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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O correto relacionamento com a natureza

Questionador: Qual o significado do relacionamento correto com a natureza?

Krishnamurti: Não sei se vocês descobriram seu relacionamento com a natureza. Não há relacionamento “correto”, há apenas a compreensão desse relacionamento. O relacionamento correto implica a mera satisfação de uma fórmula, como acontece com o pensamento correto. O pensamento correto e o pensar corretamente são duas coisas distintas. O pensamento correto é simplesmente conformar-se com o que é certo, com o que é respeitável, ao passo que o pensar corretamente é movimento, é o produto da compreensão, a qual está constantemente passando por modificações, por mudanças. Analogamente, há uma diferença entre relacionamento correto e compreender o nosso relacionamento com a natureza. Qual é o relacionamento com a natureza (isto é, com os rios, as árvores, os pássaros que voam ligeiros, os peixes nas águas, os minerais sob a terra, as cachoeiras e os lagos rasos?) Qual é o relacionamento com eles? A maioria de nós não está consciente desse relacionamento. Nós nunca olhamos para uma árvore, ou, se o fazemos, é com a intenção de usar essa árvore, quer sentando-nos à sua sombra, quer cortando-a para usar como madeira. Em outras palavras, olhamos para as árvores com objetivos utilitários: nunca olhamos para uma árvore sem nos projetarmos, sem usá-la para a nossa própria conveniência. Tratamos a terra e os seus produtos da mesma maneira. Não há amor pela terra, há apenas o uso da terra. Se de fato amássemos a terra, economizaríamos os produtos que ela nos dá. Ou seja, se quiséssemos entender o nosso relacionamento com a terra, teríamos de ter muito cuidado com o modo de usarmos os seus produtos. A compreensão do nosso relacionamento com a natureza é tão difícil de compreender quanto o nosso relacionamento com os vizinhos, a esposa e os filhos. Mas não ligamos para isso. Nunca nos sentamos para olhar as estrelas, a lua ou as árvores. Estamos ocupados demais com as atividades sociais ou políticas. Obviamente, essas atividades são meios de fugas de nós mesmos; venerar a natureza também é um meio de fuga. Estamos sempre usando a natureza quer como fuga, quer para fins utilitários — nunca nos detemos de verdade e amamos a terra ou as coisas que ela nos dá. Não apreciamos os campos férteis, embora os usemos para nos alimentar e vestir. Não gostamos de cultivar a terra com nossas mãos. Temos vergonha de fazer trabalhos manuais. Afinal, esse trabalho só é feito pelas castas inferiores. Nós, as classes superiores, aparentemente somos demasiado importantes para usar as próprias mãos: portanto, perdemos o nosso relacionamento com a natureza.

Se tivéssemos entendido esse relacionamento, a sua real importância, não dividiríamos a propriedade em sua ou minha; embora tivéssemos um lote de terra e construíssemos uma casa, esta não seria “minha” nem “sua” no sentido de exclusividade — seria mais um modo de buscar abrigo. Pelo fato de não amarmos a terra e os seus produtos mas simplesmente os usarmos, somos insensíveis à beleza de uma queda d’água, perdemos o contato com a vida: não nos recostamos no tronco de uma árvore. Já que não amamos a natureza, não sabemos amar os seres humanos e os animais. Vão até as ruas e observem como os bois são maltratados, como a cauda dos bois perdem a forma. Vocês balançam a cabeça e dizem: “Mas como isso é triste”. Contudo, perdemos a ternura, a sensibilidade que reage às coisas belas, e é apenas na renovação dessa sensibilidade que podemos entender o que é um verdadeiro relacionamento. Essa sensibilidade não surge com o mero fato de pendurarmos alguns quadros na parede, nem de pintarmos uma árvore, nem de colocarmos flores no cabelo; a sensibilidade só morre quando se deixa de lado essa visão utilitária. Isso não significa que vocês não possam usar a terra; porém, vocês devem usá-la como ela deve ser usada. A terra existe para ser amada, protegida, não para ser dividida como se fosse sua ou minha. É tolice plantar uma árvore numa área cercada e dizer que é “minha”. Só quando estamos livres da exclusividade é que existe a possibilidade de sermos sensíveis, não só à natureza, mas também aos seres humanos e aos incessantes desafios da vida.

Jiddu Krishnamurti — Poona, 17 de outubro de 1948  

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill