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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Sobre o processo e a natureza do pensamento

A crise está na própria natureza do pensamento. O mundo exterior e o mundo interior são frutos do pensamento. O pensamento é um processo material. O pensamento construiu a bomba atômica, o vaivém espacial, o computador, o robô, e todos os armamentos bélicos. O pensamento construiu também as belíssimas catedrais e igrejas, com tudo o que elas contêm. Mas não há absolutamente nada de  sagrado no movimento do pensamento. O que o pensamento criou como símbolo, e que você adora, não é sagrado; foi colocado ali pelo pensamento. Os rituais, todas as religiões e as divisões nacionais são resultado do pensamento. 

(...) A crise, portanto, está na própria natureza do pensamento. E, como dissemos, o pensamento é o resultado da origem dos sentidos, das respostas sensoriais, da experiência, que encontram algo que ficou registrado como conhecimento, como memória, e, dessa memória, nasce o pensamento. Este tem sido o processo e a natureza do pensamento ao longo de incontável número de anos. Toda a cultura, desde o antigo Egito e mesmo antes, baseia-se no pensamento. E o pensamento criou toda a confusão interior e exterior... Ou seja, as reações sensoriais quando você se depara com algo — isto é uma experiência, a experiência é registrada como conhecimento, o conhecimento se torna memória e a memória age como pensamento. Dessa forma, a partir daquela ação, você aprende mais, acumula mais conhecimento. E assim o homem tem vivido há mais de um milhão de anos neste processo —, nessa cadeia. Espero que isso tenha ficado bem claro. 

Nossa crise , portanto, está na própria natureza do pensamento(...) Nossos cérebros, por viverem neste círculo vicioso de experiência, conhecimento, ação, memória, mais conhecimento, têm problemas, pois o conhecimento é sempre limitado. Nossos cérebros foram então treinados para resolver problemas. Trata-se de um cérebro solucionador de problemas, jamais um cérebro livre de problemas(...) Nossos cérebros foram treinados para resolver problemas tanto no mundo científico quanto no mundo psicológico, no mundo do relacionamento. Surgem os problemas, nós tentamos solucioná-los. A solução é sempre procurada no domínio do conhecido. 

Como dissemos, o conhecimento é sempre incompleto. Isto é um fato. Eis um ponto bastante importante a ser observado, com percepção sensitiva: que o conhecimento jamais é completo, sejam quais forem as circunstâncias(...) E como o conhecimento é sempre limitado, e continuamos a agir nestes domínios, há um eterno conflito. Isto precisa ser compreendido. Tentamos solucionar os problemas — políticos, religiosos, os relacionamentos pessoais, etc. — e os problemas jamais são resolvidos. Você tenta resolver o problema e a própria solução provoca outro problema, como acontece no mundo da política. E então você se volta para a fé, para a crença. Como talvez já tenham observado, a crença atrofia o cérebro.(...) Quando a pessoa fica apegada a uma crença, a uma outra pessoa ou a uma ideia, há conflito nesse apego, há medo, ciúme, ansiedade, e isso é parte da atrofia do cérebro, essa repetição constante.(...) Se você reparar bem, vai reparar como a repetição disso enfraquece o cérebro e ele vai ficando cada vez mais embotado...

Se você examinar com cuidado, perceberá que o apego a uma crença é parte do desejo de segurança, e esse desejo e exigência de qualquer forma de segurança psicológica produz a atrofia do cérebro. Disso resultam todos os tipos de comportamento neurótico. A maioria de nós preferiria rejeitar essa noção, porque se trata de algo assustador. Essa é a verdadeira natureza da mediocridade. Quando você procura um guru, um sacerdote, uma igreja, e se põe a repetir, a repetir, e a meditação é uma forma de repetição — há nisto uma segurança, o sentimento de que se está salvo, e assim, pouco a pouco, seu cérebro vai ficando atrofiado; ele murcha e se apequena(...) Você pode observar isso na sua vida. Mas esta observação da crise, bem como a crise que existe no seu coração, na sua mente e na sua consciência, produzem sempre conflito, porque somos incapazes de solucionar qualquer problema completamente sem criar outros problemas. Basta ver o que se passa conosco — problema após problema, crise após crise, incerteza após incerteza. 

Poderá então o cérebro, a mente, libertar-se um dia destes problemas?(...) Mas o cérebro foi de tal forma treinado para resolver problemas que não pode compreender o que vem a ser estar livre de problemas. Estando livre, ele pode resolver problemas, mas o inverso não é verdadeiro...

Se isto estiver bem claro, perguntamos se existe outro instrumento capaz de libertar a mente de todos os problemas, de maneira a fazer com que ela se torne capaz de enfrentá-los. Percebem a diferença? Apenas a mente livre, o cérebro livre, sem problemas, pode enfrentar os problemas e resolvê-los de imediato. Mas o cérebro treinado para a solução de problemas, esse cérebro viverá sempre em conflito. E então surge a pergunta: Como é possível ficar livre de conflito se, conforme dissemos, o pensamento é o instrumento que cria os nossos problemas?

Krishnamurti, Ojai, 3 de maio de 1981

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill