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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Na compreensão da dor encontra-se o fim da dor

Uma mente que pratica um sistema pode descobrir o que está além dela? Uma mente confinada na estrutura da própria disciplina é capaz de buscar? Não é preciso haver liberdade para descobrir?

(...) Todos nós buscamos uma saída para nossa infelicidade e provação; mas a procura acaba quando adotamos um método pelo qual desejamos dar fim à dor. Somente na compreensão da dor há um fim para ela, e não na prática de um método.

(...) É possível compreender quando, por meio da disciplina e de várias práticas, a mente está moldada pelo desejo? A mente não precisa ser livre para que a compreensão aconteça?

(...) A liberdade está no começo, não no fim... Quando a totalidade daquilo que leva inevitavelmente a infelicidade e confusão é percebida, não há qualquer sentido na disciplina contra ela. Se aquele que agora despende tanto tempo e energia na prática de uma disciplina, com todos os seus conflitos, dedicasse o mesmo pensamento e atenção à compreensão do total significado da dor, haveria o fim completo da dor. Mas estamos presos na tradição da resistência, da disciplina, e por isso não há qualquer compreensão dos mecanismos da dor.

(...) Podemos realmente escutar enquanto a mente se apega a conclusões baseadas em suposições e experiências? Certamente, só escutamos quando a mente não está traduzindo o que ouve em termos daquilo que conhece. O conhecimento impede o escutar. Talvez um indivíduo saiba muitas coisas; mas para escutar algo que pode ser totalmente diferente do que ele sabe é preciso deixar de lado todo conhecimento.

(...) O verdadeiro e o falso não se baseiam em opinião ou julgamento, independente de quão sábios e antigos. Perceber o verdadeiro no falso e o falso naquilo que se diz verdadeiro, e ver a verdade como verdade, exige uma mente que não está presa no próprio condicionamento. Como podemos perceber se uma afirmação é verdadeira ou falsa se a mente é preconceituosa, presa na própria estrutura das próprias conclusões e experiências, ou de outro? Para essa mente, o importante é perceber a própria limitação.

(...) Para compreender completamente o significado de um problema é preciso considerar toda a questão do esforço... O esforço por ser ou não ser algo é a continuação do “eu”. Esse esforço pode se identificar com o Atman, a alma, o Deus interior, e por aí vai, mas seu núcleo ainda é a ganância, a ambição, que é o “eu”, com todos os seus atributos conscientes e inconscientes.

(...) Enquanto houver um observador que está tentando mudar, ou ganhar ou colocar de lado aquilo que observa, haverá esforço; pois, afinal, o esforço é o conflito entre o que é e o que deveria ser, o ideal. Quando esse fato é compreendido, não apenas verbal ou intelectualmente, mas profundamente, então a mente adentrou o estado de ser em que todo esforço, como o conhecemos, não existe.

(...) Tal estado não pode ser buscado; ele chega sem convite. O desejo de alcança-lo compele a mente a acumular conhecimento e praticar disciplinas como meio de adquiri-lo — o que, mais uma vez, é um obstáculo à experiência de tal estado.

(...) Uma mente que é resultado do tempo, uma mente que leu, estudou, que meditou sobre o que lhe foi ensinado, e é em si mesma uma continuação do passado — como pode tal mente experimentar a realidade, o atemporal, o sempre novo? Como pode divisar o desconhecido? Certamente, saber, ter certeza, é o caminho da vaidade, da arrogância. Enquanto alguém sabe, não há morrer, há apenas a continuação; e o que tem continuidade jamais pode achar-se naquele estado de criação que é o atemporal. Quando o passado cessa de contaminar, a realidade é. Não há, então, qualquer necessidade de buscá-la.

Com uma parte de si, a mente sabe que não há permanência, nenhum canto no qual repousar; mas, com outra parte, está sempre se disciplinando, buscando aberta ou sutilmente estabelecer um refúgio de certeza, de permanência, uma relação além de toda contenda. Assim, há uma infinita contradição, um esforço por ser e também por não ser, e passamos nossos dias em conflito e dor, prisioneiros entre os muros de nossas próprias mentes. Os muros podem ser destruídos, mas o conhecimento e a técnica não são os instrumentos para essa liberdade.

Jiddu Krishnamurti


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill