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sexta-feira, 11 de julho de 2014

A Natureza da Liberdade

No outro dia, falávamos sobre a ação livre de idéia uma vez que, conforme dissemos, o pensamento é uma resposta da memória; o pensamento é sempre limitado, condicionado pelo passado e , por isso, jamais levará à liberdade.

Acho muito importante compreender esse fato. Se não compreendermos, por inteiro, o processo de autodefesa do pensamento, não poderá haver liberdade psicológica. E liberdade (que não é uma reação à não-liberdade nem o oposto disso) é essencial, pois só em liberdade podemos descobrir.Só quando a mente está de todo livre é que pode perceber o verdadeiro.

A verdade não é uma coisa contínua que se possa manter mediante prática ou disciplina, mas algo que se percebe num lampejo.A percepção da verdade não surge através de qualquer forma do pensamento condicionado, razão pela qual o pensamento não pode imaginar, conceber nem formular o que seja a verdade.

Para se entender, plenamente, o que é a verdade, tem de haver liberdade.Para a maioria de nós, liberdade é apenas uma palavra, uma reação ou uma idéia que serve de fuga à nossa escravidão, ao nosso sofrimento, à rotina entediante do dia-a-dia; mas isso, absolutamente, não é liberdade.A liberdade não vem através da busca porque não podemos buscar a liberdade e tampouco procurá-la. A liberdade só vem quando compreendemos todo o processo da mente que cria suas próprias barreiras, limitações e projeções a partir de uma base de experiência condicionada e condicionante.

Para uma mente de fato religiosa, é importantíssimo compreender aquilo que transcende a palavra, que transcende o pensamento e toda experiência. E, para compreender isso, para estar com o que se acha além de toda experiência, para perceber isso profundamente e num lampejo, a mente deve estar livre. Idéia, conceito, padrão, opinião, julgamento ou qualquer disciplina organizada impedem a liberdade da mente. Essa liberdade traz a sua própria disciplina – não a disciplina da submissão, da repressão ou do ajustamento, mas a disciplina que não é produto do pensamento, que não tem motivo.

Seguramente que, num mundo confuso, com tanto conflito e miséria, é mais do que urgente entender que a liberdade é o primeiro requisito da mente humana - não o conforto nem o fugaz momento de prazer nem a continuidade desse prazer, mas uma liberdade total, que é a única origem da felicidade. A felicidade não é um fio em si mesma; como a virtude. É um subproduto da liberdade. Uma pessoa livre é virtuosa; mas o homem que pratica a virtude, submetendo-se a um padrão estabelecido pela sociedade, jamais saberá o que é liberdade e, por isso, jamais será virtuoso.

Gostaria de falar sobre a natureza da liberdade e ver se podemos, juntos, encontrar tateando o caminho para ela; mas não sei como escutam o que estamos dizendo. Escutam apenas as palavras? Escutam para compreender, para experimentar? Se escutam em qualquer desses dois sentidos, nesse caso muito pouco valor terá o que se está dizendo. O importante é escutar, não as palavras nem com a esperança de experimentar essa coisa extraordinária que é a liberdade, mas escutar sem esforço, sem luta, serenamente. Isso, contudo, exige atenção. Por atenção, quero dizer estarmos totalmente empenhados nisso, com a mente e o coração. Se ouvirem desse jeito, descobrirão por si próprios que não podemos ir em busca de tal liberdade, que ela não provém do pensamento nem de exigências emocionais ou histéricas. A liberdade surge, sem que precisem procurá-la, quando há total atenção. Atenção total é o estado da mente que não tem limites nem fronteiras e que, portanto, é capaz de captar cada impressão, de ver e ouvir tudo. E isso podemos fazer; não é coisa tão difícil assim. Torna-se difícil unicamente porque estamos presos a hábitos e isso é uma das coisas de que gostaria de falar.

Cremos poder escapar da inveja gradualmente e fazemos esforço para nos livrar dela aos poucos e, assim, acabamos introduzindo a idéia de tempo. Dizemos: “Tentarei livrar-me da inveja amanhã ou um pouco mais adiante”; entrementes, porém, continuamos invejosos. As expressões tentar e entrementes são a própria essência do tempo e, quando introduzem o fator tempo, não conseguem libertar-se do hábito. Ou rompem com o hábito de uma vez por todas, ou ele continua, embotando a mente e criando novos hábitos.

Mas será possível a mente livrar-se, por completo, dessa idéia de atingir alguma coisa gradualmente transcender algo, ficar livre gradualmente? Para mim, liberdade não é uma questão de tempo – não existe nenhum amanhã no qual se possa ficar livre da inveja ou adquirir uma virtude. E, não havendo amanhã, não há medo. Só existe o pleno viver no agora; o tempo cessou de todo e, desse modo, acaba a formação de hábitos. Com a palavra agora refiro-me ao que é instantâneo, que não é reação ao passado nem uma forma de evitar o futuro. Há tão-somente um momento de atenção total; toda atenção, nesse momento, está aqui, no agora. Certamente que toda existência está no agora; quer sintam uma enorme alegria, quer experimentem profundo sofrimento, ou seja o que for, só no presente é que isso acontece. Através da memória, no entanto, a mente acumula a experiência do passado e a projeta no futuro.

Se não estivermos livres do passado, não haverá liberdade pois a mente nunca é nova, fresca, inocente. Só a mente fresca e inocente é livre. Liberdade nada tem que ver com idade, com experiência. A mim me parece que a essência mesma da liberdade está no compreender o mecanismo do hábito, tanto consciente como inconsciente. Não é uma questão de por fim ao hábito, mas de ver toda a estrutura do hábito. Temos de observar como formam os hábitos e como, por rejeitar um hábito ou resistir a ele, criamos outro hábito. O que importa é estarem inteiramente cônscios do hábito; nesse momento é que poderão ver, por si mesmos, que findou o processo de formação de hábitos. Resistir ao hábito, lutar contra ele ou rejeitá-lo só dá continuidade ao hábito. Quando lutam contra o hábito, dão vida a ele e, então, apenas atentos à estrutura do hábito como um todo, sem resistência, descobrirão estarem livres do hábito e, nessa liberdade, ocorre algo novo.

Saanen, 31 de julho de 1962.

Krishnamurti - Do Livro: Sobre a Liberdade - Cultrix
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill