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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Não se pode falar do oceano para um sapo do brejo

[...] Há muita gente que irá asseverar que um tal domínio sobre o pensamento é impossível e que essas ideias de uma vida mais divina para o homem são ilusórias. Suas asserções são bastante acuradas do restrito ponto de vista, mas por que devemos aceitar tais limitações? Por que ficar numa prisão quando nos colocam nas mãos uma chave que abrirá a porta da mente, fazendo-nos entrar nos espaços mais amplos da liberdade? O homem não se deve deixar hipnotizar pelas doutrinas correntes. Ideias hoje em voga amiúde caem em descrédito amanhã, e somente aqueles que se emanciparam antes da sua época podem ajudar os outros a fazer o mesmo.

A mente humana se revoltaria contra si mesma se atingisse uma compreensão completa e não apenas parcial da natureza das coisas. A habitual atitude egocêntrica é natural, mas não é o derradeiro posto de observação à disposição do homem. A Eternidade está aberta apenas a um eu mais elevado. O preço que temos de pagar para encontra-la é abandonar o eu inferior — esse que conta os segundos e meses e se identifica inteiramente com o corpo. A tranquilidade mental é o meio para lá chegar. A raiz desse eu mais elevado está dentro de nós; também o obstáculo íntimo está dentro de nós.

“Não se pode falar do oceano para um sapo do brejo — criatura de uma esfera mais acanhada. Não se pode falar de um estado isento de pensamento para um pedagogo; sua visão é demasiado restrita”, queixava-se o preclaro chinês Chuang Tzu.

A tentativa de insinuar a possibilidade de uma existência intemporal e livre de pensamentos junto a seres destituídos de noção e experiência fora dos limites do tempo está cheia das maiores dificuldades. Um tal mundo é na verdade inconcebível para o homem médio que, de forma singular, porém natural, acredita que, porque ele pertence a uma maioria enganadora, é também o homem normal, o homem que vai de encontro aos desejos da Natureza. Contudo, a tentativa não deixa de ter o seu valor, pois atrai aqueles que a acolhem para as regiões adormecidas da sua mente; os próprios esforços no sentido de compreender — de início aparentemente tão fúteis e vãos — geram uma intuição incipiente. Pois carregamos dentro de nossa própria natureza tanto os laços que nos mantêm presos a opiniões incompletas ou falsas quanto aos meios de rompermos tais laços. Aquele que se esforça seriamente para apanhar todas as implicações destas declarações constatará, no devido tempo, que seus esforços possuem um valor mágico: ajudam a abrir para ele um novo sentido.

Repetindo: a eternidade existe, mas o preço de tomar consciência dela é o domínio das sempre fluentes correntes do pensamento. O intelecto cria o tempo, o Eu Superior o absorve sempre que absorve o intelecto.

É preciso começar a adquirir uma nova forma de ver as coisas e um novo hábito, o do repouso intemporal interior. É preciso aprender a distinguir entre as sensações efêmeras e a vida duradoura, mesmo quando ambas coexistem em nós. É preciso libertar a mente do trabalho de olhar retrospectivamente para o passado empoeirado e antecipar o hermético futuro, como também é preciso livrá-la de ser arrebatada pelo momento que passa e fazê-la compreender o legítimo pensamento intuitivo, que se resume em perceber a voz interior do Absoluto. Embora não possamos captar diretamente com o intelecto o conceito de eternidade e precisamos apelar para a metáfora, podemos, contudo, compreendê-lo indiretamente, usando o intelecto como trampolim. Quando o salto é bem sucedido a eternidade permanecerá fixa no coração, pois nos teremos tornado unos com ela.

Devemos alcançar essa perspectiva mais alta e viver no eterno, essa serenidade interior que é a mesma ontem, hoje e sempre, e não se deixa afetar pelas vicissitudes. Isto não significa recusar-se a tirar proveito das lições do passado, nem caminhar com indiferença pelo presente. Significa uma estabilidade básica perpétua no centro do nosso ser consciente, a qual nem as recordações passadas nem os acontecimentos presentes de uma existência evanescente podem abalar — uma estabilidade que pode alimentar reminiscências ou previsões sem render-se a qualquer delas. Porém, na maior parte dos casos, deixamos de pensar nos acontecimentos tão logo eles ocorrem; as impressões mentais são varridas da nossa mente com grande rapidez. Pois é melhor ser indiferente ao futuro se a recompensa for a vida eterna; é mais proveitoso esquecer o passado se a mesma recompensa vier depois. Assim poderemos continuar sem ser influenciados pela autocensura e sem ser excitados pelos desejos especulativos.


Dessa maneira o estudo de nós mesmos resume-se afinal no estudo do nosso intelecto, e o estudo do intelecto resume-se depois no estudo da consciência e a consciência, por sua vez, descobre-se ser a seráfica e secreta exploração do Presente, a fusão de cada momento com a eternidade. Essa é a vida divina que nos leva além do tempo. 

Paul Brunton em, A Busca do Eu Superior
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill