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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Como podemos libertar-nos imediatamente do medo? - Parte 2

Como podemos libertar-nos imediatamente do medo? Quando emprego a palavra "como", não quero sugerir uma investigação a fim de achar um processo; porque processo, método, sistema, supõe o tempo e, por conseguinte, desordem. Mas, é possível libertar-nos do medo imediatamente?

Pode o pensamento colocar fim ao medo, ou é o pensamento que gera o medo? O próprio pensamento é o terreno em que nasce o medo. Escutai com atenção, para que depois não digais que estou advogando a irreflexão ou afirmando que não devemos pensar. 

Suponhamos que eu tenha medo da morte — isto é, do amanhã, da velhice, da dor, do sofrimento, e do inevitável fim. O pensamento, que já experimentou a dor, a doença, os prazeres da juventude, volta-se agora para o futuro; "projeta" a morte, isto é, coloca-na à distância e, quando dela se ocupa, cria medo. Ou, por não ter compreendido inteiramente a questão do medo, coloca-se a buscar crenças, esperanças, etc. Mas, posso considerar o medo sem a interposição, sem nenhuma interferência do pensamento? 

Estou esclarecendo isto suficientemente? Esclarecimento verbal é uma coisa, esclarecimento real outra coisa. Verbalmente, podeis dizer-me algo, e eu responder: "Sim, concordo convosco, verbalmente vejo o que quereis dizer." Mas 'ver verbalmente' não é ver. Posso olhar uma flor e, embora a veja com meus olhos, veja a luz, a cor, etc., a posso estar vendo apenas verbalmente. Ver a flor com os olhos é uma coisa, e coisa diferente é vê-la com a palavra. Em geral vemos a flor com a palavra e, portanto, não a vemos realmente. Estamos repletos de ideias, conhecimentos, noções, interesse botânico, etc., etc., quando olhamos uma flor. Analogamente, podeis ter compreendido, até aqui, a explicação verbal e estar ou não estar de acordo com ela; também, podeis não ter compreendido as palavras empregadas ou tê-las substituído por vossos termos próprios, traduzindo em vossa própria linguagem o que se disse. E o resultado qual é? Não estais observando realmente a natureza de vosso medo. Por conseguinte, quando dizeis: "Compreendo o que estais dizendo" — significa isso que estais realmente em contato com o medo — com a vossa particular forma de medo — ou que apenas estais em contato com a palavra que indica que temeis?

Estar em contato com uma coisa, fisicamente, é muito fácil. Ao tocar este microfone, sei que estou em contato com ele. Não há nenhum intervalo de tempo, porém, uma ação bem determinada e precisa. Mas, nunca estamos totalmente em contato com outro ente humano ou com o que quer que seja. Se observardes, vereis que isto não é uma simples generalização, porém, um fato real. Posso colocar-me fisicamente em contato com um objeto, mas, entrar em contato com o medo é uma das coisas mais difíceis, porque requer extraordinária atenção — atenção em que não haja desperdício de energia com palavras, explicações, fugas. Só então se está em direta relação com o medo; e é esta a significação de nossa pergunta a nós mesmos, sobre se é possível nos libertarmos incontinenti do medo. Essa libertação significa que terminaram todas as fugas ao medo — todas as fugas verbais. Porque a palavra não só dá mais força à coisa que chamamos "medo", identificando-se com essa coisa, mas também a própria palavra pode ser a causa do temor. Pode-se perceber como a palavra "morte", por exemplo, atemoriza. A própria palavra, portanto, cria medo; e quando desejamos entrar em contato com o medo, a palavra se torna um meio de fuga. Quando toco este microfone, não há fuga nenhuma; esse contato não está associado a nenhuma palavra, nenhum pensamento. Mas, para podermos entrar em direta relação com o medo, temos de compreender a estrutura, o significado, a importância da palavra. Temos de perceber que o pensamento é produzido pela palavra. O pensamento é uma mera reação à palavra, e cumpre perceber este fato. É o que espero que estejais fazendo juntamente comigo. 

Ao dizer que uma pessoa pode libertar-se totalmente do medo, isso não significa que tenhamos de libertar-nos do desejo de evitar sermos atropelados por um ônibus ou caminhão; trata-se, aí, do instinto natural de proteção do organismo físico. Mas, quando o pensamento cria uma imagem verbal a esse respeito, essa imagem gera medo. Pode, pois, a mente olhar o medo sem a palavra — sem permitir a si própria nenhuma fuga, dizendo: "Libertar-me-ei do medo com o tempo" — entrando assim em contato total com a coisa chamada "medo"? 

Nós, com efeito, nunca estamos verdadeiramente em contato com outra pessoa, não é exato? Podemos estar fisicamente em contato com nossa mulher ou marido, ou com nossos filhos, mas outro contato não existe, existe? Temos lembranças atinentes a nossa mulher, nosso marido, nossos filhos, nosso vizinho, e é com essas lembranças que estamos em relação. Temos retratos, imagens, recordações, tanto agradáveis como desagradáveis, e essas coisas interferem, impedindo-nos o contato direto com o outro indivíduo. Para se estar em contato com outrem, requer-se que não haja interferência de nenhuma cortina de lembranças. 

Ora, estamos diretamente em contato com o medo? Não sei se compreendeis esta pergunta e tudo o que ela implica. estais observando o medo, vós como observador e o medo como coisa observada? Sois o pensador a observar a coisa que se chama "medo"? Ou estais olhando o medo, não na qualidade de observador, e nesse caso não existe censor, não existe nenhum centro de onde estais observando e, portanto, o medo constitui o único fato? 

Por outras palavras: a maior parte de nossa vida é um conflito, uma luta entre o que é e o que deveria ser. E estamos acostumados com o esforço, com essa batalha que constantemente se trava em nosso íntimo, esse ajustamento, esse atrito entre o que é e a nossa esperança — o que deveria ser. Estamos acostumados com essa incessante batalha, e é só ela o que conhecemos; assim temos sido condicionados desde a infância. Toda a nossa estrutura social — nossos conceitos religiosos, nossa moral, tudo — se baseia nesse constante esforço de vir a ser

Não digais, agora: "Se não houvesse esforço, se não houvesse luta, que seríamos nós? Continuaremos macacos, como antes, estacionários". É essa a reação comum. Mas, em nosso próprio lutar, uma grande parte de nós mesmos está ainda ligada ao animal, ao macaco: nossa constante avidez, inveja, medo, ansiedade, nossa imperiosa necessidade de satisfação, de prazer e continuação de prazer. O desejo de continuação de prazer provoca o esforço — e todos os nossos valores sociais, morais, religiosos, éticos estão baseados no prazer. Só conhecemos o amor através do prazer. Quando compreendermos o significado e a estrutura do prazer, o amor terá, então, sem dúvida, significação inteiramente diferente, será isento de ciúme, de sentimento de posse, de domínio. Mas, para aí chegarmos, temos de perceber a natureza desse esforço para transformar o que é no que deveria ser. O que deveria ser é a continuação do prazer. Chamamos nosso esforço nobre, bom, virtuoso, mas, atrás dessa fachada de palavras está a ânsia de prazer. 

Assim, é possível operarmos uma mudança, uma revolução radical dentro de nós mesmos? Essa revolução é necessária, porque, de outro modo, nossa vida permanecerá superficial, vazia, embotada, estúpida, medíocre, sem nada de novo. É possível, sem nenhum esforço, colocar fim ao medo? Só podemos extingui-lo quando em contato direto com o sentimento chamado "medo", sem permitirmos nenhuma interferência do pensamento como palavra; e isso de imediato acontece ao compreendermos, em seu todo, a natureza do tempo, do prazer, da confusão e da desordem. 

Tudo isso exige muita energia. Afinal de contas, o prestar atenção a qualquer coisa, o prestar atenção ao que se diz, requer energia. Mas, se não vos sentis interessados no que se está dizendo, se estais a olhar para outra pessoa, se estais pensando sabe Deus em quê, ou aferrados a uma certa maneira complicada de considerar a vida, tudo o que digo constitui para vós uma coisa enfadonha e, portanto, um desperdício de energia; por conseguinte, não estais prestando atenção completa. A total atenção exige energia, tanto física como nervosa — energia sem o desperdício ocasionado pelas palavras, as fugas, o esforço para ultrapassar o que é. Só quando existe essa plena energia pode a mente olhar o que é; e vereis então, por vós mesmos, que, em virtude dessa atenção — que é a energia total aplicada à cosia chamada "medo" — tereis a possibilidade de ficar completamente livres do medo. 

Jiddu Krishnamurti — O descobrimento do amor     

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill