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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Por que eu não amo?

(...) Krishnamurti: Você está dizendo: "Por que eu não amo?" Não porque nós não amamos. Por que não há amor no meu coração, no meu ser? Seria certo isso, senhor? Certo? Alguma outra pergunta? (...) Por que nós, seres humanos, não temos nenhum senso de amor? Talvez, se nos aprofundássemos nisso — novamente juntos — por favor, não eu falo e vocês escutam, mas juntos, então, talvez na investigação disso, seremos capazes de descobrir o que é pensar, que lugar tem o pensar, se é mecânico ou não-mecânico, e porque a mente está sempre registrando incidentes, acidentes, mágoas, todas as experiências que o homem armazenou, e o que é a ação que será tão completa que não deixará uma marca de tristeza, confusão. Poderíamos pegar esta pergunta que é, o que é o amor, por que não amamos? Tudo bem?

Público: Sim!

K: Não, não, por favor, não me importo. Vocês querem discutir isso? 

P: Sim.

K: Sim. Me pergunto como abordaremos esta questão. Qual é sua abordagem a ela? Entende minha pergunta? Como você faz para descobrir o significado do amor? Por que você, como um ser humano, não tem este perfume, esta qualidade que talvez responda todas as outras questões da vida? Então, qual é a sua abordagem? Como você faz para investigar esse problema? Ou, talvez não seja possível investigar isso, mas, pode-se descobrir o que impede. Entende? O que pode evitar esta coisa extraordinária que o homem parece estar ansiando e parece não alcançar, ter. Podemos fazer isso? Como abordará isso? Entende minha pergunta? Porque, é muito importante como você aborda um problema. Não o problema em si, mas como você chega a ele; como você olha para ele, qual a sua intenção e tudo isso. Então, descubra, se posso pedir, qual é a sua abordagem, como você recebe esta pergunta, se sua mente é romântica, sentimental, se e nascida do desejo. Então você tem de adentrar muito cuidadosamente se quiser ir bem profundamente nesta questão, porque pode-se, entrando nisto, talvez seremos capazes de responder toda a natureza do pensamento. Certo? Estamos então claros quanto à maneira como abordamos, cada um de nós? Ou vocês já têm algumas conclusões a respeito? Algumas opiniões e suas experiências, elas o bloquearão, elas o impedirão de ir bem, bem profundamente? Certo? Então, por favor, estamos conversando juntos, não um com o outro, juntos. Entende? O orador está falando com você pessoalmente — você. Então, qual é a sua abordagem? Você está consciente de sua abordagem e como abordar isto? Você está consciente de seu preconceito, suas imagens sobre isto, suas conclusões sobre isto, ou o que as pessoas disseram sobre isto? Você pode colocar tudo isso de lado e tentar descobrir? 

P: O que é o amor? 

K: O que é o amor? O que vamos descobrir, senhor, isso é o que estamos fazendo. 

P: Senhor, mas qual é o significado da palavra? 

K: Sabe, senhor, primeiro a palavra, a palavra — sejamos claros que nós dois temos o mesmo significado para essa palavra, não que você tenha um significado diferente do orador, ou o orador diferente de você. Entende? Então, temos de estar claros sobre a palavra em si. Certo? Geralmente, em um bom dicionário, sua origem é desejo. Em sânscrito "Lumpyati" — não entrarei nisso, isto é, "ele deseja". Entende? Amor está associado com um desejo. Por favor, estou explicando o significado desta palavra no dicionário. Não é meu conceito ou seu conceito, o que é o uso comum desta palavra. Se estamos claros que ambos reconhecemos que a palavra não é a coisa, entende? Entende o que estou dizendo? A palavra não é a coisa. A palavra "microfone" não é o microfone real. Certo? Então, temos de estar sempre claros em nossas discussões, se posso salientar, que a palavra não é o fato real. Certo? Então, estamos investigando o que é amor. 

P: Senhor, dizemos que uma criança, um bebê ama sua mãe porque precisa de suas refeições. Então, neste caso dizemos que o amor é um fato de necessidade.

P: O bebê ama sua mãe e esse amor é necessidade. 

K: A mãe ama o bebê e o bebê ama a mãe e isso é uma necessidade, certo? É assim? Você faz uma afirmação, não investiga. É assim? Os animais amam seus filhotes. A mais baixa forma de vida, manifestação de vida, amam seus jovens. E isto é um movimento do animal até o homem. E isso é amor? Não estou dizendo que não é, ou é. Ou é o instinto do animal que continua no humano e por favor, siga passo a passo — e apego, o animal cria seus filhotes até uma idade e então os esquece. Certo? Eles saíram do ninho. Com os humanos há um tremendo cuidado até eles terem três, quatro, cinco, amamentando-os, tomando conta, limpando-os, mimando-os, abraçando-os, é assim se você ama esse bebê, o que a maioria das pessoas não faz — torna-se um brinquedo. Ou elas não têm a oportunidade, o tempo. Depois disso elas os mandam para a escola, um internato, etc., gradualmente os afastam. Certo? E estamos perguntando, perguntando... Eu não estou dizendo que isto é ou não é, isto é amor? Sei que as mães dirão: "Como você pode dizer uma coisa destas!" Quero dizer que estamos questionando, estamos investigando, não estamos dizendo sim ou não. Porque estamos pensando, observando juntos para descobrir por nós mesmos, o que é esta natureza, a beleza, a qualidade, esta coisa extraordinária chamada amor. Se uma mãe e os pais amassem seu bebê, cuidassem dele — entende? — então não existiriam guerras. Certo? Existiria um tipo certo de educação. Existiria um tipo certo de sociedade. Então estamos questionando, quando a mãe, quando os pais amam seu bebê é somente por um curto período ou por toda a vida? O que significa que eles precisam ter educação correta, criá-los com um comportamento certo, sem violência, sem conflito, não treiná-los para matar uns aos outros, guerra organizada, que é respeitável, aceita. Entende? Um pai que realmente amasse seus filhos faria isto? Vamos lá, senhores, vocês são os pais, pensem sobre isto. 

P: Existe um momento onde a separação chega. 

K: No momento há separação. A mãe, o pai se separam de seus filhos. Certo? E os filhos partem. Eles estão apegados a seus filhos. Apego é amor? Vocês... Não, por favor — investiguem isto. 

P: os pais obtém algo de seus filhos, e os filhos obtém algo de seus pais, então, não é amor. 

K: Sim, senhor. Sei de tudo isso. O bebê precisa de muito afeto, cuidado. Se os pais não dão afeto, atenção, amor para a criança, ela murcha. É um fato bem conhecido. Mas geralmente os pais têm seus próprios problemas, próprias ansiedades, medos, tristezas e problemas profissionais — vocês sabem, tudo isso. E eles dão um pouco do que podem, quando têm tempo.Você entende tudo isto? Isto está acontecendo no mundo. Isso tudo é amor?

P: Não. 

K: Não diga não, madame. Você fará algo a respeito?... Teste!

P: Acho que devíamos abordar um pouco mais de forma negativa, como o que o amor não é. 

K: Estamos fazendo isto, senhor. Já fizemos isto. 

P: Sim? Bem, olhar para esta coisa toda como uma das maneiras de abordá-la. Tempo, espaço, e toda a raça humana e animal, a evolução... 

K: Sim, senhor, chegaremos nisto, senhor, devagar, devagar. 

P: Acho que os pais até se defendem contra o filho. 

K: Claro, isso sempre acontece. Entende? Os pais são contra o filho, e o filho se torna... você sabe o que está acontecendo no mundo. Pelo amor de Deus, olhe para isto. Então, disso vem a questão: apego é amor? 

P: Muitos pais acreditam que sim. 

K: Eu sei, muitas pessoas acreditam que sem ciúmes não há amor. Se você não batalha, não briga, se não há conflito, se não há ciúmes, um senso de reivindicação, as pessoas acham que não há amor, ou que há amor — este estado é o amor, certo? Então estou perguntando a partir disso: o apego é amor? Estamos refletindo juntos, você e eu. Então, vocês são apegados a seus filhos? 

P: existe uma atenção e afeto que o fazem atraente para outra pessoa, num nível de comunhão oposto ao apego onde você é dominador e suas ideias têm de ser as ideias de outra pessoa. Você pode ser apegado e entender esse apego? 

K: Quando você domina seus filhos, sua esposa ou marido, ou sua namorada, ou namorado, quando você os possui, os segura que eles são meus — isso é amor? 

P: Não. 

K: Senhor, quando fazemos essa pergunta, isso é amor, quando você diz "Não, não é", você quer dizer que não está em você — entende? Você está livre disso, não diga apenas verbalmente, "Sim, eu não sou". Então, é por isso que eu perguntei no começo, se me permitem ressaltar, a não ser que façamos isto ativamente, e estando conscientes olhemos para isso, investiguemos, procuremos pela razão dos seres humanos se agarrarem a este apego; por que você está apegado com o marido, esposa, mobília, livro, crença, não importa — apego. E se você está apegado a uma coisa e o outro está apegado a outra, há divisão. Entende? E esta divisão é amor? Por favor, entrem na questão. 

2ª Reunião de perguntas e respostas, Saanen, Suíça, 1979

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill