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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Compreendendo o processo total da meditação

Como você deve saber, há necessidade de nos libertarmos da ilusão, isto é, de nos libertarmos do poder que a mente tem de criar valores não-reais, em relação à vida, ao viver real. A mente possui um extraordinário poder de criar ilusões, por meio de crenças, de fugas, de dogmas. Ela “projeta” todo o gênero de padrões, alvos, ideais, por meio dos quais espera preencher-se, e a essa identificação com algo dela própria “projetado” chama “tornar-se superior”. Ora, se não ficamos totalmente livres desse poder da ilusão, e da atividade geradora da ilusão, nunca descobriremos o que é real, o que é verdadeiro, se há Deus, se algo existe de superior a esta nossa horrível e superficial existência. (...)

O autoconhecimento é a base da sabedoria, e a sabedoria VEM SEMPRE SÓ, pois não pode ser adquirida por meio de livros e de citações alheias. A sabedoria é algo que tem de ser descoberto por cada um, e não constitui um resultado do saber. O saber e a sabedoria não andam juntos. Surge a sabedoria na madureza do AUTOCONHECIMENTO. Se autoconhecimento, não é possível ordem e, por conseguinte, não há virtude. (...)

Aprender a respeito de si mesmo e acumular conhecimento acerca de si são duas coisas diferentes(...) A mente que adquire saber jamais aprende. O que faz é só isso: acrescenta a si própria informações, experiência, na forma de conhecimento, e do fundo constituído por tais acumulações ela "experimenta" e, por conseguinte, nunca está realmente a aprender, porém, a tornar-se mais sabedora, a adquirir mais e mais.(...) Aprender é sempre do presente ativo, não conhece o passado.(...) Só a mente que não está ADQUIRINDO, porém sempre APRENDENDO, poderá compreender, em todos os seus aspectos, essa entidade chamada EGO. Tenho de conhecer a mim próprio, a estrutura, a natureza, o significado da entidade total; mas não é possível SE ESTOU REPLETO DE CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIA PREVIAMENTE ADQUIRIDOS, ou se minha mente ESTÁ CONDICIONADA, porque, então, não estou aprendendo, porém, meramente, interpretando, traduzindo, olhando com olhos empanados pelo passado.

Há enorme diferença entre saber e aprender. O saber tolhe a mente, ao passo que o movimento do aprender a liberta. Tenho de aprender continuamente sobre minha pessoa porque O QUE SOU é uma entidade extraordinária, VIVA. A todo instante ocorre uma mutação, uma grande variedade de sugestões, de reações, e tudo isso tenho de observar, de aprender. Mas, se estou observando com experiência e os conhecimentos PREVIAMENTE ADQUIRIDOS, não estou aprendendo. Espero que isso esteja mais ou menos claro.(...)

O aprender a respeito de si mesmo — não só as próprias reações fisiológicas e todas as compulsões e exigências biológicas, mas também o movimento interno do próprio pensamento — é necessário, para que se possa estabelecer ordem. Só então pode começar a meditação. Como você sabe, há uma enorme quantidade de livros sobre meditação, e uma multidão de INSTRUTORES e INDIVÍDUOS SAGAZES que têm escrito como meditar, O QUE fazer.(...)

A rotina de frequentar um escritório, de fazer e tornar fazer, interminável uma certa coisa agradável ou desagradável, o incessante ajustamento a um dado padrão — tudo se torna para nós muito cansativo e, por conseguinte, tratamos de buscar algo misterioso, algo extraterreno, de um outro mundo. Pensamos, pois, que, com isso que CHAMAMOS "meditação" — e que é uma das INVENÇÕES da Ásia — encontraremos essa coisa EXTRAORDINÁRIA, uma realidade não construída pela mente. (...)

Ora, é muito importante compreender o que é meditação, porque na verdadeira meditação há grande beleza, uma grande intensidade, e só a mente que medita sabe o que é amor. Ordinariamente, não sabemos o que é amor.(...)

Para estabelecermos a ordem interior necessitamos de atenção e de um percebimento DE TUDO O QUE SE PASSA, A CADA MOMENTO, DENTRO DE NÓS — sem rejeitar, sem fugir, porém, simplesmente PERCEBENDO TUDO, SEM ESCOLHA. (...) Observe a si mesmo, o movimento do seu próprio pensamento, note como ele é condicionado, perceba sua natureza, sua sutileza, seus antecedentes (seu fundo psicológico)(...) Desse percebimento, em que não há escolha, provém, naturalmente a atenção.(...) Nesse estado de atenção, não existe nenhuma entidade que está atenta: SÓ HÁ ATENÇÃO.(...) Quando há atenção, nenhuma contradição existe, porque a mente atenta é capaz de concentrar-se sem nada excluir.(...)

Você tem de compreender a estrutura externa da vida, estar em comunhão com ela, para, etão, passar do exterior para o interior, a psique, aquele feixe de memórias que é você mesmo, com todos os seus condicionamentos, suas tradições, esperanças, medos, desesperos, ansiedades; e, para perceber essas coisas, a ela estar atento e, por conseguinte, dissolvê-las, não necessitamos do tempo. Quando assim procedemos, nossa mente se torna penetrante, clara, sutil, porque já não existe nenhuma contradição, nenhum esforço para ser ou "vir a ser". Contradição significa esforço. A mente que forceja para ser isto ou aquilo acha-se num estado de confusão; e todo e qualquer esforço que faça a fim de esclarecer-se, aprofundar-se, só produzirá mais escuridão, mais confusão.

Esse processo total é meditação.

(...) Se estamos atentos, há um grande silêncio em nosso interior, não é verdade? Quando você está de fato escutando o que se está dizendo, com todo o seu ser — sem aceitar, sem traduzir, sem rejeitar, sem tentar compreender, porém simplesmente atento — sua mente se acha então extraordinariamente quieta, não é exato? Há um silêncio que não é artificial, que não foi criado pela vontade, pelo esforço. Vem esse silêncio quando se compreendeu toda a estrutura do EGO, e, onde há silêncio, há espaço. A mente que está em silêncio, que tem espaço — só ela conhece a beleza que não é estímulo.

Esse processo, todo inteiro, é meditação. 

Krishnamurti - O descobrimento do amor

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill