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sexta-feira, 11 de março de 2016

Incesto Emocional

“Se quiser realmente conhecer um homem, dê-lhe autoridade.” — Provérbio

Algumas famílias escolhem – aleatoriamente – um filho, apenas um, para ser o “tutor” da família. A partir desse recrutamento os esfor­ços desse filho não mais serão dirigidos para suas necessidades de crian­ça, mas sim para ações adultas destinadas a unir, proteger e estabilizar a família desajustada. Os meninos educados desse modo receberam, de alguns psicólogos, o nome “Personalidade Atlas” – deus grego condena­do a suportar o céu nos ombros para impedi-lo de amassar a Terra.

Os estudos mostram que muitas dessas famílias são dominadas por uma mãe poderosa, egocêntrica, emocionalmente instável e pron­ta para xingar e explodir sob qualquer pretexto. Estas mães têm sido diagnosticadas pelos psiquiatras como possuidoras de um transtorno de personalidade ”limítrofe” (borderline), onde se inclui a irritação, impulsividade, tentativas de suicídio, autolesão, sentimento crônico de vazio, pavor de ser abandonada, além de terem um sentido da realidade diferente do das outras pessoas. Essas mães esperam, e exigem, que o resto da família aceite e apoie seu ponto de vista acerca de tudo o que ocorre à sua volta. Só ela tem razão, os outros estão sempre errados. Responde com explosões de ira às frustrações e decepções e, quase sempre, acusa os familiares ou parentes de fazerem “pouco caso” dela.

É nesse ninho disfuncional que desenvolve o filho, ou filha, des­tinado a suportar, apaziguar e resolver as misérias e “loucuras” ali exibidas a todo momento. Sua resposta precisa ser rápida e capaz de pôr fim às exigências extravagantes da mãe egocêntrica e possessa. A culpa da vida desestruturada e sem objetivo dos pais é colocada no infeliz e tolerante filho escolhido. Ele é forçado a participar e tomar partido nas brigas tolas dos pais: em qual programa a TV deve estar ligada, ou quanto tempo cada um deve ficar no banheiro.

O filho altruísta, nessas ocasiões, é acusado por ambos de es­tar tomando o lado de um ou de outro deles. Este sofredor deverá ouvir as histórias chatas dos pais, consolá-los com palavras vazias e adocicadas, franzir a testa e mudar o tom de voz para demonstrar preocupação com as queixas acerca da saúde, da estabilidade e da sobrevivência deles. Como guardião da imagem da família falida, o escolhido, ainda muito cedo, deve se engajar em atividades designa­das para eliminar, camuflar ou, no mínimo, diminuir os danos exibi­dos pela família. Muitos desses pais exigem sua ajuda em situações delicadas como tomar a responsabilidade em falcatruas e obrigar um dos irmãos a tomar decisões cruciais.

Geralmente a escolha é feita cedo. Pouco a pouco esse filho passa a exercer o papel de “pai e mãe” da família, participando dos diversos problemas que seriam próprios dos progenitores. Ele opina acerca do que a mãe terá de fazer ao descobrir que o pai tem uma amante, a cuidar do alcoolismo da mãe. Esse papel é exercido com frequência pelas crianças cujas mães são alcoólatras. É esse filho que vai buscar soluções para pagar as dívidas da família, opinar e decidir se os pais devem ou não se separar, ou, ainda, se devem voltar a mo­rar juntos. Alguns pais consultam o filho acerca de terem ou não mais um filho, ou se seria melhor praticar um aborto. Também esse infeliz poderá dizer ao pai, inventando uma mentira, que sua mãe foi fazer compras, quando esta, de fato, estava com o namorado.

Muito cedo aprendem a cozinhar, limpar, comprar e cuidar dos irmãos mais novos, inclusive impedindo-os de ver a mãe cambalear ou desmaiar. Fazendo o papel de “mãe” da mãe, elas ajudam-na a comer, fazer sua higiene ou a ir-se deitar. Com o tempo, essa tarefa passa a ser realizada rotineiramente. Além de cuidar dos pais, essa criança mantém em segredo as informações negativas da família. Estas “escolhidas”, olhadas externamente, são elogiadas pelos pais, parentes e amigos, percebidas como perfeitas, cooperativas e “devo­tadas” aos pais. Isso as anima a continuar nesse caminho ingrato.

A criança escolhida para ser o “provedor”, pode exercer tam­bém a função de “esposo substituto” para o cônjuge desesperançado, solitário e infeliz. Caberá a ela fornecer ao cônjuge o apoio emocional e companhia que deveria vir do outro esposo. Para alguns autores essas crianças são vítimas de “incesto emocional”, uma forma séria de abuso por ser a criança seduzida a fazer um papel familiar que não compete a ela e nem é esperado culturalmente.

Altamente treinados para esse trabalho de ajuda, mais tarde es­ses “pacientes” preocupados e sensíveis aos problemas dos outros, não de si mesmo, provavelmente encontrarão outros exploradores e, explorados por esses, irão ocupar posições de responsabilidade, continuando a fazer o que aprenderam precocemente: ajudar as pes­soas a qualquer preço. Casam-se, muitas vezes, com mulheres tendo o mesmo perfil de sua mãe e cuidam delas para sempre. Estes santos ou altruístas fanáticos, que viveram orientados pelos problemas alheios e não pelos próprios, morrerão, possivelmente infelizes e arrependi­dos, por não terem escolhido, há muito, um caminho diferente do trilhado.

Galeno Alvarenga
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill