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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A verdade não é coisa para ser lembrada, repetida

Pergunta: A indagação — que é a verdade — é muito antiga e ainda não é respondida definitivamente. Você fala da verdade, mas não vemos tentativas ou esforços por alcançá-la, como o vimos nas vidas de pessoas como Mahatma Ghandi e a doutora Besant. Sua agradável personalidade, seu sorrido que desarma, seu amor suave, é tudo o que vemos. Quer explicar porque há tanta diferença entre a sua vida e a vida de outros que se consagraram à procura da verdade? Existem duas verdades?

Krishnamurti: Deseja provas? E por que padrão será julgada a verdade? Há os que dizem que o esforço e a tentativa são necessários para se ter a verdade; mas a verdade é alcançável por meio do esforço, de tentativa, de um jogo de probabilidades? Há os que lutam e se esforçam na conquista da verdade, de modo espetacular, quer publicamente, quer na tranquilidade de uma caverna; acharão eles a verdade? É a verdade coisa que se possa descobrir por meio de esforço? Existe um caminho que leva à verdade: o seu caminho, o meu caminho, o caminho do que faz esforço e o caminho do que não o faz? Há duas verdades, ou tem a verdade vários aspectos?

Ora, o problema é seu, e não meu; e o seu problema é o seguinte: você diz "Certas pessoas — suas, ou várias, ou centenas — fizeram esforços, lutaram, procuraram a verdade, ao passo que você não faz esforço algum, leva uma vida agradável e despretensiosa". Quer, pois, comparar, isto é, tem um padrão, tem um retrato de seus guias, que lutaram por alcançar a verdade; e se chega um que não se ajusta ao seu molde, fica decepcionado e pergunta: "Que é a verdade?" Você fica decepcionado — esta é que é a coisa importante, senhor, e não saber se eu possuo a verdade, ou se outro qualquer a possui. O que importa é verificar se se pode descobrir a realidade sem esforço, sem ação da vontade e sem luta. Isso traz compreensão? A verdade, por certo, não é algo que está distante, a verdade se encontra nas pequenas coisas da vida de cada dia, em cada palavra, em cada sorriso, em cada relação, mas nós não sabemos vê-la; e o homem que tenta, que luta valorosamente, que se disciplina, que se domina — possuirá ele a verdade? A mente que é disciplinada, controlada, limitada, por meio de esforço — perceberá ela a verdade? Evidentemente não a perceberá. É só a mente silenciosa que há de perceber a verdade, e não a mente que se esforça por ver. Senhor, se fizer esforço para ouvir o que estou dizendo, ouvirá? Só quando está quieto, quando está realmente silencioso, você compreende. Se observar de perto, se ouvir tranquilamente, então ouvirá; mas se fica tenso, lutando por assimilar tudo o que se está dizendo, sua energia se dissipará na tensão, no esforço. Nessas condições, não encontrará a verdade por meio do esforço, não importa quem a diga, se os livros antigos, se os antigos santos ou os modernos. O esforço é a negação da compreensão; só a mente tranquila, a mente simples, a mente que está quieta, que não se impõe esforços extenuantes — só essa mente compreenderá a verdade, verá a verdade. A verdade não é algo distante, não há caminho que leve a ela, não há o vosso caminho, nem o meu caminho; não há caminho devocional, não há caminho de ciência nem caminho de ação, porque a verdade não tem caminho que a ela a conduza. No momento em que você tem um caminho para a verdade, você a divide, porque todo caminho é exclusivo e o que é exclusivo no começo há de acabar em exclusão. O homem que está seguindo um caminho nunca há de conhecer a verdade, porque está vivendo na exclusão; seus meios são exclusivos, e os meios são o fim, os meios não estão separados do fim. Se os meios são exclusivos, o fim também é exclusivo.

Assim, não há caminho que conduza à verdade, não existem duas verdades. A verdade não é do passado nem do presente, ela é atemporal; e o homem que cita a verdade do Buda, de Sankara, do Cristo, ou apenas repete o que eu estou dizendo, não encontrará a verdade, porque repetição não é verdade. A verdade é um "estado de ser" que surge quando a mente — que sempre procura dividir, ser exclusiva, que só é capaz de pensar em referência a resultados, realizações — deixa de existir. Só então haverá a verdade. A mente que está fazendo esforço, disciplinando-se, com o propósito de alcançar um fim, não pode conhecer a verdade, porque o fim é a projeção dela própria, e o cultivo dessa projeção, por mais nobre que seja, é uma forma de auto-adoração. O ser, nestas condições, está adorando a si mesmo, e por conseguinte não pode conhecer a verdade. A verdade só pode ser conhecida quando compreendemos todo o processo da mente, quando não existe luta alguma. A verdade é um fato, e o fato só pode ser compreendido depois de você afastar as várias coisas que foram colocadas entre a mente e o fato. O fato são as suas relações com a propriedade, com sua esposa, com os seres humanos, com a natureza, com ideias; e enquanto você não compreender o fato das relações, a sua busca de Deus só servirá para aumentar a confusão; porque ela é uma substituição, uma fuga e, por conseguinte, destituída de significação. Enquanto dominar a sua esposa ou ela lhe dominar, enquanto possuir e for possuído, você não pode conhecer o amor; enquanto estiver refreando, substituindo, enquanto for ambicioso, você não pode conhecer a verdade. Não é a negação da ambição que torna a mente calma, e a virtude não é a negação do vício. A virtude é um estado de liberdade, de ordem, que o vício não pode dar; e a compreensão do vício é o estabelecimento da verdade. O homem que constrói igrejas ou templos, em nome de Deus, com o dinheiro que juntou pela exploração, pela astúcia e a desonestidade, não conhecerá a verdade; pode ele ter falas suaves, , mas sua língua tem o sabor amargo da exploração, do sofrimento. Só conhecerá a verdade aquele que não está buscando a verdade, que não está lutando nem fazendo tentativas para alcançá-la. A mente, em si, é um resultado, e tudo o que ela produz é sempre um resultado; mas o homem que se contenta com o que é, esse conhecerá a verdade. Contentamento não significa estar satisfeito com o status quo, com a manutenção das coisas como estão — isto não é contentamento. É no perceber um fato verdadeiramente e no estar livre dele, que existe o contentamento, que é virtude. A verdade não é contínua, não tem morada, ela só pode ser vista momento por momento. O que foi verdade ontem, não é verdade hoje, o que é verdade hoje não será verdade amanhã. A verdade não tem continuidade. A mente é que deseja fazer contínua a "experiência" que ela chama "verdade", e essa mente não conhecerá a verdade. A verdade é sempre nova; é ver o mesmo sorriso e vê-lo como se fosse novo, ver a mesma pessoa, e vê-la de maneira nova, ver de maneira nova as palmeiras que se agitam, ir ao encontro da vida sempre de maneira nova. A verdade não pode ser conquistada por meio de livros, por meio de devoção ou de auto-sacrifício, mas ela é conhecida quando a mente é livre, quando tranquila; e essa liberdade, essa tranquilidade da mente só vem quando os fatos das suas relações são compreendidos. Sem compreender as suas relações, tudo o que ela faz só cria novos problemas. Mas quando a mente está livre de todas as suas projeções, há um estado de tranquilidade em que cessam os problemas, e só então surge na existência o atemporal, o eterno. A verdade não é, pois, uma coisa de conhecimento, uma coisa para ser lembrada, uma coisa para ser repetida, impressa e divulgada. A verdade é aquilo que é, não tem nome, sendo, portanto, inacessível à mente.

Jiddu Krishnamurti — O que estamos buscando?


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill