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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Concentração: porta da libertação do intelecto


A concentração consiste em deter a habitual mobilidade do intelecto e conservá-lo firmemente dirigido para uma única linha de deslocamento, entrando profundamente num pensamento especial. Para conseguir isto é necessário ignorar as impressões e sensações físicas que o ambiente atira sobre nós, abafar o ruído da vida mundana, silenciando-o; e manter à distância o enxame de pensamentos intrusos e externos, praticando o controle consciente da mente durante a meia hora de meditação. Em suma, enquanto pensamos integralmente no assunto escolhido, é preciso que haja uma resistência voluntária aos impactos da percepção, que vêm de fora, e as rebeliões dos pensamentos aleatórios, que vêm de dentro. Não nos é possível destruí-los ou apaga-los prontamente, mas podemos fixar um alvo inarredável, um ideal de permanecer indiferentes a eles como a rocha contra a qual as ondas do mar batem em vão, impotentes para desloca-la da sua base. Durante a primeira metade do exercício sentimos uma necessidade quase incontrolável de abandoná-lo, de nos erguermos e tratarmos de outra coisa. A mente se queixará amargamente de ser desviada da sua trilha habitual, da tirania de ser contrariada pela interiorização, quando de bom grado aceita a tirania muito maior de ser o dia todo levada para o exterior. A inquietude da mente é a descoberta genérica de todos quantos adotam a meditação. Tal descoberta é confirmada por cada esforço e conduz à princípio a um certo desencanto. Os primeiros e desajeitados esforços deixam uma sensação de fracasso e fadiga. Compreendemos então que apenas uma pequena fração dos nossos pensamentos é realmente nossa, o resto não passando de uma turba indisciplinada e rebelde. Se cedermos a esses sentimentos negativos estaremos caminhando para o fracasso. Se, contudo, aceitarmos o fato de que a tarefa empreendida é séria e difícil — conquanto exequível e digna de ser cumprida —, atacando com coragem e sem desfalecimentos os exercícios, um dia haverá uma recompensa, quando no tumulto da mente surgir uma parada maravilhosa e a tendência exteriorizante for inteiramente dominada.

Até aqui temos obedecido irresistivelmente à constante mobilidade da mente e cedido a ela; no instante em que começamos a silenciar a agitação habitual da mente, aparece, claro está, uma séria resistência. E isso seria de esperar. Devemos aceitar, por conseguinte, o fato da inevitabilidade dessa resistência e, ao invés de abandonar os exercícios, por faltos de inspiração e estéreis, devemos perseverar com paciência e confiança de que o intelecto se torne um pouco mais firme a cada mês que passe.

Porque a mente foi aprisionada pelo corpo e sujeita ao seu serviço, o objetivo da meditação é inverter as posições e libertá-la de um jugo despótico, de modo que ela possa reunir-se com o seu legítimo senhor, o Eu Superior. Quando a mente foge ao nosso domínio e faz com que as sensações externas ou lapsos se imponham à nossa atenção, devemos fazer o mais difícil: impedi-la de divagar; tentar torna-la introspectiva e, pacientemente, fazer sua atenção reverter ao foco apropriado, por mais cansativo e repetitivo que possa ser. Paciência e indiferença aos fracassos reiterados são essenciais na obtenção do sucesso final.

A concentração do pensamento é como cavalgar uma mula teimosa que não se cansa de enveredar para onde bem entende; sempre que o montador percebe que a sua montada está desgarrando, é obrigado a fazê-la endireitar a cabeça e retomar o caminho certo. O nosso Eu Superior interno está sempre ao nosso alcance, mas os nossos pensamentos itinerantes devem transformar-se no seu combustível; há tanto tempo agimos como filhos pródigos que a jornada da volta demandará um apreciável espaço de tempo. Por essa razão requer-se paciência nesses esforços. A ninguém é dado tornar-se um bom músico em apenas três meses, contudo a maioria dentre nós espera conseguir o melhor da vida depois de uns poucos esforços, tornando-se pessimista quando não há uma resposta imediata.

É preciso acrescentar uma observação final a fim de eliminar uma confusão que frequentemente ocorre à mente dos que adotam a ioga — o caminho da concentração. A conservação de uma linha de pensamentos consecutivos e ordenados, ou meditação, é o único processo preliminar e intermediário desse caminho. Trata-se de um estado de transição. A concentração ou contemplação adiantada consiste em fixar a atenção num único pensamento, objeto ou pessoa, deixando que ela ali se demore e evitando outros pensamentos sobre o mesmo tempo. Em consequência, um pensamento consecutivo efetivo é o esforço inicial que leva à concentração, mas não é a concentração final propriamente dita, porque envolve a passagem de uma sucessão de pensamentos. A concentração envolve apenas um objeto, ou apenas um pensamento. Precisamos aprender a encarar o intelecto como uma máquina de pensar que deve ser temporariamente posta de lado quando houver servido aos seus propósitos, ao invés de ser continuamente manipulada. A ação mental disciplinada tem de ser seguida por um repouso mental controlado — repouso que, abrindo o momento presente, faz-nos entrar na eternidade e liberta o pensador do sempre febricitante casulo de pensamentos.  


Paul Brunton em A Busca do Eu Superior
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill