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segunda-feira, 25 de julho de 2016

A verdade traz tranquilidade perdurável e a serenidade do ser


Tenho estado a cogitar sobre o porquê a ideia da verdade se apresenta tão complicada à mente da maioria das pessoas. A verdade, em si mesma, é a essência da simplicidade.

Porém, dá-se que cada qual se aproxima da Verdade a partir do ponto de vista de seus próprios gostos e desgostos, a partir de seu ponto de vista pessoal, e por essa maneira, atribui à verdade certas qualidades definidas que foi a própria pessoa quem desenvolveu. O místico atribui à verdade as qualidades místicas que alcançou e o ocultista vê a verdade somente em coisas não visíveis para os olhos físicos. Se, porém, tiverdes a verdade como não possuindo qualquer das qualidades definidas da mente humana, verificareis que ela, em absoluto, não pode ter facetas. É semelhante a uma joia. A beleza da joia reside nela mesma e não nas facetas que nela recortais. Podem elas adornar a joia, porém a beleza da joia está na joia, não nas facetas.

Para mim, a verdade não tem facetas. Não tem lados múltiplos. A multiplicidade de aspectos existe somente quando contemplais a verdade do exterior, não quando dentro dela estais formados. Quando estiverdes vivendo nessa realidade, nessa verdade, as facetas não mais existem. Pois que então, olhareis para ela a partir do interior para o exterior e não do exterior para o interior. Assim, pois, apegai-vos a ideia de que a verdade não possui multiplicidade de aspectos, embora possais expressá-la de muitas maneiras — que ela é, em sua quintessência, uma. Se duas pessoas pintarem a mesma cena na tela, não encontrareis unidade nas pinturas; se, porém, forem além de mera expressão existente sobre a tela, encontrareis aquilo que ambas se tenham esforçado por expressar. A verdade é o todo, no qual tudo está consumado e estabelecido, em o qual tudo perdura. Por isso é que eu sustentei e sustento ainda que a  verdade é um país para onde não há caminhos e se dela vos aproximardes por um caminho especial, estareis criando divisões nascidas do engano. Acomodais a verdade às conveniências do vosso progresso. A verdade, para mim, é vida, a vida de tudo, desde o mais elevado ao mais baixo, tanto o animado como o inanimado. Posto que a vida se expresse em uma árvore, em um homem, em uma flor, em um pássaro no voo, ainda que as expressões da vida possam estar divididas, no entanto a vida não tem divisão. Quando houverdes descoberto essa vida dentro de vós mesmos, quando vos unirdes a essa vida, sabereis que ela não possui facetas especiais, que não tem multiplicidade de aspectos. Ela é a totalidade, a consumação de todas as experiências, de todas as facetas.

Assim, pois, se encarardes a verdade, a vida, deste ponto de vista, assimilareis todas as expressões dela por meio de experiência e assim chegareis a essa simplicidade que é a espiritualidade verdadeira. Por simplicidade não entendo eu a simplicidade da rudeza, da vulgaridade, porém, a simplicidade que é a quintessência de todo o pensamento, de toda a emoção — que brota da origem de todas as coisas. Quando tocais essa origem, sois essa simplicidade, sois essa vida. A simplicidade é beleza e grandeza. Todas as coisas grandes possuem essa qualidade da simplicidade, a qual é apenas um processo de assimilação contínua e de contínua eliminação, até que tenhais chegado à plena realização dessa verdade que é vida, na qual não há divisão de partes múltiplas, nem distinção de muitas facetas. Estas são apenas ilusões da mente ignorante. Assim, pois, tendes que vir à Verdade com plena simplicidade da grande experiência, e então podeis discernir as qualidades refinadoras da verdade por todo o mundo, seja qual for a maneira pela qual ela se expresse. Vós sereis parte dessa Verdade. Então, não dividireis a vida em misticismo ou ocultismo, em Puritanismo ou Catolicismo Romano, em beleza e feiura. A Verdade está no conjunto e o reconhecimento disso exige completa naturalidade, essa naturalidade que se acha desprovida de todas as qualidades sub-humanas, na qual existe espontaneidade de ação, de pensamento e emoção, pelo fato de haverdes tocado a pura fonte das coisas todas. Se assim encarardes a verdade e por ela tiverdes amor em si mesma, por ser ela simplicidade, então estabelecereis dentro de vosso coração e mente essa realidade que é a resultante do ser positivo, desprovido de todo apego, de toda dúvida, de toda a incerteza, de todo o argumentar sobre o que é bem e, o que é mal. Quando houverdes tocado essa fonte da realidade, sereis semelhantes ao deserto — vasto, ilimitado e indiviso.

Como disse outro dia, é pelo perquirir, pela vigilância continuada, pelo observar, que chegais à plena realização daquilo de que falo. Assim, pois, necessitais perguntar, precisais reduzir a pedaços as coisas, afim de lhes encontrardes o significado e não meramente viver sentimentalmente em uma crença vaga. Chega-se à verdade mediante um processo de exame contínuo, de contínuo ajuste e seleção. A verdade é muito dura se ser abordada; porém uma mente determinada e um coração positivo, cheios de grande afeto, podem assimilá-la e podem atingir a tranquilidade perdurável e a serenidade do ser.  


Krishnamurti em Acampamento da estrela de Ommen, 4 de agosto de 1930 (Camp Fire)
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill