Krishnamurti: Uma nova sociedade em relação com uma mente que tenha experimentado uma revolução completa, com relação a estrutura psicológica da sociedade.
I: Sim. Isso significa uma sociedade que não pertence ao tempo?
K: Não, tem que pertencer, a sociedade pertence ao tempo, porém, os indivíduos que se libertaram da estrutura psicológica da sociedade, estão livres do tempo, portanto, não são escravos do tempo, ainda que obedeçam as leis da sociedade.
I: Sem dúvida, o homem moderno não inventou o tempo, mas esse conceito tem muito a ver com o tempo.
K: Sim, o tempo. Creio que é porque é incapaz de fazer frente "ao que é", o fato. Em consequência, possui um conceito do fato, do fato interno, psicológico, e de acordo com esse conceito, com essa fórmula, atua. Portanto, o fato, a fórmula e a ação, são contraditórias umas com as outras, por isso o homem está em constante luta consigo mesmo. Assim, pois, é possível atuar sem a ideia? O pensamento organiza a ideia, criando uma fórmula, entende?
I: Sim, sim.
(...)
K: Tão somente a mente livre pode ver a totalidade; está de acordo?
I: Mas o homem deve ter alguma experiência da totalidade para poder ver isso.
K: Ah, não, não! Para ver a totalidade, se requer uma mente muito aguda, uma mente muito clara, uma mente que não seja partidarista, que não diga: "Isto eu gosto, isto eu não gosto".
I: Tendo eliminado essa mente presa de um padrão, ou que espera ser guiada, essa mente nunca poderá ver toda a verdade. Mas isso significa que, por isso, a mente que é livre vê a verdade?
K: Olhe, se quer ver a verdade, a panorâmica desse vale desde a colina, tem que examinar todo o vale, não está certo? Isso significa que a mente já não se centra na Escola Tacher, ou qualquer outra escola, senão que observa todo o vale. Temos aqui um complexo mapa da vida, negócios, etc., toda essa complexidade. E para compreender essa totalidade, você deve ser livre para observar, portanto, digo, portanto, dizemos: "Libertemos a mente do medo". Enquanto há medo, esse medo se refugia numa crença, a cristã, não importa a crença, porque o medo busca conforto, segurança, esperança, etc. Assim, pois, se há medo, medo da morte ou outro, esse medo se refugia em algum lugar. Assim, tanto se acredita na reencarnação ou não, ou em alguma outra crença, dá no mesmo, todas as crenças são o mesmo, porque, em essência, nascem do medo.
Fragmento de dois vídeos da série A verdadeira Revolução, cujo título é"Observar-se a si mesmo"
Fragmento de dois vídeos da série A verdadeira Revolução, cujo título é"Observar-se a si mesmo"