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sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Verdade só pode ser alcançada através da experiência

Somos muitos apenas na periferia; a multiplicidade existe apenas na circunferência. Quanto mais nos movemos em direção ao centro, mais nos movemos em direção ao uno. No centro somos um.

Na periferia, existimos como muitos. Sua personalidade é diferente da personalidade do seu vizinho. Sua individualidade é diferente de todas as demais. Mas seu centro mais profundo não é diferente. Seu centro mais profundo é o centro mais profundo de tudo. Quando você o alcança, alcança o uno.
O mundo todo é apenas a circunferência. O centro — você pode chama-lo de Deus ou pode chama-lo de alma suprema ou do que preferir — mas quando você alcança o seu centro mais profundo do uno, alcança o centro mais profundo de tudo. E aí, nesse uno, todos os segredos estão ocultos. Aí, todos os mistérios podem ser revelados a você.

Você não pode conhecê-lo antes disso. A menos que penetre no templo mais profundo do uno, os mistérios permanecerão mistérios. Você pode criar muitas teorias e filosofias sobre eles, mas não serão de nenhuma utilidade; serão fúteis, insignificantes. Você pode filosofar  à vontade, mas nada pode ser concluído. Isso tem acontecido por muito tempo. Muitos séculos se passaram e os homens estiveram filosofando, criando milhares e milhares de filosofias, teorias e sistemas sem nenhum resultado. Você pode cria-los, mas trata-se de algo mental. Você não conhece.
Você pode imaginar. Pode criar um sistema bastante coerente de pensamentos, mas não será outra coisa senão seus pensamentos, seus sonhos. Os filósofos são criativos, mas criam sonhos, fantasias. Criam sistemas lógicos, apresentam argumentos para defende-los, mas a verdade não pode ser criada através de sistemas lógicos; a verdade não pode ser alcançada por argumentos. Seja o que for que você alcance, será apenas uma hipótese. A verdade só pode ser alcançada através da experiência.

Essa é a diferença entre filosofia e religião. A religião diz que a verdade não é conhecida porque você não é capaz de conhece-la. A menos que você seja totalmente transformado — a menos que se torne um ser diferente, a menos que sua perspectiva mude, que seu modo de ver mude, que seus olhos mudem, que seu coração mude — você não conhecerá a verdade. A verdade não pode ser conhecida através da contemplação; ela só pode ser conhecida através da sua transformação interior.

A contemplação é possível, mas você permanece o mesmo; apenas continua a pensar com a sua cabeça. Você pode criar muitas coisas em sua cabeça. Pode acreditar nelas, mas sabe que são criações suas. A verdade não é uma criação; você não pode cria-la. Pode apenas revela-la, descobri-la — ela está oculta. Os argumentos não serão de nenhuma ajuda. Somente uma autentica viagem para dentro será de alguma utilidade.

A religião é antifilosófica. Ela diz que a filosofia não tem nenhuma utilidade; trata-se apenas de uma ginastica intelectual. Você pode apreciá-la; é um jogo de palavras, de logica, de argumentos, mas não lhe dará nada; você não chegará a parte alguma. Estará apenas sentado em sua cadeira confortável, com os olhos bem fechados, pensando, pensando e pensando. Você pode continuar pensando por muito tempo. Pode pensar coerentemente, consistentemente, mas, mesmo assim, não dará um passo sequer na direção da verdade.

Você pode até mesmo se afastar cada vez mais, porque a verdade não é uma construção mental. Ela já está aí; não é uma construção mental. Ao contrário, por causa de sua ação mental, devido à excessiva atividade de sua mente, a verdade se oculta. Sua mente cria nuvens. Você fica se movendo nas nuvens e o céu se oculta. Disperse as nuvens, disperse os pensamentos, disperse os argumentos, a logica, as filosofias, e subitamente a verdade se revela. Ela sempre esteve aí. A verdade está oculta dentro de você; portanto, você não precisa ir a parte alguma. Não há necessidade de ir para o Himalaia. A única coisa necessária é ir para dentro.

Você existe apenas na periferia, na circunferência. Quanto mais para dentro você se move, menor você se torna. Quando alcança o centro mais profundo, você não existe mais. Num certo sentido, você não existe mais; o velho morreu. Mas, num outro sentido, você existe pela primeira vez, pois agora a realidade mais profunda lhe é revelada, o eterno lhe é revelado. Agora você alcançou aquilo que nunca muda.

Osho


sábado, 25 de julho de 2015

O viciado em boas sensações espirituais

Uma pessoa “espiritual” pode se tornar viciada nas boas sensações espirituais e não encontrar a Verdade. A adicção espiritual acontece quando algo sensacional ocorre e você sente como se tivesse recebido uma dose de droga. Logo após ocorrer a primeira vez, você quer mais. Não existe droga mais potente do que a experiência espiritual. O componente intelectual deste vício é a crença de que se você tiver uma grande quantidade destas experiências, você vai se sentir bem o tempo todo. É como morfina, você toma uma dose no hospital porque quebrou seu braço e pensa “se eu tivesse uma pequena dose durante todos os momentos, a vida seria relativamente boa em todas as situações”. Experiências espirituais frequentemente são colocadas pela mente neste padrão, pensando algo como “se eu tivesse esta experiência o tempo todo estaria livre”.

Logo você perceberá que esta condição não é muito melhor do que a de um alcoólatra, porque o alcoólatra pode perceber que tem um problema ao notar que não é culturalmente aceitável estar bêbado o tempo todo. A pessoa espiritual tem certeza de que não tem problema, porque sua droga é diferente das outras drogas, e tenta conseguir ficar nesta experiência para sempre. É o padrão mental de um adicto: “Agora eu tenho, agora não tenho mais. Eu preciso de mais e eu não tenho”.

O problema vai durar enquanto algo em você procura por estas grandes experiências. Em um certo momento você irá perceber que estas maravilhosas e agradáveis experiências são como noites divertidas de bebedeira. Você se sente bem por um certo tempo, e em seguida ocorre uma reação oposta. Você se sente alto espiritualmente para em seguida se sentir baixo. Vejo isto acontecendo com muitos estudantes.

Em algum momento você irá perceber que o pêndulo balança da mesma forma para os dois opostos. Você percebe que é impossível manter o pêndulo em um lado apenas, pois sua natureza é se mover de um lado para o outro.

Este impulso de procurar experiências boas ao invés das ruins é o impulso do “eu”, do ego. Isto só será abandonado quando percebemos que tudo é Consciência. Tudo é Deus, tudo é o UM. Ao vermos isto, paramos de tentar deixar o pêndulo em apenas um lado. Porque tudo é o UM, um lado do pêndulo não é melhor do que o outro.

Adyashanti
Emptiness Dancing

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A função da educação

Eu me pergunto se alguma vez já pensamos no que significa educação. Por que vamos para a escola, por que aprendemos várias matérias, por eu fazemos provas e competimos pelas melhores notas? O que significa aquilo que denominamos educação, e a que ela se destina? Esta é, na verdade, uma pergunta muito importante, não somente para os estudantes, mas também para os pais, professores e todos que amam essa Terra. Por que enfrentamos a luta para recebermos educação? Será apenas para sermos aprovados nas provas e conseguir um emprego? Ou será a função da educação nos preparar ainda jovens para compreender todo o processo da vida? Ter um emprego e ganhar o próprio sustento é necessário — mas será tudo? Recebemos educação somente com esse fim? Certamente, a vida não é apenas o emprego, a ocupação; ela é algo extraordinariamente amplo e profundo, é o grande mistério, o vasto reino no qual funcionamos como seres humanos. Se simplesmente nos capacitarmos para ganhar nosso sustento, perderemos todo o objetivo da vida; e compreender a vida é muito mais importante do que apenas nos prepararmos para os exames e nos tronarmos especialistas em matemática, física ou naquilo que desejarmos.

Portanto, independentemente de sermos professores ou alunos, não será importante nos perguntarmos por que estamos educando ou sendo educados? E qual o significado da vida? A vida não é algo extraordinário? Os pássaros, as flores, as árvores crescendo, os céus, as estrelas, os rios e os peixes que vivem ali — tudo isso é vida. A vida é pobre e é rica; é a batalha constante entre grupos, raças e nações; a vida é meditação; é o que chamamos de religião, bem como as coisas sutis e ocultas da mente — inveja, ambições, paixões, medos, realizações e ansiedades. Tudo isso e muito mais. Mas geralmente nos preparamos para compreender somente um pequeno pedaço dela. Somos aprovados em certos exames, conseguimos empregos, nos casamos, temos filhos e ficamos cada vez mais parecidos com máquinas. Permanecemos assustados, ansiosos, amedrontados com a vida. Portanto, será função da educação nos ajudar a resolver todo o processo da vida ou apenas no preparar para uma vocação, para o melhor emprego que pudermos alcançar?

O que acontecerá com todos nós quando os tornarmos homens e mulheres? Já se perguntaram o que irão fazer quando se tornarem adultos? Com toda a probabilidade se casarão, e antes de se darem conta de onde estão, já serão pais e mães, e então ficarão atados a um emprego ou ao lar, no qual, aos poucos, definharão. Será nisso em que consistirá a sua vida? Já se fizeram esta pergunta? Não deveriam faze-la? Se sua família for rica, você terá uma posição bastante satisfatória garantida, seu pai poderá conseguir um bom emprego para você, ou ficará rico por meio do casamento, mas também haverá decadência e deterioração. Compreendem?

Certamente, a educação não tem significado, a menos que ela os auxilie a compreender a vasta expansão da vida com todas as suas sutilezas, com sua extraordinária beleza, tristezas e alegrias. Poderão obter diplomas, acrescentar títulos ao nome e ter um bom emprego. Mas e depois? Qual o objetivo se durante o processo sua mente ficar embotada, esgotada, limitada? Portanto, enquanto são jovens não deveriam descobrir o que é a vida? E não será a verdadeira função da educação cultivar em vocês a inteligência que os auxiliará a descobrir a resposta para todas essas questões? Vocês sabem o que é inteligência? Certamente, é a capacidade de pensar livremente, sem medo, sem formula, para que comecem a descobrir o que é real, o que é verdadeiro; mas se estiverem amedrontados nunca serão inteligentes. Qualquer forma de ambição, espiritual ou mundana, gera ansiedade, medo. Portanto, não ajuda a formar uma mente clara, simples, direta e, portanto, inteligente.

É realmente muito importante, enquanto são jovens, que vocês vivam em um ambiente em que não haja medo. Muitos de nós, quando envelhecemos, nos sentimos amedrontados; temos medo de viver, de perder o emprego, da tradição, do que os vizinhos, marido ou esposa vao dizer, medo da morte. A maioria de nós sofre de algum tipo de medo, e onde existe medo não há inteligência. E não será possível para todos nós, ainda na juventude, viver não em um ambiente onde exista medo, e sim em uma atmosfera de liberdade — não somente para fazer o que queremos, mas para compreender todo o processo da vida? A vida é realmente muito bela, não essa coisa feia na qual a transformamos; e vocês poderão apreciar sua riqueza, sua profundidade, seu encanto extraordinário. Somente quando se revoltarem contra tudo — a religião estabelecida, a tradição, a atual sociedade apodrecida — é que poderão, como seres humanos, descobrir o que é verdadeiro. Não imitar, mas descobrir — isso é educação, não é? É muito fácil se conformar com o que a sociedade ou seus pais e professores dizem a vocês. É uma forma segura e fácil de existir, mas isso não é viver, porque aí existe medo, decadência, morte. Viver é descobrir por si mesmo o que é verdadeiro, e vocês só podem fazê-lo quando há liberdade, quando existe uma revolução interna contínua dentro de vocês.

Mas vocês não são encorajados a fazer isso; ninguém diz a vocês para questionar, para descobrir o que é Deus, porque, se se rebelarem, representarão um perigo para tudo o que é falso. Seus pais e a sociedade desejam que vocês vivam com segurança, e vocês também desejam viver seguros. Viver com segurança geralmente significa vivem uma imitação e, portanto, no medo. Certamente, a função da educação é ajudar cada um de nós a viver livremente e sem medo, não é? E criar uma atmosfera na qual não existe medo requer de vocês muita reflexão, bem como do professor e do educador.

Vocês sabem o que isso significa — que extraordinário seria criar uma atmosfera na qual não existe medo. E nós devemos cria-la porque estamos vendo o mundo aprisionado em uma sucessão de guerras; é um mundo de advogados, policiais e soldados, homens e mulheres ambiciosos, todos desejando determinada posição e lutando entre si para consegui-la. Então, temos os chamados santos, os gurus religiosos com seus seguidores; eles também desejam o poder, uma posição, aqui ou na próxima vida. É um mundo ruim, completamente confuso, no qual os comunistas lutam contra os capitalistas, o socialista resiste a ambos e todos estão contra alguém, batalhando para chegar a um lugar seguro, a uma posição de poder ou de conforto. O mundo é dilacerado por crenças conflitantes, por distinções de castas e classes, por nacionalidades separatistas, por todas as formas de estupidez e crueldade —este é o mundo no qual vocês estão sendo educados para se adaptarem. São encorajados a se ajustar à estrutura dessa sociedade desastrosa; seus pais querem que vocês façam isso, e vocês também desejam se acomodar.
Então, será função da educação apenas ajuda-los a se conformar com o padrão da ordem social apodrecida ou dar liberdade a vocês—a liberdade completa para crescer e criar uma sociedade diferente, um mundo novo? Queremos ter essa liberdade, não no futuro, mas agora, senão poderemos ser todos destruídos. Precisamos criar imediatamente uma atmosfera de liberdade para que vocês possam viver e descobrir o que consideram verdadeiro, para que se tornem inteligentes e sejam capazes de encarar o mundo e compreendê-lo. Não somente se conformar, mas permanecer interna, profunda e psicologicamente em constante revolta; porque são somente aqueles que estão em constante revolta que descobrem o que é verdadeiro, não o homem que se conforma, que segue alguma tradição. Será somente quando estiverem em questionamento, observação, aprendizado contínuos que descobrirão a verdade, Deus, o amor. E vocês não podem questionar, observar, aprender, não poderão estar profundamente conscientes se estiverem com medo. Portanto, a função da educação é certamente erradicar, tanto no interior como no exterior, o medo que destrói o pensamento, o relacionamento humano e o amor.


Krishnamurti — Pense Nisso

terça-feira, 21 de julho de 2015

O que é você?

Você diz que quer saber porque é que a sua mente ainda diz coisas para você como, "Você não é digno" ou "Você não merece a liberdade e este caminho não é para você." Porque é que a mente diz estas coisas?

Porque, muito provavelmente, você está à beira de uma descoberta importante que poderia resultar na mente perder o controle sobre você. É como se ela sentisse isto e reunisse toda a sua força.

Tal como no passado, ela parece saber que é provável que você morda a isca e responda como a identidade que você não é. Este mau casamento vem existindo desde o início dos tempos. Tal como outros maus relacionamentos, o ego não vai permitir que você se divorcie dele facilmente.

Um pensamento, uma faísca do ego-fogo, e algo é disparado de volta a identidade.

Você, a presença, faz login e o velho jogo continua. Tudo o que a mente psicológica precisa fazer é levar você a identificar-se como uma pessoa.

Embora você seja o puro Ser, a consciência eterna e sem forma, você irá facilmente esquecer isto quando você se torna identificado pessoalmente. O ego-mente fez o suficiente, porque a partir de agora você estará "lutando com você mesmo".

Mas a dada altura você não será tão facilmente enganado. À medida que você continua a amadurecer através do perfeito entendimento e Graça, a voz do ego irá perder a sua influência e domínio sobre você.

Você descobre que você não pode ser nenhuma coisa que aparece e desaparece. Você é o espaço, a presença viva, constante e imutável na qual todos os fenômenos são percebidos como um jogo de transitoriedade. Você é o Ser sempre-perfeito para sempre.

Abençoe para que este entendimento se aprofunde tremendamente ao você ouvi-lo hoje novamente.

Mooji

sábado, 18 de julho de 2015

Diálogo sobre a existência de vidas passadas

Pergunta: Quando um homem normal morre, o que acontece com ele?

Maharaj: Segundo sua crença, assim acontece. Como a vida antes da morte é apenas imaginação, assim é a vida depois. O sonho continua. 

P: E o que acontece com o homem realizado?

M: O homem realizado não morre porque ele nunca nasceu. 

P: Ele aparece assim aos outros. 

M: Mas não para si mesmo. Em si mesmo ele é livre das coisas físicas e mentais. 

P: Não obstante, você deve conhecer o estado do homem que morreu. Ao menos de suas próprias vidas passadas. 

M; Até encontrar meu guru, eu sabia muitas coisas. Agora não sei nada, pois todo conhecimento está apenas no sonho e não é válido. CONHEÇO-ME, e não encontro nem vida nem morte em mim, apenas puro ser, não ser isto ou aquilo, mas simplesmente ser. Mas no momento em que a mente, extraindo de seu estoque de memórias, começa a imaginar, preenche o espaço com objetos e o tempo com eventos. Como nem mesmo conheço o nascimento, como posso conhecer nascimentos passados? É a mente que, em movimento, vê tudo se movendo e, tendo criado o tempo, inquieta-se sobre o passado e o futuro. Todo o universo está estabelecido na consciência, a qual surge quando há ordem e harmonia perfeitas. Como as ondas estão no oceano, assim estão todas as coisas físicas e mentais na Consciência. Por conseguinte a própria Consciência é essencial, NÃO SEU CONTEÚDO. Aprofunde e amplie sua Consciência de você mesmo e todas as bençãos fluirão. Não necessita buscar nada, tudo virá naturalmente e sem esforço. os cinco sentidos e as quatro funções da mente — memória, pensamento, compreensão e individualidade —; os cinco elementos da terra — água, fogo, ar e éter —; os dois aspectos de criação — matéria e espírito —, todos estão contidos na Consciência. 

P: Ainda assim, você deve acreditar ter vivido antes. 

M: As escrituras dizem assim, MAS NÃO SEI NADA SOBRE ISTO. CONHEÇO-ME COMO EU SOU; como eu apareço ou aparecerei não está dentro de minha experiência. Não é que não me lembre. É QUE NÃO HÁ NADA PARA LEMBRAR. A reencarnação implica um ser que encarna. NÃO HÁ TAL COISA. O pacote de memórias e esperanças, chamado o "eu", imagina-se existindo eternamente e cria o tempo para acomodar sua falsa eternidade: para ser, eu não necessito de nenhum passado ou futuro. Toda a experiência nasce da imaginação; eu não imagino, assim nenhum nascimento ou morte acontecem para mim. APENAS AQUELES QUE PENSAM QUE NASCERAM PODEM PENSAR EM RENASCER. Você está me acusando de ter nascido: declaro-me inocente!

Tudo existe na Consciência e a Consciência nem morre, nem renasce. É a própria realidade imutável. 

Todo o universo da experiência nasce com o corpo e morre com o corpo; tem seu começo e fim na Consciência, mas a Consciência não conhece nenhum começo nem nenhum fim. Se você pensar cuidadosamente e meditar sobre isto por bastante tempo, você verá a luz da Consciência em toda sua claridade, e o mundo desaparecerá gradualmente de sua visão. É como olhar para uma vareta acesa de incenso; você verá a vareta e a fumaça primeiro; quando você percebe o ponto em brasa, você compreende que ele tem o poder de consumir montanhas de varetas e de encher o universo de fumaça. Atemporalmente, o ser se atualiza sem esgotar suas possibilidades infinitas. Na metáfora da vareta de incenso, a vareta é o corpo e a fumaça é a mente. Enquanto a mente está ocupada com suas contorções, não percebe sua própria fonte. O guru vem e volta sua atenção para a fagulha interior. Por sua própria natureza, a mente está voltada para fora; sempre tende a buscar a fonte das coisas entre as próprias coisas; ser dito que busque a fonte interior é, de alguma maneira, o início de uma nova vida. A Consciência toma lugar da consciência; na consciência há o "eu", que é consciente, enquanto que a Consciência é unificada; a Consciência é consciente de si mesma. O "eu sou" é um pensamento, enquanto que a Consciência não o é; alguém pode ser cônscio de ser consciente, mas não consciente da Consciência. Deus é a totalidade da consciência, mas a consciência está além de tudo: do ser e do não-ser. 

P: Eu comecei com a pergunta sobre a condição de um homem depois da morte. Quando seu corpo é destruído, o que acontece à sua consciência? Ele leva com ele seus sentidos de visão, audição, etc., ou os deixa para trás? E se ele perde seus sentidos, o que acontece à sua consciência? 

M: Os sentidos são meros modos de percepção. Quando os modos mais grosseiros desaparecem, emergem estados mais finos de consciência. 

P: Não há nenhuma transição para a Consciência depois da morte? 

M: Não pode haver nenhuma transição da consciência para a Consciência, porque a Consciência não é uma forma de consciência. A consciência pode apenas tornar-se mais sutil e refinada e é o que acontece depois da morte. Quando os diferentes veículos do homem morrem, os modos de consciência induzidos por eles também se dissipam.

P: Até que apenas reste a inconsciência?

M: veja-se falando da inconsciência como de algo que vai e vem! Quem existe para ser consciente da inconsciência?[...]

Nisargadatta Maharaj 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O auto-engano da autonomia neurótica


Filme: A árvore da vida



O filme mostra as origens e o significado da vida através dos olhos de uma família da década de 1950 no Texas. O filme abre com uma citação do Livro de Jó, quando Deus pergunta, "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? ... Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam. Em um bairro em expansão em Waco, Texas viver a O'Briens. O jovem casal está encantado com seu novo bebê Jack e, mais tarde, seus dois irmãos. Quando Jack chega à adolescência, ele se depara com o conflito de aceitar o caminho da graça ou da natureza, tal como consagrado por cada um de seus pais. Sra O'Brien (graça) é gentil, carinho , e autoritária, apresentando o mundo para seus filhos como um lugar de maravilha. Mr. O'Brien (natureza) é rigoroso e autoritário, e facilmente perde a paciência quando ele se esforça para conciliar seu amor por seus filhos com querendo prepará-los para um mundo que ele vê como corrupto e explorador.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Posso encontrar Deus numa trincheira?

[...] Interlocutor: Posso encontrar Deus numa trincheira?

Krishnamurti: Um homem que procura Deus não estará numa trincheira. Quão falsos são os modos do nosso pensamento. Criamos uma falsa situação e nela esperamos encontrar a verdade; no falso tentamos encontrar o real. Feliz daquele que vê o falso como falso e aquilo que é verdadeiro como verdadeiro.

Tornamo-nos pervertidos nos nossos modos de pensar-sentir. Na infelicidade desejamos encontrar a felicidade; só abandonando a causa da infelicidade é que há alegria, Você e o soldado criaram uma cultura que os força a matar e a serem mortos, e no meio desta crueldade desejam encontrar o amor. Se está à procura de Deus não estará numa trincheira, mas se lá estiver e o procurar, saberá como atuar. Justificamos o homicídio e no próprio ato de matar tentamos encontrar o amor. Criamos uma sociedade essencialmente baseada no valor sensorial, na mundaneidade, que necessita de trincheiras. Justificamos e consentimos a trincheira e depois, na trincheira ou no bombardeiro, esperamos encontrar Deus, o amor. Sem alterarmos fundamentalmente a estrutura do nosso pensamento-sentimento, o Real não é encontrado. Sendo invejosos, gananciosos e ignorantes, queremos ser pacíficos, tolerantes e sensatos; com uma mão assassinamos e com a outra pacificamos. É esta contradição que tem que ser compreendida; não pode ter ambas, ganância e paz, a trincheira e Deus; não pode justificar a ignorância e contudo esperar por iluminação.

A própria natureza do ego é estar em contradição; e só quando o pensamento-sentimento se liberta dos seus próprios desejos contraditórios pode haver tranquilidade e alegria. Esta liberdade com o seu júbilo chega com a consciência profunda do conflito da ânsia. Quando se tornar consciente do processo dual do desejo e estiver passivamente alerta, haverá a alegria do Real, alegria essa que não é o produto da vontade ou do tempo.

Não pode fugir da ignorância em qualquer altura, ela tem que ser dissipada através do seu próprio despertar; ninguém o pode despertar, salvo você mesmo. Através da sua própria auto-consciência é que o problema da sua criação cessa de ser.[...]

Jiddu Krishnamurti em Ojai - 5ª Palestra - 24/06/1945

Todo mestre teve seu tempo de discípulo




quarta-feira, 8 de julho de 2015

Você vive como um leão ou como uma ovelha?

Eu confio que vocês todos são leões.

Toda ignorância começou com os pastores. Pastores são para ovelhas. Eu confio que vocês são leões. Leões não são para serem arrebanhados; aonde eles andam é sua própria trilha. Não há rebanho de leões; há somente rebanho de ovelhas. Vocês são todos leões – então vá pelo seu caminho. Não andem em caminhos batidos feito ovelhas; um após o outro. Não sigam nenhum caminho. Leões, não seguem um ao outro como as ovelhas.

A maioria das pessoas são ovelhas, seguem pastores pelo mundo todo. A religião começou com pastores e as pessoas os seguem como ovelhas. Mas aonde vocês forem serão leões, e não há caminhos para leões. Onde o leão andar, é o caminho. Para o leão o não-caminho, é o único caminho. Então não se coloque no meio de ovelhas precisando de um pastor. O seu caminho é o não-caminho – isso é saber quem você é. Isto é não seguir como uma ovelha. Este é um novo caminho, decididamente desconhecido. Uma vez conhecido, isto é bem conhecido. Aquele que sabe completou o propósito do esforço de toda vida humana. Ele é feliz e em paz. Ele aproveita ambos: aqui e depois.

Por favor, não se torne uma ovelha. Não siga ninguém. Não olhe aqui e ali. Não olhe para nenhum lugar. Pare de procurar. Pare toda sua imaginação pelo futuro e conceitualização do passado. Mantenha seu ser neste momento, que é um não-momento. Descubra de onde esse momento vem, de onde o tempo vem, de onde o pensamento surge, e você verá que você sempre esteve em casa. Você não precisa de mais nada!

domingo, 5 de julho de 2015

Só os que enlouquecem, aquecem o coração do mundo


Sem abrir mão do falso, não se apresenta o real




A revelação da dimensão do coração






Desfrutando de um momento de sobriedade




O conflito está no apego ao que não nos é natural




Por que sofremos?







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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill