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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Por que temos tanto medo de estar sem nada a fazer?

É bastante óbvio que a maioria de nós está intelectualmente confusa.  Vemos que os chamados guias ou chefes, em todos os setores da vida, não têm uma solução completa para as nossas várias questões e problemas. Os numerosos e antagônicos partidos políticos da direita ou da esquerda não parecem ter encontrado a solução correta para as nossas dissenções nacionais e internacionais, e vemos também, socialmente, processar-se uma destruição completa dos valores morais. 

Tudo em torno de nós parece desintegrar-se: os valores morais e éticos tornaram-se simples questão de tradição sem sentido. A guerra, o conflito entre a direita e a esquerda, parece um fator constante e frequente nas nossas vidas; por toda a parte vê-se destruição, confusão. Dentro de nós estamos completamente confusos, embora não gostemos de admiti-lo; vemos confusão em todas as coisas, e não sabemos ao certo o que devemos fazer. 

A maioria de nós, reconhecendo esta confusão, esta incerteza, deseja fazer alguma coisa, e quanto mais confusos nos achamos, tanto mais ansiosamente desejamos agir. Assim, para aqueles que já reconheceram que existe confusão neles próprios e em redor de si, a ação se torna extremamente importante. Mas se um homem está confuso, como pode agir? Tudo o que ele faça, qualquer que seja o seu método de ação, há de ser confuso, e essa ação criará, naturalmente, infalivelmente, maior confusão. 

Seja qual for o partido, a instituição ou organização a que pertença, enquanto não afastar de si a confusão, tudo o que ele fizer  há de, necessariamente, produzir caos maior. Que deve fazer então? Que deve fazer um homem que sente sincero empenho, um desejo sincero de dissipar a confusão que há em si e ao redor de si? Qual o seu primeiro dever: agir, ou dissipar a confusão dentro de si, e, portanto, fora de si? 

Ora, nós tememos estar inativos; e recolher-se por um período de tempo para estudar todo o problema requer extraordinária inteligência. Se vocês se recolhessem por algum tempo para considerar, reapreciar o problema, seus amigos, seus camaradas, lhes considerariam um "escapista". Vocês se tornariam inexistentes, socialmente não estariam em parte alguma. Se quando todos agitam bandeiras e você não o faz, se quando todos colocam um determinado boné e você não usa esse boné, você se sente esquecido; e como a maioria de nós não gosta de ficar no segundo plano, nos atiramos à ação. 

Assim, é muito importante compreender o problema da ação e da inação. Não é necessário ficar inativo, para considerar o problema no seu todo? É claro que precisamos continuar a atender à nossa diária responsabilidade de ganhar a subsistência: todas as coisas necessárias têm de continuar. 

Mas as organizações políticas, religiosas, sociais, os grupos, as comissões, etc. etc. — há necessidade de pertencermos a elas? Se temos muito empenho, não é necessário que reconsideremos, que tornemos a analisar todo o problema da existência? E para tal, não é necessário, por ora, que nos afastemos, a fim de estudar, ponderar, meditar? Esse afastamento não é, verdadeiramente, ação? Nessa chamada inação há a extraordinária ação de reconsiderar toda a matéria, de reapreciar, de meditar sobre a confusão em que vivemos. Por que temos tanto medo de estarmos inativos? É inação considerar novamente um problema? Claro que não. 

Sem dúvida, quem está evitando a ação é o homem que está ativo, sem ter reconsiderado o problema. Esse é  que é o verdadeiro "escapista". Está confuso, e para escapar à sua confusão, à sua insuficiência, atira-se à ação, ingressa numa sociedade, num partido, numa organização. Está, na realidade, fugindo ao problema fundamental, que é a confusão. Estamos, pois, empregando mal as palavras. 

O homem que se atira à ação sem reconsiderar o problema, pensando que vai reformar o mundo com o simples ingressar numa sociedade ou partido — esse homem é que está criando maior confusão e maiores desditas; enquanto o homem a que chamam inativo porque se retira e estuda seriamente o problema — não há dúvida de que esse homem está muito mais ativo.

Nos nossos tempos, principalmente, em que todo o mundo se acha à beira do precipício e acontecimentos catastróficos estão se verificando, não se torna necessário que uns poucos, pelo menos, fiquem inativos, e, deliberadamente, não se deixem colher por esta máquina, esta máquina atômica da ação, que nada produz a não ser maior confusão, maior caos? Certo, os que têm empenho hão de retirar-se, não da vida, não das atividades diárias, mas retirar-se a fim de descobrir, estudar, explorar, investigar a causa da confusão; e para perceber , descobrir, explorar, não há necessidade de aderirmos aos numerosos planos e esquemas do que uma nova sociedade deveria ou não deveria ter.

Tais planos, evidentemente, são inúteis de todo; porque o homem que está confuso e só cuida de colocar em prática certos planos, ocasionará maior confusão. Por conseguinte, como tenho dito e redito, o que mais importa, se desejamos compreender a causa da confusão, é o autoconhecimento. Sem compreendermos a nós mesmos, não pode haver ordem no mundo; sem explorarmos a fundo o processo do pensamento,  do sentimento e da ação, em nós mesmos, nunca haverá possibilidade de paz mundial, de ordem e segurança.

Krishnamurti em, A ARTE DA LIBERTAÇÃO












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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill