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terça-feira, 30 de julho de 2013

De que modo posso colocar fim ao pensamento?

Interrogante: Desejo saber o que você entende por “cessação do pensamento”. Sobre o assunto conversei com um amigo e disse-me ele que isso deve ser alguma extravagância oriental. Para ele, o pensamento é a mais alta forma de inteligência e da ação, o próprio sal da vida, uma coisa indispensável. Ele criou a civilização e nele estão baseadas todas as relações. Isso todos nós admitimos, do mais sublime pensador ao mais humilde trabalhador. Se não estamos pensando, estamos dormindo, vegetando, ou sonhando acordados; somos vazios, insensíveis, estéreis; mas, quando despertos, estamos pensando, atuando, vivendo, disputando. São esses os dois únicos estados que conhecemos. Você diz que devemos transcender ambas as coisas — pensamento e a vazia inatividade. O que você quer dizer com isso?

Krishnamurti: Para dizê-lo com muita simplicidade, o pensamento é a reação da memória, do passado. O passado é uma infinidade ou um segundo atrás. Quando o pensamento atua, é o passado que está a atuar, como memória, como experiência, como conhecimento, como oportunidade. A vontade é o desejo baseado nesse passado e dirigido para o prazer ou para a fuga à dor. Quando o pensamento está funcionando, ele é o passado e, por conseguinte, não há um viver novo; o passado é que está vivendo no presente, modificando a si próprio e ao presente. Dessa maneira, não há nada novo na vida e, quando se quer descobrir alguma coisa nova, o passado deve estar ausente, a mente não deve estar atravancada de pensamentos, medo, prazer, etc. Só quando a mente se acha desimpedida, pode surgir o novo, e por essa razão dizemos que o pensamento deve manter-se quieto, funcionando apenas quando deve funcionar — objetivamente, eficazmente. Toda continuidade é pensamento; quando há continuidade, não há nada novo. Percebe o quanto isso é importante? É uma questão que concerne à própria vida. Ou uma pessoa vive no passado, ou vive de maneira totalmente diferente; eis o ponto essencial.

Interrogante: Creio que percebo o que você quer dizer, mas, de que maneira posso colocar fim ao pensamento? Quando ouço o melro cantar, o pensamento me diz que o melro está cantando; quando percorro a rua, o pensamento diz que estou percorrendo a rua e me informa de tudo o que vejo e reconheço; quando me ocupo com a ideia de “não pensar”, é ainda o pensamento quem faz esse jogo. Tudo o que tem significação, toda compreensão, toda comunicação é pensamento. Até quando não estou em comunicação com outra pessoa, estou em comunicação comigo mesmo. Quando estou desperto, penso, quando durmo, penso. Toda a estrutura de meu ser é pensamento. Suas raízes são muito mais profundas do que sei. Tudo o que penso e faço, e tudo o que sou, é pensamento — o pensamento a criar prazer e dor, apetites, ânsias, resoluções, conclusões, esperanças, temores e questões. O pensamento assassina e o pensamento perdoa. Como posso transcendê-los? Não é ainda o pensamento que quer transcender a si próprio?

Krishnamurti: Ambos dissemos que, quando o pensamento está quieto, algo de novo pode existir. Vimos claramente este ponto, e compreendê-lo claramente é a cessação do pensamento.

Interrogante: Mas essa compreensão é também pensamento.

Krishnamurti: De fato? Suponha que é pensamento, mas é realmente?

Interrogante: É um movimento mental que tem significação, uma comunicação a nós mesmos.

Krishnamurti: Se é uma comunicação a nós mesmos, é pensamento. Mas a compreensão é um movimento mental com significação?

Interrogante: É.

Krishnamurti: A significação da palavra e a compreensão dessa significação é pensamento. Ele é necessário, na vida. Na vida, o pensamento deve funcionar eficientemente, isto é, no domínio tecnológico. Mas você não está perguntando isso. Está perguntando como pode o pensamento, que, como você entende, é o próprio movimento da vida, pode terminar. Só pode ele terminar quando morremos? Esta é, com efeito, a sua pergunta, não?

Interrogante: É.

Krishnamurti: É a pergunta correta. Você deve morrer! Morrer para o passado, para a tradição.

Interrogante: Mas, como?

Krishnamurti: O cérebro é a fonte do pensamento. O cérebro é matéria e o pensamento é matéria. Pode o cérebro, com suas reações e “respostas” imediatas a todo desafio e exigência — pode esse cérebro ficar muito quieto? Não se precisa saber “como” colocar fim ao pensamento, mas, sim, se o cérebro pode tornar-se completamente quieto. Pode ele atuar com o máximo de capacidade quando necessário, e a outros respeitos manter-se quieto? Essa quietude não é a morte física.

Veja o que acontece quando o cérebro fica completamente quieto.

Interrogante: Naquele espaço (de tempo) havia um melro, a verde árvore, o céu azul, um homem a martelar na casa vizinha, o som do vento entre as árvores, o pulsar de meu próprio coração, a total quietação do corpo. Nada mais.

Krishnamurti: Se houve reconhecimento do melro a cantar, então o cérebro estava ativo, interpretando. Não estava quieto. Isso exige realmente extraordinária vigilância e disciplina, a observação que traz sua disciplina própria, não imposta nem criada pelo seu próprio e inconsciente desejo de alcançar um resultado ou uma agradável experiência nova. Por essa razão, durante o dia o pensamento deve funcionar eficientemente, sãmente, e também observar a si próprio.

Interrogante: Isso é fácil, mas — como transcendê-lo?

Krishnamurti: Quem está fazendo está pergunta, é o desejo de experimentar alguma coisa nova ou é o interesse de investigar? Se é o interesse em investigar, deve então investigar toda a atividade do pensamento, com ele se familiarizar, conhecer-lhe todos os artifícios e sutilezas. Se você fizer isso, deve saber que a pergunta “como ultrapassar o pensamento?” é uma pergunta vazia. Ultrapassar o pensamento é saber o que ele é.

Jiddu Krishnamurti — A luz que não se apaga

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill