Quem sou eu? Esta é uma pergunta que deve penetrar fundo na nossa consciência. Ela deve ser formulada em silêncio e feita com reverência, com seriedade e, mais tarde, até mesmo num espírito de quase prece.
Devemos começar a tomar consciência dessa indagação e nos absorvermos nela durante um espaço limitado ao menos uma vez ao dia em nossa vida reflexiva. Devemos fazer uma tentativa de analisar a nossa natureza e — com espírito responsável e meticuloso — dissecar o conceito do eu assim como um anatomista disseca o corpo físico, até tomar ciência daquilo que o corpo realmente é. Esta análise deve ser mais do que um mero esgravatamento das paixões humanas, o qual, segundo numerosos psicólogos modernos, já seria suficiente. Ela deve ser um esforço para perscrutar uma seção transversal da experiência humana, em sua totalidade, desde o mais grosseiro até o mais etéreo.
Voltamos sempre ao único fator que deve ter preeminência, seja na filosofia teórica, seja na vida prática: o conhecimento do eu. Em consequência, o autoconhecimento dirige-se diretamente para este objetivo: uma análise mental do eu pessoal que resulte na descoberta do eu espiritual. Tal descoberta jamais surgirá se nos debruçarmos sobre uma mesa de laboratório. É essencial uma profunda meditação acerca do tema QUE SOU EU?
O princípio básico deste método é, portanto, tomar essa indagação, e tentar referir a natureza e a origem do conceito do eu; analisar a totalidade dos componentes que de hábito consideramos como partes do nosso ser individual; examinar, uma por uma, cada parte do corpo e suas respectivas emoções e pensamentos; e através disto tudo buscar aquilo que realmente se pode chamar de eu, relegando tudo mais a um esquecimento TEMPORÁRIO.
Paul Brunton em, A Busca do Eu Superior