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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Tudo é energia

 
K: A experiência psicológica está no tempo.

DB: Penso que o que você está dizendo é que a noção de nos controlarmos psicologicamente não tem significado.

K: Portanto, o conhecimento do "eu " - o conhecimento psicológico — é o tempo.

DB: Sim, eu compreendo que a totalidade do conhecimento é o "eu", é o tempo.

K: Então, o que é a existência sem isso? Não existe o tempo, não existe o conhecimento no sentido psicológico, não há nenhum sentido do "eu"; então, o que existe? Para chegar a esse ponto a maioria das pessoas diria: "Isso é uma coisa horrível".

DB: Sim, porque parece que, então, não haveria nada.

K: Nada. Mas se alguém chegou a esse ponto, o que existe ali? Você diria que, como não há nada, há tudo?

DB: Sim, eu aceitaria isso. Eu sei que é assim. Isso é verdadeiro, tudo está contido aí.

K: Não há meditação, não há nada.

DB: Nada.

K: Nada, é isso.

DB: Uma coisa é limitada, e isso não é uma coisa porque não existem limites... Pelo menos, isso possui tudo potencialmente.

K: Um momento. Se isso não é nada, e portanto tudo, então tudo é energia.

DB: Sim, e não se trata disso, porque não podemos dizer: "À medida que me torno habilidoso no meu trabalho, torno-me habilidoso em minha mente, fundamentalmente habilidoso".

K: Sim. Para onde, então, isso está nos levando? Sei que o conhecimento é tempo; o cérebro percebe isso, e vê a importância do tempo numa certa direção, e constata que o tempo não tem qualquer valor em outra direção. Isso não é uma contradição.

DB: Eu diria que o valor do tempo está limitado a uma certa direção, ou área, e que, para além dela, ele não tem valor.

K: Sim. Então o que é a mente ou o cérebro sem o conhecimento? Você entende o que eu digo.

DB: Sem o conhecimento psicológico?

K: Sim, estou falando psicologicamente.

DB: Não é tanto pelo fato de ele estar preso no tempo, mas por ele estar desprovido do conhecimento psicológico para se organizar.

K: Sim.

DB: Estamos dizendo, então, que o campo cerebral deve se organizar conhecendo psicologicamente tudo sobre si mesmo.

K: Então a mente e o cérebro significam desordem? Certamente que não.

DB: Não. Mas eu penso que as pessoas que se defrontarem com isso poderão achar que se trata de desordem. Sim. A base de tudo é energia.

K: Naturalmente. Tudo é energia. E qual é a fonte dessa energia? Ou não há nenhuma fonte de energia? Existe apenas a energia?

DB: A energia apenas é. A energia é "o que é". Não há necessidade de uma fonte. Seria isso, talvez, uma maneira de encarar a coisa?

K: Não. Se não existe nada, e conseqüentemente tudo, e tudo é energia... Temos que tomar bastante cuidado aqui; os hindus também têm essa idéia, a de que Brahman é tudo. Você entende? Mas isso se torna uma idéia, um princípio, e então o funcionamento está mais uma vez no cérebro. O fato, porém, é que não há nada, e conseqüentemente existe tudo, e tudo isso é energia cósmica. Mas o que originou essa energia?

DB: Não estamos falando do tempo.

K: Eu sei que não estamos falando do tempo, mas, veja, os cristãos diriam: "Deus é energia e Ele é a fonte de toda a energia". Não é verdade?

DB: Mas os cristãos têm uma idéia do que eles chamam de Ente Supremo, que é também a própria fonte de Deus.

K: E os mundos dos hindus, dos árabes, dos judeus também têm isso. Estamos indo contra tudo isso?

DB: Soa parecidos de algumas maneiras.

K: E, ao mesmo tempo, não parecido. Temos que ter cuidado.

DB: Muitas coisas como essa foram ditas através dos tempos.

K: Estamos então apenas caminhando no vazio? Estamos vivendo no vazio?

DB: Bem, isso não está claro.

K: Não existe nada, e tudo é energia. O que é isso?

DB: Bem, existe alguma coisa dentro da energia?

K: Isso não é diferente da energia. Isso. Mas a coisa que está dentro diz: "Sou totalmente diferente daquilo".

DB: O "eu" se fecha e diz: "Eu sou diferente, eu sou eterno".

K: Por que ele fez isso? Por que surgiu a separação? Será porque externamente eu me identifico com uma casa e assim por diante, e essa identificação avançou interiormente?

DB: Sim. E o segundo ponto era que uma vez que estabelecemos a noção de alguma coisa interna, tornou-se necessário protegê-la; e isso, portanto, criou a separação.

K: Naturalmente.

DB: O interior era obviamente a coisa mais preciosa, e teria que ser protegido com toda nossa energia.

K: Isso quer dizer então que existe apenas o organismo — que é parte da energia? Não há em absoluto nenhum "mim", a não ser o nome no passaporte e a forma; além disso não há nada; e conseqüentemente existe tudo, e portanto tudo é energia?

DB: Sim, a forma não possui existência independente.

K: Não. Existe apenas a forma. Isso é tudo.

DB: Você diz que existe também a energia.

K: Isso é parte da energia. Portanto, existe apenas isso, forma exterior.

DB: Existe a forma exterior na energia.

K: Você percebe o que dissemos? Isso é o fim da jornada?

DB: Não, não creio.

K: Terá a humanidade viajado através dos milênios para chegar a isso? à conclusão de que não sou nada, e consequentemente tudo, e toda energia.

DB: Bem, isso não pode ser o fim, no sentido de que poderá ser o início.

K: Espere. É exatamente como eu queria que você começasse. O final é o início — certo? Agora — quero me aprofundar nisso. Veja bem, no final disso tudo — em poucas palavras, no término do tempo há um novo começo. Por que isso? Porque de outro modo isso pareceria completamente fútil. Sou todo energia, apenas a casca existe, e o tempo findou. Parece tão fútil.

DB: Sim, se pararmos aí.

K: Isso é tudo.

DB: Penso que isso está realmente limpando a base de todos os escombros, de toda a confusão.

K: Sim. Então o fim é um começo. Mas o que é isso? O início também subentende o tempo.

DB: Não necessariamente. Creio termos dito que poderia haver um movimento que não tivesse tempo.

K: Isso é tudo. Quero tornar isso claro.

DB: Sim, mas é difícil de expressar. Não é uma questão de ficarmos estáticos, e sim num certo sentido de o movimento não ter a ordem do tempo. Acho que teríamos de dizer isso agora.

K: Sim. Vamos então usar a palavra "início" de despojá-la do tempo.

DB: Isso é porque o término e o início não representam um tempo especial. Na verdade eles podem representar qualquer tempo ou nenhum tempo.

K: Nenhum tempo. O que ocorre então? O que está acontecendo? Não a mim, não ao meu cérebro. O que está acontecendo? Já dissemos que quando negamos o tempo não existe nada. Depois dessa longa conversa, nada significa tudo. Tudo é energia. E nós paramos aí. Mas isso não é o fim.

DB: Não.

K: Isso não é o fim. Então o que está acontecendo? É isso criação?

DB: Sim, algo parecido.

K: Mas não a arte de criar, como escrever ou pintar.

DB: Talvez mais tarde possamos examinar o que queremos dizer com criar.

Krishnamurti e David Bohm - 1º de abril de 1980. Ojai, Califórnia
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill