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terça-feira, 16 de julho de 2013

Estamos nos tornando meros técnicos

Por certo, para termos aquela beleza interior, deve haver completo “abandono” (de si próprio), o sentimento de completa ausência de prisões, restrições, defesas, resistência; mas, esse “abandono” se torna caótico quando desacompanhado da austeridade. Mas, sabemos o que significa ser austero, satisfazer-se com pouco e não pensar em termos de mais? O “abandono” deve estar acompanhado de profunda austeridade — da austeridade que é extraordinariamente simples, porque a mente que está adquirindo, ganhando, não está pensando em termos de mais. É a simplicidade nascida do “abandono”, mais a austeridade, que produz o estado de beleza criadora. Mas, se não existe amor, vocês não podem ser simples, não podem ser “austero”. Podem falar a respeito de simplicidade e austeridade, mas, sem amor, elas são meramente uma forma de compulsão e, por conseguinte, não pode haver “abandono”. Só tem amor aquele que “se abandona”, que se esquece completamente de si próprio e, dessa forma, faz nascer o estado de beleza criadora.

A beleza, é bem óbvio, inclui também a beleza da forma; mas, se não há beleza interior, a mera apreciação sensorial da beleza da forma conduz à degradação, à desintegração. Só há beleza interior ao sentirem verdadeiro amor pelas pessoas e por todas as coisas da Terra; e, com esse amor, vem um extraordinário sentimento de consideração, de vigilância, de paciência. Vocês podem ter uma técnica perfeita, como cantor ou poeta, podem saber pintar ou concatenar palavras, mas, sem essa palavra criadora, interior, o talento de vocês será muito pouco significativo.

Infelizmente, quase todos estamos nos tornando meros técnicos. Passamos em exames, adquirimos tal ou tal técnica, a fim de ganharmos o nosso sustento; mas, o adquirir técnica ou desenvolver capacidades, sem dar atenção ao estado interior, é produtivo de fealdade e de caos no mundo. Se despertamos a beleza criadora, interiormente, ela se expressa exteriormente, e há, então, ordem. Mas isso é muito mais difícil do que inquirir uma técnica, porque significa completo “abandono de nós mesmos”, significa sermos sem medo, livres de constrangimento, sem resistência, sem defesa; e só podemos abandonar a nós mesmos dessa maneira, quando há austeridade, quando há o sentimento de grande simplicidade interior. Exteriormente podemos ser simples, usar poucas roupas e nos satisfazer com uma só refeição ao dia; mas, isso não é austeridade. Há austeridade quando a mente é capaz de infinita experiência: quando tem experiência e ao mesmo tempo se conserva muito simples. Mas só pode nascer esse estado quando a mente já não está pensando em termos de mais, em termos de adquirir ou “vir a ser” algo por meio do tempo.

O que estou dizendo poderá ser, para vocês, difícil de compreender, mas é verdadeiramente importante. Vejam, os técnicos não são criadores. E há cada vez mais técnicos no mundo, pessoas que sabem o que fazer e como fazê-lo, mas que não são criadoras. Na América, há máquinas calculadoras capazes de resolver em poucos minutos problemas matemáticos que um homem, trabalhando dez horas por dia, levaria cem anos para resolver. Tão extraordinárias máquinas estão sendo criadas! Mas, as máquinas jamais serão criadoras; no entanto, os entes humanos estão se tornando cada vez mais semelhantes a máquinas. Mesmo quando se rebelam, sua revolta se verifica dentro dos limites da máquina e não é, por conseguinte, revolução.

Muito importa, pois, descobrir o que é ser criador. Você só pode ser criador quando há “abandono”; isso significa, em verdade: quando não há sentimento de compulsão, medo de “não ser”, não ganhar, não alcançar. Há, então, grande austeridade, simplicidade e, ao mesmo temo, amor. Essa totalidade é beleza, estado criador.     

Krishnamurti — A cultura e o problema humano  

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill