Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A tecnologia está tornando a mente estreita, vulgar, limitada e burguesa

A maioria de nós vive muito superficialmente; vivemos com os nossos conhecimentos e informações e os julgamos suficientes. Mas, sem a meditação, nossa vida é muito superficial. Por "meditação" não entendo contemplação ou oração. Para a pessoa achar-se no "estado de meditação", ou, melhor, para nele entrar natural e facilmente, sem nenhum esforço, deve primeiro compreender a mente superficial, a mente ordinária, a mente que tão facilmente se satisfaz com informações. Tendo acumulado conhecimentos ou adquirido uma certa capacidade técnica, que nos habilita a exercer determinada especialidade, para vivermos neste mundo mais ou menos superficialmente, a maioria de nós contenta-se em viver nesse nível, sem nenhuma compreensão de qualquer problema psicológico que se apresente. Parece-me, pois, sobremodo relevante observar quanto a mente é agora superficial, e investigar se há possibilidade de a mente transcender a si própria. 

Quanto mais conhecimento e preparo uma pessoa tem, tanto maior a sua capacidade na vida diária; e é bem óbvio que necessitamos desses conhecimentos, desse preparo, dessa capacidade, pois não podemos "jogar fora" as máquinas e a ciência e voltar ao estado primitivo.  Isso seria proceder como algumas pessoas ditas "religiosas" que querem retornar a uma tradição ou ressuscitar antigos conceitos e fórmulas filosóficas, destruindo, dessa maneira, a si próprias e ao mundo em que vivem. A ciência, a matemática, as técnicas atualmente à disposição do homem, são coisa absolutamente necessárias. Mas viver neste mundo tecnológico, de conhecimentos e ilustração que rapidamente se avolumam, tende a tornar a mente muito superficial; e, em geral, contentamo-nos em permanecer nesta superficialidade, visto que o conhecimento e a tecnologia nos fazem ganhar dinheiro, mais confortos, mais da chamada "liberdade" — coisas, essas, todas muito respeitadas numa sociedade degradada e em estado de desintegração. Assim, para poder ultrapassar a si própria, deve a mente compreender as limitações da tecnologia, do conhecimento e da ilustração, e ficar livre dessas limitações.

Como se pode observar, todas as nossas atividades, todas as nossas emoções, todas as nossas reações neurológicas são muito pouco profundas, muito periféricas. Vivendo, como vive a maioria de nós, na superfície, procuramos pesquisar as profundezas, penetrar mais e mais fundo, abaixo da superfície, porquanto depressa nos cansamos dessa maneira superficial de viver. Quanto mais inteligentes, quanto mais intelectuais, quanto mais apaixonados formos, tanto mais vivo será o nosso percebimento da superficialidade de nossa existência; ela se torna cansativa, aborrecida, e sem muita significação. Assim, trata a mente superficial de descobrir a finalidade da vida ou de procurar uma fórmula que dê sentido à vida. Luta essa mente para viver de acordo com um conceito por ela própria concebido, ou uma crença que aceitou; e sua ação por conseguinte é sempre superficial. É necessário perceber com toda a clareza esse fato. 

O que vamos fazer nesta manhã é tirar, uma por uma, as camadas superficiais, para penetrarmos até à origem, até à última profundeza das coisas. A superficialidade se perpetua pela experiência, e por essa razão muito revela compreender o inteiro significado da experiência. 

Em primeiro lugar, vemos quanto a especialização tecnológica em toda espécie tende a tornar a mente estreita, vulgar, limitada — qualidades que constituem a verdadeira essência do burguês. Então a mente, superficial que é, busca aquilo a que chama "significado da vida", projetando, ao mesmo tempo, um padrão que lhe é grato, lucrativo, aprazível, e a esse padrão se ajusta. Esse processo lhe confere uma certa determinação, certo ímpeto, um senso de realização. 

(...) Meditação é o total "esvaziamento" da mente — e não se pode esvaziar a mente à força, de acordo com um certo método, escola ou sistema. Mais uma vez, é necessário perceber a extrema falácia de todos os sistemas. A prática de um sistema de meditação é busca de experiência; é esforço para alcançar uma experiência mais elevada, ou a experiência final; e quem compreende a natureza da experiência rejeita tudo isso, que se acaba para sempre, porque sua mente já não está seguindo ninguém; ela não busca experiência, e nenhum desejo tem de visões. Toda a busca de visões, toda intenção de aumentar a sensibilidade por meios artificiais, — drogas, disciplinas, rituais, adoração, oração — constitui atividade egocêntrica

Nossa questão, pois, é a seguinte: Como pode a mente que se tornou superficial, por influência da tradição, pela ação do tempo, da memória, da experiência — como pode essa mente libertar-se, sem esforço, de sua superficialidade? Como pode tornar-se tão completamente desperta que a busca da experiência nada mais signifique? Compreende? A mente que está toda iluminada não pode por mais luz — ela própria é luz; e toda influência, toda experiência que penetra nessa luz, nela se consome de instante a instante, de modo que a mente está sempre clara, imaculada, inocente. Só a mente iluminada, a mente inocente pode ver o que está fora dos limites do tempo. E como pode nascer esse estado mental?

(...) Não é uma simples pergunta retórica, a que se pode responder prontamente ou colocar de lado. É uma pergunta de extraordinária importância para a mente que penetrou a FUTILIDADE da religião organizada e "VARREU" todos os sacerdotes e gurus, templos, igrejas, rituais, incenso — atirou tudo isso aos ventos. E se você já atingiu esse ponto,  a si mesmo deve ter perguntado: Como pode a mente ultrapassar a si própria?

Krishnamurti em, A MENTE SEM MEDO
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill