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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Como ir além das disputas superficiais da mente?

Questionador: Ouço as suas palestras há muitos anos, e me tornei bastante eficiente em observar os meus próprios pensamentos e ter consciência de tudo o que faço. Mas jamais vivenciei ou toquei as águas profundas da transformação a que se refere. Por quê?

Krishnamurti: Acredito que é muito claro o motivo pelo qual nenhum de nós vivencia algo que se encontra além do simples observar. Pode ocorrer raros momentos de um estado emocional no qual enxergamos, por assim dizer, a claridade do céu entre as nuvens, mas não me refiro a nada desse gênero. Todas essas atividades são temporárias e não têm maior significado. O questionador quer saber por que, após tantos anos de vigilância, não encontrou ainda as águas profundas. E por que haveria de encontrá-las? Compreendem? Vocês creditam que, por vigiar seus próprios pensamentos, terão uma recompensa — se fizerem isso, ganharão aquilo. Na verdade, você não vigia nada em absoluto, porque sua mente continua preocupada em obter uma recompensa. Você acredita que, por vigiar, por ter consciência, se tornará mais amoroso, sofrerá menos, será menos irritadiço, atingirá algum ponto superior; assim, sua vigilância é um processo de compra. Com esta moeda você compra aquilo, ou seja, sua vigilância é um processo de escolha; logo, não se trata de vigilância, mas se trata de atenção. Vigiar é observar sem escolher, é enxergar você tal como você é, sem que o desejo de mudar faça qualquer movimento, e fazer isso é de extrema dificuldade; mas não significa que você continuará no seu estado atual. Você não sabe o que acontecerá se puder se enxergar tal como é e não quiser promover uma mudança naquilo que vê. 

Vamos dar um exemplo e trabalhar nele, e entenderão. Digamos que eu seja violento, como muitas pessoas são. Toda a nossa cultura é violenta, mas não vou deter-me agora na anatomia da violência, porque não é esse o problema de que nos ocupamos. Eu sou violento e verifico que sou violento. O que acontece? Minha resposta imediata é a de que preciso fazer algo a respeito, não é verdade? Digo que preciso tornar-me não violento. Isso é o que qualquer professor de religião nos vem ensinando há séculos — que, se alguém é violento, precisa tornar-se não violento. Então eu pratico, sigo todos os preceitos ideológicos. Mas agora percebo o absurdo disso, pois a entidade que observa a violência e quer transformá-la em não violenta ainda é violenta. Portanto, devo me preocupar, não com a expressão da entidade, mas com a própria entidade. 

Bem, mas o que vem a ser a entidade que diz: "Preciso deixar de ser violento"? Será essa entidade diferente da violência que observou? Serão dois estados diferentes? Sem dúvida, a violência e a entidade que diz "Preciso mudar a violência em não-violência" são ambas a mesma. Reconhecer esse fato é acabar com qualquer conflito, não é mesmo? Deixa de existir o conflito de tentar mudar, porque percebo que o movimento da mente na direção da não-violência é, ele próprio, resultado da violência. 

E o questionador quer saber por que não pode ir além das disputas superficiais da mente. A explicação é simples: é porque, de forma consciente ou inconsciente, a mente vive sempre a buscar algo, e a própria busca produz violência, competição, a sensação de uma enorme insatisfação. Apenas quando a mente atinge o silêncio absoluto existe a possibilidade de tocas as águas profundas. 

Krishnamurti - Ojai, 21 de Agosto de 1955

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill