Pergunta: No relato de uma das vossas palestras, disseram que o vosso
ensinamento era o Budismo ensinado por Schopenhauer em seu “O mundo como Vontade
e Ideia”. Diga-nos, por favor, o que pensais de tal afirmativa?
Krishnamurti: É muito
simples. Nunca li Schopenhauer e nem estudei as escrituras budistas. O que vos
digo é de minha experiência própria e não deduzido de livros. É a minha
experiência de sofrimento, da dor, do prazer, da morte, do amor e de todas as
coisas que causam aflição e profundo cuidado aos seres humanos — trabalho,
amor, ódio, tudo quanto concorre para criar o homem que é a própria Vida. Isto não
se deriva do Budismo, do Hinduísmo ou do Schopenhauer. Se compreenderdes, por
conseguinte, o meu ponto de vista, é de pequena monta o pedirdes que vos
explique Schopenhauer ou outra escritura ou que compare suas ideias com o que
digo. Desejo que compareis o que digo com o vosso raciocínio, não com os
preconceitos e o saber erudito. Certa vez, um homem acercou-se de um sábio e
disse: “Tenho alguns momentos de lazer: falai-me, peço-vos, da Verdade”. E o
sábio respondeu: “Primeiro domina o teu corpo, torna a tua mente pura como a
neve e finalmente suprime com inflexibilidade todo o saber”. O saber se obtém
de informação, mas a sabedoria é de vossa própria experiência.
Krishnamurti, palestra em Ommen, verão de 1931