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quarta-feira, 26 de março de 2014

O Zen e a experiência do chute psíquico

Esta experiência específica, sentida como humilhação pela pessoa comum, não provoca a mesma sensação quando vivida pelo iluminado, por não mais haver consciência do "eu" que possa ser afetada. A intensidade com que a humilhação ainda se faz sentir como dor constitui indício da força do ego. Outro aspecto importante é que, para o não-iluminado cuja atitude em relação ao Caminho é sincera, a humilhação pode representar grande auxílio no processo de despertar. Talvez seja esse o verdadeiro significado do Sofrimento: através dele podermos encontrar um Caminho para superar esse Sofrimento e encararmos a Realidade de frente.

O mesmo princípio dos efeitos potencialmente benéficos da humilhação parece-me valer para o significado mais profundo de certos procedimentos estranhos em mosteiros do Zen. É comum lermos a respeito de algum discípulo, em busca da mais alta verdade, ser relegado aos serviços da cozinha ou outras tarefas subalternas; e, talvez, ao se aproximar do Mestre com um pedido de lição, receber como resposta: "Vá lavar os pratos" — ou algo semelhante. Isto pode nos surpreender e parecer um tanto grosseiro — ou até engraçado —, mas de novo temos de nos lembrar que os ensinamentos do Zen regulam-se pelo Não-Ensinar e que só o Mestre tem condições de dizer o que é melhor para cada discípulo em particular. Além do mais, dessa maneira, este pode descobrir que a vida espiritual não está afastada da existência cotidiana, e pode ser alcançada através de uma vida perfeitamente comum e do não-fazer qualquer coisa especial.

Outro costume do Zen que pode deixar bastante intrigados os observadores ocidentais é o do Mestre bater nos discípulos. Neste ponto, porém, devemos admitir que ao tomarmos conhecimento do fato a nossa reação é falseada pelo condicionamento — nossas noções de bem e mal. No Zen, inexistem essas considerações; o único critério é o dos meios para um fim, o upaya do budismo (que significa, aproximadamente, "meio hábil") — sendo o fim, neste caso, representado pelo despertar mais rápido possível do discípulo. O tratamento austero, os trinta golpes, etc., parecem-me ter duplo significado: em primeiro lugar, podem ajudar o discípulo no sentido de fazê-lo conhecer profundamente a sua consciência do "eu" — para que ele, por fim, possa transcendê-la; em segundo lugar, pela reação do discípulo, o Mestre pode avaliar perfeitamente o estado mental do primeiro e o seu progresso em direção ao satori. E não me surpreenderia a existência de um terceiro fator, mais sutil: a possibilidade de um súbito despertar, através de um mecanismo talvez de alguma forma semelhante ao que se aciona ao se esbofetear um histérico para que desperte de seu sonho delirante.

Robert Powell - Zen e Realidade
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill