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domingo, 2 de junho de 2013

A Crise da Humanidade

DESDE  o primeiro  dia e em toda a duração  destas  reuniões,  espero  que todos  nós sejamos aplicados. É de crer que a maioria de nós veio ter aqui com a idéia de passar umas horas de folga, olhando os montes e as montanhas, os vales verdejantes e as águas correntes; para fruir um pouco de sossego, encontrar- se com amigos, palestrar e divertir-se um pouco. Tudo isso está muito certo, mas, para que estas reuniões nos sejam verdadeiramente proveitosas e significativas, devemos ter seriedade.

Problemas  tremendos  estão  desafiando  os entes  humanos,  e, vivendo  neste  mundo  insano  e
estúpido, cabe-nos ser ponderados. Os que, no âmago do próprio ser, são realmente ardorosos  - o por efeito de neurose ou em conformidade com um dado princípio ou compromisso - esses demonstram possuir aquela peculiar e indispensável seriedade.

Observando  o que se está passando  no mundo   - estudantes  em revolta, ameaças de guerra, pobreza  extrema,  ódios  distúrbios  raciais,  etc.  -  sentimo-nos  confusos.  Temos  ouvido  explicações inúmeras, dadas por filósofos, pelos intelectuaispelos teólogos, sacerdotes, sociólogos, pelas burocracias organizadas, etc. Mas, explicações nos são de pouca utilidade; e, mesmo quando conhecemos a causa de todas essas perturbações, nem por isso estamos habilitados a resolver o problema. Durante estas reuniões, seremos, como indivíduos e como entes humanos, pessoas responsáveis. Iremos descobrir se possibilidade de resolvermos os problemas de nossa existência, a agitação, o caos, a aflição e o imenso sofrimento nela existentes, interior e exteriormente.  Cumpre-nos, evidentemente, dissipar a escuridão que criamos em nós mesmos e em outros. E esta é a razão por que, no meu sentir, devemos ter seriedade.

Há indivíduos que são sérios um tanto neuroticamente; pensam que, seguindo certos princípios ou uma certa crença, dogma ou ideologia, e praticando- os persistentemente, o pessoas sérias. Mas, o são sérios esses indivíduos; eles crêem, e sua crença gera um peculiar estado de desequilíbrio. Devemos, pois, estar sumamente vigilantes, para sabermos o que significa "ser sério".

-se que as ideologias exercem uma extraordinária influência na vida do homem, em todo o mundo, e que essas ideologias estão dividindo os homens em grupos - republicanos, democratas, "a direita", "a esquerda", etc. Elas separam os homens e, por sua própria natureza, se convertem em "autoridade". Os que, nessas ideologias, assumem o poder, o exercem tiranicamente, democraticamente, ou cruelmente; isso se pode observar em todo o mundo. Ideologias, princípios e crenças o só dividem os homens em grupos, mas também impedem, efetivamente, a cooperação, a qual é realmente necessária neste mundo: cooperar, trabalhar juntos, atuar juntos - e não, um atuando de uma maneira, porque pertence a um dado grupo, e outro atuando de maneira diferente.  A divisão resulta inevitavelmente da crença numa ideologia.  A ideologia, seja comunista, seja socialista, capitalista, etc., separa os homens e gera conflito.

O "ideologista" o é um homem sério; o enxerga as conseqüências de sua ideologia. Para ser sério, ele tem de repudiar, completa e totalmente, as divisões nacionais e religiosas, rejeitar tudo o que é falso; terá então, talvez, a possibilidade de tornar-se real e verdadeiramente  sério. Cabe-nos construir um mundo de todo diferente  - um mundo sem nenhum ponto de contato com o mundo atual, de desatinos e conflitos, de competição, crueldade, brutalidade e violência.

Só a pessoa religiosa é verdadeiramente revolucionária. o há outro revolucionário; ainda que um homem se diga revolucionário da extrema esquerda ou do centro, não é revolucionário. Aquele que se diz da "esquerda" ou do "centro" está ocupado com apenas um fragmento da totalidade e, ainda, quebrando esse fragmento em outras e diferentes partes; não é de modo nenhum uma pessoa verdadeiramente revolucionária. O homem autenticamente religioso - no sentido profundo dessa palavra - é que é o verdadeiro revolucionário, porquanto está fora da esquerda, da direita ou do centro. Compreender isso e cooperar é estabelecer uma ordem social diferente. Se pudéssemos lançar fora todas aquelas infantilidades, penso que poderíamos tornar- nos "o sal da terra". Esta é a única razão por que aqui estamos reunidos; o há outra razão. s o ides ganhar nada de mim, nem eu de vós. O que é absolutamente essencial não pode achar-se em torno de uma ideologia. Isso me parece bem óbvio, historicamente e na realidade de cada dia. O que está sucedendo no mundo mostra-nos a divisão e o conflito das ideologias. Nenhuma ideologia, por superior e grandiosa que seja, pode promover a cooperação; poderá criar uma tirania destruidora, da direita ou da esquerda, mas de modo nenhum estabelecer a cooperação da compreensão e do amor. Só há cooperação quando nenhuma autoridade existe. Esta é uma das coisas mais perigosas do mundo - a "autoridade". Sempre se assume autoridade em nome de uma ideologia, ou em nome de Deus ou da Verdade; e o indivíduo ou o grupo que assumiu tal autoridade não tem aptidão para estabelecer uma ordem mundial.

Esper estejai escutand se vo deixarde mesmerizar   por   palavras   ou, quiçá, pela "intensidade" do orador; que estejais participando nessas coisas junto com ele. Portanto, desde o começo destas palestras, devemos compreender bem claramente pelo menos este ponto:  a seriedade exige não aceitação da autoridade, inclusive a deste orador. Certas pessoas - infelizmente vindas do Oriente - alegam ter tido extraordinárias experiências e ser capazes de mostrar o caminho a outros, ensinar-lhes uma certa palavra que lhes possibilitará meditar da melhor maneira. o sei se vos deixasses cair em tais armadilhas - como tem acontecido a muita gente, a milhares e milhões de pessoas. Essa autoridade impede um ente humano de ser "a luz de si mesmo". Quando cada um de s for sua própria luz, só então estaremos aptos a cooperar, a amar, só então haverá um estado de comunhão entre nósMas, se tendes vossa particular autoridade, seja a autoridade de um indivíduo, seja a de uma experiência que vós mesmos conhecesses, então essa experiência, essa autoridade, essa conclusão, essa posição fixa vos impedirá a comunhão. a mente que está de fato livre pode comungar, cooperar.

Durante estes dias, peço-vos vos mostreis verdadeiramente judiciosos, não aceitando a autoridade de ninguém, nem aquela que em vós mesmos cultivasses, baseada na experiência, no saber, nas numerosas conclusões a que chegasses, e tampouco a autoridade deste orador. Só quando livre, realmente livre, uma pessoa é capaz de aprender; ela é, então, ao mesmo tempo instrutor e discípulo. Muito importa compreender isto, porque é desta matéria que vamos tratar em todos estes diálogos e palestras.

Cada um de nós deve ser, para si próprio, tanto o instrutor como aquele que é instruído. Isso só se torna possível quando se percebe a importância de vermos, de observarmos, por nós mesmos, as coisas tais como são. Em geral, estamos pouco cientes de nosso interior. Não sei se já observastes as pessoas que estão sempre a falar de si; da posição que a si próprias atribuem na vida: "Eu, em primeiro lugar; tudo o mais é secundário."  Para que possa haver cooperação, comunhão e comunicação entre nós, é claro que tem de desaparecer essa barreira - "Primeiro eu, e tudo mais é secundário." O "eu" assume desmedida importância e se  manifesta de  inúmeras  maneiras.  Eis porque se torna perigosas as organizações, embora  tenhamos necessidade  de organização.  Os que  se acham  à testa  de uma  organização  ou empunham  o poder  da organização se tornam gradualmente a fonte da "autoridade".   E com tais pessoas é impossível cooperar, comungar.

temos  de criar  um  mundo  novo.  Isto  o  o  meras  palavras,  uma  mera  idéia:  temos realmente de criar um mundo totalmente diferente, onde, como entes humanos, não vivamos a batalhar uns contra os outros e a entredestruir-nos; onde um indivíduo não domine outro com suas idéias ou seu saber; onde cada ente humano seja  realmente,  e o teoricamente,   livre. Porqusó nessa liberdade  se pode estabelecer a ordem no mundo. Vamos, pois, se possível, desembaraçar-nos da rede que tecemos em redor de nós mesmos, a qual impede a cooperação, a qual nos separa e cria tanta ansiedade, e tristeza, e isolamento.

Seria verdadeiramente maravilhoso se, no encerramento destas reuniões, cada um de s pudesse partir daqui dizendo: "Tenho-a" (a liberdade). Isso o significa "possuí- la", mas, sim, que, por s mesmos, tereis visto que sois totalmente livre, que vos tornastes um ente humano cheio de vitalidade, energia, clareza, "intensidade".  Isso poderá parecer  muito; mas, a menos que aconteça,  continuaremos  a criar no mundo aflições sem conta, e guerras, como a que ora se está travando, pela qual somos nós os responsáveis, e não os americanos e os norte-vietnamitas; cada ente humano é por ela responsável. E os que porventura vivem neste país, onde há tanta segurança, esses também o responsáveis. E somos igualmente responsáveis pela divisão que está ocorrendo no mundo, não apenas ideologicamente,  mas também religiosamente.  Vede, pois, por favor, que temos de devotar nossa mente e nosso coração a, esse trabalho. Ele o exige muito esforço intelectual. O intelecto nunca resolveu coisa alguma; pode inventar teorias, explicações, pode enxergar a fragmentação e criar mais fragmentos, mas, sendo ele próprio um fragmento, não pode resolver o problema da existência humana. Tampouco podem resolvê- lo o emocionalismo e o sentimentalismo - que o também reações de um fragmento.

Só podemos agir totalmente (não fragmentariamente), quando vemos o problema humano em seu todo, e não apenas fragmentos dele. Qual é, pois, o problema? Qual é o problema humano total, essencial, que, uma vez compreendido, uma vez visto, assim como se vê uma árvore ou uma nuvem formosa, todos os demais problemas serão resolvidos? Nessa base, pode-se agir. Que é essa percepção total, esse ver total? Eu vo- lo estou perguntando, e cabe-vos achar a resposta. Se esperardes por minha resposta, para a aceitardes, a resposta o será então  vossa, e eu me tornarei a  "autoridade"  - coisa que detesto. Assim, qual a vossa resposta, como ente humano que vive neste mundo cheio de agitação, de perturbações, revoluções, onde há esta terrível  divisão  entre  os homens,  uma sociedade  imoral,  a imoralidade  religiosa  dos sacerdotes;  ao verdes tudo isso estendido à vossa frente, ao verdes a agonia do homem qual é vossa resposta? Como agis, em face desse problema? Ou, por pertencerdes a uma parte, a um fragmento, quereis converter os demais fragmentos ao vosso próprio fragmento (o que, afinal, é uma infantilidade); ou percebeis a fragmentação, e esse próprio  ver  dá-vos  umpercepção  total.  Qual  é, pois,  para  vós,  o problema  essencial,  a questão essencial, o desafio único, que, se for completamente resolvido, todos os outros problemas se dissolverão, serão compreendidos ou superados?

o achais verdadeiramente interessante descobrirdes o problema essencial da vida sem serdes guiado  pelo  psicólogo,  o  filósofo,  o  teólogo,  ou  por  Krishnamurti  - sem  serdes  guiado  por  ninguém: descobri- lo por s mesmos? Como o descobrireis?  Talvez o tenhais pensado nisso, ou, se pensastes, como ireis descobrir esse essencial requisito ou problema? Ireis perguntar a outrem? Não, decerto, porque isso é buscar uma autoridade.  O que a autoridade diz o tem realidade; o que interessa é o problema máximo, e vós é que tendes de descobri- lo. Se não estais a procurar ninguém para ajudar-vos a descobrir o problema central, o problema verdadeiro, que fareis então? Como o ireis descobrir? Vede, por favor, que esta é uma pergunta muito séria.

Em primeiro lugar, algum de s já fez a si próprio tal pergunta, já perguntou a si próprio se existe um problema essencial, cuja compreensão dará a solução de todos os outros problemas secundários? Se a o fizestes, então eu a faço. E, se a escutais  - como espero esteja is fazendo  - como ireis descobrir aquele problema essencial? Por meio do pensamento, pelo refletir nele e pensar em cada problema, cada particularidade, cada fragmento, absorvendo- vos cada vez mais nesse trabalho e chegando, por fim, a uma conclusão: "Eis o problema essencial"? Pode o pensamento ajudar-vos? Pode uma indicação, por mais sutil que seja, ajudar-vos? Porque, se dela dependerdes, vos vereis novamente perdido. Assim, o pensar a respeito daquele problema não dará a solução, dará?
  
Qual a natureza do pensamento?  O pensamento, como  se pode observar,  brotda memória acumulada. Observai esse fato em s mesmos! O desafio é este: Qual é a problema essencial da vida? Um desafio novo; se a ele "respondeis" com base no pensamento, vossa resposta procede da memória acumulada e, por conseguinte, do "velho". Isso é bem claro, não?

Se me conservo  apegadao meu hinduísmo  e às respectivas  superstições,  crençasdogmas, tradições e demais absurdos - e surge à minha frente uma coisa nova, só sou capaz de "responder" com base no "velho".  Mas,  vendo  que  essa  resposta  do "velho"  não  representa  o meio  de descobrir  o problema essencial,  o quero  maidepender  do pensamento,  seja da pessoa  maierudita,  seja de meu próprio pensamento. Ponho, assim, de lado (por favor, fazei-o, enquanto falamos), completamente,  o emprego do pensamento como meio de descobrimento. Isso é possível? Parece fácil - mas, pode is fazê-lo? Isso significa - em presença de um desafio totalmente novo - olhá-lo com olhos novos, com lucidez. E o pensamento, por mais racional e sagaz e douto que seja, o traz esclarecimento. Vejo, pois, que o pensamento o é o meio de descobrir "o essencial" e, portanto, não pode participar nesta busca, nesta investigação. Sois capaz disso (pôr de lado o pensamento)? Se sois, isso significa que o pensamento, que é velho e está sempre a interferir, deixa de impor-se e de dominar. E, então, que sucede? Verificai-o s mesmos, por favor. Quando já não estais a buscar com base em vosso condicionamento, isso significa que alijastes toda a carga do passado.
O que estou tentando comunicar-vos  é com efeito muito simples. Compete-vos descobrir uma nova maneira de viver e de agir, descobrir o que significa o amor. E, para esse descobrimento,   o    podeis servir-vos  dos velhos  instrumentos  que  possuís: o intelecto,  as emoções,  a tradição.  Temos  manejado  e utilizado  continuamente  esses  instrumentos,  e  o  conseguimos  criar  um  mundo  diferente,  uma  nova mentalidade. Portanto, eles o de todo inúteis. m seu valor próprio em certos níveis da existência, mas não valem nada quando se trata de descobrir uma maneira de viver totalmente nova. Em outras palavras: a crise atual não se acha no mundo, mas em nossa própria consciência. Não se trata de descobrir como r fim à  guerra, ou reformar as universidadesou dar mais trabalho ou menos trabalho e maiores salários, etc. Nesse nível o se encontra nenhuma solução; toda reforma produz mais complicações.  A crise está na própria mente, na vossa mente, na vossa consciência. E, a menos que saibais reagir a essa crise, a esse desafio, tornareis  - consciente ou inconscientemente  - cada vez maiores a confusão, a aflição, a imensa angústia existentes.

Nossa crise se acha na mente, em nossa consciência, e a ela compete-nos reagir totalmente. Qual a  verdadeira  reação,  e  qual  o  problema  essencial?  Obviamente,  como   vimos,  o  pensamentoneste particular, o pode ajudar-nos. Mas isso o significa que tenhamos de ficar num estado vago, como que a sonhar, embotados. Quando não fazeis uso do pensamento para descobrirdes o problema essencial da vida, que sucede em vossa mente? Compreendeis esta pergunta? - estamos em comunicação uns com os outros? Respondei  "sim"  ou "não"!  Parestarmos  em comunicação,  em comunhão,  temos  de encontrar-nos no mesmo nível, ao mesmo tempo, com a mesma intensidade  - como no amor. Se respondeis  "sim", isso significa que, por ora, rejeitasses o pensar como meio de descobrir. Então, s e eu, que vos falo, estaremos no mesmo nível. Achamo-nos todos interessados em descobrir e o estais esperando que eu vos diga nada. Ao dizerdes a alguém "amo-te", ou o dizeis indiferentemente, sem sinceridade - ou o dizeis com intensidade, com ardor - e se a outra pessoa se mostra indiferente, não então comunhão entre ambos. é possível a comunhão  quando  ambas  as partes  se mostram  igualmente  "intensas",  e não indiferentes ou reservadas. Quando um e outro o generosamente, isso produz uma extraordinária "intensidade"; já o há "um que e outro que recebe".
Assim, que pensais, que sentis, que vos parece ser o problema essencial da vida?
Vamos  deixar  esta  questão  para  a próxima  terça-feira?  Precisais  de  tempo  para  sobre  ela refletirdes, conversardes com outras pessoas, ou desejais sentar-vos à sombra de uma árvore ou em vosso quarto e deixá-la vir a s? Se estais contando com a ajuda do tempo, o tempo em nada vos ajudará. O tempo é a coisa mais destrutiva que há. 

INTERROGANTE: Dissestes que o pensamento é um produto da memória. Ora, percebo muito bem que a maioria de meus pensamentos o muito condicionadosmas o estou bem certo de que seja impossível haver outra espécie de pensamento.

KRISHNAMURTI: Existe   pensamento   que   não   seja   condicionado?   Ou   todo   e  qualquer pensamento é condicionado? Ora, todo pensamento é, obviamente, reação da memória, reação da tradição, do conhecimento, da experiência, acumulados.

Qual vos parece ser o problema essencial da vida?

INTERROGANTE: Criar a harmonia.

KRISHNAMURTI: Onde - dentro de nós, fora de nós, ou dentro e fora de nós? Como podemos criar harmonia fora de nós, se não a temos dentro de nós? A harmonia interior é a que deve vir primeiro, e o a exterior. É este o problema essencial? Ou, o é provável que a harmonia seja um resultado, e o um fim em si? Ela é, acontece! É como a gente estar gozando saúde e sair para dar um passeio. Pode-se buscar a harmonia  como  um  fim  esiNós temos  de descobrir  a harmonia  em s mesmos.  Isso requer  nos examinemos profundamente, pois nesta questão estão implicados nossas contradições, esforços, disciplinas. Dizeis que a questão essencial pode ser a harmonia, mas talvez seja o prazer. Atentai nisso que acabamos de dizer:  a questão  essencial  bepode  ser, na maioria  dos casos,  a ânsia  de prazer  e da continuação  e fortalecimento do prazer - do prazer que me vem da segurança, da experiência sexual, etc. O prazer é um produto da deliberação,  e o uma coisa em si. o sei se me estais entendendo bem. Encontro prazer fazendo alguma coisa; o fazê-la me proporciona prazer; por conseguinte, esse "fazer" que me dá prazer é importante. O prazer não é um fim em si, porém o resultado de um certo ato. É, então, este o desafio, a questão essencial?

Considerai, por favor, o mundo, considerar tudo o que nele está ocorrendo - espantoso progresso tecnológico, guerras, a sociedade próspera e a miséria, a nação que luta contra outra nação, para sua própria segurança, sua glória, etc. etc.

Tudo  isso  está  ocorrendo  bem  à  vossa  frente.  Se  olhásseis  objetivamente,  assim  como examinais um mapa, teríeis a resposta.

INTERROGANTE: O desafio ou questão essencial é a responsabilidade que as relações impõem.

KRISHNAMURTI: "A responsabilidade que as relações impõem" - será isso?

INTERROGANTE: Em parte, apenas.

KRISHNAMURTI: Sim, outra vez, um fragmento. "Relações" - que significa isso? - estais em relação com pessoas, com indivíduos, com o mundo, a natureza, com tudo o que está acontecendo? Como se pode estar em relação com tudo o que está ocorrendo - o apenas com vossa esposa ou marido: com tudo o que está acontecendo no mundo? Como é possível isso, se estais isolado, se todos os vossos pensamentos, ações, ocupações, palavras, vos estão isolando - quer dizer: "primeiro eu, e o resto que para o inferno"?

Bem, por hoje temos de parar. Mas, "ficai" com esta questão, aplicai vossa mente e vosso coração a ver o mundo tal qual é, e o como pensais deveria ser. Vendo-o claramente, esse próprio ver poderá dar- vos a resposta.

7 de julho de 1968.
Krishnamurti — Liberte-se dos Condicionamentos

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill