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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Samadhi: a completa renovação da mente e a transformação do caráter

O conhecimento obtido do estudo e de conclusões a partir das escrituras é de determinado tipo. Mas o conhecimento obtido do samadhi é de natureza muito superior.

Neste ponto, descreve Patanjali dois tipos de conhecimento: o conhecimento obtido através da mediação dos sentidos e da razão, e o conhecimento obtido pela experiência direta, superconsciente. O conhecimento comum chega-nos pela percepção dos sentidos e através da interpretação dessa percepção pela nossa razão. É, portanto, um conhecimento necessariamente limitado aos “objetos ordinários”; ou seja, àquelas espécies de fenômenos que estão ao alcance de nossas percepções sensoriais. Quando o conhecimento ordinário tenta lidar com o extraordinário, revela-se de imediato sua incapacidade.

Temos, por exemplo, as diversas escrituras e livros que nos falam da existência de Deus. Podemos lê-los e aceitar-lhes os ensinamentos — até certo ponto. Não podemos, porém, pretender que conhecemos Deus pelo fato de os termos lido. Quando muito, podemos afirmar que sabemos que tais livros foram escritos por pessoas que afirmavam conhecer Deus. Por que haveríamos de acreditar nelas? É certo que nossa razão pode sugerir-nos que existe a probabilidade de os autores serem honestos e confiáveis, nem iludidos nem dementes, levando-nos, portanto, a acreditar no que nos dizem. Essa crença, entretanto, será apenas parcial e passageira: inteiramente insatisfatória, não chegando por certo a ser um conhecimento.

Assim, restam-nos duas alternativas: ou concluir que existe um só tipo de conhecimento, limitado aos objetos de contato sensorial, e resignar-nos, consequentemente, a um agnosticismo permanente no que tange aos ensinamentos das escrituras; ou admitir a possibilidade de outro conhecimento, um tipo superior que se situa além do nível sensorial, e por isso capaz de confirmar a verdade desses ensinamentos, através da experiência direta. Trata-se do conhecimento alcançado pelo samadhi. E cada um de nós precisa encontrá-lo por si próprio.

“A realização” — diz Swami Vivekananda — “é a religião verdadeira; tudo o mais não passa de preparação palestras ouvidas, livros lidos ou a reflexão são apenas a base preparatória; isso não é a religião. A concordância ou discordância intelectuais não são a religião”. A religião é, de fato, uma espécie de busca rigorosamente prática e empírica. Não se toma nada de boa fé. Aceita-se somente a própria experiência. Avança-se sozinho, passo a passo, como o explorador numa floresta virgem, para se ver o que se vai encontrar. Tudo o que Patanjali ou outro qualquer pode fazer por nós é estimular-nos a buscar a exploração e oferecer-nos algumas sugestões e alertas que nos ajudem na caminhada.

Diz-nos Patanjali que no estado de samadhi nirvichara a mente se torna “pura e plena de verdade”. Diz-se que a mente fica pura porque, nesse estado, as ondas menores de pensamento foram engolidas pela onda maior da concentração sobre um objeto único. É certo que existem ainda dentro dessa onda as “sementes” de apego, mas é apenas num estado de morte aparente. Pelo menos por ora não podem causar dano, e muito provavelmente jamais se tomarão outra vez férteis pois, havendo progredido tanto, é-nos relativamente fácil chegar ao ponto final capaz de aniquilá-las.

Diz-se que a mente está plena de verdade no samadhi nirvichara porque ela prova agora o conhecimento direto supersensorial. Quem já meditou sobre algum Ideal Escolhido ou personalidade espiritual experimentou o contato direto com essa personalidade, não mais como algo imaginado subjetivamente, e sim como alguma coisa objetivamente conhecida. Se você se puser a meditar em Krishna, em Cristo ou em Ramakrishna e buscar figurá-los para si mesmo na mente, descobrirá que a imagem se dissolve na realidade de uma presença viva. E, ao conhecer essa presença, verá que a imagem que dela você fez era imperfeita e diferente do original vivo. Os que passaram por essa experiência comparam-na à ação de um ímã. No estágio inicial da meditação, parece que todo o esforço parte de nós próprios; esforçamo-nos para manter a mente fixa em seu objeto. Logo, porém, tomamos consciência de uma força externa, de um poder magnético de atração que puxa nossa mente na direção desejada, de tal modo que o esforço já não é mais nosso. Isso é conhecido como graça.

Como nos assegurar de que as revelações alcançadas através do samadhi são revelações verdadeiras, e não algum tipo de auto-ilusões ou de auto-hipnose? O bom senso indica diversos testes. Por exemplo, é óbvio que o conhecimento obtido dessa força não deve contrariar o conhecimento já alcançado por outras pessoas: são muitas as pessoas que conhecem, mas há uma só verdade. É também evidente que tal conhecimento deve pretender algo que não se pode conhecer de outro modo — isto é, que não pode ser conhecido através da nossa experiência sensorial ordinária. Finalmente, é preciso que essa experiência traga consigo renovação completa da mente e transformação do caráter. "A relação correta entre a prece e o comportamento" — escreve o arcebispo Temple — "não está no fato de que o comportamento é extremamente importante e a prece pode ajudar a este respeito; e sim no fato de que a prece é extremamente importante e o comportamento o confirma". E se isso é verdadeiro nas fases preliminares da vida espiritual, deverá ser ainda mais marcadamente evidenciado no estado final e unitivo do samadhi. Ao atingi-lo, a pessoa torna-se santa.
 
Swami Prabhananda e Cristopher Isherwood,
em "Como Conhecer Deus - Aforismos iogues de Patanjali"

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill