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quarta-feira, 23 de julho de 2014

É possível a mente livrar-se de toda influência?

A sociedade, com suas complexas influências e seu condicionamento, molda o pensamento; e para que possa "emergir" o indivíduo — pois só o indivíduo tem a possibilidade de descobrir o Imenso — afigura-se-nos necessário compreender essa influência social, sua moralidade, seus perniciosos sistemas de ideias. Pode a mente, que de tal maneira foi condicionada — cada pensamento formado, moldado por influências de toda ordem — emergir, integral, pura, imaculada, completamente livre? Porque só a mente incorrupta — a mente não moldada pelas circunstâncias, pelas influências — pode ir muito longe na pesquisa da verdade, só ela pode descobrir se existe uma realidade transcendente às medidas mentais. 

(...) Nós não compreendemos porque nossa consciência resulta de influências. Não podemos ver o fato por causa da influência que nos molda o pensamento, a influência que está moldando tanto a mente consciente como a inconsciente. Compreendeis? Os jornais, os discursos, os livros, o cinema, a alimentação, as roupas, o ambiente, os edifícios, o ar — tudo vos influencia, influencia vossa mente, consciente ou inconscientemente. Toda forma de propaganda, política ou religiosa, os chamados deuses tradicionais — tudo influencia e molda o pensamento. 

(...) É possível a mente livrar-se de toda influência? Compreendeis, senhor, o que é influência? — a palavra, a família, vossa esposa, vosso marido, os livros que ledes, as coisas que, inconscientemente, vos assaltam a mente. Podeis estar cônscio de cada influência que vos acerca? É possível isso? Porque, se fordes livre, se puderdes observar a influência, isso vos aguçará a mente, tornado-a capaz de libertar-se dela. Esta é uma matéria complexa, que exige atenção, que exige toda a vossa capacidade de pensar e descobrir, porque sois o resultado de influências. Ao crerdes ser o "Eu Superior", etc., ao dizerdes que em vós habita Deus, a Divindade, o Atman — tudo isso representa influência. Quando o comunista diz não crer em Deus, está também influenciado. 

Portanto, a vida de todos está sujeita a influências. E é possível libertarmo-nos totalmente delas? Do contrário, não importa o que penseis, o que negueis, o que façais — tudo resultará do passado, do vosso condicionamento; por conseguinte, em tais condições, não pode a mente, de modo nenhum, descobrir se existe a Realidade. Assim sendo,m é possível ficar-se livre da influência? O que, com efeito, significa: É possível ficar-se livre da experiência?... Por certo, não é possível ficarmos livres de todas as influências. Só podeis ficar livre daquelas de que estais cônscio. Mas só podeis estar cônscio de um pequeno número de influências — pois o inconsciente está de contínuo a ser influenciado. 

(...) É possível estar-se livre de todas as influências? De outro modo, não se pode passar a investigar a questão da liberdade, e ser livre. Como disse, nunca poderemos estar livres de influências; mas poderemos manter-nos sempre vigilantes para observar cada influência que vem ao nosso encontro. Isso significa estarmos atentos, a cada minuto, ao que estamos fazendo, ao que estamos pensando, ao que estamos sentindo — não permitindo, com essa vigilância, nenhuma desfiguração, nenhuma opinião sobre nós mesmos, nem avaliações — resultado, tudo isso, de influências. Qualquer influência é má, assim como o é toda autoridade. Não há distinção de "influência boa" e "influência má", porquanto todas as influências moldam a mente, corrompem a mente. 

Assim, se compreendermos o fato de que qualquer forma de influência — não importa se "boa" ou "má" — perverte, mutila, corrompe a mente; se pudermos compreender esse fato, vê-lo, tornar-nos-emos totalmente cônscios de cada influência que nos assalta a mente. Isto é: no negar, na negação, surge o fato, a verdade. Quando negais, quando dizeis "não", vós o fazeis ou com motivo ou sem motivo. Provavelmente, nunca dissestes "não". Porque em geral costumamos dizer "sim"; habituamo-nos a aceitar; nunca dizemos "não" a coisa alguma, sem termos algum motivo; e isto significa que, quando dizemos "não" sem motivo, estamos libertados da influência. 

(...) Assim, a negação — e não a mente positiva — é o fim da influência. Por "mente positiva" entendo a mente que se ajusta, a mente que imita, a mente que obedece, a mente que se tornou respeitável aos olhos da sociedade — ou seja, aquela que aceitou e está observando um certo padrão de viver ditado pela sociedade, pelo ambiente, pelo meio cultural. Essa mente se chama "mente positiva"; mas de modo nenhum é positiva: é uma mente morta. Por "mente negativa" entendo a que nega sem ter nenhum motivo. Ao negardes a atitude do político que se julga capaz de alterar a ordem das coisas, de alterar o homem; ao negardes essa atitude, estais totalmente livre desse tipo de influência. O político está interessado no "imediato", projetado no futuro — que ele considera como o "prazo longo", a "perspectiva longa"; mas essa "longa perspectiva" é, em verdade, uma "perspectiva curta". Isto é, o político, como todo técnico, não está interessado no homem integral; só lhe interessa o exterior. E, se negais o exterior — a perspectiva curta — sem teres nenhum motivo, estais então completamente fora dessa esfera; o que então vos interessa é o ser total  do homem. 

Importa, pois compreender a mente que encara os fatos negativamente, e permanece "só com o fato". (...) Quando negais as influências, podeis mover-vos de fato para fato. Assim, da negação nasce a energia necessária para olhar o fato; e necessitais de extraordinária energia e de completa ausência de atrito. Havendo conflito, há sempre dissipação de energia. (...) Assim, só quando todo esse processo tiver sido compreendido, examinado, observado, poderá a mente "emergir" da estrutura social, ambiente e verbal, como uma mente incorrupta, clara, sã. Então ela já não está sujeita a nenhuma influência; está completamente vazia. Só essa mente pode transcender o Tempo e o Espaço. Só então desponta o Imensurável, o Incognoscível.

Krishnamurti — 28 de fevereiro de 1962 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill