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domingo, 7 de dezembro de 2014

Espaço para receber

Para a maioria de nós, conhecimento ou aprendizagem tornou-se um vício, e pensamos que através do saber seríamos criativos. Uma mente que está repleta de fatos, de conhecimento - é ela capaz de receber algo novo, repentino, espontâneo? Se a sua mente está abarrotada com o conhecido, existe nela algum espaço para receber algo que venha do desconhecido?

Certamente, o conhecimento vem sempre do conhecido, e com o conhecido estamos tentando entender o desconhecido, entender alguma coisa que está além da medida.

Tome, por exemplo, uma coisa bem ordinária que acontece com a maioria de nós: aqueles que são religiosos - seja lá o quê, no momento, essa palavra possa significar - tentam imaginar o que é Deus, ou tentam pensar sobre o que é Deus. Eles leram inúmeros livros, leram sobre as experiências dos vários santos, dos Mestres, dos Mahatmas, e tudo o mais, e eles tentam imaginar , ou tentam sentir o que é a experiência de outra pessoa. Ou seja, com o conhecido, tenta-se abordar o desconhecido. Pode-se fazer isso? Pode-se pensar em algo que não é conhecível? Só se pode pensar em algo que você conhece. Mas existe essa perversão extraordinária acontecendo no mundo nos tempos atuais: pensamos que entenderemos se tivermos mais informação, mais livros, mais fatos, mais publicações.

Certamente, para se dar conta de algo que não é a projeção do conhecido, deve haver a eliminação, através do entendimento do processo do conhecido. Por que é que a mente sempre se agarra ao conhecido? Não é porque a mente está constantemente buscando certeza, segurança? A sua própria natureza é fixada no conhecido, no tempo; e como pode essa mente, cuja própria fundação está baseada no passado, no tempo, experimentar o que não é do tempo? Ela pode conceber, formular, imaginar o desconhecido, mas isso é absurdo total. O desconhecido pode aparecer somente quando o conhecido é entendido, dissolvido, colocado de lado. E isso é extremamente difícil, porque no momento que você tem uma experiência de qualquer coisa, a mente a traduz em termos do conhecido e a reduz ao passado.

Não sei se vocês notaram que cada experiência é imediatamente traduzida dentro do conhecido, é nomeada, tabulada, e registrada. Assim, o movimento do conhecido é conhecimento. E, obviamente, esse conhecimento, aprendizado, é um impedimento.

Suponha que você nunca tenha lido um livro - religioso ou de psicologia -, e que você teria que encontrar o sentido, o significado da vida. Como você começaria? Suponha que não houvesse Mestres, organizações religiosas, nem Buda, nem Cristo, e você tivesse que começar do início. Como você começaria? Primeiro, você teria que entender o seu próprio processo de pensar, não teria? - e não projetar você mesmo, os seus pensamentos, no futuro, e criar um Deus que lhe agrade; isso seria muito infantil. Assim, primeiro você teria que entender o processo do seu próprio pensar. Certamente, esse é o único jeito de descobrir qualquer coisa nova, não é?

Quando dizemos que a aprendizagem ou o conhecimento é um impedimento, é uma barreira, certamente não estamos incluindo o conhecimento técnico - como dirigir um carro, como operar uma máquina, ou a eficiência que esse conhecimento traz. Temos em mente uma coisa bem diferente: esse senso de felicidade criativa que nenhuma quantidade de conhecimento ou aprendizagem trará. E, ser criativo no sentido mais verdadeiro dessa palavra, é estar livre do passado a cada momento. Porque é o passado que está continuamente lançando sombra no presente. Simplesmente se apegar às informações, às experiências dos outros, àquilo que outra pessoa disse, ainda que importante, e tentar aproximar a sua ação àquilo - tudo isso é conhecimento, não é? Mas, para descobrir algo novo, você deve começar por você mesmo; você deve começar uma viagem completamente desnudado, especialmente de conhecimento. Porque é muito fácil, através de conhecimento e crença, ter experiência; mas aquelas experiências são meramente produtos da auto-projeção, e portanto totalmente falsas, não reais.

E se você vai descobrir por você mesmo o que é novo, não é bom carregar o peso do velho, especialmente o conhecimento - o conhecimento de outra pessoa, por maior que seja. Agora, você usa o conhecimento como um meio de auto-proteção, segurança, e você quer estar bem certo que você tem a mesma experiência de Buda, ou de Cristo, ou de X. Mas o homem que está se protegendo constantemente através do conhecimento, não é obviamente um verdadeiro buscador da verdade.

Para o descobrimento da verdade, não existe caminho. Você precisa entrar no mar sem mapas - o que não é deprimente, o que não é ser aventureiro. Certamente, quando você quer encontrar algo novo, quando você está experimentando com qualquer coisa, sua mente tem que estar muito quieta, não tem? Mas se a sua mente estiver abarrotada, preenchida com fatos, conhecimento, eles agem como um impedimento ao novo; e, para a maioria de nós, a dificuldade é que a mente se tornou tão importante, tão predominantemente significativa, que ela interfere constantemente com qualquer coisa que possa ser nova, com qualquer coisa que possa existir simultaneamente com o conhecido. Assim, o conhecimento e o aprendizado são impedimentos àqueles que buscam, que tentam entender aquilo que não é do tempo.

Krishnamurti, Ojai, Califórnia, 17 Julho de 1949

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill