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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Um Buda sempre será incompreendido?

É absolutamente inevitável que um Buda seja sempre um incompreendido?

Prem Madira: Sim. É absolutamente inevitável. Não pode ser de outra maneira. Um Buda está destinado a ser incompreendido. Se um Buda não é incompreendido então ele não é um Buda de verdade.

Por que é assim? Porque o Buda vive em um estado além da mente, e nós vivemos na mente. Traduzir algo do além para a mente é a coisa mais impossível do mundo. Não pode ser feito, embora todo Buda tenha tentado fazê-lo. Isto também é inevitável. nenhum Buda pode evitá-lo. O Buda tem que dizer o que não se diz, ele tem que expressar o inexprimível, ele tem que definir o indefinível. Ele tem que fazer este ato absurdo, porque no momento que ele alcança o além da mente nasce uma grande compaixão. Ele pode ver pessoas tropeçando na escuridão, ele pode ver pessoas sofrendo sem necessidade - criando seus próprios pesadelos, criando seus próprios infernos e afundando-se em seus próprios infernos criados.

Como ele pode evitar não sentir compaixão? E no momento que nasce a compaixão ele quer comunicar-lhes que, "Isso é o seu próprio fazer." Que, "Você pode sair disso, há uma maneira fora disso, há um estado mais além disso; a vida não é o que você pensa que é." Seu pensamento sobre a vida é apenas o pensamento de um cego sobre a luz. O homem cego pode seguir pensando sobre a luz, mas ele nunca será capaz de chegar a uma conclusão verdadeira. Suas conclusões podem ser muito lógicas, mas ainda assim, elas perderão a experiência. A luz é uma experiência. Você não necessita lógica para isso, o que você necessita são olhos.

Buda tem olhos. E olhos são alcançados apenas quando você tiver ido além da mente, quando você se tornar uma testemunha da mente; quando você chegar a um estado mais além da psicologia: quando você souber que você não é os seus pensamentos, nem o seu corpo; quando souber que você é apenas o conhecer - a energia que reflete, a energia que é capaz de ver - que você é pura visão.

Uma vez Buda foi questionado, "Quem és tu?" Ele era um homem tão lindo e a irmandade de Buda estava reunida tão devotada a ele, que muitas vezes lhe era questionado, "Quem és tu?" Ele parecia um imperador ou um deus que veio dos céus, e ele viveu como um mendigo. Muitas e muitas vezes ele era questionado, "Quem és tu?" E o homem que estava perguntando era um grande erudito. Ele dizia, "És tu do mundo dos deuses? És tu um deus?" Buda disse, "Não." "Então és tu um gandharva?" Gandharvas eram os músicos dos deuses. Buda tinha uma tal música ao seu redor - a música do silêncio, o som do não som, o aplauso com uma só mão - que era natural perguntarem-lhe, "És tu um gandharva, um músico celestial?" Buda disse, "Não." E o homem continuava perguntando.

Há muitas categorias, na mitologia hindu, de deuses para os homens. Então finalmente ele pergunta, "És tu um grande rei, um chakravartin, aquele que comanda todo o mundo?" E Buda disse, "Não." Chateado, o erudito perguntou, "És tu um homem ou nem mesmo isso?" Buda disse: "Não fique chateado, mas o que eu posso fazer? Eu tenho que dizer a verdade tal como ela é. Eu não sou nem mesmo um homem." Agora o erudito está totalmente irado, furioso. Ele diz, "Então és tu um animal? " Buda disse, "Não - nem um animal, nem uma árvore, nem uma pedra." "Então quem és tu?" o homem perguntou. Buda disse, "Eu sou a consciência, apenas a pura consciência, apenas um espelho refletindo tudo aquilo que é."

Quando chega este momento ocorre uma grande compaixão. Buda disse que aqueles que sabem estão destinados a sentir compaixão por aqueles que não sabem. Eles começam tentando ajudar. E a primeira coisa que tem que ser feita é comunicar às pessoas que estão cegas que os olhos são possíveis, que elas não estão totalmente cegas, mas apenas estão mantendo seus olhos fechados. Você pode abrir seus olhos. Você não nasceu cego, apenas lhe foi ensinado a permanecer cego. A sua sociedade lhe ensina a ser cego. Sua sociedade lhe ensina a ser cego porque a sociedade precisa de pessoas cegas. Elas são bons escravos porque elas são sempre dependentes de seus líderes, políticos, pânditas, sacerdotes. Elas são pessoas muito convenientes, elas nunca criam qualquer problema. Elas nunca são rebeldes. Elas são obedientes, sempre prontas a se submeter a qualquer tipo de absurdo a qualquer político estúpido, a qualquer sacerdote estúpido. E, de fato, quem mais deseja ser um político além de pessoas estúpidas, e quem quer se tornar um sacerdote exceto pessoas estúpidas? Estas são as dimensões para o medíocre, para o inferior. Aqueles que estão sofrendo de um complexo de inferioridade, se tornam políticos - apenas para provar que eles não são inferiores, para o mundo e para eles mesmos.

A sociedade, o sistema, quer que você seja cego. Desde o começo ela ensina a cada criança: "Você é cega"; ela condiciona cada criança: "Você é cega." Todo o seu sistema educacional é nada mais do que um conspiração contra cada criança - para mantê-lo cego. Ela não lhe ensina meditação, porque meditação é a arte de abrir seus olhos. Quando alguém chega à consciência, ele naturalmente sente grande compaixão. Por toda volta, ele vê que as pessoas - que têm olhos, que têm capacidades internas de verem a verdade, que são desde o seu nascimento capazes de se tornarem Budas, seres iluminados, acordados - estão sofrendo. E todo o sofrimento é ridículo, não precisa existir. A compaixão acontece e a compaixão começa a se comunicar, mas a comunicação é difícil, impossível. Buda fala do pico e você vive nos vales escuros, aonde a luz nunca chega. Ele fala em palavras de luz; quando elas lhe alcançam seu significado muda. Quando sua mente as agarra ela as colore com sua própria cor. Não é assim apenas se tratando de Budas - mesmo a comunicação ordinária parece ser impossível. O marido não consegue se comunicar com a esposa, os pais não conseguem se comunicar com seus filhos, os professores não conseguem se comunicar com seus alunos. O que dizer a respeito de Budas? Mesmo as pessoas que vivem no mesmo nível não conseguem se comunicar, porque as palavras são coisas enganosas. Você diz uma coisa mas, no momento em que ela chega ao outro, aí está sob o poder dele como interpretá-la.

A rainha estava viajando pelo interior da Inglaterra quando ela viu um homem, sua mulher, e um bando de crianças. Impressionada, a rainha perguntou, "Estas crianças são todas suas? "Sim, vossa alteza, respondeu o homem. “Quantas crianças vocês têm?" perguntou a soberana inglesa. Dezesseis, foi a resposta. "Dezesseis crianças," repetiu Sua Majestade. "Nós deveríamos lhe dar um título de nobreza (de 'caráter')." "Ele tem um," disse a mulher, "mas ele não o usa."

Ou, se você não entendeu, outra história para você: Thor, o Deus germânico do trovão, estava se sentindo inquieto, então ele decidiu tirar uma folga no fim de semana. Levando um punhado de jóias do departamento de pequenas somas de Valhalla, ele desceu para a Terra, comprou um elegante "traje de discoteca" e algumas correntes de ouro e se dirigiu aos bares de dança de sábado a noite. Depois de uma longa noite na cidade ele finalmente levou para casa a mulher mais bonita que ele viu e passou o resto da noite e a manhã satisfazendo sua libido heroica. Quando ele saiu da cama e começou a se vestir ele percebeu que a garota exausta na cama não tinha notado o seu vigor sexual divino. Para explicar, ele inclinou-se na direção dela e sussurrou, "Querida, eu acho que você deveria saber - eu sou Thor." De olhos arregalados, a garota exclamou, "'Dor'? Seu grande filho da puta, eu não consigo nem me levantar!"

A comunicação ordinária, a comunicação essencialmente mundana, mesmo no mercado, é difícil. E um Buda quer lhe comunicar algo que ele encontrou em um estado de não-mente, que ele encontrou quando todos os pensamentos desapareceram, que ele descobriu quando mesmo ele não era mais - quando o ego evaporou, quando existe um profundo silêncio, paz absoluta, e o céu está sem nuvens. Agora, como trazer essa experiência infinita para palavras? Nenhuma palavra é suficientemente adequada - daí a má interpretação.

Sim, Madira, é absolutamente inevitável que um Buda seja sempre mal-interpretado. Apenas aquelas poucas pessoas podem entender um Buda, que são discípulos e devotos. Ser um discípulo significa ser aquele que colocou de lado todos os julgamentos antecipados, que colocou de lado todos os pensamentos, e que está pronto a ouvir - não a sua própria mente e suas interpretações mentais, mas as palavras do Buda; aquele que não está num estado de argumentar com o Buda, que não está interpretando internamente o que o Buda está dizendo que ouve um Buda como você ouve música clássica, que ouve um Buda como você ouve o som da água corrente, que ouve o Buda como você ouve o vento passando pelos pinheiros ou o pássaro chamando à distância. Este é o estado de um discípulo. Ou se você se elevar um pouco mais alto e se tornar um devoto... Um devoto é aquele que não apenas deixou sua mente cair mas que trouxe seu coração à tona, que ouve a partir do coração, não a partir da lógica, mas do amor. O discípulo está a caminho de se tornar um devoto. O discípulo está no início de se tornar um devoto, e o devoto é o preenchimento de ser um discípulo. Apenas essas poucas pessoas entendem um Buda. E ao entender um Buda elas são transformadas, transportadas para um outro mundo - o mundo da liberação, nirvana, luz, amor, benção.

Osho em, Esteja Quieto e Saiba


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill