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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Só a verdade liberta, e não pagas promessas de liberdade

Ela era uma escritora e seus livros tinham uma circulação bem ampla. Contou que só conseguira vir à Índia depois de muitos anos. Quando começou, não tinha a ideia de onde iria parar; mas agora, depois desse tempo todo, seu destino tornara-se claro. O marido e a família toda estavam interessados em assuntos religiosos, não de forma superficial, mas muito seriamente; entretanto, ela tomara a decisão de deixar a todos e viera na esperança de encontrar alguma paz de espírito. Ela não conhecia ninguém neste país quando chegou, e foi muito difícil no primeiro ano. Ela veio, primeiro, para determinado ashram, ou retiro, sobre o qual havia lido. O guru de lá era um velho tranquilo que tivera certas experiências religiosas das quais ele agora vivia, e que constantemente repetia algum ditado sânscrito que seus discípulos entendiam. Ela foi bem recebida nesse retiro e achou fácil ajustar-se às regras. Ficou lá por vários meses, mas não encontrou a paz, então, um dia, anunciou sua partida. Os discípulos ficaram horrorizados que ela pudesse sequer pensar em deixar tal mestre de sabedoria; mas ela foi embora. Então, foi para um ashram no meio das montanhas e ficou lá por algum tempo, feliz no início, pois era lindo, com árvores, riachos e vida selvagem. A disciplina era bastante rigorosa, o que não a incomodava; mas novamente os vivos eram os mortos. Os discípulos estavam venerando conhecimento morto, tradição morta, um mestre morto. Quando ela foi embora, eles também ficaram chocados, e a ameaçaram com trevas espirituais. Ela, então, foi para um retiro bem conhecido, onde se repetia várias afirmações religiosas e se praticava meditações com regularidade, mas gradualmente descobriu que estava entrando numa armadilha e sendo destruída. Nem o mestre nem os discípulos queriam liberdade, embora falassem sobre ela. Estavam todos preocupados em manter o centro, em manter os discípulos em nome do guru. De novo ela fugiu, e foi para outro lugar, sempre a mesma história, com um padrão religioso diferente.

“Eu lhe garanto, estive na maioria dos ashram sérios, e eles todos querem controlar as pessoas, enfraquece-las para se encaixarem no padrão do pensamento que eles denominam a verdade. Por que todos eles querem que as pessoas se conformem a uma disciplina específica, ao modo de vida estabelecido pelo mestre? Por que eles apenas prometem liberdade mas nunca a oferecem?”

A conformidade é gratificante; ela garante a segurança do discípulo, e dá poder tanto ao discípulo quanto ao mestre. Pela conformidade, há o fortalecimento da autoridade, secular ou religiosa;  e a conformidade gera entorpecimento, que eles chamam de paz. Se alguém deseja evitar o sofrimento através de alguma forma de resistência, por que não buscar esse caminho, embora ele envolva uma determinada quantidade de dor? A conformidade anestesia a mente para o conflito. Queremos que nos deixem entorpecidos, insensíveis; tentamos barrar o feio e, desse modo, também nos tornamos entorpecidos ao bonito. A conformidade à autoridade dos mortos ou dos vivos dá uma profunda satisfação. O mestre sabe e você não sabe. Seria tolo você tentar descobrir qualquer coisa por si mesmo quando seu mestre confortador já sabe; então você se torna escravo dele, e escravidão é melhor que confusão. O mestre e o discípulo ganham força na exploração mútua. Você realmente não vai para um ashram por liberdade, não é? Você vai para ser confortada, para ter uma vida de disciplina e crenças fechadas, para venerar e, por sua vez, ser venerada — tudo isso é chamado de busca da verdade. Eles não podem lhe oferecer liberdade, pois isso seria a própria destruição. A liberdade não pode ser encontrada em qualquer retiro, em qualquer sistema ou crença, nem pela conformidade nem pelo medo denominados disciplina. As disciplinas não podem oferecer liberdade; elas podem prometer, mas esperança não é liberdade. A imitação como meio para a liberdade é a própria negação da liberdade, pois o meio é o fim; a cópia gera mais cópias, não liberdade. Mas gostamos de nos enganar, e é por isso que a compulsão ou a promessa de recompensa existem em formas sutis e diferentes. A esperança é a negação da vida.

“Agora estou evitando todos os ashram, como a peste. Fui até eles por paz e recebi compulsões, doutrinas autoritárias e promessas vãs. Com que ansiedade aceitamos a promessa do guru! Como somos cegos! Finalmente, depois desses anos todos, estou totalmente desprovida de qualquer desejo de buscar suas recompensas prometidas. Fisicamente, estou exausta, como você pode ver; pois, muito insensatamente, eu de fato provei suas formulas. Em um desses lugares, onde o mestre está em ascensão e é muito popular, quando disse a eles que estava vindo vê-lo, eles aceitaram a derrota, e alguns tinham lágrimas nos olhos. Essa foi a gota d’água! Eu vim aqui por que quero falar sobre algo que está apertando meu coração. Indiquei isso a um dos meus mestres e sua resposta foi que eu precisava controlar meu pensamento. É isso. A dor da solidão é mais do que posso suportar; não a solidão física, que é benvinda, mas a profunda dor interior de estar sozinha. O que posso fazer a respeito? Como devo considerar esse vazio?”

Quando você pergunta o caminho, torna-se um seguidor. Como há essa dor da solidão, você quer ajuda, e a própria solicitação por orientação abre a porta para a compulsão, a imitação e o medo. O “como” não é absolutamente importante, então vamos entender a natureza dessa dor, em vez de tentar superá-la, evita-la ou ir para longe dela. Até que haja total entendimento dessa dor da solidão, não haverá paz, nem quietude, mas somente luta incessante; e, quer estejamos conscientes disso ou não, a maioria de nós está tentando fugir desse medo, seja de forma violenta ou sutil. Essa dor só existe em relação ao passado, e não em relação ao que é. O que é tem de ser descoberto, não verbal ou teoricamente, mas diretamente experienciado. Como pode haver descoberta do que realmente é se você abordar isso com um sentido de dor ou de medo? Para entender isso você não precisa abordá-lo livremente, despojada de conhecimento passado em relação a isso? Você não precisa chegar a uma mente nova, limpa de lembranças, das respostas habituais? Não pergunte como a mente pode libertar-se para ver o novo, mas ouça a verdade disso. Só a verdade liberta, e não seu desejo de ser livre . O próprio desejo e esforço de ser livre é um estorvo para a libertação.

Para entender o novo, a mente não precisa, com todas as suas conclusões e garantias, cessar suas atividades? Ela não precisa estar silenciosa, sem buscar um modo de fugir dessa solidão, um remédio para isso? A dor da solidão não precisa ser observada, com seu movimento de desespero e esperança? Não é esse mesmo movimento que produz a solidão e seu medo? Não é a própria atividade da mente um processo de isolamento, de resistência? Não é toda a forma de relacionamento da mente um modo de separação, de recolhimento? Não é a própria experiência um processo de autoisolamento? Então o problema não é a dor da solidão, mas a mente que projeta o problema. O entendimento da mente é o início da liberdade. A liberdade não é algo no futuro, é o próprio primeiro passo. A atividade da mente só pode ser entendida no processo de resposta de cada tipo de estímulo. Estímulo e resposta formam um relacionamento em todos os níveis. O acúmulo em qualquer forma, como conhecimento, experiência ou crença, impede a liberdade; e é somente quando há liberdade que a verdade pode existir.

“Mas o esforço não é necessário, o esforço para entender?”

Nós entendemos alguma coisa por meio da luta, por meio do conflito? O entendimento não vem quando a mente está totalmente silenciosa, quando a ação do esforço cessou? A mente que é silenciada não é uma mente tranquila; ela é uma mente morta, insensível. Quando o desejo existe, a beleza do silêncio não existe. 

Krishnamurti
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill