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domingo, 28 de julho de 2013

O que é pensar?

Em termos bem simples, o pensar é evidentemente a reação do conhecimento e da experiência como memória. O computador registra em sua fita eletrônica uma enorme quantidade de dados e, se lhe fazemos uma pergunta adequada receberemos a resposta correta. De modo idêntico, uma grande quantidade de conhecimento herdados e adquiridos está gravada no cérebro humano como memória, e, quando desafiado, o cérebro reage de acordo com os conhecimentos armazenados, de acordo com as lembranças de suas várias atividades e experiências. A memória, seja consciente, seja inconsciente, é sempre condicionada. Como o computador, ela não pode transcender a si própria, passar além dos dados que lhe foram fornecidos. Nós, como entes humanos, não podemos transcender-nos porque estamos condicionados; estamos amarrados a nosso saber, nossos conhecimentos, nossa experiência, nosso passado. É o passado que responde a toda pergunta, e a resposta chamamos “pensamento”. A resposta pode exigir muito ou pouco tempo, e esse processo é bastante simples e claro. Uma pergunta familiar pode ser respondida imediatamente, ao passo que uma pergunta totalmente estranha exigirá um mais longo lapso de tempo — o intervalo entre a pergunta e a resposta será maior.

Assim, o que chamamos pensamento é sempre condicionado. Quanto mais a pessoa pensa no prazer e evita a dor, tanto mais fortemente se lhe enraízam na mente os valores e imagens do desejo. Ora, decerto, isso é muito simples. Entretanto, é correto e natural “reagirmos” ao que vemos. Ao vermos um belo carro, por exemplo, reagimos, e essa reação tem de ocorrer, pois, do contrário, estamos cegos, paralisados ou insensibilizados. Mas, por que ficar pensando nele? Se você deseja um carro, e tem meios para compra-lo, pode adquiri-lo. Se não tem os necessários recursos, por que continuar a cultivar na mente a imagem do prazer? Começamos, pois, a perceber que o desejo não é uma coisa a que devemos ter horror, que devemos controlar ou reprimir, porém, antes, devemos compreender como se origina e o que lhe dá continuidade. Uma vez que compreendemos esse quadro todo inteiro, o desejo terá significado bem diferente. Já não nos torturará a mente.

Pois bem. Se está claro o que se disse, já se pode perceber que o que chamamos “pensamento” é a origem do conflito. Nosso pensamento, sendo “reação” do passado, enfrenta inadequadamente, o desafio do presente e, por essa razão, há conflito. Dizemos, então, que o pensamento precisa ser controlado; mas esse próprio controle do pensamento só serve para aumentar o nosso conflito com a vida, a vida que, como aquela corrente, está em perene movimento. O pensamento, pois, não nos traz a compreensão da vida; o pensamento não liberta o espírito do sofrimento; o pensamento não criará a paz. O pensamento é a “reação” do passado, e, por conseguinte, é, sempre e necessariamente, limitado, condicionado. Enquanto a mente estiver traduzindo as atividades da vida em termos de pensamento, e enquanto o pensamento gerar ação, só poderá criar mais conflito e aflição.

Que é então a paz? A paz pode ser procurada por meio do pensamento, do prazer como “ideia organizada” Claro que não. A paz é um estado de espírito em que a imagem, ou a ideia, ou o prazer como “ideia organizada”, não se manifesta.

Vejam, por favor, que estamos pedindo à mente que faça uma coisa extraordinária, uma coisa que antes nunca fez. Estamos habituados a manter uma série de pensamentos, conclusões, fórmulas, de acordo com os quais agimos. Mas eu digo que tal processo não é, absolutamente, produtivo de paz. O que produz a paz é a compreensão de todo mecanismo do pensamento, do prazer e da ideia. Uma vez compreendido esse mecanismo, verifica-se, então, uma tranquilidade que o pensamento nunca vem perturbar. Não há, então, pensamento a não ser quando necessário.

(...) Como disse, se não compreendermos a natureza do pensamento, a natureza do prazer como ideia organizada, não haverá paz. Nós temos de viver neste mundo, que se vai tornando cada vez mais complexo e cada vez mais tirânico. O rádio, a televisão, os jornais, os políticos, os sacerdotes, as religiões organizadas, com suas crenças, dogmas, rituais, estão nos condicionando e sua propaganda se tornando cada vez mais hábil. Conhecem todos os truques psicológicos próprios para controlar a mente do homem. Devemos, pois, tornar-nos cônscios de todos esses processos, dessas inúmeras influências que nos estão assaltando continuamente, e delas libertar-nos. É aí que começa a simplicidade. Não é o espírito engenhoso, o erudito, porém o de natureza simples, que pode ver diretamente, sem nenhuma desfiguração; e haverá desfiguração enquanto em nós existir a imagem do prazer.

A mente simples é uma mente austera. Sabem o que significa “ser austero”? Por “mente austera” entende-se, em geral, aquela que rigorosamente se disciplinou, controlou, reprimiu, a que penosamente se ajusta a um padrão. Mas ela não é simples nem austera; é apenas temerosa e, por isso, se ajusta. Esse ajustamento é chamado “austeridade”; mas nós estamos falando de uma austeridade em que não há ajustamento de espécie alguma. Não estamos empregando a palavra “austero” em referência ao indivíduo que se disciplina de acordo com um padrão, porém, aquele que está perfeitamente cônscio de tudo o que o prazer implica, e da imagem ou centro. Esse próprio percebimento cria uma disciplina espontânea — e é essa a austeridade a que me refiro.


A pessoa não pode ser austera se não é apaixonada. Como sabem, para a maioria de nós, a palavra “paixão” se traduz em “carnalidade”, ou falamos em paixão pelo trabalho, paixão por expressar-nos, ou paixão por “vir a ser alguma coisa”. Mas eu a emprego no sentido de intensidade. Há uma acumulação de energia, que se torna extraordinariamente intensa — e isso é paixão. Sem essa paixão, não há austeridade e, por conseguinte, não há simplicidade.  Necessita-se de imensa paixão para se ser simples; e com essa paixão, essa intensidade, estão aptos a enfrentar o sofrimento. Não podem dissolver ou terminar o sofrimento, se você não têm paixão, extraordinária energia; e dissipa-se energia quando há conflito, isto é, quando dizem: “não devo sofrer”, ou tentam descobrir a causa do sofrimento, ou dele fugir. Vocês têm necessidade de toda energia de vocês, de toda a atenção, para enfrentar o sofrimento. Há um estado de intensa, apaixonada atenção, que, embora, não se ajuste, é altamente disciplinada e, por conseguinte, sobremodo austera. Nesse estado, a mente é bem simples, e, assim, capaz de enfrentar essa coisa que se chama “sofrimento”. Descobrirá, então, ela, por si própria, que o sofrimento tem um fim e, por conseguinte, o desespero, a frustração, o isolamento — que tudo isso também termina. Apenas com o cessar do sofrimento existe a liberdade, e é só então que a mente está livre e é, a um tempo, sábia e ativa. 

Jiddu Krishnamurti — O descobrimento do amor 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill