A verdadeira sabedoria não é caracterizada apenas pelo sentimento de eternidade, mas também pelo sentimento de pura alegria. Neste universo, mesmo aquilo que é mais doce e bonito não é nada, comparado àquilo que está contido dentro dele mesmo - nada! A menos que você tenha realmente algum insight sobre a extraordinária beleza, bondade e luz que estão no coração de tudo o que existe, não poderá entender como é insignificante este mundo superficial. Sim, há um mundo extraordinário por trás deste que conhecemos, e está dito que, assim que alguém começa a entrar nesse mundo, ele sente que há um constante festival ocorrendo, e isso é só o começo!
A condição do corpo não tem nenhuma relação com aquela alegria. Quando você começa a declinar no outro lado da infância, verá o quanto a beleza e os valores de sua vida dependeram de um corpo jovem e saudável. É claro que o jovem não sabe disso; nem mesmo acredita quando alguém lhe diz. Mas, quando a juventude se vai, o corpo é como um instrumento antigo que se tornou desafinado; não importa o quão hábil seja o artista, não conseguirá tocar boa música. Até mesmo a mente perde o seu vigor quando o corpo envelhece, porque, em nosso estado presente, nossos pensamentos são dependentes do cérebro. Contudo, a alegria que mencionei não é dependente nem deste corpo nem desta mente. Mesmo quando o corpo se desintegra e eventualmente morre, não fará diferença àquela experiência. Em nosso estado comum, até as coisas mais maravilhosas estão sujeitas à destruição; existem só por algum tempo, e depois tentamos nos apegar a ela através da memória. Não é trágico que na velhice vivamos apenas de memórias, pois é a única coisa que temos de melhor? Voltamos aos momentos mais doces de nossa vida, às pessoas maravilhosas que conhecemos e amamos - mas eles já se foram! A memória não pode nos satisfazer, assim como uma foto de um jantar suntuoso não pode satisfazer um homem que está morrendo de fome.
Mas, saiba que naquele estado de sabedoria não há destruição. Uma vez que você o alcança, a alegria obtida nunca irá lhe deixar; será sua para sempre.
Swami Ashokananda, em Revista Vedanta