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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Como observar a profunda natureza do pensamento?

Começando com um paradoxo fundamental do caminho místico, expresso pelo arqueiro zen que não olha para o alvo quando atira a flecha, um dos personagens de Heidegger faz uma observação a respeito da abordagem à contemplação: a natureza do pensamento só pode ser vista se não olharmos o pensamento.  Assim, precisamos nos afastar do nosso impulso de calcular, olhando para o céu ou para o outro lado das montanhas do nosso ser, para podermos nos tornar receptivos à profunda natureza do pensamento por baixo da função superficial do querer. E o segundo participante do diálogo responde: Em resposta à sua pergunta com relação ao que eu realmente desejava da nossa meditação a respeito da natureza do pensamento... eu quero não querer. Esse não-querer entra em ação quando deixamos de olhar para o alvo. Não podemos agarrar intencionalmente o não-querer, precisamos ser largados nele. O terceiro participante da conversa observa: você quer um não-querer no sentido de uma renúncia do querer, de modo que por meio disso possamos... nos libertar para a essência procurada de um pensamento que não é um querer. O pensador contemplativo não se apodera da essência do pensamento, sendo, ao contrário, liberado para a essência do pensamento. Essa distinção não é apenas um jogo de palavras. Se esperamos entender um significado particular, extraindo energicamente a essência do objeto, permanecemos então no nível do pensamento calculador.Até o uso da sintaxe comum, de um verbo e seu complemento, como Eu conheço a essência do pensamento, representa um envolvimento sutil com o modo de controle intencional. O pensamento contemplativo, ao contrário, é uma perfeita liberação, que é, fundamentalmente, a liberação com relação ao querer. O contemplativo não mais afirma, Eu conheço a essência, porém pondera, não quer conhecer, e sim aguardar a essência num perfeito não-saber. Importantes avanços culturais e científicos se desenvolveram a partir do querer ambicioso dos seres humanos para se apoderar de essências e, desse modo, controlar a energia, mas isso jamais nos liberará para a natureza da contemplação

A conversa triangular prossegue, cada pensador respondendo ao outro como instrumentos numa composição musical. 

Se ao menos eu já possuísse a liberação adequada, eu poderia logo me livrar da tarefa de afastar-me do querer. 
Até onde conseguimos nos afastar do querer, estamos contribuindo para o despertar da liberação. 
— Diga, em vez disso, para nos mantermos despertos para a liberação.

Encarar nossos esforços pessoais como estando contribuindo para o despertar da liberação significa envolvermo-nos no cálculo sutil. A frase mantermos-nos despertos para a liberação expressa com maior precisão esse despertar do modo contemplativo. É preciso perceber que já possuímos a liberação adequada, porque a tarefa de nos afastarmos da vontade é interpenetrada pelo próprio querer. O querer nunca pode transcender a vontade. A única maneira de nos livrarmos do querer é vivenciar a verdade de que a perfeita liberação já existe. Assim continua a conversa:

Não despertamos a libertação em nós mesmos por nós mesmos. 
— Por conseguinte, a libertação é influenciada por algum outro lugar. 
— Influenciada não, admitida. A libertação desperta quando nossa natureza é admitida para lidar com o que não é um querer.

Heidegger demonstra um cuidado constante de mudar a voz ativa para passiva, o sentido intencional de influenciar a libertação para o sentido contemplativo de ser admitido. Porém essa predileção do pensamento profundo pelo modo passivo no reino da linguagem não significa passividade no reino da ação. Isso se torna claro através da continuação da conversa dos três amigos enquanto vagueiam sem rumo pela trilha campestre: 

— Você fala em deixar como está e dá a impressão de querer se referir a uma espécie de passividade... Creio que compreendo que esta não é uma maneira de debilmente permitir que as coisas vaguem ao léu.
— Talvez uma ação mais elevada do que a encontrada em todas as ações do mundo esteja oculta na liberação. 
— E essa ação mais elevada ainda é não-atividade.

Apesar de emergir diretamente da tradição filosófica ocidental, o pensamento profundo de Heidegger evoca a ação destituída de ego dos contemplativos zen e taoístas, cujo perfeito relaxamento no meio da ação admite o fluxo do Tao, ou o não-querer, deixa-o estar de um modo que permite espaço para a imobilidade no centro de uma intensa atividade. É isso que Heidegger denomina liberação

Lex Hixon em, O Retorno à Origem - A Experiência da Iluminação Espiritual nas Tradições Sagradas
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill