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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Onde há dependência, há medo e não amor

Já observaram como nascem as ideias e como a mente se apega a elas? Você tem uma ideia de alguma coisa bela que viu quando saiu para dar um passeio, e sua mente volta àquela ideia, àquela lembrança. Você lê um livro e encontra uma ideia em que se apegar. Então precisa ver como surgem as ideias e como elas se tornam um meio de obter conforto e segurança interior, algo a que a mente se apegue. 

Já refletiu sobre essa questão das ideias? Se você tem uma ideia e eu tenho uma ideia, e cada um de nós acha que sua própria ideia é melhor que a do outro, nós discutimos, não é? Tento convencê-lo, e você tenta me convencer. O mundo todo está edificado sobre ideias e sobre o conflito que existe entre elas; e se analisar o problema, você verá que o simples fato de apegar-se a uma ideia não tem sentido. Mas já observou como seu pai, sua mãe, seus professores, seus tios e tias, todos se apegam ferrenhamente ao que pensam?

Ora, como surge uma ideia? Como passa alguém a ter uma ideia? Quando você tem a ideia de sair para um passeio, por exemplo, como essa ideia aparece? É muito interessante descobrir isto. Se observar, verá como uma ideia desse tipo toma o corpo e como a sua mente se apega a ela, pondo de lado tudo o mais. A ideia de sair para dar um passeio é uma reação a uma sensação, não é? Você já saiu para passear antes e isso deixou uma sensação agradável; você quer fazer  o mesmo de novo; assim a ideia é criada e posta em ação. Quando você vê um belo carro, há uma sensação, não há? A sensação provem precisamente de olhar o carro. A sua simples vista cria a sensação. Da sensação nasce a ideia: "eu quero aquele carro, é meu carro" — e a ideia então se torna muito dominante. 

Buscamos segurança nas posses e nas relações exteriores, bem como, interiormente, nas ideias e nas crenças. Eu acredito em Deus, em rituais; eu creio que deva me casar de certo modo; creio em reencarnação, em vida após a morte; e assim por diante. Todas essas crenças são criadas por meus desejos, por meus preconceitos, e eu me apego a elas. Tenho seguranças externas, fora da minha pele, por assim dizer; e também tenho seguranças internas; removas-as ou conteste-as, e ficarei com medo; eu o empurrarei para o lado, e lutarei com você se você ameaçar minha segurança. 

Ora, existirá isso de segurança? Compreende? Nós temos ideias acerca de segurança. Podemos nos sentir seguros com nossos pais ou num dado emprego. Nosso modo de pensar, nosso modo de viver, nosso modo de encarar as coisas — com tudo isto podemos estar satisfeitos. A maioria de nós fica muito feliz de poder cercar-se de ideias seguras. Mas poderemos jamais estar seguros, por mais salvaguardas exteriores e interiores que tenhamos? Externamente, nosso banco pode falir amanhã, nosso pai ou mãe pode morrer, pode acontecer uma revolução. Mas haverá alguma segurança nas ideias? Gostamos de pensar que estamos seguros em nossas ideias, em nossas crenças, em nossos preconceitos; mas estaremos? Tudo isto são paredes irreais; são meras concepções nossas, meras sensações. Gostamos de crer que existe um Deus que está velando por nós, ou que renasceremos mais ricos, mais nobres do que agora. Pode ser que isso aconteça, ou pode ser que não aconteça. Então podemos ver por nós mesmos, se examinarmos as seguranças exteriores e interiores, que na vida não há absolutamente segurança alguma.

Se vocês perguntarem aos refugiados do Paquistão ou do leste da Europa, eles certamente lhes dirão que não existe segurança exterior. Mas eles acham que existe segurança interior e apegam-se nessa ideia. Vocês podem perder a sua segurança externa, mas ficarão, então, muito mais ansiosos por construir a segurança internamente, e não querem deixá-la desaparecer, o que implica maior medo. 

Se amanhã, ou no prazo de alguns anos, seus pais lhe disserem com quem querem que vocês se casem, vocês ficarão com medo? Claro que não, porque vocês são criados para fazer exatamente o que lhes é determinado; vocês são educados por seus pais, pelo guru, pelo sacerdote, a pensar de acordo com certos princípios, a agir de certa maneira, a sustentar suas crenças. Mas se lhe pedissem para decidir por si mesmos, não ficariam completamente atrapalhados? Se seus pais lhes dissessem que se casassem com quem bem entendessem, vocês teriam um calafrio, não teriam? Tendo sido sempre condicionados pela tradição, pelo medo, vocês não querem que lhes seja permitido decidir por si mesmos. Ficar só é perigoso, e vocês não querem nunca ser deixados sós. Não querem nunca tomar uma decisão por conta própria. Nunca desejam ir passear sozinhos. Todos querem estar fazendo alguma coisa como formigas ativas. Têm medo de resolver qualquer problema, de enfrentar qualquer exigência da vida; e, estando amedrontados, fazem coisas caóticas e absurdas. Como um homem com uma tigela de mendigo, vocês aceitam sem refletir o que quer que se lhes ofereça. 

Vendo todas essas coisas, uma pessoa realmente reflexiva passa a libertar-se de todo tipo de segurança, interior e exterior. Isso é extremamente difícil, porquanto significa que você está só — só, no sentido de que não é dependente. No momento em que você depende, há medo; e quando há medo, não há amor. Quando você ama, você não está só. A sensação de solidão só aparece quando você tem medo de ficar só e de não saber o que fazer. Quando se é controlado por ideias, isolado por crenças, o medo é inevitável; e quando você tem medo, está completamente cego. 

Assim, os professores e pais, conjuntamente, têm de resolver este problema do medo. Mas, infelizmente, seus pais temem o que vocês poderão fazer se não se casarem, ou se não conseguirem um emprego. Eles temem que vocês se desencaminhem na vida ou o que os outros digam, e, por causa desse medo, eles querem levá-los a fazer determinadas coisas. O medo deles está revestido do que chamam amor. Eles querem cuidar de vocês, portanto vocês precisam fazer fazer isto ou aquilo. Mas se vocês forem além da parede da chamada afeição ou consideração deles, verificarão que há medo gerado pela segurança de vocês, por sua respeitabilidade; e vocês também têm medo, porque têm dependido dos outros por muito tempo. 

Eis porque é muito importante que vocês, desde cedo, comecem a contestar e a derrubar essas sensações de medo, de modo a não serem isolados por elas e a não se fecharem em ideias, tradições e hábitos, para que sejam seres humanos livres, dotados de vitalidade criativa.

Krishnamurti em, O VERDADEIRO OBJETIVO DA VIDA

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill