3ª Pergunta: O temor da morte, não tanto por nós como por amor daqueles
a quem amamos, é quase universal, posto que mais, talvez, no Ocidente que no
Oriente. É um mistério obscuro do qual penso não haver escapatória e para o
qual não existe explicação. Podeis informar-nos, como, do vosso ponto de vista,
nos podemos lançar à tarefa de nos libertarmos deste temor da separação?
Krishnamurti: Vivendo no presente. O que é a morte? A morte não é
senão a treva sobre esta vida que é continua. É um véu projetado que vos separa
de alguém. A separação ocasiona a solidão e essa solidão causa tristeza. Assim,
tendes que lutar contra a tristeza, a solidão e a separação e não contra a
morte. A morte é inevitável, é semelhante à noite que segue o dia, porém, para
vos preparardes para a noite, tendes que trabalhar durante o dia, portanto, não
busqueis explicações para a morte, tornai, antes, o eu incorruptível, o que
significa não mais estar ele separado de coisa alguma nem de ninguém. Então,
tanto o nascimento como a morte, desaparecerão. A separação é a causa da
tristeza e a separação é a afirmação do eu no subir para o cimo da montanha.
Esta auto-afirmação existirá e deve existir em quanto o indivíduo for ainda
corruptível. Para o homem que é incorruptível não existe nem nascimento nem
morte, nem, portanto, tristeza.
Krishnamurti, 7 de agosto de 1929, Acampamento de Ommen