De todos os fatos indisputáveis da ciência, não conheço nenhum mais sólido e fundamental que o fato de que, se se inibe o pensamento (e se persevera), chega-se, por fim, a uma REGIÃO DA CONSCIÊNCIA abaixo do pensamento ou oculta sob ele, e diferente do pensamento comum quanto à sua natureza e ao seu caráter — UMA CONSCIÊNCIA DE QUALIDADE QUASE UNIVERSAL e a compreensão de um eu muito mais abrangente do que aquele com o qual estamos acostumados. E visto que a consciência ordinária, com o qual nos ocupamos em nossa vida ordinária, está diante de todas as coisas que têm como base o pequeno eu local e é, de fato, autoconsciente no pequeno sentido local, segue-se que sair disso SIGNIFICA MORRER PARA O EU ORDINÁRIO E PARA O MUNDO ORDINÁRIO.
Significa morrer num sentido ordinário mas, num outro sentido, significa DESPERTAR E DESCOBRIR que o "eu", nosso eu MAIS ÍNTIMO E REAL, permeia o universo e todos os outros seres — que as montanhas e o mar e as estrelas são uma parte de nosso corpo e que nossa alma está em contato com as almas de todas as criaturas.(...)
Esta EXPERIÊNCIA é de tal modo notável e esplêndida que se pode afirmar que todas as questões e dúvidas secundárias desaparecem diante dela; e não há dúvida de que, em milhares e milhares de casos, o fato de um homem tê-la experimentado, mesmo que seja uma única vez, REVOLUCIONOU COMPLETAMENTE SUA VIDA SUBSEQUENTE E SUA CONCEPÇÃO DO MUNDO.
Edward Carpenter em, O Drama do Amor e Morte