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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Diálogo sobre a inteligência criadora

            Todos nós, de algum modo, estamos cativos do sofrimento, seja ele econômico, físico, psíquico ou espiritual. Compreender a causa do sofrimento e libertar-se dela é o nosso constante problema.
            Para compreender a causa fundamental do sofrimento, não podemos dividir o homem em diferentes partes. O homem é indivisível, embora se manifeste sob muitos aspetos e tome múltiplas formas expressão, o que lhe dá grande complexidade. Há especialistas que estudam estas várias divisões e aspectos do homem e tentam descobrir, seguindo suas linhas especiais, a causa do sofrimento, porém não podemos deixar a compreensão de nós próprios a cargo de outrem. Precisamos entender-nos a nós mesmos como um todo e examinar nossos próprios desejos e atividades. Precisamos discernir o processo do “eu” que busca sempre perpetuar-se e manter-se separado mediante suas próprias atividades. Ao compreendermos profundamente esse processo, dar-se-á o despertar daquela inteligência que é a única que nos pode libertar da tristeza.
            Esse processo do “eu” é a consciência, que é individualidade, a causa do sofrimento é a ignorância deste processo auto-ativo. Se não compreendermos esse processo que gera a tristeza, não pode haver inteligência. A inteligência não é um dom, mas pôde ser cultivada desperta por meio da vigilância da mente e da vida sem escolha. Portanto a ação pôde criar a tristeza ou destruir a ignorância com suas tendências e anseios, e a acabar com a tristeza.
            Podeis verificar por vós mesmos, em vossa vida, como esse processo com seus temores, ilusões e fugas, diminui a inteligência criadora que é a única que pode, produzir o bem estar dos homens. A compreensão da realidade, da verdade, vem com a cessação da tristeza. Nossa consideração sobre o além, sobre a imortalidade, é uma persecução vã, pois á beatitude da realidade só pode ter lugar com a cessação da tristeza.
            Para compreender o sofrimento, precisamos começar por nós mesmos e não pela “idéia” do sofrimento, que é apenas árida vacuidade do intelecto. Precisamos começar por nós mesmos, pelas angústias, misérias e conflitos que parecem não ter fim. A felicidade não é coisa que deva ser procurada, mas com a cessação da tristeza manifesta-se a inteligência, a beatitude da realidade.
            Qual a fonte de onde derivam as nossas atividades diárias? Qual é a base de nosso pensamento moral e religioso? Se nos examinarmos profundamente, compreensivamente, veremos que muitas das nossas atividades e relações tem sua origem no medo e na ilusão. São resultado do anseio, da busca incessante de segurança e de conforto quer externos quer internos. Esta busca produziu uma civilização na qual cada individuo, sutil ou rudemente, luta para si mesmo, gerando por essa forma o ódio, a crueldade e a opressão. Este processo fomentou uma civilização de exploração, de guerras e de superstição religiosa organizada, resultados de uma falsa concepção de individualidade e do preenchimento. O conflito externo de raças e religiões, a divisão dos povos, as lutas econômicas, tem as suas raízes nas falsas idéias de cultura. Nossas vidas estão em contínuo conflito por causa do medo, da crença, da escolha e da submissão. Nosso ambiente estimula o processo de ignorância; e as nossas memórias e carências renovam e dão continuidade e individualidade à consciência.
            Ao examinardes esse processo discernireis que o “eu” se está reformando por si mesmo a cada momento, pelas suas atividades volitivas baseadas na ignorância, na carência e no medo. Quando começardes a verificar que o “eu”, portanto, não é permanente, haverá mudança vital em nossa conduta e moral. Então não poderá haver subserviência, aquiescência, mas somente a ação da inteligência desperta que cria sempre novas condições sem ser por estas escravizada.  Só esta inteligência pode produzir verdadeira cooperação sem frustração.
            Cada um de vós deve tornar-se apercebido do processo da ignorância. Este percebimento não é o poder de uma compreensão superior dirigindo outra inferior, pois isto não passa de hábil artifício da mente, porém é aquela compreensão sem escolha, resultante da ação persistente, sem temor, nem carência. Desta percepção isenta de escolha, surge a verdadeira moral, as relações e a ação verdadeiras . A conduta então não é uma mera imitação de um modelo, de um ideal ou de uma disciplina, mas sim a resultante da verdadeira compreensão do processo do “eu. Este discernimento é inteligência desperta que, não sendo hierárquica ou pessoal, ajuda a criar uma nova cultura de preenchimento e cooperação.

Krishnamurti – 2ª palestra em Ommen, em 27 de julho de 1936

Do livro: Palestras em Ommen, Holanda, 1936 - ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill