreendermos a busca do Ser Real.

Nessa análise, devemos guiar-nos pela absoluta devoção à Verdade. O Gita nos diz: “Aquele que ama a Verdade e submete todo o seu ser ao amor da Verdade, A encontrará.” Essa condição é muito importante. É claro que não pode haver amor parcial pela Verdade. Um amor à Verdade sendo limitado implica amor também pela inverdade, em maior ou menor grau. O amor perfeito pela Verdade significa uma total boa-vontade para renunciar a tudo que se julgue ser falso, em decorrência de uma análise justa. Implica, também, a capacidade de submeter a exame completo e imparcial todas as crenças que temos agora quanto ao mundo, à alma e a Deus. O amante da Verdade caracteriza-se por não ter maior apego às suas crenças do que as crenças alheias. Conserva-as a título de hipótese e pode claramente refletir sobre a possibilidade de achar que são insustentáveis e dignas de renúncia. É a isenção de apego às suas próprias crenças que lhe permite fazer uma análise imparcial de sua validade. E, se em decorrência dessa análise, julgar que não são válidas, não somente renúncia a elas, como também fica sempre alerta contra a possibilidade de que voltem, até que venham perder influência sobre ele. Por conseguinte, devemos cuidar para que sejamos devotos somente da Verdade, e livres de erros. E em prol da Verdade, renunciar ao amor que devotamos às nossas crenças, de modo que a Verdade possa reinar suprema em nossos corações quando a tivermos encontrado.

O que se conhece como filosofia é apenas este exame imparcial de todas as nossas idéias — do conteúdo inteiro de nossa mente.  Somente isso é verdadeira filosofia. Tudo o mais não passa de pseudofilosofia. E podemos afirmar com segurança que pseudofilósofos são aqueles que, ou não compreenderam o fato de que ignoram o Ser, ou estão completamente satisfeitos de permanecerem sujeitos a tal ignorância.
Consideremos agora como nos certificarmos de que, em nosso filosofar, evitaremos os engodos que se emboscam em nosso caminho, e de que chegaremos a idéias que não serão adversárias da nossa Busca do Ser Real."  — WHO



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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill